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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Abordagens sobre a cientificidade da Geografia Física

Fátima Fernando Salgado - 708204528

TURMA/SALA: C-7

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia

Disciplina: Técnicas e Metodologias em


Geografia Física

Ano de frequência: 3º Ano

Tutor: Dr. Lucas Catsossa

Tete, Maio de 2022


Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota do
Subtotal
máxima tutor
 Capa 0.5
 Indice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos 1.0
Introdução objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência/
coesão textual)
Conteúdo Análise e  Revisão
discussão bibliográfica
nacional e 2.0
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos 2.0
dados
Conclusão
 Contributos teóricos 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação parágrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das citações/ 4.0
Bibliográficas citações e referências
bibliografia bibliográficas
Recomendações de melhoria:
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Índice

1. Introdução...............................................................................................................................4

1.1. Objectivos............................................................................................................................5

1.1.1. Objectivo geral..................................................................................................................5

1.1.2. Objectivos específicos......................................................................................................5

2. Fundamentação teórica...........................................................................................................6

2.1. Conceito de Geografia física................................................................................................6

2.1.1. Historial da Geografia Física............................................................................................6

2.2. Importância da Geografia Física..........................................................................................7

3. Cientificidade da Geografia Física..........................................................................................7

3.1. Métodos da geografia física...............................................................................................10

3.1.1. Métodos da Geografia Moderna.....................................................................................12

4. Considerações finais.............................................................................................................15

5. Referências Bibliográficas....................................................................................................16
1. Introdução
O presente trabalho de campo é da cadeira de Técnicas e Metodologias em Geografia Física,
leccionada nos curricula da Universidade Católica de Moçambique - Instituto de Educação à
Distância, trata-se de uma actividade do campo. Tem como tema: “Abordagens sobre a
cientificidade da Geografia Física” E, apresenta como objectivo principal “Estudar os
conceitos da Geografia Física dentro de um ponto de vista sistêmico na abordagem da
cientificidade da geografia física”.
A emergência da questão ambiental permitiu definir novos rumos à Geografia Física. Esta
tendência e a necessidade contemporânea fazem com que as preocupações dos geógrafos
actuais se vinculem à demanda ambiental. Por conseguinte, não abandonam a compreensão da
dinâmica da natureza, mas cada vez mais não desconhecem e incorporam a suas análises a
avaliação das derivações da natureza pela dinâmica social.
A abordagem sobre a cientificidade da Geografia Física, fundamenta-se pelo uso de técnicas e
métodos científicos nas suas pesquisas pelos geógrafos. E, existem diferentes métodos e
técnicas de estudo em geografia física.
Para a efectivação do trabalho constituíram metodologias de trabalho, a pesquisa
bibliográfica, que consistiu na busca de informações sobre as questões em vários manuais e
módulos, disponíveis. Em termos estruturais, o trabalho foi organizado em capa, folha de
feedback, folha de recomendações, índice, introdução, objectivos geral e específicos,
desenvolvimento, conclusão e Referências bibliográficas. O trabalho contém um total de 15
páginas devidamente enumeradas, a contar da introdução até as Referências bibliográficas.

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1.1. Objectivos
Constituem objectivos deste trabalho, os seguintes:

1.1.1. Objectivo geral


 Estudar os conceitos da Geografia Física dentro de um ponto de vista sistêmico na
abordagem da cientificidade da geografia física.

1.1.2. Objectivos específicos


 Explicar as técnicas e metodologias de pesquisa em Geografia Física;
 Demonstrar a aplicação dos métodos comuns as ciências na pesquisa em Geografia
Física;
 Compreender a aplicação dos métodos consagrados nas ciências geográfica.

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2. Fundamentação teórica
2.1. Conceito de Geografia física
A Geografia Física é um dos ramos da Geografia que estudava a interconexão dinâmica dos
elementos da Natureza através de uma visão integrada concebida a partir do conceito de
paisagem. (Humboldt, 1982)

A Geografia física ou fisiografia é o estudo das características naturais existentes na superfície


terrestre, ou seja, o estudo das condições da natureza ou paisagem natural da Terra. A
superfície da Terra é irregular e varia de um lugar para outro em função da inter-relação
dinâmica entre os factores entre si e geográfica em conjunto com outros factores. A
manifestação local deste produto dinâmico é conhecida como paisagem, que é em Geografia
um fenômeno de interesse particular, mesmo considera por muitos a ser o objecto de estudo
da geografia. (Andrade, 1992)

2.1.1. Historial da Geografia Física


A Geografia Física surge numa época conturbada e as fases por ela passada para a sua
consolidação como um dos ramos da Geografia. Existia duas disciplinas que tratavam da
natureza: uma a Física, que estudava os processos físicos, a outra a Geografia Física, que
estudava a interconexão dinâmica dos elementos da Natureza através de uma visão integrada
concebida a partir do conceito de paisagem. A concepção de Geografia Física de Humboldt
contrapõe-se às concepções de Ritter (1982) quando, no ano de 1850, escreve sobre a
organização de espaço na superfície do globo e sua função no desenvolvimento histórico.

Em artigo escrito em 1899, diz: “o geógrafo estuda na hidrografia uma das expressões em que
se manifesta a região e actua de igual maneira com a vegetação, com as moradias e os
habitantes. Não deve ocupar-se destes distintos temas de estudo nem como botânico nem
como economista” (La Blache, 1982).

A fragmentação científica do século passado é, sem dúvida, a força que promove o primeiro
impacto na existência da Geografia Física. Ainda que na prática os geógrafos tenham seguido
o caminho da especialização, é importante lembrar que, em nível teórico, renomados
geógrafos tentaram a análise integrada do meio físico percorrendo conceitos como os de
Paisagem, inicialmente, Geossistema ou Sistemas Físicos, posteriormente, na busca desta
articulação. Este caminho é retomado nos anos 70, exactamente no período em que emerge a

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discussão ambiental e com ela o resgate da Ecologia e da ideia de relação entre os organismos
e seu ambiente.
A emergência da questão ambiental vai definir novos rumos à Geografia Física. Esta
tendência e a necessidade contemporânea fazem com que as preocupações dos geógrafos
actuais se vinculem à demanda ambiental. Por conseguinte, não abandonam a compreensão da
dinâmica da natureza, mas cada vez mais não desconhecem e incorporam a suas análises a
avaliação das derivações da natureza pela dinâmica social. (Suertegaray & Nunes 2001:16)

2.2. Importância da Geografia Física


Esta área da Geografia é de extrema importância para o entendimento da evolução do nosso
planeta e sua situação nos dias actuais. Com o aumento dos problemas provocados pelas
mudanças climáticas, provocados principalmente pelo aquecimento global, esta ciência
apresenta grande relevância. (Gregory, 1992)

3. Cientificidade da Geografia Física


A Geografia Física como ramo da geografia, nas suas abordagens usa técnicas e metodologias
científicas.
A Geografia Física, também conhecida como ciência da Terra, é a área de Geografia que
estuda o meio físico do nosso planeta. Os principais elementos que estruturam o meio físico
correspondem ao relevo, as águas (rios, mares, oceanos, lagos), ao clima, a fauna, a vegetação
e ao solo. A superfície do nosso planeta está em constante modificação, principalmente, pela
acção do ser humano. A Geografia Física também estuda estas intervenções humanas na
superfície terrestre. (Guerra, 1997)

A metodologia científica, é entendida como um conjunto de etapas ordenadamente dispostas


que se deve vencer na investigação de um fenómeno, fornecendo conhecimentos válidos e
verdadeiros. Também caracteriza a linha de raciocínio adoptada no processo de pesquisa.
(Silva e Menezes, 2001)
Esta área da Geografia é de extrema importância para o entendimento da evolução do nosso
planeta e sua situação nos dias actuais. Com o aumento dos problemas provocados pelas
mudanças climáticas, provocados principalmente pelo aquecimento global, esta ciência
apresenta grande relevância.

A ciência da Geografia física estuda um componente específico do campo o inter-relações


entre factores geográficos. São muitos os ramos que o incluem e entre eles estão os mais

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importantes que são: Geomorfologia, Hidrologia, Glaciologia, Biogeografia, Climatologia,
Pedologia, Paleogeografia, Orografia, Geografia litorânea, entre outros.

a) Geomorfologia
A geomorfologia é a ciência voltada para o entendimento da superfície da Terra e os
processos pelos quais ela é formada, tanto no presente como no passado. A Geomorfologia
como um campo possui vários subcampos que lidam com formas de relevo específicas de
vários ambientes, como geomorfologia de deserto e a fluvial, entretanto, esses subcampos são
unidos pelos processos principais que os causam; em sua maioria, processos tectônicos ou
climáticos. A Geomorfologia pretende entender a história e a dinâmica dos acidentes
geográficos, e predizer as mudanças futuras através da observação de campo, experimentos
físicos, e modelagem numérica (Geomorfometria).

b) Hidrologia
A hidrologia estuda predominantemente a quantidade e qualidade da água em movimento e se
acumulando na superfície da terra e no solo e rochas próximas da superfície da água, e é
tipificada pelo ciclo hidrológico. Assim, esse campo inclui água dos rios, lagos, aquíferos e,
até certo ponto, geleiras, no qual o campo examina os processos e dinâmicas envolvendo
esses corpos d'água. A hidrologia tem historicamente uma importante conexão com a
engenharia e com isso, tem desenvolvido vários métodos quantitativos em sua pesquisa.

c) Glaciologia
A glaciologia é o estudo das geleiras e mantos de gelo, ou mais comumente, criosfera ou gelo
e os fenômenos que envolvem o gelo. A glaciologia agrupa os mantos de gelo como geleiras
continentais, e as geleiras como geleiras alpinas. Apesar das pesquisas nas duas áreas serem
similares com pesquisas sendo realizadas tanto na dinâmica dos mantos como nas geleiras, a
pesquisa com os mantos tende a se preocupar mais com a interação dos mantos com o clima, e
a pesquisa com as geleiras com o impacto da geleira no relevo. A glaciologia também possui
um vasto número de subcampos examinando factores e processos envolvendo mantos de gelo
e geleiras, como hidrologia da neve e geologia glacial.

d) Biogeografia
A biogeografia é a ciência que lida com os padrões geográficos da distribuição das espécies e
os processos que resultam nesses padrões. O principal estímulo para o campo desde a sua
fundação tem sido a evolução, placas tectônicas e a teoria da biogeografia insular. O campo

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pode ser amplamente dividido em 4 subcampos: biogeografia insular, paleobiogeografia,
filogeografia, zoogeografia (animais) e fitogeografia (vegetais).

e) Climatologia
A climatologia é o estudo do clima, cientificamente definido como a média das condições
climáticas de um longo período de tempo. Ela se difere da meteorologia, que estuda os
processos atmosféricos de curta duração, que são então examinados pelos climatologistas para
encontrar tendências e frequências em padrões/ fenómenos climáticos. A climatologia
examina tanto a natureza do clima micro (local) e macro (global) e as influências naturais e
antropogênicas sobre ele. O campo é também subdividido largamente em climas de várias
regiões e o estudo de fenômenos específicos ou de períodos de tempo, como climatologia de
chuvas de ciclones tropicais e climatologia urbana.

f) Pedologia
A pedologia é o estudo do solo em seu ambiente natural. É um dos dois principais ramos da
ciência do solo, o outro sendo a edafologia. A pedologia lida principalmente com pedogénese,
morfologia do solo, e classificação do solo. Na geografia física, a pedologia é amplamente
estudada por causa das numerosas interações entre o clima (água, ar, temperatura), vida no
solo (micro-organismos, planta, animal), materiais minerais sob o solo (ciclos
biogeoquímicos) e sua posição e efeito no relevo como a laterização.

g) Paleogeografia
A Paleogeografia investiga e reconstrói a geografia do passado e sua evolução através do
exame do material preservado em registros estratográficos, paleosolos, acidentes geográficos
relictos, fosiles, etc. De grande importância para o resto da geografia física que serve para
entender melhor a dinâmica atual da geografia do nosso planeta. O uso desses dados tem
resultado em evidências de deriva continental, placas tectônicas e super continentes, que por
sua vez têm suportado teorias paleogeográficas como o ciclo geográfico. O campo pode ser
amplamente dividido em 4 subcampos: paleoclimatologia, paleobiogeografia, paleohidrologia
e paleopedologia.

h) Orografia
A orografia é a Parte da geografia física que trata da descrição e estudo das montanhas.

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A superfície do nosso planeta está em constante modificação, principalmente, pela ação do ser
humano. A Geografia Física também estuda estas intervenções humanas na superfície
terrestre. Esta área da Geografia é de extrema importância para o entendimento da evolução
do nosso planeta e sua situação nos dias actuais. Com o aumento dos problemas provocados
pelas mudanças climáticas, provocados principalmente pelo aquecimento global, esta ciência
apresenta grande relevância. Em cada país, a Geografia Física pode possuir disciplinas
peculiares assim como suas próprias abordagens.

3.1. Métodos da geografia física


A utilização de um método pré-determinado ou a ideia de que uma teoria possa responder
todas as perguntas e questões existentes na organização do espaço são equivocadas. As
técnicas que são meios para se chegar a um fim, devem estar de acordo com a fundamentação
teórico-metodológica e por isso, a selecção de um método não contempla essa diversidade
técnica e teórica tão vasta. Cabendo ao geógrafo fazer sua escolha em relação ao método e
técnica, pois a complexidade do espaço geográfico é profunda e deve ter cuidado para não
cair em um reducionismo ou senso comum. (Sternberg, 1946, p.26)

Não há metodologia específica para uma ciência, mas para o conjunto das ciências. Há
métodos científicos para a pesquisa geográfica, mas não métodos geográficos de pesquisa.
Em cada ciência, o que a diferencia das demais é o seu objecto. Cada ciência contribui para a
compreensão da ordem e da estrutura existentes e o sector da Geografia é o das organizações
espaciais. A abordagem da geografia científica está baseada na observação empírica, na
verificação de seus enunciados e na importância de isolar os fatos de seus valores. Ao separar
os valores atribuídos aos factos dos próprios factos, a ciência procura ser objectiva e
imparcial.
Considerando a metodologia científica como o paradigma para pesquisa geográfica, a Nova
Geografia salienta a necessidade de maior rigor no enunciado e na verificação de hipóteses,
assim como na formulação das explicações para os fenómenos geográficos. E não se deve só
explicar o existente e o acontecido, mas com base nas teorias e nas leis ser capaz também de
propor predições. Sposito (2001)
Desta maneira, cria-se a simetria entre o passado e o futuro. Por outro lado, no discurso
explicativo há preferência pelas normas relacionadas com o procedimento dedutivo-
nomológico. E, por essa razão, considerando-se certas hipóteses e determinadas condições, o
resultado do trabalho geográfico deve ser capaz de prever o estado futuro dos sistemas de

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organização espacial e contribuir de modo efectivo para alcançar o estado mais condizente e
apto para as necessidades humanas (Sposito, 2001).

O método de trabalho nunca se apresentará como uma simples soma de técnicas que se
trataria de aplicar tal e qual se apresentam, mas sim como um percurso global do espírito que
exige ser reinventado para cada trabalho” (Quivy e Campenhout, 1992, p.14).

Reconhece-se, assim, diferentes tipos de métodos e de técnicas. Na ciência geográfica, alguns


métodos são consagrados e usados na maioria dos trabalhos: Fenomenológico, Materialismo
Histórico e Dialético, Positivismo e Hipótetico-dedutivo.

Embora a separação ou definição entre método e metodologia seja possível, em muitos


momentos elas se misturam. A rigor método é considerado como a ascendência filosófica
utilizada, ou seja, qual a origem histórica e conceitual que o cientista usará (positivismo, neo-
positivismo, marxismo, anarquismo, etc.).
Enquanto, metodologia é especificamente do cronograma de acções, a forma com que a
pesquisa se desenvolve e os passos que serão seguidos (o que e como irá fazer). Contudo, essa
discussão raramente é feita em boa parte dos projetos de pesquisa, pois a discussão do tema
costuma ser extensa e dificulta o desenvolvimento prático da investigação (Silva, 2004).

O Método positivista é baseado nas ideias e teorias propostas pelos empiristas (Bacon,
Hobbes, Locke, Hume) e sua premissa central é a indução, processo mental que parte de
dados particulares constatados para inferir se uma verdade geral ou universal não contida na
parte analisada. Primeiro os factos a observar, depois hipóteses a confirmar. Consiste na
observação sistemática da sucessão de factos da realidade, resultando na explicação do
fenômeno. Assim, parte do particular para o geral e formula leis gerais com base em casos
particulares (Trivinos, 1987, p. 38).

Os positivistas objectivam atingir um grau de generalização nos resultados das pesquisas


sociais. As técnicas de amostragem, os tratamentos estatísticos e os estudos experimentais
severamente controlados foram instrumentos usados para concretizar estes propósitos. Partem
do princípio positivista da unidade metodológica entre a ciência natural e a ciência social.
Para tanto, utilizam-se de metodologias e técnicas bem específica como menciona Triviños
(1987, p. 38).

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O Método hipotético-dedutivo baseia-se na dedução do processo mental contrário à
indução. Através da dedução, os princípios reconhecidos como verdadeiros (premissa maior),
permitem que o pesquisador estabeleça relações com uma segunda proposição (premissa
menor). A partir disso pode-se chegar à verdade daquilo que propõe – a conclusão (Bunge,
1985).

3.1.1. Métodos da Geografia Moderna


A denominação de “Nova Geografia” foi inicialmente proposta por Manley (1966),
considerando o conjunto de ideias e de abordagens que começaram a se difundir e a ganhar
desenvolvimento durante a década de cinquenta. O surgimento de novas perspectivas de
abordagem está integrado na transformação profunda provocada pela Segunda Guerra
Mundial nos sectores científico, tecnológico, social e económico.

Para superar as dicotomias e os procedimentos metodológicos da Geografia Regional, a Nova


Geografia desenvolveu-se procurando incentivar e buscar um enquadramento maior da
Geografia no contexto científico global. A fim de traçar um panorama genérico sobre a Nova
Geografia, podemos especificar algumas de suas metas básicas:

a) Rigor maior na aplicação da metodologia científica - baseada na filosofia do positivismo


lógico, a metodologia científica representa o conjunto dos procedimentos aplicáveis à
execução da pesquisa científica. Pressupondo que haja a unidade da ciência, todos os seus
ramos devem-se pautar conforme os mesmos procedimentos.

Não há metodologia específica para uma ciência, mas para o conjunto das ciências. Há
métodos científicos para a pesquisa geográfica, mas não métodos geográficos de pesquisa. Em
cada ciência, o que a diferencia das demais é o seu objecto. Cada ciência contribui para a
compreensão da ordem e da estrutura existentes e o sector da Geografia é o das organizações
espaciais.

A abordagem da geografia científica está baseada na observação empírica, na verificação de


seus enunciados e na importância de isolar os fatos de seus valores. Ao separar os valores
atribuídos aos factos dos próprios factos, a ciência procura ser objectiva e imparcial.

Considerando a metodologia científica como o paradigma para pesquisa geográfica, a Nova


Geografia salienta a necessidade de maior rigor no enunciado e na verificação de hipóteses,
assim como na formulação das explicações para os fenómenos geográficos. E não se deve só

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explicar o existente e o acontecido, mas com base nas teorias e nas leis ser capaz também de
propor predições. Desta maneira, cria-se a simetria entre o passado e o futuro.

Os enunciados geográficos assumem validade em função da sua verificação e teste. O critério


de refutabilidade ganha importância.

Em vez de a validade depender da autoridade do geógrafo que observou e descreveu o


fenómeno, passa-se a aferi-la conforme os procedimentos de verificação propostos pela
metodologia científica.

b) Desenvolvimento de teorias - a falta de teorias explicitamente expostas na Geografia


Tradicional foi veementemente criticada por inúmeros geógrafos. Por essa razão, sob o
paradigma da metodologia científica, a Nova Geografia também procurou estimular o
desenvolvimento de teorias relacionadas com as características da distribuição e arranjo
espaciais dos fenómenos. E deve-se notar a grande facilidade com que os geógrafos passaram
a usar e a trabalhar com as teorias disponíveis em outras ciências.

c) O uso de técnicas estatísticas e matemáticas - o uso de técnicas matemáticas e estatísticas


para analisar os dados colectados e as distribuições espaciais dos fenómenos foi uma das
primeiras características que se salientou na Nova Geografia. Indiscutivelmente, o uso das
técnicas de análise deve ser incentivado porque elas se constituem em ferramentas, em meios
para o geógrafo. O conhecimento das diversas técnicas de análise (as simples, as
multivariadas e as relacionadas com a análise seriada e espacial) é básico para o geógrafo.
Entretanto, usar técnicas estatísticas, por mais sofisticadas que sejam, não é fazer Geografia.

Mas, não se deve, por isso, confundir a deficiência do geógrafo com a incapacidade da Nova
Geografia. Todas as técnicas, adequadas aos mais variados tipos de problemas, estão
disponíveis. Se por ignorância ou por mera facilidade prática o geógrafo escolhe
inadequadamente a técnica a usar, esse procedimento corresponde ao facto de um médico
receitar ao paciente remédio impróprio à sua doença, pois é o que ele conhece e dispõe. Deve
se, por isso, estigmatizar a Medicina? Há muita celeuma em torno da quantificação em
Geografia - é consequência da confusão que se faz entre a escolha e o uso das técnicas, com a
própria ciência.

d) A abordagem sistémica - a abordagem sistémica serve ao geógrafo como instrumento


conceitual que lhe facilita tratar dos conjuntos complexos, como os da organização espacial.

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A preocupação em focalizar as questões geográficas sob a perspectiva sistémica representou
característica que favoreceu e dinamizou o desenvolvimento da Nova Geografia.

A aplicação da teoria dos sistemas aos estudos geográficos serviu para melhor focalizar as
pesquisas e para delinear com maior exactidão o sector de estudo desta ciência, além de
propiciar oportunidade para considerações críticas de muitos dos seus conceitos.

e) O uso de modelos - intimamente relacionada com a verificação das teorias, com a


quantificação e com a abordagem sistémica, desenvolveu-se o uso e a construção de modelos.
A construção de modelos pode ser considerada como estruturação sequencial de ideias
relacionadas com o funcionamento do sistema. O modelo permite estruturar o funcionamento
do sistema, a fim de torná-lo compreensível e expressar as relações entre os seus diversos
componentes. Para o geógrafo, o modelo é um instrumento de trabalho que deve ser utilizado
na análise dos sistemas das organizações espaciais. O modelo é um meio para melhor se
atingir a compreensão da realidade.

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4. Considerações finais
A realização do trabalho sobre a cientificidade da Geografia física, permitiu concluir:
O estudo da geografia física pressupõe a utilização de técnicas e métodos científicos. A
Geografia Moderna traçou como metas básicas: rigor maior na aplicação da metodologia
científica, desenvolvimento de teorias, uso de técnicas estatísticas e matemáticas, abordagem
sistémica e o uso de modelos.

O Método Indutivo parte de premissas particulares para obter conclusões gerais, enquanto que
o Método Dedutivo parte de dados gerais e contextualiza a situações particulares. Qualquer
boa teoria científica possui preposições lógicas e consequentemente estas devem ser
verificadas para serem aceitas.

O Método Hipotético-Dedutivo possui uma poderosa ferramenta, pois as teorias são testadas
através de hipóteses alternativas e falseáveis. Em que, o autor apresenta uma ideia nova, com
princípios claros, em linguagem simples, que pode ser testada e deste modo, corroborada ou
falseada por meio de experimentações ou observações. Apesar de, por exemplo, uma teoria
ser continuamente corroborada, não significa que é uma teoria considerada como verdadeira.
Ela é apenas uma teoria ainda não falseável.

O método hipotético-dedutivo que consiste na construção de hipóteses, cujas predições devem


ser submetidas a testes e ao confronto com os factos para ver que hipóteses são comprovadas.
O Método hipotético-dedutivo descreve o real através de hipóteses e deduções; no Método
dialético as relações contraditórias não precisam ser soberanas e as construções, as
transformações sujeito ou objecto são recíprocas. Portanto, considerando a metodologia
científica como o paradigma para pesquisa geográfica, a Nova Geografia salienta a
necessidade de maior rigor no enunciado e na verificação de hipóteses, assim como na
formulação das explicações para os fenómenos geográficos. E não se deve só explicar o
existente e o acontecido, mas com base nas teorias e nas leis, com capacidade de propor
predições, o que deste modo, cria a simetria entre o passado e o futuro.

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5. Referências Bibliográficas

Ab´Sáber, A. N. (1969). Um conceito de geomorfologia a serviço das pesquisas sobre o


Quaternário. Geomorfologia. n. 18, IGUSP,S. Paulo.

Alves, F. D., Ferreira, E. R. (s/d). Panorama dos métodos e técnicas em geografia humana:
retrospectiva e tendências. Encontro de Geógrafos da América Latina.

Andrade, M. C. de. (1992). Geografia: ciência da sociedade: uma introdução à análise do


pensamento geográfico. São Paulo: Atlas.

Bertrand, G. (1972). Paisagem e Geografia Física Global. Esboço Metodológico. Caderno de


Ciências da Terra, São Paulo: Instituto de Geografia, USP, 13p.

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Bertrand, G. (2004). Paisagem e Geografia Física Global. Esboço Metodológico (8a Ed),
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Gregory, K. J. A natureza da Geografia Física. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil. 1992.

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Ed. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro.

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