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ADVOGADOS
EXMO. (A) SR. (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL, DE FAMÍLIA
E DE ÓRFÃOS E SUCESSÕES DE SANTA MARIA-DF
CONTESTAÇÃO
nos autos da ação que lhe move Divina Coelho Xavier, pelos motivos de fato e de
direito adiante deduzidos.
I - DA TEMPESTIVIDADE
2. Sendo assim, tendo em vista que os prazos processuais são contados apenas
em dias úteis, tem-se que o prazo fatal para a apresentação da presente defesa se daria,
em tese, em 25/02/2022.
3. Não obstante, sequer foi citado o m´dico requerido, pelo que absolutamente
tempestiva a presente contestação.
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5. Para tanto, aduz a Autora que já apresentava quadro de dor lombar constante
há alguns anos, o qual se intensificou no ano de 2010, irradiando para seu quadril
esquerdo com reflexo em sua perna esquerda, motivo do qual a teria levado a procurar
tratamento médico.
7. Dois meses após a cirurgia, alega a Autora que passou a sentir dor intensa na
lombar, motivo pelo qual, o terceiro Requerido, Dr. Leandro, lhe indicou a realização
de uma nova cirurgia, sob o argumento de que: “... os parafusos estariam soltos, dois
deles completamente, e os outros 04 folgados.”.
8. Sendo assim, realizou, então, a segunda cirurgia no dia 03/12/2014, dessa vez
nas dependências do segundo requerido, Hospital Santa Lucia, tendo sido utilizado:
“...OPMES exigidas pelo 3º Requerido, somando-se o fato de que o 3º Requerido
detalhou que usaria parafusos mais grossos e importados, além de cimento ósseo”.
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problema que ela sentia estava no quadril, concluindo que a Requerente deveria
procurar um especialista em quadril.”.
10. Pois bem, com a informação passada pelo terceiro Requerido, a Autora diz
ter procurado um especialista em quadril, o qual teria lhe explicado, após realização e
avaliação de exames, que não havia nenhum problema em seu quadril que pudesse
gerar os sintomas apresentados, tendo indicado o neurocirurgião Dr. Juliano Almeida
para avalição da Requerente.
12. Com a realização da terceira cirurgia, alega a Autora que teria sido acometida
por uma infecção que a deixou em coma durante 37 dias, na UTI: “...sofrendo três
outras intervenções nesse período, para lavagem e trocas de hastes e porcas”, ato
seguinte, afirma que mesmo com as intervenções necessárias obteve apenas melhora
parcial de seu quadro de saúde.
13. Ainda, alega que, após verificar reportagem em mídia a respeito da operação
“Myster Hyde”, decidiu registrar um boletim de ocorrência ao final do ano de 2016, no
intuito de que seu caso fosse investigado em relação à atuação do terceiro requerido
Dr. Leandro, tendo, ainda, entregado à delegacia, os parafusos utilizados em suas duas
cirurgias, bem como os exames e laudos elaborados.
14. Por fim, ressalta que, mesmo com todas as cirurgias e intervenções
realizadas, teria adquirido sequelas permanentes e que: “...hoje anda com muita
dificuldade e mancando, além de ter muitas dores e carregar traumas emocionais de
hospitais.”, fato ao qual atribui sua incapacidade laboral, motivos os quais levaram a
Autora a acionar o judiciário, requerendo reparação moral e pensão vitalícia,
totalizados no importe de R$ 126.400,00.
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17. Os fatos apresentados pela Autora não se coadunam com a verdade, razão
pela qual antes de se apresentar o direito aplicável ao caso, será demonstrado como
eles efetivamente ocorreram, senão vejamos.
18. No que tange aos atos praticados no nosocômio contestante, Hospital Lago
Sul [ nome de fantasia Hospital Daher], informa-se que a paciente, ora Autora, foi lá
internada, em 21/06/2013, em razão do quadro de lombociatalgia esquerda há três
anos, após investigações, se tratar de radiculopatia L5 esquerda, ocasionada por
estenose foraminal L4-L5 e L5-S1 bilateral, o qual foi diagnosticado por seu médico
de confiança, 3º Requerido, fora das dependências do hospital contestante.
19. Veja-se que a indicação da cirurgia, bem como, a realização das consultas
anteriores ao procedimento, se deram no consultório do terceiro requerido Dr.
Leandro, fora das dependências do contestante, tendo sido a cirurgia de artrodese
lombar indicada para o tratamento da paciente, conforme consta do documento:
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20. Com a indicação da cirurgia, a paciente foi encaminhada pelo seu médico
para o nosocômio ora contestante, momento do qual anuiu com a assinatura de sua
filha Rosânia Coelho Xavier ao termo de internação, confirmando estar ciente e
orientada do procedimento a ser ali realizado pelo terceiro requerido, Dr. Leandro
Flores, médico externo que não pertence, nem pertencia ao quadro clinico do
contestante:
(...)
21. Ressalte-se que o Hospital Daher é do tipo hospital aberto, no qual qualquer
profissional médico regularmente inscrito no CRM pode solicitar o centro cirúrgico e
ali operar seus pacientes. Esclarecido este ponto, vejamos:
23. Como se verifica do relatório da cirurgia, não foi nela verificada uma única
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25. Veja-se que, a todo o momento em que a paciente esteve internada nas
dependências deste nosocômio, foi bem assistida, amparada por equipe
multiprofissional especializada, bem como acompanhada de perto por seu médico
cirurgião Dr. Leandro Flores.
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26. Desta forma, e ao contrário do que alega a Autora em sua inicial, em nenhum
momento foi constatada qualquer intercorrência proveniente dos procedimentos
cirúrgicos que realizou no Hospital Lago Sul.
27. Não obstante, tem-se que a equipe médica e assistencial atuou de acordo com
a mais perfeita técnica durante o procedimento e no pós-operatório, não havendo que
se falar em erro, negligência, imprudência ou imperícia, tendo sido administrado à
Autora todos os medicamentos e cuidados necessários após sua cirurgia, para manter o
bom resultado de seu procedimento.
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29. Tal fato faz cair por terra a alegação autoral de que o tratamento cirúrgico
seria desnecessário ou de que teria sido enganada ao se submeter ao procedimento,
pois evidencia, inclusive, ter a Requerente ciência de que se tratava de um
procedimento de meio, na tentativa de amenizar as dores por ela suportadas e lhe
proporcionar melhor qualidade de vida, e não de resultado.
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33. Não obstante, há que se considerar o fato de que, como a própria Autora
afirma em sua inicial, suas dores começaram em 2010, tendo se submetido a
tratamento conservador por três anos e apenas depois se submetido a procedimento
cirúrgico.
34. Nesse contexto, não é razoável a alegação de que teria sido vítima de
“Máfia das Próteses”, pois era portadora de problemas de saúde que se iniciaram ainda
no ano de 2010, 3 ANOS antes do primeiro procedimento cirúrgico, o que revela a
tentativa inexitosa de tratamentos conservadores, antes do procedimento cirúrgico.
35. Estes fatos são corroborados pelo relatório médico inserido no prontuário
da paciente, elaborado pelo Dr. Leandro Flores, terceiro Requerido, no qual se atesta o
insucesso do tratamento conservador, a quantidade de problemas na coluna da Sra.
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Doenças crônico degenerativas são aquelas que, aliadas a um conjunto de fatores, levam à
deterioração progressiva da saúde. A sua etiologia é multifatorial e sabe-se que existe uma interação
entre comportamento, meio ambiente e perfil genético. https://www.bahia.fiocruz.br/doencas-cronico-
degenerativas/#:~:text=Doen%C3%A7as%20cr%C3%B4nico%20degenerativas%20s%C3%A3o
%20aquelas,meio%20ambiente%20e%20perfil%20gen%C3%A9tico.
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41. Tudo quanto exposto demonstra não ter ocorrido qualquer erro médico ou
falha assistencial na condução do procedimento cirúrgico feito na Autora e, muito
menos, no pós-operatório no Hospital Lago Sul.
42. Além disso, muito embora o hospital não responda pela indicação do
procedimento cirúrgico adequado para a autora, que compreende ato exclusivo de seu
médico de confiança, que não pertencia aos quadros clínicos do hospital, não prospera
a alegação autoral de que o procedimento teria sido indicado de maneira inadequada.
A uma, porque se trata de procedimento indicado na literatura médica para situações
clínicas como a da autora. A duas, porque a paciente foi devidamente esclarecida, a
tempo e modo, acerca dos resultados que poderiam ser alcançados, de sua necessidade,
dos riscos que corria e das futuras consequências que poderiam surgir, tendo decidido,
por sua conta e risco, submeter-se à cirurgia.
43. Isto esclarecido, além de não poder o hospital responder pelo ato médico de
indicação do procedimento, cumpre destacar que o pós-operatório da paciente nas
dependências do Hospital Lago Sul, após o procedimento realizado em 21/06/2013, se
desenvolveu sem intercorrências de qualquer natureza!
44. Após a alta médica, a paciente não mais retornou ao nosocômio para
acompanhamento, não tendo o hospital contestante condições de informar como se deu
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45. Aliás, o contestante faz sua defesa de forma absolutamente limitada, dada a
completa ignorância das condições de saúde da autora antes desta ser internada no
Hospital Lago Sul, não tendo tido acesso aos documentos, exames, prontuários
referentes ao período anterior à sua internação para o procedimento cirúrgico.
47. Assim, quanto a este período e às demais cirurgias realizadas pela Autora, o
Hospital não tem como se posicionar com mais detalhes, tornando-se imperiosa a
apresentação, pelo profissional Dr. Leandro Flores, pelo segundo Requerido Hospital
Santa Lucia ou pela Autora, da integralidade de seus exames pré e pós-operatórios, em
especial quanto aos atendimentos e procedimentos realizados fora do nosocômio
contestante, concedendo-se, em seguida, prazo ao contestante para se manifestar
acerca dos referidos documentos, em atenção ao princípio do contraditório e ampla
defesa.
49. Ainda, o conjunto probatório ora apresentado não deixa dúvidas de que a
moléstia que acometeu a Autora, de natureza crônica, degenerativa e progressiva,
possui poucas chances de melhora, bem como que seu atual estado e as dores que
eventualmente ainda possam afligi-la, não são decorrentes das cirurgias às quais foi
submetida nas dependências do nosocômio contestante, mas sim da própria moléstia.
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não foi mencionada uma linha sequer quanto à eventuais queixas sobre os
serviços hospitalares prestados pelo hospital contestante, obviamente porque tudo
que cabia ao nosocômio ocorreu de forma satisfatória e adequada, seguindo todos os
protocolos cabíveis ao caso.
51. Apesar de os documentos ora anexados pelo Hospital Lago Sul aos autos já
serem suficientes para se indeferir integralmente os pleitos autorais, os documentos
anexados pela Sra. Divina à inicial também corroboram o quanto demonstrado pelo
nosocômio.
53. Ainda, confirma ter sido explicada dos riscos inerentes à cirurgia que
realizaria em junho de 2013 no Hospital Lago Sul, ao assinar termo de consentimento
informado, o qual, todavia, estranhamente deixou de juntar aos autos:
55. Além disso, em que pese a Autora narrar em sua inicial que ficou
impossibilitada de exercer atividades laborais, motivo pelo qual pleiteia alimentos
vitalícios no valor mensal de 2 salários-mínimos, não junta aos autos, em nenhum
momento, documentos que comprovem que antes da realização de sua primeira
cirurgia exercia qualquer tipo de trabalho remunerado para prover seu sustento, ou
mesmo que não mais possa trabalhar.
56. Ora, se a Autora não realizava nenhuma atividade laboral antes mesmo da
realização de suas cirurgias, não há qualquer fundamento para seu pleito de alimentos
vitalícios, uma vez que, antes mesmo das cirurgias, sua condição de saúde certamente
já não lhe permitia trabalhar, sendo certo que eventual dificuldade neste particular, se
comprovada, não deriva das cirurgias, e nem pode ser debitada a conta do ora
contestante, ante a ausência de qualquer nexo de causalidade entre os atos efetivados
durante seu atendimento no nosocômio e a eventual impossibilidade de trabalhar.
57. Assim, não merece respaldo a absurda tese autoral de que os serviços
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prestados pelo Hospital Lago Sul teriam lhe deixado com dores permanentes ou lhe
afastado do trabalho, pois não há uma indicação sequer de que antes da cirurgia a
autora trabalhava para prover seu sustento.
58. É fato que a Sra. Divina busca ludibriar este d. juízo, na tentativa de
locupletar-se às custas do Hospital Lago Sul, quando na verdade os próprios
documentos por ela juntados aos autos são contrários aos seus pleitos.
IV – PRELIMINARMENTE
IV. i - DA PRESCRIÇÃO
61. Pois bem, veja-se que a própria Autora alega que teve conhecimento de
suposto ato lesivo dos Requeridos em 26/04/2016 (ID 111124852, pg.03):
Ocorre que o referido médico constatou que todos os parafusos
colocados na segunda cirurgia estavam soltos, tendo sido marcado
uma terceira cirurgia, desta vez realizada no Hospital Santa Luzia na
data de 26/04/16 e levou 11 horas para ser finalizada, pois segundo o
Dr. Juliano Almeida, foi necessário reparar os danos provocados
pelas cirurgias anteriores. (grifos nossos)
62. Desta forma, uma vez que a Autora teve conhecimento do suposto dano na
data de 26/04/2016, tendo neste mesmo ano se submetido a nova “cirurgia
reparadora”, e somente na data de 11/11/2021 ajuizado a presente demanda, resta
inconteste a ocorrência de prescrição da pretensão autoral, uma vez que o prazo para
acionar o judiciário findaria em 26/04/2021!
63. Veja-se que, não obstante, este também tem sido o entendimento deste
tribunal, acerca da prescrição intercorrente:
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65. Apesar de tudo quanto demonstrado comprovar não ter ocorrido nenhum
defeito nos serviços prestados pelo Hospital Lago Sul, cumpre destacar ser o
nosocômio ilegítimo para figurar no polo passivo desta ação, pois não há na petição
inicial uma linha sequer sobre eventual falha assistencial cometida pelo ora
contestante.
67. Ainda, sem adentrar no mérito de que tenha havido qualquer tipo de
negligência, imprudência ou imperícia do médico de confiança da paciente,
responsável pelos procedimentos, que não integra os quadros do nosocômio
contestante, não há na inicial tese aceitável contendo as razões pelas quais o
nosocômio deveria responder de forma solidária e independente de culpa pelos
supostos atos e omissões do médico.
69. Assim, o que ocorre no presente caso é uma frustrada tentativa de se aplicar o
instituto da responsabilidade objetiva de maneira indiscriminada, buscando a Autora
levar a crer que o nosocômio deveria ser responsabilizado até mesmo por atos sobre os
quais não possui qualquer participação ou controle.
72. Não podendo o Hospital Lago Sul figurar no polo passivo da presente
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V – DO MÉRITO
V.i – Da impossibilidade da inversão do ônus da prova
74. O artigo 6º, inciso VIII, do CDC, exige a verificação, à critério do próprio
juiz, da verossimilhança das alegações autorais e da comprovação de sua
hipossuficiência para que tenha o consumidor o efetivo direito à inversão do ônus da
prova.
75. In casu, não restou comprovado nenhum destes requisitos. Isto porque, ao
alegar ter existido erro médico capaz de subsidiar a verossimilhança de suas alegações,
a Autora simplesmente afirmou que teria havido erro desde o primeiro procedimento
realizado em junho de 2013, o que lhe teria causado inúmeras consequências.
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81. Inverter o ônus da prova nestas condições seria, data vênia, o mesmo que
punir o Requerido simplesmente por ter prestado um serviço exemplar à Autora, pois
não se comprovaram os requisitos exigidos para a inversão, quais sejam, a
hipossuficiência e a verossimilhança das alegações, como exigido inclusive pelo C.
STJ:
82. Destaca-se, ainda, não ser possível a inversão do ônus probatório nas
hipóteses em que a desincumbência de tal encargo pela parte contrária seja impossível
ou extremamente difícil, o que importaria na produção de prova diabólica - regra
prevista no art. 373, § 2º, CPC, e reconhecida pela jurisprudência:
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(Acórdão n.1079060, 20160710157686APC, Relator: ROBSON BARBOSA DE
AZEVEDO 5ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 21/02/2018, publicado no
DJE: 07/03/2018. Pág.: 251/254) (Grifo nosso).
85. Desta forma, exigir que o nosocômio contestante, que sequer teve acesso
aos documentos, exames e prontuários da autora referentes aos atendimentos feitos
fora das suas dependências, comprove que os eventuais danos suportados pela Autora
NÃO decorreram da referida cirurgia, caracterizaria inaceitável imposição de encargo
efetivamente irrealizável, até porque, as demais cirurgias e atendimentos realizados
pela Autora sequer ocorreram nas dependências deste nosocômio!
86. Ressalte-se que o hospital prestou seus serviços a contento, com exatidão,
sem qualquer resquício de imperícia, imprudência ou negligência, sendo, pois, em
qualquer fase processual, impossível verificar verossimilhança das alegações da
Requerente ou hipossuficiência técnica, pois é ela a única que possui a integralidade
dos documentos referentes à moléstia que lhe acometeu e a todos os tratamentos aos
quais fora submetida.
87. Não sendo cabível a inversão do ônus da prova, permanece sendo ônus da
Requerente a demonstração da culpa do contestante, bem como dos eventuais danos e
do nexo de causalidade entre eles e eventual ação ou omissão do nosocômio nos
moldes do artigo 373, CPC, e do art. 14, §4º, CDC, razão pela qual requer-se não seja
determinada a inversão do ônus da prova.
88. Embora a Autora não mencione nada acerca deste tema em sua inicial, é
certo que a responsabilidade dos profissionais liberais deve ser apurada mediante a
verificação de culpa, nos termos do art. 14, §4º, CDC, ou seja, trata-se de
responsabilidade subjetiva.
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91. Não obstante, todo procedimento cirúrgico possui riscos previstos, porém
não desejáveis, mesmo sendo eletivos como neste caso, tendo a Autora pessoalmente
escolhido seu médico de confiança, o qual cumpriu o dever de informação sobre os
riscos oriundos da cirurgia à qual se submeteria, bem como orientações especiais a
serem seguidas no pós-operatório, tendo a Requerente concordado com o tratamento
proposto.
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comprovou que os procedimentos seriam inadequados para o seu quadro, tendo apenas
demonstrado irresignação por supostamente não ter melhorado das dores.
95. Ainda que por um absurdo os argumentos acima expostos não sejam
considerados suficientes para julgar improcedentes os pleitos autorais, destaca-se que a
responsabilidade civil do Hospital é subjetiva, somente podendo ser considerada
objetiva quanto aos atos realizados por ele ou seus prepostos, não sendo vinculada às
condutas dos médicos de confiança do paciente, que não integram os quadros clínicos
do hospital.
97. Assim, como o hospital não teve e nem tem qualquer ingerência nos métodos
e procedimentos utilizados pelo médico de confiança da paciente para indicação e
realização do procedimento cirúrgico levado a efeito no nosocômio, bem como nos
atendimentos pré e pós-operatórios e demais cirurgias realizadas fora de suas
dependências, não há que se falar em responsabilidade do Hospital contestante.
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99. O Hospital Lago Sul é do tipo aberto, e foi escolhido livremente pelo médico
e pela paciente para realizar os procedimentos em análise, os quais foram feitos sem
qualquer intercorrência e os serviços prestados exemplarmente até a alta médica.
Em vista disso, inexiste na inicial qualquer queixa quanto ao atendimento assistencial
fornecido pelo nosocômio, o que indica ter sido ele feito de maneira adequada e
satisfatória.
100. Ademais, acaso confirmadas, as supostas dores reclamadas pela Autora não
são imputáveis a qualquer serviço de atribuição da entidade hospitalar, mas apenas a
sua doença de base, de natureza crônica e degenerativa, ou, até mesmo, à falta de
cuidados domiciliares no pós-operatório ou, em uma última eventualidade, às cirurgias
posteriormente realizadas fora das dependências deste nosocômio contestante.
101. O Hospital também não poderia pretender discutir com o cirurgião eleito pela
paciente qual o procedimento mais adequado para o caso, ou qual técnica cirúrgica ou
materiais seriam usados, sob pena de ferir a competência profissional do médico e a
legislação que atribui seus deveres e direitos. Qualquer ingerência deste tipo seria
absolutamente ilegal, pois violaria os incisos II e VI do Capítulo II do Código de Ética
Médica.
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responsabilidade objetiva do Hospital com relação aos serviços prestados por médicos
estranhos aos seus quadros - o que se considera apenas a título de argumentação - seria
preciso comprovar que o profissional liberal agiu com culpa, para, só então,
responsabilizar o nosocômio de forma solidária, sob pena de ofensa ao art. 14, § 4º, do
Código de Defesa do Consumidor.
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(...)
9. Recursos especiais parcialmente conhecidos e, nessa extensão, não providos.
(REsp 1579954/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 08/05/2018, DJe 18/05/2018)” (grifo nosso)
108. Dessa forma, conclui-se que no caso em comento, mesmo que se entendesse
aplicável a responsabilidade objetiva do Hospital, ele apenas poderia responder
solidariamente se comprovado falha na assistência hospitalar e o dano e a conduta
culposa do médico, pressupostos inexistentes in casu, razão pela qual devem ser
julgados improcedentes os pleitos autorais.
109. Em sua inicial, a Requerente afirma ter sofrido danos morais por
supostamente não ter obtido sucesso nas cirurgias que realizou, atribuindo a tal fato
suposta incapacidade laboral, inclusive.
111. Em vista unicamente de tais alegações, requer indenização por danos morais
no montante de R$100.000,00.
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infecção, tanto que não restou comprovada nenhuma intercorrência que tenha
acontecido na única cirurgia realizada nas dependências deste contestante.
116. Desta forma, não houve falha de qualquer profissional da equipe que
atendeu a paciente e muito menos dos serviços prestados pelo Hospital Lago Sul no
que tange à adoção das medidas e protocolos técnicos previstos para prevenção de
infecções e demais intercorrências.
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3.1. Se a perícia se assenta, com convicção, que não foi constatada a ocorrência
de erro médico culposo não há como responsabilizar o profissional, pois tal
solução pressupõe o estabelecimento do nexo causal entre causa e efeito da
alegada falta médica.
3.2. O fato de ter sido necessária uma segunda intervenção cirúrgica não
caracteriza, necessariamente, a ocorrência de erro médico ou de imperícia na
primeira cirurgia realizada. Conforme ressaltou o perito, há possibilidades de
recidiva da afecção ou doença no mesmo local tratado.
4. A ausência de comprovação da falha na prestação do serviço médico acaba
por afastar o nexo de causalidade entre o serviço prestado e o dano sofrido pela
autora, não gerando o dever de indenizar.
5. Recurso de apelação desprovido.
(Acórdão n.1141894, 20140111219388APC, Relator: ALFEU MACHADO 6ª
TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 05/12/2018, Publicado no DJE:
11/12/2018. Pág.: 371/386) (grifo nosso)
123. Inicialmente, cumpre salientar que os fatos aqui esclarecidos irão se ater
somente aos eventos ocorridos nas dependências do Hospital Lago Sul, uma vez que
este não possui qualquer ingerência sobre os atos praticados fora de suas instalações.
124. De tal feita, cumpre informar, novamente, que no que tange aos atos
praticados pelo terceiro Requerido Dr. Leandro Flores nas dependências deste
Hospital, ocorreram todos de forma impecável, tendo sido a paciente, ora Autora,
devidamente esclarecida acerca de todos os riscos e eficácia do procedimento cirúrgico
que iria se submeter, conforme indiscutivelmente comprovado pelo Termo de
Consentimento Informado assinado pela paciente.
126. Superado tal ponto, o próprio prontuário médico da Autora, que ora segue
em anexo, é incontroverso e categórico ao demonstrar a impecável atuação da equipe
médica hospitalar deste contestante, desde à preparação profilática disponibilizada pré
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cirurgia, bem como, a perfeita atuação durante o auxílio da cirurgia realizada pelo Dr.
Leandro e o pós-operatório da paciente.
128. Ainda, para imputar tal fato aos procedimentos realizados no Hospital
Requerido, teria que inegavelmente demonstrar terem eles ocorrido de forma errada ou
serem obrigação de resultado e, conforme visto, durante a primeira cirurgia realizada
nas dependências deste Hospital, não houve qualquer intercorrência que pudesse
resultar no alegado quadro atual de saúde da Autora, lembrando também que quanto
às demais cirurgias realizadas, não te o contestante condições de opinar, uma vez que
ocorridas foras de suas dependências.
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134. Ora, não há qualquer nexo de causalidade entre os fatos alegados pela
Autora e as condutas realizadas pelo Requerido, que apenas forneceu suas instalações
para a realização de procedimento cirúrgico capaz de melhorar, em tese, sua qualidade
de vida.
136. Assim, ante a falta de comprovação de prática de qualquer ato ilícito, dano
ou nexo de causalidade imputável ao Hospital Lago Sul tem-se como inexistente
eventual responsabilidade civil, razão pela qual devem os pleitos autorais ser
indeferidos.
137. Afirma a Autora, em sua inicial, que o primeiro procedimento por ela
realizado no Hospital Lago Sul não teria ocorrido de forma correta, o que culminou
com a realização de mais 1 cirurgia e uma terceira “reparadora”, tendo esta última lhe
deixado incapacitada para o trabalho, razão pela qual faria jus ao recebimento da
pensão alimentícia vitalícia.
138. Segundo a Sra. Divina, hoje: “... vive uma vida bastante limitada, tendo
enorme dificuldade para se locomover e incapaz de correr, além das dores constantes,
causadas pelo serviço defeituoso, quadro em que não se encontrava antes das
cirurgias realizadas...”, sustentando unicamente neste argumento, seu pedido de
pensão vitalícia no valor mensal de 2 salários-mínimos a serem pagos pelos
Requeridos, e o fundamenta no art. 950 e 951 do Código Civil.
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141. Ora, no caso concreto, não houve sequer ofensa, tampouco ofensa que tenha
impossibilitado a autora de exercer ofício ou profissão. Aliás, não restou demonstrado
sequer que, antes do procedimento realizado no contestante, a autora exercesse
qualquer ofício ou profissão que lhe prouvesse o sustento.
143. Por outro lado, não houve imprudência, negligência ou imperícia da qual
tenha resultado incapacidade da autora para o trabalho, pelo que também inaplicável o
art. 951 do CC.
145. Pelo exposto, não há que se falar ter a Sra. Divina perdido o emprego em
decorrência dos supostos danos ocasionados pelo procedimento cirúrgico realizado no
contestante, pois sequer realizava qualquer atividade laboral à época dos fatos.
147. É de se notar, inclusive, que apesar de a Autora afirmar não poder exercer
atividade laborativa, em nenhum momento há nos autos qualquer comprovação de que
ela não poderia se adaptar a outras formas de trabalho até remotos, podendo assim
auferir renda para seu sustento.
149. Assim, não estando presentes os pressupostos para deferimento dos pedidos
de pensão vitalícia, bem como não tendo a Autora comprovado sequer que trabalhava,
ou quanto efetivamente recebia, mister o indeferimento dos pleitos autorais.
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152. Ainda, requer-se a intimação do médico Dr. Leandro Pretto Flores, via ofício,
e da própria Autora, para acostar aos autos a integralidade dos exames, prontuários e
documentos da paciente, principalmente quanto aos atendimentos realizados fora das
dependências do Hospital Lago Sul, concedendo-se, em sequência, prazo para o ora
contestante se manifestar quanto aos referidos documentos.
153. Por fim, requer-se que todas as publicações sejam feitas em nome da
advogada Dra. Sandra Albuquerque Dino, OAB/DF 18.712, sob pena de nulidade.
Termos em que,
Pede deferimento.
Brasília, 24 de fevereiro de 2022.
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ROL DE DOCUMENTOS
Doc. 1 – Prontuário.
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