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Tema do Trabalho
Evolução do Conhecimento Geográfico e o Pensamento Geográfico desde a Antiguidade
Clássica, Idade Media, Idade Moderna e Idade Contemporânea
Docente: Estudante:
dr. Berassone Augusto Hélder Luís Nhabanga
Código: 708195692
Curso: Geografia
Disciplina: Técnicas e Metodologias em
Geografia Física
Ano de Frequência: 3º Ano
Normas APA 6ª
Referências Rigor e coerência das
edição em
Bibliográfica citações/referências 2.0
citações e
s bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria:A ser preenchida pelo tutor
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Índice
1. Introdução........................................................................................................................1
1.1. Objectivo......................................................................................................................2
1.1.1. Geral.........................................................................................................................2
1.1.2. Específicos................................................................................................................2
1.2. Metodologia.................................................................................................................2
4. Conclusão.......................................................................................................................19
5. Referencias Bibliográficas.............................................................................................20
1. Introdução
A Geografia, como todas as ciências, surgiu da necessidade humana de buscar responder a
uma série de questões. O conjunto de conhecimentos que a constitui é resultante de um
constante refazer-se, próprio da investigação científica e, mais ainda, dessa investigação nas
ciências humanas que acompanham os processos de transformação da própria sociedade e de
sua história. A história das civilizações sempre deu imensa importância ao estudo e à
observação das relações que o homem estabelece com a Terra, com o meio ambiente e com a
natureza.
Neste contexto, evolução do conhecimento geográfico é o tema que será abordado neste
trabalho. O presente trabalho está estruturado de forma a facilitar a fornecer bases sólidas para
uma boa percepção do tema em questão.
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1.1. Objectivo
1.1.1. Geral
Conhecer a História da Evolução do Conhecimento Geográfico.
1.1.2. Específicos
Identificar os Períodos ou as Idades da Evolução do Conhecimento Geográfico;
Descrever as Características Marcantes de cada Período ou idade.
1.2. Metodologia
O presente trabalho realizou com base nas regras de publicação de trabalhos cinéticos da
UCM. Para o desenvolvimento do tema em questão, recorreu-se a leitura de varias obras
literárias, artigos e manuais que abordam assuntos relacionados com o tema, recorreu-se
também ao uso da internet.
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2. Evolução do Conhecimento Geográfico
O conhecimento geográfico é algo mais do que a Geografia enquanto ciência que se
institucionaliza no século XIX. Essa institucionalização significou a sistematização científica
do saber geográfico desenvolvido no processo de civilização. Nesse sentido, não podemos
confundir ciência geográfica com conhecimento geográfico, uma vez que este último não se
resume às formas instituídas pela academia. O conhecimento geográfico enquanto
conhecimento acerca do mundo está presente em todos os tempos e em todas as civilizações.
Assim, quando falamos de geografia, antes da sua sistematização, estamos, na verdade,
falando de saber geográfico. (Santos, 2006).
De acordo com Dantas & Pierre (2005), habitante da superfície da Terra, o homem tem, desde
o início dos tempos, procurado saber onde se encontra, conhecer o que existe além do lugar
onde mora, inventariar cada elemento da extensão terrestre, identificar e nomear os lugares,
descrever e conferir representações.
Segundo Kaercher (1998) & Santos (2006), o homem jamais se contentou em apenas observar
a Terra. Por meio de uma constante interacção com o meio, ele tem deixado as suas marcas:
tira da Terra os elementos essenciais à sua vida. Com essa intervenção, as sociedades
humanas desnaturam a superfície da Terra, o que implica sua transformação.
Conforme o autor, podemos dizer que a paisagem é constituída por um conjunto de formas
que, num dado momento, exprime as heranças que representam as sucessivas relações
localizadas entre o homem e a natureza. Conjunto de elementos naturais e artificiais que
fisicamente caracterizam uma determinada área.
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Segundo o ponto de vista de Kaercher (1998), diversas finalidades deram sustentação a esta
empreitada: terras a conquistar, impérios a dominar, riquezas para se apropriar, populações
para descobrir, rios e fontes, montanhas e lagos para inventariar. (p. 20).
De acordo com o autor, o desejo de conhecer foi sempre orientado e selectivo em relação às
intenções dos homens e das sociedades. Ele varia com a escala que se deseja atingir, ou seja,
varia em função da distância e do afastamento dos lugares que se quer conhecer. Conhecer
significa criar itinerários que são memorizados graças à observação dos traços da topografia
próxima e longínqua, à memorização das cores da vegetação, das nuances do relevo etc.
Entre tanto, para melhor inventariar e identificar, primeiramente, fixa-se os fenómenos mais
remarcáveis ou que fornecem os melhores marcos e sinais: o traçado dos rios, os obstáculos
montanhosos, os desfiladeiros, os vulcões, os lagos, os animais e também as cidades. Em
segundo lugar, elenca-se os fenómenos menos visíveis, relações de troca, tipos de organização
social, religiosidade etc. Um bom inventário leva em consideração também os lugares
habitados, rotas, construções religiosas, riachos, paradas etc.
Segundo o autor, a camada de nomes que constitui a toponímia alarga a esfera dos
deslocamentos e das trocas para além do que foi percorrido pelo indivíduo. O conhecimento
geográfico se particulariza por sua primazia com os dados de localização.
É importante salientar que, além de colectados através de critérios rigorosos, é necessário que
eles sejam cartografados. O que o geógrafo procura ver na paisagem não é a simples
localização deste ou daquele objecto geográfico particular (fazenda, cidade, capela e outros),
mas a distribuição de todos os objectos de uma mesma espécie (as casas, as cidades, as vilas,
a vegetação, as florestas) e as diversas fisionomias de conjunto que revelam o meio.
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Santos (2006) por sua vez alega que:
No século XIX, o nível de descrição da superfície da Terra já permitia uma visualização de
sua totalidade. Além das descrições de lugares particulares, de inventários sobre as diversas
partes da Terra, o conhecimento geográfico segue na direcção de compreender os conjuntos de
elementos naturais e humanos e a solidariedade entre seus componentes, numa dimensão
totalizante.
Segundo Claval (1996), foi na antiguidade onde surgiram os primeiros esboços representando
a superfície da Terra, isto é, os primeiros mapas. Desde a Antiguidade, a cartografia tem
grande importância. O mapa mais antigo de que se tem notícia data de 2500 a.C. e é uma
representação de um rio, provavelmente o Eufrates, com uma montanha de cada lado
desaguando por um delta de três braços.
Santos (2002) diz que, foi na Grécia antiga que a ciência geográfica recebeu seu nome,
entretanto, outros povos que vieram antes dos gregos, já tinham conhecimentos geográficos,
entre estes, destacamos os egípcios, babilónios e fenícios. (p. 82).
Claval (1996) afirma que, o primeiro mapa grego de que se tem notícia foi elaborado por
Anaximandro de Mileto (650-615 a.C.), que viajou e escreveu relatos das suas viagens.
Discípulo de Tales de Mileto é provável que Anaximandro de Mileto tenha sido o inventor do
gnómon, instrumento que serve para medir a altura do Sol.
Conforme o autor, o segundo mapa da Antiguidade foi elaborado por Hecateu de Mileto (560-
480 a.C.). Viajou por toda parte do mundo conhecido, escreveu a Descrição da Terra, obra
ilustrada por um mapa onde a Terra é representada por um disco com água em sua volta.
Outros documentos importantes dessa época são os poemas épicos Ilíada e Odisseia, de
Homero, conhecidos e apreciados por seu valor literário e pelas informações geográficas
contidas na descrição dos lugares distantes e das longas viagens marítimas.
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3.2.1.2. Heródoto (484-425 a.C.)
Filósofo e historiador, considerado o pai da História e da Geografia, inseriu a história dos
povos no contexto geográfico. Suas crónicas registam a génese da Geografia Regional e
retratam os mais diferentes e distantes países. São conhecidas suas viagens à Fenícia, ao
Egipto e à Babilónia. Ao estudar as cheias do rio Nilo, Heródoto associou a sua
desembocadura à letra grega delta, razão pela qual é encontrada até os dias atuais a foz em
delta nos livros escolares. (Claval, 1996).
Ao contrário dos gregos, interessava-se por uma abordagem mais humana, cujos
ensinamentos destinavam-se às acções de governo. Além do mais, ensinava que os geógrafos
não deviam preocupar-se com o que estava fora do mundo habitado. Assim como Heródoto,
Estrabão foi um grande viajante, tendo descrito no seu livro várias partes do mundo daquela
época. Por tal feito, é, ainda hoje, considerado um dos mais importantes geógrafos da
Antiguidade. Estrabão tinha como metodologia geográfica a localização e delimitação dos
aspectos físicos de uma região seguidas da descrição da população, com suas lendas,
costumes e actividades económicas. (Claval, 1996).
As invasões bárbaras vão provocar uma situação de guerra generalizada em boa parte do
espaço europeu ocupado pelo Império Romano. Tal situação irá provocar na Europa
consequências importantes que levaram ao isolacionismo espacial das sociedades e à
instauração do sistema feudal, conforme você pode perceber na passagem a seguir.
Segundo o autor, a Europa que daí surge está dividida em uma série de pequenas áreas
politicamente diferenciadas, deixando de existir uma política uniforme sobre todo o território.
O sistema que se constitui é essencialmente isolacionista e tenta resolver seus problemas a
partir da auto-subsistência do próprio feudo, prejudicando a mobilidade de pessoas, as trocas e
a ampliação do horizonte geográfico que se verificou na Antiguidade.
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Andrade (2006) ressalta que:
Nesse período ocorre certo imobilismo populacional e uma diminuição dos eventos das
viagens e, com isso, um maior desconhecimento do mundo real. Esses factores aliados ao
poder da Igreja provocam a diminuição da busca de respostas nas ciências. Era natural que em
um período de lutas constantes houvesse grande dificuldade de comunicação e uma queda no
ritmo do comércio e nas preocupações filosóficas e, consequentemente, um retrocesso do
conhecimento na Europa Ocidental. (p. 46).
Neste contexto, depois de Ptolomeu houve um declínio evidente na exactidão dos mapas do
mundo, declínio que perdurou até ao século XIV. Portanto, durante a Idade Média, período
que se estendeu da queda do Império Romano (476 d.C.) a tomada de Constantinopla (1453
d.C.), a Cartografia experimentou uma fase de estagnação, onde todas as conquistas
científicas realizadas anteriormente foram substituídas por uma representação simbólica, de
carácter religioso.
Segundo Claval (1996), Isodoro (570-636 d.C.) bispo de Sevilha, criou o mapa etimologias,
também conhecido como mapa T - O (Figura abaixo). Este mapa esquemático tinha o seguinte
significado: o T representava os três cursos da água que dividiam o ecúmero, o Mediterrâneo,
que separa a Europa da África; o Nilo, separando a África da Ásia; e o Don, entre a Ásia e a
Europa. O ecúmero teria sido dividido por Noé entre seus três filhos após o Dilúvio. Além
disso, o T também simbolizava a cruz e na sua junção estaria localizada Jerusalém, centro do
mundo. Esses mapas, em sua maioria, eram circulares e emoldurados por um grande oceano.
De acordo com o autor, neste mapa a Ásia ocupava sempre a metade superior do O, com a
Europa e a África ocupando, cada uma, a metade da parte inferior. O mediterrânico uma
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posição meridiano entre os dois continentes. Jerusalém estava no centro do círculo, segundo o
texto bíblico esta Jerusalém; no meio das nações eu a coloquei e suas terras ao redor dela. O
paraíso aparecia localizado a leste na parte superior do mapa. Nestes mapas foram incluídos
elementos teológicos, perdeu-se a noção de localização rigorosa dos lugares e não existia
sistemas de projecção. Considerava-se a terra de forma plana representada circularmente.
Nesse período, a maioria do povo árabe acreditava em deuses tribais, entretanto, nos grandes
centros, a maioria da população já havia tomado conhecimento do Judaísmo e do
Cristianismo, o que facilitou a aceitação de um Deus único anunciado por Maomé. Os padrões
islâmicos de moralidade e as normas que regulam a vida quotidiana são fixados pelo Alcorão,
que os muçulmanos acreditam conter a palavra de Alá, revelada a Maomé. Para eles, o Islã é o
aperfeiçoamento do Judaísmo e do Cristianismo e reconhecem Jesus como um grande profeta,
mas não divino. Maomé unifica as tribos árabes, envolvidas em constantes disputas, através
da difusão da fé islâmica. (Claval, 1996).
De acordo com esses autores, por volta do século XI, começam a perder seu domínio. Os
árabes encontravam-se assim extraordinariamente bem colocados para realizarem a
exploração do domínio da Antiguidade clássica. O interesse pelas viagens e pelo
conhecimento de outros lugares era grande.
Os árabes procuravam também estabelecer relações com outros povos distantes. No século
XII, Edrisi enriqueceu os seus conhecimentos geográficos com longas viagens e, ao serviço
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do rei da Sicília, elaborou em 1154 um mapa-múndi, que é considerado a obra mais
importante da cartografia árabe. No século XIV, Ibn Batutah percorreu o Egipto, a Arábia, a
Palestina, a Rússia, o Iraque, o Irão, o Afeganistão, a Índia e a China. Ultrapassou o Equador,
demonstrando que a zona tórrida era habitada. O relato das suas viagens, rico de observações
e de informações pessoais, é, sobretudo, uma descrição da sociedade muçulmana da 1ª metade
do século XIV. (Ferreira & Simões, 1990).
As suas cartas são no entanto esquemáticas: não há nem projectado, nem coordenadas, e a
configuração real das várias regiões é inteiramente ignorada. A latitude e a longitude foram
utilizadas pelos astrónomos nas suas observações, mas geógrafos, ao elaborarem os mapas,
não se serviam desses dados. Existia no mundo árabe uma separação entre os geógrafos e
astrónomos, que não aconteceu na antiguidade. (Claval, 1996).
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de todas as outras ciências) prescinde do desenvolvimento da vida material e do pensamento
filosófico-científico. Claval (1996).
Dessa forma, a geografia moderna, em seu nascedouro, necessitou de uma série de condições
históricas para poder se tornar realidade. Essas condições históricas a que nos referimos
dizem respeito ao processo de transição do Feudalismo para o Capitalismo.
Podemos dizer que a grande revolução para o conhecimento geográfico começa a ser
preparada a partir da extraordinária expansão do espaço conhecido, do domínio da
configuração da Terra e do desprezo às ideias e crenças a respeito da superfície terrestre que
vem com a Idade Moderna. Mas, para que a geografia desponte como um saber autónomo,
particular, faz-se necessárias ainda certas condições que só estarão suficientemente
amadurecidas no século XIX. Claval (1996).
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relações mercantis de produção que, ao se articular em escala planetária, estende a influência
das sociedades europeias em todo o globo. (p. 49)
Por tanto, ao facto de que a constituição de uma economia mundial desembocou numa
exploração colonial, pois esse processo de expansão económica exigiu uma necessária
apropriação e submissão de novos territórios e sua incorporação ao sistema produtivo.
Segundo o ponto de vista do autor, este processo se baseia, pelo menos, em dois elementos
fundantes da Geografia: apropriação e exploração. A apropriação desses novos territórios
ocorre de forma lenta e vai, paulatinamente, fragmentando os modos de vida locais,
promovendo novos ordenamentos e ajustes espaciais. Além disso, coloca o europeu
expansionista em contacto com realidades espaciais bastante diversas da sua. Para ter o
conhecimento dessas novas realidades particulares e de suas localizações, o levantamento de
informações sobre esses lugares singulares torna-se imprescindível.
Segundo Bailly & Ferras (1997), a descoberta de novas terras torna possível a expansão das
relações capitalistas. A apropriação e incorporação de novos territórios exigem, como já foi
dito, o conhecimento de realidades distintas entre si e distintas do quadro europeu de
referência. (p. 49)
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3.4.1.3. A cartografia
O avanço e aprimoramento da cartografia (instrumento por excelência geográfico) se
constituem efectivamente num outro pressuposto da Geografia moderna. Esse avanço na
linguagem cartográfica é uma demanda primária e uma exigência prática para o pleno
desenvolvimento das relações comerciais que requer o estabelecimento preciso de rotas de
navegação, assim como a localização exacta dos lugares e portos. (Bailly & Ferras, 1997)
Conforme Bailly & Ferras (1997), a técnica de impressão, recém-descoberta nesse período,
populariza o instrumental cartográfico que vai se juntar às descrições dos viajantes
naturalistas do século XVII, dando-lhes cunho mais geográfico. (p. 60)
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Segundo Claval (1996), a Alemanha é, nesse período, um país em situação de atraso em
relação às demais nações europeias e tal situação parece ser um aspecto fundamental para
fazer da discussão geográfica um tema da maior importância para a sociedade alemã. (p. 50)
MORAES (2002) afirma que, essas singularidades germânicas vão marcar profundamente
todos os planos da história da Alemanha, das relações económicas, passando pela organização
política, até as formas de pensamento. É nele inclusive que residem as determinações
históricas específicas explicativas do afloramento pioneiro do processo de sistematização do
pensamento geográfico nesse país (p.26).
Percebemos então que, a maior parte dos temas colocados pelo processo de sistematização da
Geografia constitui dificuldades vividas pela sociedade alemã ainda não unificada. A
geografia nasce nesse contexto específico da Alemanha para dar respostas a duas questões
fundamentais: resolver uma questão territorial premente para a constituição de um Estado
Nacional e a conquista de um lugar de destaque para a Alemanha no cenário apresentado pela
realidade europeia do século XIX.
A Revolução Industrial, que começa a partir do fim do século XVIII, promove também uma
revolução nas técnicas de produção, nas formas de transformação da natureza, demandando
progressivamente matérias-primas e mercado. Tais revoluções, industrial e técnica, que
ocorreram principalmente na França, Bélgica e Holanda, modificam irreversivelmente o
equilíbrio dos continentes e das sociedades. Graças a essas revoluções, a Europa vai exercer,
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no século XIX, hegemonia política e económica sobre o mundo através dos Estados, das
companhias de navegação e das sociedades capitalistas. (Clozier, 1974 & Claval, 1996).
As indagações das ciências nascentes vão incidir sobre os fenómenos naturais, daí o
desenvolvimento fantástico que ocorre nos estudos sobre a natureza nos séculos XVII e
XVIII. É desse período a sistematização da Zoologia, da Botânica e da Geologia, que tiveram
como combustível principal as informações oriundas das grandes expedições que se tornaram
também missões científicas. (Clozier, 1974 & Claval, 1996).
Movida pelos avanços de outras ciências, a Geografia deixa de ser obra de erudição, deixa de
ser um conjunto de conhecimentos práticos, uma enumeração mais ou menos ordenada de
montanhas, rios ou cidades. Deixa der ser um agregado de nomes e números. À Geografia
cabe não apenas descrever, mas também explicar. (Clozier, 1974 & Claval, 1996).
Segundo Clozier (1974) & Claval (1996), dois factos marcam as ciências, em geral, e a
Geografia em particular, no século XIX: o reconhecimento de que a história dos homens, seu
passado e seu futuro dependem dos próprios homens; e, a partir disso, o homem poderá
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manter uma outra relação com a natureza. O homem agora depende de si mesmo e da relação
que estabelece em sociedade e com a natureza, abandonando assim os desígnios divinos.
Datam também do final do século XVIII e início do XIX os primeiros censos, o que vai
incrementar os dados de outros fenómenos que já vinham sendo levantados. O interesse em
cartografar os fenómenos aumenta e, assim, surgem os primeiros mapas temáticos, em que
são representadas as distribuições de populações, os climas, a vegetação, o relevo, a
hidrografia. (Clozier, 1974 & Claval, 1996).
Viaja para a Venezuela, onde sobe o rio Orenoco até o Cassiquiare que faz parte da bacia do
rio Negro, afluente do Amazonas. A etapa seguinte leva-o através da Colômbia até o Equador
e ao Peru. Esse deslocamento lhe dá a oportunidade de escalar alguns dos picos mais altos dos
Andes e de medir as suas altitudes. Através desse procedimento, observa a variação do clima
com a altitude, tendo introduzido a terminologia de quente, temperado e frio, ainda hoje
utilizada. Segue para o México e depois para Cuba. Volta à Europa após passar pelos Estados
Unidos. (Claval, 1996).
Os trabalhos que decorrem de suas viagens estão voltados para a explicação daquilo que
diferencia as diversas áreas do globo, tentando encontrar as relações que se estabelecem entre
os diversos fenómenos da superfície da Terra, de modo a produzir espaços com características
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diferentes. Ou seja, interessou-se pela diferenciação espacial e considerou a paisagem
resultante da interacção de vários fenómenos. (Claval, 1996).
Comparou as formações vegetais de regiões diversas entre si, como foi o caso da América
Latina e da Sibéria. Tentou encontrar semelhanças entre as culturas dos povos asiáticos e dos
índios americanos. Das suas investigações feitas em escalas diferentes (mundial, continental
ou regional) resultou uma sistematização do conhecimento geográfico. Assim, com
Humboldt, a Geografia passa a ser uma ciência sistemática. Os fenômenos poderiam ser
estudados tanto no nível mundial quanto no regional. (Claval, 1996).
A utilização de comparações universais foi talvez a sua contribuição mais importante. Ele
comparava sistematicamente as paisagens das áreas que estudava com outras partes da Terra.
O seu método era empírico e indutivo. Partia dos casos particulares para os gerais, tentando
obter uma lei geral, válida também para os casos não observados. Para Humboldt a explicação
dos fenômenos deve partir do meio, mas devemos ter sempre em mente que este reflete
realidades em outras escalas: outra marca de Humboldt. (Claval, 1996).
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considerem tais relações. Nesse sentido, a História e a Geografia devem estar sempre juntas.
(p. 59)
Dessa forma, foi um observador atento do devir histórico dos povos que habitavam em cada
uma das regiões que estudava. Entendia o espaço terrestre como o teatro da história e
considerava que quanto maior o desenvolvimento cultural maior harmonia seria estabelecida
entre o homem e a natureza.
Após a morte de Humboldt e de Ritter, a geografia sofre certo declínio. No entanto, mantém-
se como disciplina com grande dinamismo e se expressa por duas vias: através das inúmeras
sociedades de Geografia e a permanência como disciplina leccionada no ensino primário e
secundário. Do ponto de vista da institucionalização, os impactos de seus ensinamentos não
foram imediatos: as cátedras de Geografia permanecem raras nas universidades e os
estudantes que frequentam as suas aulas seguem carreiras variadas. (Claval, 1996).
4. Conclusão
Concluímos que, a ciência geográfica era realizada desde o surgimento do ser humano ao
formar afinidades com a natureza com estratégias de sobrevivência e coordenação como
povos nómades, navegadores e agricultores.
Na idade média, à visão do planeta atribuída na posse e organização sócio espacial instituída,
as discussões que se realizava foram contrariadas, valorizando o estabelecido pela igreja.
Perante as precisões de representar o espaço geográfico e traçar os caminhos marítimos,
outras investigações passam a ser feitas, de modo especulativo, apesar de a geografia não ser
analisada como um campo da ciência.
A partir do século XVI com a náutica, os navegantes colonialistas dão início à descrição e
representação dos dados adquiridos nos territórios coloniais, suas riquezas naturais e aspectos
humanos; assuntos que passam fazer parte da ciência geográfica.
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Até o século XIX, os geógrafos ficavam dispersos em diversas obras, não existindo inclusive
sistematização na produção geográfica; ainda que a geografia não fosse contemplada como
ciência, as questões geográficas eram legalizadas como temas relevantes sobre as quais
conduziam indagações científicas.
5. Referencias Bibliográficas
Andrade, Manuel Correia de (2006). Geografia: ciência da sociedade. Recife: Editora
Universitária/UFPE.
Dantas, Aldo. Pierre, Monbeig (2005). Um marco da geografia brasileira. Porto Alegre:
Sulina.
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Moraes, António Carlos Robert (2002). A gênese da geografia moderna. São Paulo:
ANNABLUME/HUCITEC.
Santos, Milton (2002). O país distorcido. São Paulo: Publi folha. p. 82.
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