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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS AMÉRICAS - FAM

Nayara Vieira de Sousa - RA: 343981

ESTUDO DE CASO 1

Trabalho desenvolvido no curso de Psicologia, apresentado a disciplina de Estágio de


Processos Grupais e Institucionais, sob a orientação do Profº Mauro Fernandes.

São Paulo, 2022.


Estudo de Caso

Nome: João
Idade: 5 anos
Escolaridade: Educação Infantil
Queixa: Dificuldade de interação com colegas na escola e reações agressivas quando
padrões são quebrados.

Descrição do caso:

Menino de 5 anos, com diagnóstico de autismo, sem nenhum aquém fisiológico,


comunicação em desenvolvimento, mas com limitações em relação à interações sociais,
principalmente em ambiente escolar e com comportamentos reativos regados de
agressividade quando padrões são descontinuados ou não seguidos, em qualquer
ambiente, não só escolar.
O pai trabalha em período integral e a mãe, dona de casa, se dedica ao lar para cuidar do
filho.
Desde os 3 anos João já frequentava creche de segunda à sexta. Suas limitações em
relação às interações ficaram mais perceptíveis nos últimos 2 anos e suas reações
agressivas aumentaram no último período, onde também foi notado maior evolução de seu
processo de aprendizagem.
É válido também lembrar que não há psicólogos na instituição.

Sugestão de Intervenção:

Sabendo-se que, o Autismo, também chamado de Transtorno do Espectro Autista - TEA, é


um transtorno do desenvolvimento infantil caracterizado pela dificuldade de interação social
e comportamentos restritos e repetitivos, como alternativa de intervenção para o caso de
João, seria unir as diretrizes e bases dos métodos propostos pelo Sociodrama (Psicodrama)
com o modelo IMP (Intervenção Mediada por Pares).
No caso apresentado, a queixa da mãe de João foi sua dificuldade de interação com outros
colegas na escola e sua imprevisibilidade de reação e dificuldade de aceitação quando
padrões cotidianos não são seguidos.
Sabendo-se que o psicodrama enxerga toda ação humana como uma interação através
de papéis, após uma quantidade específica de sessões individuais, o Psicólogo
precisará promover sessões em grupo com outros pacientes que também possuem
TEA, aplicando neste contexto, a metodologia IMP de exposição à pares, e estimular
entre eles dinâmicas lúdicas que personificam essas representações, aprimorando seu
leque de insumos, agora em um contexto grupal, no processo de análise e
entendimento do funcionamento cognitivo de seus pacientes. Além de também
contribuir com a percepção do funcionamento de seus padrões e significâncias, uma
vez que, o próprio Psicodrama, aborda que mesmo um indivíduo ausente de
transtornos, está vinculado à um conjunto de papéis e fluxos oriundos à
comportamentos que, quando estes, sofrem bloqueio súbito, uma interrupção ou um
conflito, provoca respostas inadequadas, e consequentemente para um paciente com
TEA isso ainda é mais latente.
Como sugestão de intervenção para estimular o desenvolvimento da interação social, a
exposição a outras crianças da mesma idade, porém, que possuem as mesmas
condições cognitivas, propõe similaridade de comunicação e de maneira de se
relacionar.
As primeiras sessões em grupo, devem ocorrer sem direcionamento ou orientação
específica, mas, apenas de observação de como os indivíduos se comportam e quais
papeis e personificações surgirão dos encontros, após isso, o terapeuta pode planejar
as dinâmicas propostas de acordo com as necessidades que identificará, tanto do
grupo, quanto de cada indivíduo.
O objetivo é que, essas interações impactem positivamente as demais exposições que
João vivencia em seu cotidiano, especificamente na escola, uma vez que, com a
condução assertiva, as trocas em atendimento quando positivas representem um
estímulo para que isso aconteça em outros momentos.
Ainda nesta linha, lembrando que, por se tratar de atendimento infantil, as sessões com
os pais são de extrema importância para dar insumo nos atendimentos realizados, uma
das missões do terapeuta será coletar informações sobre situações que fugiram do
“padrão” de costume do paciente e que a reação não foi positiva, para que, com isso,
promova em ambiente lúdico de atendimento, situações semelhantes de serem
revividas, porém, desta vez, com um desfecho diferente proposto pelo agente
terapêutico.
Por exemplo: João costuma brincar de lego e depois pintar desenhos. Sempre na
mesma ordem e no mesmo horário em sua casa. No ambiente de atendimento, o
terapeuta propõe a mesma brincadeira, porém insere, em seguida, outra tarefa que
promova interação com seus colegas para João, de forma lúdica e recompensadora,
que não seja a de pintar desenhos, para que, aos poucos, o apego ao padrão seja
diminuído, uma vez que sabemos que não será eliminado, mas, porventura, pode-se
fazer com que o impacto dele em seu dia-a-dia seja menor.
Porém, dado a necessidade de manter comportamentos repetitivos, para reforçar o
método aplicado em atendimento, manter um cronograma visual de situações mais
amplas e que costumam ser mais difíceis de sofrerem impacto de mudança, ajuda a
manter o equilíbrio necessário para esta patologia.
A evolução do paciente poderá ser observada tanto em seu relacional com o grupo,
como, pelas devolutivas da escola e dos próprios pais ao terapeuta, bem como a
intensidade de intervenção, metodologias aplicadas serão reforçadas ou redirecionadas
de acordo com o atendimento ou não dos resultados esperados.
Referências Bibliográficas

“Psicologia escolar e psicologia social: articulações que encontram o sujeito histórico no


contexto escolar” (04/06/2019)
https://revistas.pucsp.br/psicoeduca/article/view/43278

FEBRAP (Federação Brasileira de Psicodrama). Disponível em: https://febrap.org.br/.


Acesso em 14 set. 2022.

FERNANDES, V. A.; Cenci, C. M. B.; Gaspodini, I. B. INTERVENÇÕES EM PSICODRAMA:


UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Rev. Bras. Psicodrama, São Paulo, v29, n1, p.4-15, Jan. –
Abr., 2021

RAMALHO, C. Psicodrama e Dinâmica de Grupo. Editora IGLU, 2010.

“Intervenção mediada por pares como estratégia de inclusão de crianças com transtorno de
espectro autista”, (01/11/2022)
https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corixo/article/download/6473/4218/21414

“Intervenção Mediada por Pares no Engajamento Acadêmico de Alunos com Autismo”,


(01/11/2022)
https://www.scielo.br/j/rbee/a/LNvh3XNGkRyHxKsk6v8XXJR/

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