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CASOS

Capítulo        Capítulos 7 e 27 |CLÍNICOS


 Estudo de Caso de Inflamação 1

Capítulos 7 e 27 |
 Estudo de Caso de Inflamação

Uma mulher de 58 anos de idade consultou o seu médico para rever a sua medicação para a artrite, que
já não é mais eficaz para os sintomas da doen­ça.

Quais são os sintomas da artrite reumatoide? A ativação de células T pela apresentação do autoantí-
A artrite reumatoide (AR) é uma condição inflamatória crô- geno e secreção de IL-2 leva a uma resposta mediada pelas
nica que envolve o edema das ar­ticulações, com dor e defor- Th1 e células T citotóxicas (TC), que aumenta ainda mais
midade associada, o que afeta a atividade e a mobilidade do a atividade inflamatória dos macrófagos e causa dano te­ci­
paciente. A inflamação é centralizada par­ticular­mente nas dual, e a uma resposta Th2 que leva a ativação de células B
articulações, com proliferação do líquido sinovial e erosão e produção de anticorpos autorreativos.
da cartilagem e do osso.
Após a falta de eficácia dos AINE em manter o controle
Quais são os principais tipos de células e mediadores dos sintomas da doen­ça, a paciente iniciou a terapia
inflamatórios envolvidos na progressão da doen­ça? com metotrexato. Descreva a justificativa para o uso
desse agente na AR.
A diferenciação de células T-helper 1 (Th1) provoca a ativa-
ção de macrófagos, que liberam fator de necrose tumoral-a O metotrexato é um medicamento antirreumático modifica-
(TNF-a) e interleucina 1 (IL-1), levando à regulação positiva dor da doen­ça que resulta na melhora dos sintomas e na re-
de outros mediadores inflamatórios. A ativação dos osteo­ dução da atividade da doen­ça, tal como avaliado por dimi-
clastos desencadeia a erosão e a reabsorção óssea, exacer- nuição no número de ar­ticulações edemaciadas, níveis de
bando o dano ar­ticular. dor e incapacidade. O metotrexato é um antagonista do áci-
do fólico, com atividade citotóxica (dose mais alta) e imu-
Nos estágios iniciais da doen­ ça, os pacientes podem nossupressora (dose menor). Foi originalmente desenvol-
receber medicamentos anti-inflamatórios não esteroi- vido como um agente anticancerígeno, mas descobriu-se
des (AINE) para reduzir/controlar os sintomas. Descreva ser também eficaz na AR. Acredita-se que os efeitos imu-
as ações terapêuticas desses fármacos. Como se nossupressores sejam mediados por aumento na adenosina
relacionam com as suas ações farmacológicas? Por circulante.
que esses agentes têm eficácia apenas limitada no
controle dos sintomas da AR? Muitos pacientes não respondem ao metotrexato em
Anti-inflamatório: redução da liberação de prostaglandina isolado e o controle efetivo da condição requer a
coadministração de um glicocorticoide ou agente
mediada por ciclo-oxigenase II (COX-2), resultando em re-
biofarmacêutico. Descreva a lógica para o uso de cada
dução da vasodilatação e do edema.
um dos seguintes no tratamento da AR, com referên-
Antipirético: os AINE redefinem o “termostato” hipotalâ- cia ao seu alvo molecular e mecanismo de ação no
mico, que é desregulado pela liberação de prostaglandina enfraquecimento da resposta imune.
(PG) mediada por IL-1. • Prednisolona
Analgésico: os AINE diminuem a liberação de PG, o que • Adalimumabe
sensibiliza os nociceptores para mediadores inflamatórios, • Abatacepte
como a bradicinina. • Rituximabe.
A eficácia limitada dos AINE deve-se à falta de efeito di- Prednisolona: um glicocorticoide que exerce efeitos anti-­
reto sobre a causa subjacente da doen­ça, que é amplamen- inflamatórios por meio da supressão da produção de IL-2
te mediada por citocinas/quimiocinas, migração de leu- e proliferação clonal de células T. Também diminui a trans-
cócitos, liberação de enzimas lisossômicas e produção de crição de vários mediadores inflamatórios (p. ex., TNF-a e
radicais tóxicos de oxigênio, em vez de PG. IL-1) por meio da inibição dos fatores de transcrição fator
nuclear de cadeia leve kappa de células B ativadas (NFkB) e
A AR é uma doen­ça autoimune de etiologia incerta, proteí­na ativadora-1 (AP-1).
envolvendo o reconhecimento do autoantígeno e a
ativação crônica inadequada do sistema imunológico. Adalimumabe: um anticorpo monoclonal humanizado
Descreva resumidamente o papel do sistema inato e
que neutraliza o excesso de TNF-a para prevenir seus efei-
adaptativo no reconhecimento, resposta e progressão tos inflamatórios.
da doen­ça. Abatacepte: uma proteí­na de fusão que regula negativa-
As células e os mediadores do sistema imune inato são res- mente a ativação das células T, bloqueando as moléculas de
ponsáveis pelo componente inflamatório da doen­ça. O mo- ativação coestimulatória.
vimento de neutrófilos e monócitos do sangue para os teci- Rituximabe: um anticorpo quimérico que ataca e causa lise,
dos e a liberação de mediadores pró-inflamatórios, como a reduzindo, assim, a ativação das células T e a produção de
IL-1 e o TNF, são os principais responsáveis pela condição. anticorpos (incluindo fator reumatoide reduzido).
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CASOS
Capítulo        Capítulos 22, 24 e 25 | CLÍNICOS
Estudo de Caso Cardiovascular 2

Capítulos 22, 24 e 25 |
Estudo de Caso Cardiovascular

Um homem de 58 anos de idade foi levado para o hospital com suspeita de infarto agudo do miocárdio (IAM).

Qual é a causa do IAM? DNA. A apoptose pode ser um mecanismo protetor para sa-
A oclusão de uma artéria coronária por um trombo (coá­gulo crificar alguns mió­citos na esperança de prevenir arritmias
de sangue in vivo), que resulta em diminuição no suprimen- induzidas por necrose.
to de oxigênio para o tecido cardía­co.
Qual seria o objetivo terapêutico primário no trata-
Que condição, muitas vezes assintomática, pode ter mento deste paciente e como isso pode ser alcançado?
levado ao IAM? Descreva resumidamente o processo (Considere as abordagens físicas e farmacológicas e,
pelo qual este pode ter ocorrido e os principais media- quando relevante, sugira agentes apropriados e seus
dores envolvidos. mecanismos farmacológicos.)
Doença ateromatosa levando à ruptura de uma placa ate- A reabertura da artéria ocluí­da é de fundamental importân-
romatosa. cia para evitar danos isquêmicos irreversíveis.
A doen­ça ateromatosa é preestabelecida por disfunção Isso pode ser conseguido por angioplastia – um cateter
endotelial, com diminuição da produção de óxido nítrico com balão inflável na ponta revestido com um antagonista
(NO). A lesão endotelial leva à expressão de moléculas de da glicoproteí­na IIb/IIIa para prevenir a reoclusão. Os anta-
adesão e fixação de monócitos. O colesterol da lipoproteí­na gonistas da glicoproteí­na IIb/IIIa, como o abciximabe, um
de baixa densidade (LDL) é transportado para a parede do híbrido de murino-humano do fragmento Fab, inibem to-
vaso e oxidado pelos radicais livres de monócitos. O oxyL- dos os estágios da agregação plaquetária e são administra-
DL é absorvido pelos receptores scavenger de macrófagos, dos por via intravenosa (IV) como adjuvantes à terapia com
resultando em ativação celular e liberação de mediadores ácido acetilsalicílico e heparina na angioplastia.
pró-inflamatórios. O acúmu­lo subendotelial de “células es- Se necessário, o vaso pode ser mantido aberto pela colo-
pumosas” de macrófagos e células T produz estrias de gor- cação de um stent.
Alternativamente, agentes trombolíticos, antiplaquetá-
dura. A liberação de citocinas e fatores de crescimento por
rios e antitrombóticos podem ser usados para dissolver o
células ativadas e plaquetas causa a deposição de compo-
trombo, abrir a artéria e prevenir a reoclusão.
nentes do tecido conjuntivo e a formação de uma capa fi-
Agentes trombolíticos, por exemplo, estreptoquinase e
brosa sobrepondo a placa. A subsequente ruptura da placa
alteplase/reteplase.
pode levar à formação de um trombo (envolvendo agrega-
A estreptoquinase, extraí­da de culturas de estreptococos,
ção plaquetária e ativação da trombina do fibrinogênio em é uma proteí­na ativadora do plasminogênio que resulta na
fibrina), que viaja através das artérias até as arterío­las coro- dissolução do trombo, mas sua utilização é limitada pela
nárias menores, em que causa a oclusão. presença/formação de anticorpos.
Quais fatores de risco podem ter contribuí­do para essa Alteplase e reteplase são ativadores do plasminogênio te­
condição? ci­dual recombinante (tPA) e mostram alguma seletividade
de “coá­gulo”. A reteplase tem meia-vida mais longa e pode
Os fatores de risco modificáveis são hipertensão, dislipide- ser administrada como uma injeção em bolus em pacientes
mia (razão LDL:lipoproteí­na de alta densidade [HDL] ele- com IAM para os quais a angioplastia não é uma opção dis-
vada) e tabagismo. ponível ou viá­vel.
Agentes antiplaquetários, por exemplo, ácido acetilsali-
Como pode o IAM ser clinicamente diagnosticado?
cílico e clopidogrel.
Por níveis circulantes elevados de troponina. O ácido acetilsalicílico inibe a agregação plaquetária
por acetilação irreversível da ciclo-oxigenase I (COX-1), le-
Se não tratado, quais alterações celulares ocorreriam vando a uma inibição da síntese de tromboxano (TX)A2.
e que efeito isso teria na função cardía­ca?
No IAM agudo, é iniciada com uma dose única para obter
A morte celular ocorreria por meio de uma combinação de rápida inibição, seguida por pequenas doses regulares de
necrose e apoptose. manutenção.
A necrose envolve diminuição da atividade do trifosfato O clopidogrel é um antagonista da adenosina (P2Y12) que
de adenosina (ATP) e da bomba de ío­ns e aumento do cál- inibe a agregação plaquetária mediada pelo difosfato de ade-
cio intracelular, causando ativação da protease e lesão na nosina (ADP), por meio inibição irreversível de seu receptor.
membrana. Isso pode levar a arritmias e diminuição da efi- É administrado por via oral em doses altas de ataque, segui-
cácia cardía­ca, o que pode resultar em insuficiên­cia cardía­ das de menor dose de manutenção. É um profármaco e é me-
ca completa e morte. tabolizado na forma ativa no fígado. Demonstrou ser leve-
A apoptose (ver Capítulo 6) é mediada via fator de ne- mente mais eficaz que o ácido acetilsalicílico na prevenção do
crose tumoral-a (TNF-a), ativação de protease relacionada dano is­quêmico após o IAM, mas é com fre­quência reservado
com enzima conversora de interleucina-1 (ICE), inativação para pacientes intolerantes ao ácido acetilsalicílico. O trata-
da poli-[ADP-ribose]-polimerase (PARP) e fragmentação de mento combinado demonstrou reduzir a mortalidade.
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Seção 6      Tópicos Especiais ESTUDOS DE CASOS      C   C
Capítulo     apítulos 22,
apítulos 22,24
24e e25 |
25 |Estudo
Estudode
deCaso
CasoCardiovascular
Cardiovascular 3

Agentes antitrombóticos, por exemplo, heparina. A he- Os inibidores da enzima conversora da angiotensina e os
parina é um anticoa­gulante geralmente administrado de antagonistas dos receptores da angiotensina II também po-
forma aguda como uma injeção IV em bolus, seguida por dem ser benéficos na redução do trabalho cardía­co e na me-
uma infusão constante para diminuir a probabilidade de lhora da sobrevida.
formação de trombos adicionais e reoclusão. Funciona li-
gando-se à antitrombina III e aumentando a afinidade des- A prevenção de um IAM é obviamente de maior bene-
ta pela trombina, inibindo, assim, sua atividade coa­gulante. fício. Quais agentes profiláticos podem ser prescritos
Quais outros agentes podem ser prescritos para man- para pacientes com risco identificado de IAM devido
ter a função cardía­ca quando o paciente está estável? à doen­ça aterosclerótica sintomática?
Antagonistas b-adrenorreceptores, por exemplo, metopro- Estatinas para reduzir as LDL plasmáticas por meio da ini-
lol, para reduzir o trabalho cardía­co e, portanto, os requisi- bição da redutase da 3-hidroxi-3-metilglutaril-coenzima A
tos metabólicos do coração. (HMG-CoA).

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CASOS
Capítulo     CLÍNICOS
   Capítulo  29 | Sistema Respiratório 4

Capítulo  29 |
Sistema Respiratório

Um homem de 50 anos de idade visita o seu médico e relata episódios de falta de ar, sibilos e tosse leve. Isso
já tinha acontecido uma vez anteriormente, há alguns meses, mas as queixas resolveram-se es­pon­ta­nea­men­te
e ele não procurou orientação. No entanto, os sintomas pioraram nas últimas semanas e parecem agravar-se
devido ao tempo frio. Conversando com o paciente, ele admite ser fumante ocasional, mas diz também rea­li­
zar exercício regularmente. Não apresenta história prévia de problemas respiratórios, embora outros mem-
bros da família sofram de febre do feno.

Quais são os dois principais diagnósticos possíveis para danificam ainda mais o epitélio, levando à exposição de re-
a condição do paciente e como eles podem ser distin- ceptores irritantes e fibras C sensitivas. A liberação adicio-
guidos? nal de fatores de crescimento pode resultar em hipertrofia e
Asma e doen­ça pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). hiperplasia do ­músculo liso.
As duas condições têm vários sintomas sobrepostos e os
pacientes podem apresentar elementos de ambos. À luz da história familiar de alergia do paciente, mais
Os principais critérios utilizados para o diagnóstico testes são rea­li­zados para avaliar os níveis de media-
dores inflamatórios. Quais diferenças podem ser
são geralmente espirometria (volume expiratório forçado
observadas em pacientes com condições alérgicas/
[VEF]) e resposta ao tratamento com broncodilatador, que
atópicas versus não alérgicas/não atópicas?
geralmente é melhor em pacientes com asma. O diagnósti-
co completo pode só ser possível após um perío­do de trata- A asma alérgica desencadeia a produção de IgE específi-
mento para avaliar a reversibilidade da broncoconstrição e ca para alergênios, causando degranulação de mastócitos e
a natureza intermitente versus progressiva da condição. liberação de histamina e leucotrieno B4, o que exacerba a
broncoconstrição.
Quais testes iniciais e regime de tratamento seriam
prescritos para o paciente? Qual é o mecanismo de Que outras terapias podem ser prescritas para o
ação desse agente? paciente para controlar melhor a condição?
Espirometria para avaliar a capacidade respiratória na for- Corticosteroide inalatório regular, por exemplo, beclometa-
ma de VEF e a taxa do pico de fluxo expiratório (PFE). sona.
Broncodilatador de ação curta, por exemplo, salbutamol, Agonista b de longa ação regular, por exemplo, salmete-
administrado por inalação, conforme necessário. rol administrado regularmente 2 vezes/dia.
Os b2-agonistas causam broncodilatação pela ligação dos Se alérgico, anti-IgE omalizumabe, administrado por via
adrenorreceptores b2 ao músculo liso bronquial. intravenosa (IV).

O paciente retorna ao médico 2 semanas depois e Quais são os riscos para o paciente se a patologia
relata que, embora a medicação tenha proporcionado não for controlada adequadamente? Como isso seria
algum alívio, ele ainda apresenta episódios de sibilos tratado?
e necessidade de utilizar o inalador várias vezes Asma aguda grave: estado asmático.
durante o dia e especialmente à noite. Reação aguda grave que requer hospitalização: o trata-
Relacionando a sua resposta com a fisiopatologia da mento inclui oxigenoterapia, inalação de salbutamol nebu-
condição, por que os sintomas do paciente podem lizado e hidrocortisona IV mais prednisona oral, com outros
piorar à noite? agentes broncodilatadores, conforme necessário. Monitora-
Isso reflete os dois estágios de uma resposta asmática – a mento regular do efluxo respiratório.
fase imediata/precoce devido ao espasmo do m ­ úsculo liso
brônquico causado pela liberação de mediadores inflama- Que conselho adicional pode ser oferecido ao paciente?
tórios agudos. A exacerbação noturna pode dever-se à res- Parar de fumar.
posta de fase tardia causada pelo influxo de eosinófilos li- Receber uma vacina ­anual contra a gripe para reduzir a
berando leucotrienos, interleucinas e proteí­nas tóxicas, que probabilidade de infecção, que pode exacerbar a asma.

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Capítulo     CASOS CLÍNICOS
   Capítulos 31 e 32 | Diabetes Melito Tipo 2 5

Capítulos 31 e 32 |
Diabetes Melito Tipo 2

Uma senhora idosa visita o seu médico para revisão de sua patologia médica atual e monitoramento da
eficácia da medicação. Ela relatou pela primeira vez sintomas de poliú­ria e polidipsia.

Ao observar a paciente, verificou-se excesso de peso, De que maneira a patologia pode ser modelada em
e após conversa que revelou sedentarismo com consumo um animal de laboratório para permitir a investigação
moderado de ál­cool, o médico realizou várias avalia- de novos tratamentos?
ções e um exame de sangue. Camundongos knockout IRS-2 desenvolvem diabetes evi-
Os resultados dos exames revelaram: dente, implicando este gene como um candidato para dia-
• Altura: 1,58 m betes melito tipo 2 humano, e, como tal, este seria um bom
• Peso: 80 kg modelo para investigação de novos agentes terapêuticos
• Pressão arterial: 160/90 mmHg potenciais.
• Nível de glicose no sangue em jejum: 14,5 mmol/l
• Colesterol: 5,8 mmol/l. Quais são os riscos agudos e a longo prazo para a
Comente os resultados e sugira a explicação mais paciente se a patologia não for tratada?
provável para os sintomas da paciente. Agudos: síndrome hiperglicêmica hiperosmolar não cetóti-
O índice de massa corporal (IMC) é > 30, portanto, a pacien- ca; cetoacidose.
te é obesa, hipertensa, hipercolesterolêmica e hiperglicêmi- Longo prazo: perda de massa m ­ uscular; efeitos vascula­
ca – tais sintomas, juntamente com a poliú­ria e a polidipsia, res: doen­ça macrovascular e microangiopatia; neuropatia
indicam a presença de síndrome metabólica e diabetes me- diabética; hipertensão; insuficiên­cia renal.
lito tipo 2.
Quais intervenções iniciais não farmacológicas seriam
Qual é a compreensão atual da causa genética e aconselhadas para reduzir esses riscos?
fisiopatológica subjacente a essa condição? Dieta reduzida: perda de peso
Resistência à insulina e secreção de insulina deficiente. Diminuição do consumo de ál­cool
Fatores genéticos potenciais que contribuem para a pre- Aumento do exercício
disposição à obesidade. Suplementação com orlistate para diminuir o metabolis-
Desequilíbrio de hormônios segregados que regulam a mo e a absorção de gordura.
ingestão de alimentos e saciedade, por exemplo, leptina e
grelina. Apesar do sucesso inicial, a observação seguinte
revelou pouca mudança nos resultados analíticos da
Descreva o mecanismo farmacológico pelo qual um paciente.
aumento na glicose no sangue estimula a secreção de
insulina. Quais intervenções farmacológicas podem ser pres-
A glicose entra nas células B pelo transportador Glut2 e é critas para ajudar no controle da patologia e qual é
metabolizada pela glicoquinase. Isso resulta em aumento no o motivo para o uso desses agentes?
trifosfato de adenosina (ATP) que bloqueia os canais KATP, A paciente pode iniciar o tratamento com agentes hipo-
causando despolarização. Isso abre os canais de cálcio de- glicemiantes orais, tais como biguanidas ou sulfonilureias.
pendentes de voltagem, levando ao influxo de Ca2+, desen- As biguanidas resultam em redução da gliconeogênese he-
cadeando a secreção de insulina. pática, aumento da captação de glicose e de sua utilização.
Descreva a via de sinalização e os mecanismos regu- As sulfonilureias estimulam a secreção de insulina nas cé-
ladores a jusante do receptor de insulina. lulas b.
A ligação da insulina ao seu receptor resulta na ativação da Qual desses agentes pode ser considerado o fármaco
subuni­dade b da tirosinoquinase e no recrutamento e fosfo- de escolha para esta paciente? Justifique sua resposta
rilação das proteí­nas de sinalização do substrato do receptor
de insulina. Isso conduz ao recrutamento de fosfatidilinositol Metformina.
3-quinase por intermédio de seus domínios SH2, provocando O tratamento com sulfonilureias acarreta maior risco de
o deslocamento dos transportadores de Glut4 do aparelho de hipoglicemia e pode levar a aumento de peso e a maior risco
Golgi para a membrana plasmática. Os efeitos a longo prazo de efeitos adversos cardiovasculares.
da insulina envolvem a via de sinalização da Ras-MAP quina-
se e a ativação da transcrição gênica, levando à expressão de Em quais pacientes este agente estaria contraindi-
genes envolvidos no crescimento e metabolismo celular. cado?
A ativação da proteí­na fosfatase 1 regula negativamen- Pacientes com insuficiên­ cia renal ou hepática, hipoxia,
te a via por desfosforilação do receptor e das proteí­nas do doen­ça pulmonar grave ou choque, em virtude do aumento
substrato receptor de insulina (IRS). do risco de acidose láctica.
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CASOS41 |CLÍNICOS
Capítulo        Capítulo  Doenças Neurodegenerativas 6

Capítulo  41 |
Doenças Neurodegenerativas

Um homem de 72 anos de idade visita o seu médico acompanhado pela esposa, que se preocupa com
sua memória e mobilidade. Ela relata que ele tem apresentado muitos esquecimentos e parece estar
desconfortável com relação a tarefas de rotina. Também parece ter menos mobilidade, com dificulda-
de para se levantar da cama ou cadeira, apresenta marcha arrastada ao andar e tendência para cair.

Que condição pode estar causando o declínio cognitivo? A disfunção mitocondrial é vista como um fator impor-
Quais alterações neurológicas e microscópicas podem tante em muitas doen­ças neurodegenerativas e pode ser de-
ser responsáveis por isso? vido a mutações hereditárias ou acumu­ladas em enzimas na
Doença de Alzheimer. cadeia respiratória mitocondrial. Danos às mitocôndrias po-
Perda de neurônios colinérgicos no hipocampo e no cór- dem desencadear a apoptose.
tex frontal. O estresse oxidativo é a produção excessiva de espécies
Presença de placas Ab amiloides e de emaranhados neu- reativas de oxigênio que danificam as células, o que pode
rofibrilares Tau. dever-se à disfunção mitocondrial. Pode levar à inflamação.
A inflamação é frequentemente observada em condições
A natureza familiar do desenvolvimento desta doen­ça neurodegenerativas e está associada à morte celular necrótica
levou à identificação de certos fatores de risco genéti- causada por sobrecarga de cálcio e liberação de conteú­do celu-
cos predisponentes. Descreva brevemente a conse­ lar no ambiente local. A redução do componente inflamatório
quência de genes alterados na patogênese da condição.
da doen­ça é um objetivo secundário no tratamento atual.
Mutações genéticas na proteí­na precursora amiloide (APP) A apoptose é um mecanismo controlado de morte ce-
resultam na superprodução do segmento Ab42 pela cliva- lular que, diferentemente da necrose, não leva à liberação
gem da g-secretase da APP. Este fragmento mostra tendên- de mediadores prejudiciais que resultam em inflamação.
cia maior para formar placas amiloides. A apoptose pode ser desen­ca­dea­da por vias receptoras ou
Mutações em outras proteí­nas envolvidas na via, como mitocondriais e resulta na ativação de caspases, causando
as pressenilinas, podem aumentar a atividade da g-secreta- fragmentação do DNA e clivagem proteolítica. A prevenção
se, resultando em mais Ab42. da apoptose neural é um alvo para futuras terapias.
Ab também aumenta a fosforilação da Tau por meio da
ativação da glicogênio sintase quinase 3b (GSK-3b) e da qui- Quais seriam os agentes de primeira linha de escolha
nase 5 dependente de ciclina (CDK5). para cada uma das condições? Justifique a sua esco-
lha e as limitações da terapia.
Qual condição pode estar afetando a mobilidade do Doença de Alzheimer: declínio cognitivo. É tratado com
paciente? Quais alterações neurológicas e moleculares anticolinesterases, como donepezila e rivastigmina, visando
podem ser responsáveis por isso?
prolongar a duração de ação da acetilcolina. No entanto, elas
Doença de Parkinson. têm eficácia limitada na melhora da função cognitiva e não
Perda de neurônios dopaminérgicos na substância negra interrompem a progressão da doen­ça. Podem ser adminis-
e degeneração no núcleo estriado. tradas em combinação com um inibidor da N-metil-D-aspar-
Várias doen­ças neurodegenerativas estão associadas à tato (NMDA), a memantina, para reduzir a excitotoxicidade.
agregação de a-sinucleí­na (corpos de Lewy). As alterações
Doença de Parkinson: implicação do movimento. É tratada
genéticas, incluindo a duplicação de genes, resultam em
com levodopa, frequentemente administrada em combinação
mudança conformacional nas folhas b e na formação de pla-
com carbidopa e entacapona, a fim de aumentar os níveis de
cas amiloides.
dopamina no sistema nervoso central (SNC). No entanto, a
Os mecanismos exatos que ligam a perda neurológica eficácia da terapia diminui à medida que a doen­ça progride,
e as alterações moleculares são desconhecidos, mas possivelmente em decorrência da perda de neurônios dopa-
parecem envolver excitotoxicidade, disfunção mitocon- minérgicos para converter a levodopa em dopamina.
drial, estresse oxidativo, inflamação e apoptose. Descreva
brevemente esses processos. Qual é a complicação de combinar os tratamentos
neste paciente?
A excitotoxicidade é causada pelo excesso de sinalização do
glutamato secundário à sobrecarga de cálcio. O glutamato, Os receptores muscarínicos da acetilcolina exercem efeito
mesmo em doses baixas, é neurotóxico se não for controlado inibitório sobre os neurônios dopaminérgicos; portanto, as
adequadamente. A liberação de glutamato regula o cálcio e é anticolinesterases utilizadas para promover a função cogni-
regulada por este, em um mecanismo de feedback complexo. tiva antagonizam a eficácia da levodopa.

Os níveis de cálcio são normalmente mantidos sob Que ­ área de pesquisa em desenvolvimento pode
controle pelas mitocôndrias, retículo endoplasmático e oferecer novo potencial terapêutico para o tratamento
bombas de efluxo de cálcio. No entanto, o excesso de de doen­ças neurodegenerativas no futuro?
cálcio pode levar à disfunção mitocondrial e a um feed­ Terapias ba­sea­das em células estaminais – aproveitando a
back positivo sobre a liberação de glutamato, elevando capacidade inerente dos progenitores neuronais para for-
ainda mais o cálcio e potencializando a neurotoxicidade. mar novos neurônios.
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CASOS CLÍNICOS
Capítulo        Capítulo  46 | Epilepsia 7

Capítulo  46 |
Epilepsia

Um menino de 14 anos de idade dá entrada no hospital após um episódio na escola durante o qual foi
observada uma crise convulsiva. Durante a convulsão, que durou cerca de 7 minutos, o menino perdeu a
consciên­cia e observou-se um violento movimento sincronizado.

Já no hospital, o menino apresentou outro episódio. con­ ti­


nuamente significa que o manejo dos efeitos
O registro do eletroencefalograma (EEG) rea­ li­
zado adversos é importante para a qualidade de vida e a
durante a crise revelou atividade con­tí­nua generalizada adesão do paciente.
de alta fre­quência, seguida por um perío­do de descarga Três agentes comumente utilizados são: carbamazepina,
intermitente. valproato e lamotrigina.
Qual é a classificação mais provável deste tipo de Compare o mecanismo de ação dos três agentes e
epilepsia? racionalize seu uso no tratamento da epilepsia.
Convulsão tônico-clônica (grande mal). A carbamazepina afeta a excitabilidade da membrana, blo-
Qual é a hipótese atual proposta para a anormalidade
queando os canais de sódio dependentes de voltagem, res-
neuronal que leva a um episódio epiléptico? ponsáveis pela geração do potencial de ação. Demonstra de-
pendência de uso e, portanto, preferencialmente bloqueia
Os mecanismos reais são mal compreendidos, mas resultam a excitação de células que estão disparando repetidamente.
da facilitação da transmissão excitatória ou da redução da Mostra seletividade para os canais de sódio no estado ina-
transmissão inibitória. Uma rápida despolarização (desvio tivo, impedindo o seu retorno ao estado de repouso e re-
despolarizante paroxístico) ocorre nos neurônios iniciais, duzindo aqueles disponíveis para gerar potenciais de ação.
resultando em uma explosão de potenciais de ação, pro- O valproato funciona por vários mecanismos e, embora
vavelmente devido à liberação exagerada e prolongada de os parâmetros in­di­vi­duais possam ser menos afetados do
neurotransmissores. que por outros agentes, pode ser a combinação desses fato-
O tratamento efetivo para a doen­ça é drasticamente res que contribui para sua eficácia geral. Aumenta o conteú­
limitado pela falta de compreensão da etiologia e do de ácido gama-aminobutírico (GABA) e é um inibidor
pelas alterações patológicas que ocorrem. Para melho- fraco das enzimas que metabolizam o GABA. Pode aumen-
rar a nossa compreensão da doen­ça, muitos modelos tar a atividade pós-sináptica do GABA e inibe os canais de
animais foram estabelecidos, permitindo o monitora- sódio e cálcio do tipo T.
mento e a detecção de alterações neurológicas, bem A lamotrigina tem efeitos farmacológicos semelhantes
como o desenvolvimento e a triagem de novos com- aos da carbamazepina, afetando a excitabilidade da mem-
postos terapêuticos. brana, bloqueando os canais de sódio dependentes de vol-
Descreva dois mecanismos diferentes para induzir tagem, responsáveis pela geração do potencial de ação. No
convulsões espontâneas em um modelo animal. entanto, também inibe a liberação de glutamato e pode ter
efeitos adicionais nos canais de cálcio. Apresenta perfil tera-
Induzido por fármacos pêutico mais amplo do que muitos dos compostos anterio-
A administração de cristais de penicilina causa convulsões res, com eficácia significativa contra as crises de ausência.
focais por interferir na transmissão inibitória.
O pentilenotetrazol, um medicamento convulsivante, Qual desses agentes é provavelmente o primeiro
fornece um modelo eficaz para a investigação de crises de fármaco de escolha para o tratamento do paciente?
ausência. O valproato pode ser o primeiro fármaco de escolha devi-
Uma única injeção de ácido caí­nico no núcleo amigdaloi- do a baixa toxicidade e ausência de efeitos como sedação e
de de um rato precipita convulsões espontâneas. tonturas.
Induzido eletricamente Por que não seria apropriado tratar o paciente com
Tais modelos são usados para ausência e ataques focais. uma combinação de valproato e fenitoí­na?
O modelo de kindling, utilizando estimulação de baixa inten-
sidade, irá eventualmente levar a convulsões espontâneas. Embora ambos os agentes sejam benéficos no tratamento de
convulsões tônico-clônicas, tanto um como o outro compe-
Uma variedade de agentes terapêuticos foi desenvol- tem pela ligação às proteí­nas plasmáticas. O deslocamento
vida para neutralizar os sintomas da epilepsia, em da fenitoí­na pelo valproato pode levar ao aumento da con-
vez de abordar a causa subjacente. Embora muitos centração livre, mas também aumenta potencialmente a de-
sejam eficazes em uma grande porcentagem de puração hepática; portanto, a dose e o efeito terapêutico ge-
pacientes, a necessidade de tomar os medicamentos ral seriam difíceis de avaliar.

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Capítulo    CASOS CLÍNICOS
   Capítulo  57 | Fármacos Anticancerígenos 8

Capítulo  57 |
Fármacos Anticancerígenos

Uma mulher de 68 anos de idade visita o seu médico, preocupada com um nódulo que encontrou no seio.
A paciente é enviada para um exame para verificar a natureza da condição e diagnosticá-la.

Quais fatores diagnósticos distinguem um crescimento Os regimes de tratamento são adaptados de acordo
maligno de um crescimento benigno? com o perfil do câncer para apresentar mutações e
Proliferação descontrolada: as células cancerígenas não responsividade das células tumorais a fatores de
proliferam necessariamente mais depressa do que as células crescimento específicos.
normais, mas escaparam aos mecanismos reguladores que Os agentes comumente usados no tratamento do
normalmente controlam a divisão celular. câncer de mama incluem:
Morfologia desdiferenciada: perda de organelas intrace- • Ciclofosfamida
lulares e perda de função celular especializada. • Docetaxel
Invasividade: capacidade de superar a inibição de contato, • Tamoxifeno
espalhada no tecido circundante. • Anastrozol
Metástase: capacidade de se espalhar pelo corpo e recolo- • Trastuzumabe.
nizar-se em locais secundários. Para cada agente, determine as razões para o seu
uso e o seu mecanismo de ação na redução do cres-
Defina as duas principais categorias de mudança cimento do tumor.
genética que predispõem à carcinogênese e o seu papel
Ciclofosfamida: agente alquilante que induz a quebra da
na progressão da doen­ça. Dê um exemplo de cada,
relevante para o desenvolvimento do câncer de mama. cadeia de DNA.
Os proto-oncogenes são genes que normalmente promo- Docetaxel: derivado de plantas que bloqueia a despolime-
vem o crescimento e a sobrevivência das células, mas são rização de microtúbulos e inibe Bcl-2.
altamente regulados. Eles podem ser convertidos em on- Tamoxifeno: agente modulador do receptor de estrógeno
cogenes por uma mutação dominante de ganho de função, que bloqueia a ativação estrogênica do receptor.
levando a uma alteração maligna – um exemplo relevante Anastrozol: inibidor da aromatase que bloqueia a produ-
para o câncer de mama é a tirosinoquinase citoplasmática ção de estrógeno.
c-src. O receptor do fator de crescimento epidérmico huma- Trastuzumabe: anticorpo monoclonal que bloqueia a ati-
no 2 (HER2) também pode ser expresso em excesso nos cân- vação do receptor HER2.
ceres de mama, levando ao aumento do crescimento das cé-
lulas da mama. Quais os principais efeitos colaterais que a paciente
Os genes supressores de tumor funcionam para suprimir pode ter como resultado da quimioterapia?
o crescimento do tumor e promover a reparação do DNA Que terapias adicionais podem ser coadministradas
ou a apoptose para proteger a célula. A perda de função ou para reduzir alguns desses sintomas?
expressão de proteí­nas supressoras de tumor pode levar ao
Toxicidade da medula óssea (mielossupressão)/
acúmu­lo de mutações. Um exemplo relevante para o câncer
  aumento do risco de infecção
de mama é a herança da cópia defeituosa do gene BRCA1 ou
Perda de cabelo
BRCA2 envolvido na reparação do DNA.
Danos ao trato gastrintestinal
Defina o mecanismo pelo qual a metástase ocorre e Náu­seas e vômito.
os tecidos em que crescimentos secundários são mais Para reduzir náu­seas e vômitos associados a quimiotera-
prováveis de ocorrer. pia, pode-se coadministrar aos pacientes um antagonista da
A metástase ocorre pela separação das células do tumor 5-hidroxitriptamina (5-HT)3, como a ondansetrona. A meto-
primário e o seu transporte pelos tecidos e pela corrente clopramida administrada por via intravenosa, muitas vezes
sanguí­nea, facilitado pela expressão de metaloproteinases com dexametasona, também pode aliviar as náu­seas.
de matriz (MMP) para digerir a matriz extracelular (MEC). Para neutralizar a mielossupressão, muitas vezes, a me-
A metástase de tumores mamários é frequentemente encon- dula óssea é removida antes da quimioterapia, limpa de cé-
trada no pulmão, nos ossos e no cérebro devido à expressão lulas cancerosas e subs­ti­tuí­da após o tratamento. O molgra-
de CXCR4 nesses tecidos, que se liga a receptores nas célu- mostim é frequentemente administrado para aumentar a
las da mama e facilita o acúmu­lo nesses locais. população de células estaminais antes da coleta da medula.

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