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CAPÍTULO II

2.1 Educação de adultos


Segundo Kapur (2019), “a educação de adultos é uma prática na qual os adultos
participam de atividades metódicas e organizadas por meio das quais podem facilitar sua
compreensão e aprendizagem”.

“A educação de adultos é a prática de ensinar e educar adultos. É transmitido em


local de trabalho ou de outra forma nas salas de aula. A educação de adultos é também
designada ‘educação popular e formação para a transformação’ ou ‘educação para
mobilização comunitária’ ou ‘educação para o desenvolvimento sustentável. Também é tida
como andragogia para distingui-la da pedagogia”. (Indira Gandhi National Open
University, 2009, p. 7).

“A andragogia tem sido descrita como a arte e a ciência de ajudar os adultos a


aprender. Origens etimológicas da palavra são duas palavras gregas, “andres” (homens) e
“agogus” (líder, professor), que dão à andragogia a significado de “ensino de homens” ou
“ensino de adultos”, pois, se chamar uma pessoa de homem, a presunção é que ele é um
adulto, exceto alguém está usando “homem” apenas em um sentido metafórico”. (Akinpelu,
p. 87).

2.2 Característica do aluno adulto


“A educação para adultos deve estar inserida em uma teoria dinâmica que parta do
princípio da canalização das necessidades. Esse tipo de educação deve dedicar-se a
produzir uma mudança de atitudes interiores do adulto, que necessita passar do estado de
passividade para a acção da construção de seu destino”. (Ludojoski, 1972 como citado em
Vogt, 2007, p. 41).

As modernas teorias e pesquisas em educação de adultos estão apoiadas no


pioneirismo de Lindeman, sobre a asserção de que a educação de adultos pressupõe certas
condições, Knowles cunhou o termo andragogia para definir e explicar tais condições.
(idem).
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I. Adultos são motivados a aprender à medida que experimentam que suas


necessidades e interesses serão satisfeitos, por isso essas são as particularidades
mais apropriadas para se iniciar a organização das actividades de aprendizagem de
adulto;
II. A orientação de aprendizagem do adulto está centrada na vida, por isso as unidades
apropriadas, para organizar o programa de aprendizagem, são as situações de vida e
não as disciplinas;
III. A experiencia é a fonte mais rica para a aprendizagem do adulto, assim, a essência
metodológica da educação do adulto é a analise das experiencias;
IV. Adultos têm uma profunda necessidade de serem autodirigidos, por isso, o papel do
professor é engajar-se no processo de mútua investigação com os alunos e não
apenas transmitir-lhes o seu conhecimento e depois avalia-los;
V. As diferenças individuais, entre as pessoas, aumentam com a idade, logo a educação
de adultos deve considerar as diferenças no estilo, tempo, lugar e ritmo de
aprendizagem.

As características de aprendizagem de adultos devem ser exploradas com base em


abordagens e métodos apropriados. Para Knowles 1962, a dinâmica metodológica, no
ensino de adultos, tende a se mover dos métodos tradicionais a favor dos métodos que
exploram, principalmente, a experiencia do aprendiz, em cenários educativos como: grupo
de discussão, jogos de papéis, workshops e várias combinações de método interactivos.

2.3 Fundamentos de educação de adultos


Segundo Paula (2023), “fundamentos de educação são os princípios, valores e teorias que
orientam a prática educativa e a compreensão do processo de aprendizagem. São a base
sobre a qual se desenvolvem as políticas, educacionais, as metodologias de ensino, as
práticas pedagógicas e a formação dos profissionais da educação”.

2.3.1 Fundamentos pedagógicos


Os fundamentos pedagógico de educação de adultos estão ligados com e educação
liberal, que “preconiza uma educação eminentemente intelectual e racional. O seu objectivo
fundamental é conduzir os indivíduos de um estádio de informação a estádios superiores de
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conhecimento até à sabedoria. O ideal de homem nesta concepção de educação é um


homem conhecedor, sábio e não apenas uma pessoa informada”. (Bergano, 2002, p. 39).

A educação liberal enfatiza o desenvolvimento do poder intelectual da mente, pois


acredita-se que o aprendiz individual seja uma pessoa de “renascimento” (liberada)
que é bastante culta e interessada em aprender. Com base nessa visão liberal sobre a
natureza humana, ele se concentra no papel do conhecimento organizado (currículo)
e na avaliação no desenvolvimento intelectual do aluno. Ele enfatiza o domínio do
conteúdo com o educador visto como um especialista / autoridade, e onde a
informação (conhecimento) flui em uma direção, que é “de cima para baixo”, ou
seja, “do especialista para o aluno” e não vice-versa. O “especialista” é o
transmissor do conhecimento. (Indira Gandhi National Open University, 2009, p.
11).
“A Educação Liberal é indispensável à formação de qualquer pessoa. Todos os
indivíduos devem ser educados até ao limite das suas capacidades, e esta educação deve
promover o seu desenvolvimento intelectual, moral, espiritual e estético. Se só uma
Educação liberal conduz a este desenvolvimento, então todos devem ter acesso a este tipo
de educação”. (Bergano, 2002, pp. 43-43).

2.3.2 Fundamentos sociologicos


“O desenvolvimento industrial promoveu uma crescente preocupação com a
educação, em geral, e com a Educação de Adultos, em particular. A complexificação dos
sistemas de produção veio exigir que os trabalhadores detenham cada vez mais formação e
maior capacidade de adaptação a novas situações”. (Bergano, 2002)

Acompanhando o desenvolvimento económico surgiram movimentos sociais,


culturais, artísticos e políticos que se inspiravam nos movimentos e na dinâmica do
progresso. É neste contexto de desenvolvimento que a Educação de Adultos
conhece um período de grande entusiasmo, uma vez que é vista como motor de
desenvolvimento social e individual. Alguns das iniciativas mais vulgares de
educação de adultos, como a educação vocacional, a educação de minorias, a
educação para o exercício da cidadania, educação parental e familiar, e até a
educação para a intervenção social, tiveram a sua origem em movimentos de
Educação Progressista. (Idem).
Então, os fundamentos sociológicos de educação de adultos estão ligados com a educação
progressista, pois:

Os pensadores progressistas protagonizaram uma importante mudança no que se


refere à abrangência do próprio conceito de educação. Na perspectiva progressista, a
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educação passou a ser entendida também como todo o processo de socialização a que os
indivíduos estão sujeitos. (Idem)

Nesta perspectiva, a educação passou a ser encarada como uma realidade que vai
para além da escola. Considera-se que a educação é o conjunto de actividades intencionais,
ou não, através das quais se transmitem valores, atitudes, conhecimento e capacidades ou
perícias. (Idem)

Os educadores progressistas dão bastante ênfase ao papel desempenhado pela


educação na dinâmica da mudança social. De acordo com esta perspectiva a educação não
serve apenas para preparar os educandos para a integração social mas, sobretudo, para lhes
conferir os meios que permitam operar uma verdadeira mudança social. (Idem).

Bergevin propõe como função primeira da Educação de Adultos o processo de civilização.


Este processo teria uma dimensão individual e uma dimensão social. A nível individual
traduz o percurso da mera sobrevivência social a um nível de consciência da
responsabilidade social. Na sua dimensão social, o processo de civilização seria um
processo que gradualmente conduziria a um movimento corporativo que envolveria toda a
sociedade e promoveria o seu desenvolvimento. (Idem)

2.3.3 Fundamentos psicológicos


A Educação foi fortemente influenciada pelos movimentos psicológicos
behavioristas. Essa tradição se concentra mais na modificação de comportamento e no
ambiente controlado para o aluno. Ele acredita que o comportamento humano está ligado ao
condicionamento prévio, que as forças externas controlam todo o comportamento humano.
(Indira Gandhi National Open University, 2009, p. 11).

Todo o sistema educativo deveria assegurar a sobrevivência, quer dos indivíduos


quer das sociedades, através da organização de contingências de reforço que
visassem atingir estes objectivos. De acordo com esta perspectiva existem
determinadas aprendizagens essenciais para garantir o sucesso dos indivíduos nas
sociedades contemporâneas, entre as quais a capacidade de aprender a aprender. A
educação deve, portanto, contribuir para a formação de indivíduos capacitados para
projectarem e construírem uma sociedade que minimize o sofrimento e maximize as
hipóteses de sobrevivência. (Bergano, 2002, p. 70).
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O professor é considerado o gerente, controlador, que prevê e controla os


resultados da aprendizagem e o comportamento desejado. Os métodos de ensino incluem
condicionamento comportamental, feedback, treinamento e prática. O aluno deve assumir
um papel activo apenas em um “aprendizado empacotado” chamado currículo baseado em
modelos sistemáticos de design instrucional. (IGNOU, 2009, pp. 11-12).

2.3.4 Fundamentos políticos-culturais


A educação radical como perspectiva teórica tem o seu apogeu na década de 70, e
surge como reacção à situação económica e política da América Latina. Essa tradição
acredita que as próprias pessoas criam significado coletivamente, e que o conhecimento
leva a uma compreensão da realidade e, finalmente, ajuda a trazer a mudança necessária. O
papel ou objetivo fundamental da educação é promover mudanças sociais, políticas e
econômicas radicais na sociedade por meio de conhecimento, treinamento e educação
críticos. (IGNOU, 2009, p. 12).

Sua ênfase está na agência humana, que pode agir em direção a uma mudança ou
objetivo particularmente desejado; Ele enfatiza particularmente o papel
transformador da educação e da mudança social radical. Ele enfatiza a igualdade
entre o professor e o aluno no processo de aprendizagem e enfatiza a autonomia
pessoal para o aluno e o professor. Sua crença básica é que as pessoas criam história
e cultura combinando reflexão com ação. Essa tradição sugere apenas, mas não
determina, a direção do aprendizado e é deixada em aberto para negociação entre o
professor e o aluno. (Idem).
Segundo Bergano (2002, p. 91), “a finalidade educativa preconizada é a
conscientização política dos cidadãos, com vista à sua capacitação para operar
transformações na realidade social. Assim sendo, a educação é encarada como um motor de
transformação e construção social aparecendo associada a modelos utópicos que visam uma
sociedade mais justa e mais igualitária, o que remete forçosamente para uma visão da
educação como geradora de mudanças sociais, políticas e económicas”.

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