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Série:

Turma:3º anos
Unidade:
Disciplina: FILOSOFIA Data: / /
Professor(a): LEONARDO AUGUSTO SILVÉRIO Aula remota nº :

Carga horária: 50 minutos.

Aluno (a):

O Conhecimento como Justificação Teórica


Ao falar do conhecimento usamos bastante o termo “problema”. Essa expressão vem do grego e
significa literalmente “obstáculo”, “aquilo que está lançado”, o que é “saliente”. Para que o estudo de
qualquer tema seja profundo, é sempre útil saber de antemão a problemática que se quer investigar. Isso
também vale para a teoria do conhecimento. De acordo com Franklin Leopoldo e Silva (1985), os
principais problemas que a teoria do conhecimento deve investigar são:
1) as fontes primeiras de todo conhecimento;
2) os processos que fazem com que os dados se transformem em juízos ou afirmações acerca de algo;
3) a forma adequada de descrever a atividade pensante do sujeito frente ao objeto do conhecimento;
4) O âmbito do que pode ser conhecido segundo as regras de verdade.

As Fontes do Conhecimento
Um dos temas tratados na teoria do conhecimento – e que se enquadra no problema das fontes do
conhecimento – é a relação entre sensação, crença e conhecimento. O professor Newton Carneiro da
Costa, especialista em lógica e teoria do conhecimento científico, defende, por exemplo, que todo
conhecimento é crença, mas nem toda crença é conhecimento. Explica Da Costa:

O Sr. X pode acreditar (crer) que há vida em Netuno e ser um fato que em tal planeta haja
vida,inclusive análoga a da Terra. Todavia, ainda não se tem conhecimento em acepção
estrita, a menos que X possua justificação para sua crença.” (DA COSTA, 1997, p. 22)

O que se passa neste caso é que pode haver uma coincidência entre a crença do Sr. X e a
realidade da existência objetiva de vida em Netuno. Mas o Sr. X não sabe em que condições há vida lá,
que procedimentos foram usados para se constatar isso, etc. Da Costa afirma que, pelo menos em ciência –
mas, defendemos nós, igualmente em teoria do conhecimento – para se ter conhecimento é preciso ter
uma crença justificada. Isso quer dizer que, se o tópico é da área de matemática pura, você precisará
demonstrar aquele ponto que diz conhecer, se for um caso de física ou economia, terá que mostrar
conhecimento das leis que governam tais áreas, ter acesso aos testes críticos, etc.
O que foi dito acima nos leva a constatar que uma pessoa tem basicamente três níveis de
consciência, cada qual correspondendo a uma perspectiva que dá corpo a sua visão do mundo. Esses três
níveis são: sensação, crença e conhecimento. A sensação é o nível em que nosso contato com o mundo é
puramente físico ou emocional. A crença, por seu lado, é um estado mental, uma representação de um
determinado estado de coisas. Segundo Moser (2004), a crença fornece ao indivíduo uma espécie de
esquema do mundo. Nesse sentido, ela mantém uma conexão importante com o conhecimento, como
veremos. Por fim, o conhecimento propriamente dito é a capacidade de justificarmos e validarmos
nossas sentenças sobre as coisas.

Platão e Protágoras: Racionalismo e Relativismo


O que de fato diferencia esses níveis de conhecimento de que falamos, ou seja, qual a natureza
específica da sensação, da crença e do conhecimento? Vejamos o que Platão e Protágoras escreveram a
respeito.
Platão é um filósofo nascido em Atenas do período clássico. Sua obra trata de
política, moral, ciência e arte. Platão descrevia suas teses em textos escritos na forma
de diálogos temáticos, isto é, cada diálogo tratava de um tema específico como Justiça, Conhecimento,
Coragem, etc.
Já Protágoras é um “sofista” nascido alguns anos antes de Platão. Um sofista é um sujeito
tido como conhecedor de técnicas de aprendizado de oratória, matemática, geometria, etc.. É alguém que
tem uma “especial perícia ou conhecimento para comunicar. Sua sophia [sabedoria] é prática, quer nos
campos da conduta e política, quer nas artes técnicas” (GUTHRIE, 1995, p. 34). A relação entre as
posições de Platão e Protágoras acerca do conhecimento é, para dizer o mínimo, tensa.Protágoras é
considerado, do ponto de vista do conhecimento, um relativista. Ele defendia, por exemplo, que para cada
tema havia um argumento a favor e outro contra. Dizia que podia fazer do “argumento mais fraco o mais
forte”. No Teeteto de Platão ele aparece defendendo sua tese mais famosa, a idéia de que “(...)o homem é
a medida de todas as coisas, das que são e das que não são. (Teeteto, 152c).
No Teeteto Platão faz um exame cuidadoso dessa doutrina, destacando que não se trata
apenas de uma frase de efeito criada pelo sofista para agradar às multidões, estratégia típica nas atividades
de Protágoras. Protágoras realmente defendeu a tese de que em assuntos como política, moral,
religião, saúde, o indivíduo é a medida, isto é, não existe nada além daquilo que cada um percebe em
seu campo de visão, audição, etc. Essa filosofia gera um relativismo, uma perspectiva que leva em conta
apenas aquilo que a sensibilidade de uma pessoa capta. Mas por quê? Que tem a ver sensibilidade com a
idéia de que o homem individual é medida de todas as coisas?
Em primeiro lugar, é preciso considerar que Protágoras lecionava, segundo Platão, duas
qualidades diferentes de ensino. Um ensino mais popular e acessível era dado à multidão que,
ocasionalmente, pagava e freqüentava seus cursos. Um outro tipo de lição, bem mais detalhada, era
ministrada aos chamados “iniciados”, discípulos assíduos que recebiam as explicações pormenorizadas
das teses de Protágoras.
Em segundo lugar, sempre de acordo com Platão no Teeteto, o sofista utilizava em suas lições
aos iniciados o núcleo principal da filosofia do pré-socrático Heráclito para dar um fundamento à tese
do homem-medida. De Heráclito Protágoras emprestava a idéia de que “tudo está em movimento”. Com
esse pensamento, Protágoras negava que alguma coisa pudesse manter suas qualidades essenciais de
forma perene. Por exemplo, com a idéia de que tudo está sob efeito de um fluxo constante justifica-se
porque não há razão para acreditar em idéias gerais acerca da humanidade, do destino humano, de
conhecimento, etc. Protágoras chega a dizer que o conhecimento de medicina, mesmo que se define por
um conjunto de técnicas sobre o bem-estar do corpo, não é um caso de verdade absoluta. Os preceitos
médicos não fazem mais do que substituir uma sensação ruim, como a febre, por uma sensação boa, a
saúde. Estamos aqui no plano da sensação e, sobretudo, bem de acordo com a doutrina de que cada um é
juiz solitário de tudo que é verdadeiro e falso.
Em suma: é porque tudo se move que o homem, ser sensível capaz de reter
momentaneamente alguns traços das coisas, é a medida de tudo. Protágoras pode ser considerado, desse
modo, o primeiro relativista da história.

Referência: Filosofia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336 p.


Atividade.
- Com base no texto e nos conteúdos relacionados na sala de aula, responda as seguintes perguntas:

1) Quais são os elementos principais que impulsionam todo o esforço das teorias do conhecimento?
2) Com suas palavras, explique a afirmativa do professor: “todo conhecimento é crença, mas nem toda
crença é conhecimento”.
3) De acordo com professor, o que se entende como crença justificada ?
4) Explique o que é sensação, crença e conhecimento.
5) Quem foi Platão? E Protágoras? Faça uma breve pesquisa de cada um.
6) Ao dizermos que “(...)o homem é a medida de todas as coisas, das que são e das que não são. (Teeteto,
152c)., Protágoras inaugura uma forma de relativismo. Com base nisso responda: O relativismo pode ser
desenvolvido como uma forma de conhecimento?
7) Por que Protágoras é considerado o primeiro relativista da história?

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