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ANÁLISE DE RISCOS ERGONÔMICOS EM UMA

INDÚTRIA DE COSMÉTICOS
Edgar dos Anjos Patrocínio¹
Filipe Lopes Andrade1
Marcio Duarte Rodrigues Auler ¹

Bruna Cristina Ramos Faustino²

1. INTRODUÇÃO
A indústria de cosméticos envolve a produção de “preparações constituídas por
substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele,
sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da
cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua
aparência e ou corrigir odores corporais e ou protegê-los ou mantê-los em bom estado”
(ANVISA, 2005, p.2). Por essa definição, é possível perceber que a indústria de cosméticos
envolve também a fabricação de produtos de higiene pessoal e perfumaria
O seguinte trabalho objetiva realizar uma Análise de Riscos Ergonômicos do
Encarregado de Estoque de uma Industria de Cosméticos. Essa função apresenta os seguintes
riscos: levantamento e transporte manual de cargas, exigência de posturas inadequadas,
movimentos repetitivos, ruído e iluminação inadequada.
Desse modo, esse estudo terá como objetivo avaliar o risco de levantamento e
transporte manual de cargas na função de Encarregado de Estoque, tendo em vista a grande
demanda ergonômica observada durante o presente estudo.
A ergonomia pode ser definida como uma intrínseca interação entre o homem e o
trabalho, onde busca-se o conforto, bem-estar, saúde e segurança do indivíduo, onde, ao
realizar uma atividade ou tarefa, estejam em perfeita harmonia, desta forma tudo o que resulta
no trabalho deve estar corretamente adaptado ao homem permitindo que essas interações entre
homem e máquina aconteçam da melhor maneira possível (MENDES e MACHADO, 2016).
A proposta de melhorias através de estudos ergonômicos tem a finalidade de
minimizar os riscos aos quais os trabalhadores são submetidos, proporcionando a eles uma
melhor condição de trabalho, satisfação e incentivo no que se refere aos níveis de
produtividade. (FLAVIO et al, 2015)

1 Nome dos acadêmicos


2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (FLC4367) – Prática do Módulo III –
29/11/2021
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Normalmente atribui-se a origem da ergonomia aos esforços do homem em adaptar


seu trabalho as suas características e necessidades. Esta adaptação envolve, além do ambiente
físico (máquinas, equipamentos), os aspectos ambientais e organizacionais referentes à
maneira como o trabalho é controlado. (FONTE, ANO).
Assim a intervenção ergonômica surge como controle desta relação, buscando a
melhoria do sistema de trabalho a partir do envolvimento dos colaboradores, estabelecendo
suas respectivas responsabilidades. A participação dos trabalhadores é indispensável à
interpretação dos resultados. (FONTE, ANO).
Segundo Iida (2005), a ergonomia física preocupa-se com as medidas e características
humanas e também com a fisiologia e a biomecânica dos movimentos do homem. Além disso,
preocupa-se também com as posturas do homem e o uso de equipamentos, ferramentas e
materiais. Já a ergonomia cognitiva compreende os processos mentais e suas relações entre as
pessoas e o sistema, utilizando a memória e raciocínio, por exemplo. A ergonomia
organizacional inclui a gestão e otimização dos sistemas e processos dentro das organizações.
Essa última pode ser chamada de macro ergonomia. (FONTE, ANO).
Segundo o Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora NR 17 (2002) a análise
ergonômica do trabalho é um processo construtivo e participativo para a resolução de um
problema complexo que exige o conhecimento das tarefas, da atividade desenvolvida para
realizá-las e das dificuldades enfrentadas para se atingirem o desempenho e a produtividade
exigidos. A análise começa por uma demanda que pode ter diversas origens como saúde,
social, legal, etc.
Segundo o item 17.2.1.1 da NR17 (2018, p.1), o “transporte manual de cargas designa
todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador,
compreendendo o levantamento e a deposição da carga”. (BRASIL, 2018, p.1).
De acordo com os artigos 198 e 390 da CLT e a Convenção nº 127 da Organização
Internacional do Trabalho determinam um limite de 60 kg para homens e 25 kg para mulheres
para o transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais. (BRASIL, 1943).
Entretanto, a NR 17 (2018, p.1), no item 17.2.2 “não deverá ser exigido nem admitido
o transporte manual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer
sua saúde ou sua segurança”. Desse modo, existem dois limites utilizados na ergonomia a
NIOSH que é recomendada no manual da NR17 que menciona o limite de 23 kg e ISO
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11228:2017 que o limite de peso é de 25 kg, se menor que 18 anos ou maior que 45 anos o
limite máximo de peso para homem deverá ser 20 kg.
Sintomas como desconfortos corporais, estresse e fadiga podem ter sua origem em um
mau posicionamento postural no desenvolvimento de uma atividade. Segundo Smith e
Lehmkuhl (1997) postura é a disposição do corpo, das suas diversas partes, na realização de
um trabalho, ou a forma como o corpo é sustentado em si.
Segundo com Pardo (2009) o risco é estimado de acordo com a sua severidade e a
probabilidade de ocorrência de um efeito adverso para a saúde de pessoas, bens e meio
ambiente.
Segundo a Instrução Normativa INSS/DC 98 de 2003, entende-se por LER/DORT
como:
Uma síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocorrência de
vários sintomas concomitantes ou não, tais como: dor, parestesia, sensação de
peso, fadiga, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores,
mas podendo acometer membros inferiores.

Existe também o potencial surgimento da fadiga muscular, dada a constância do


levantamento e transporte de cargas de forma inadequada.
Grandjean (1998) menciona que a palavra fadiga, geralmente, é associada a uma
redução da capacidade de produção e um decréscimo da motivação para realização de
qualquer trabalho. Na literatura a fadiga se distingue em dois tipos, fadiga muscular e fadiga
generalizada, que se firmam em fenômenos fisiológicos distintos.
A primeira é um acontecimento agudo, doloroso, que o atingido sente em sua
musculatura sobrecarregada de forma localizada. A fadiga generalizada, ao contrário, é uma
sensação difusa, que é acompanhada de uma indolência e falta de motivação para qualquer
atividade. (GRANDJEAN, 1998, p. 135)

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi baseado em pesquisa bibliográfica e estudo de caso através da utilização


de fotografias registradas pelo acompanhamento in loco do serviço realizado pelos
colaboradores da empresa, além de livros e artigos acadêmicos.
A análise da tarefa é o objetivo que o colaborador deve executar, ou seja, é a descrição
daquilo que ele desempenha dentro da empresa. Tarefa é um conjunto de objetivos prescritos,
que os trabalhadores devem cumprir (MENDES; MACHADO, 2016).
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Outra questão importante é a análise da atividade, com o intuito de obter informações


mais detalhadas a respeito da atividade que o colaborador está exercendo. Dessa forma, a
Análise das Atividades “é o que o trabalhador efetivamente realiza para executar a tarefa. É a
análise do comportamento do homem no trabalho (trabalho real) ” (MERINO, 2008, p. 58).

FIGURA 1: ENCARREGADO DE ESTOQUE

Fonte: Os autores, 2020

Na figura 1 é apresentado um trabalhador do setor de almoxarifado que trabalha como


Encarregado de Estoque transportando bombonas de 100 kg, que não apresenta boa pega, sem
uso de equipamento de transporte, o que o faz flexionar sua coluna.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Fica claro na que o Encarregado de Estoque desenvolve suas atividades com alta
demanda ergonômica no que se refere ao levantamento e transporte manual de cargas. As
bombonas de matéria prima possuem elevado peso e sua movimentação é feita sem uso de
equipamentos que facilitariam a movimentação, o que faz com que o trabalhador faça o
transporte em condições impróprias, flexionando coluna vertebral, realizando esforço em
membros inferiores.
Fica evidente o risco de desenvolvimento de LER/DORT, uma vez que as bombas
com matéria prima possuem peso superior ao recomendado para levantamento e
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movimentação o que obriga o Encarregado de Estoque a produzir sobrecarga em seu sistema


musculo-esquelético, principalmente em coluna lombo sacral e em seus membros inferiores.

5. CONCLUSÃO

O objetivo deste estudo foi realizar uma análise de riscos ergonômicos em uma
indústria de cosméticos, especificamente no Encarregado de Estoque.
Conclui-se através deste estudo que o Encarregado de Estoque desenvolve suas
atividades de forma habitual e permanente em exposição a diversos fatores de riscos
ocupacionais, mais especificamente a fatores ergonômicos, como levantamento e transporte
manual de cargas.
Podemos concluir que o Encarregado de Estoque possui alta demanda ergonômica,
sendo que o levantamento e transporte manual de cargas deveria ser realizado com auxílio de
equipamento de transporte, o que traria maior conforto e menor esforço durante a
movimentação das bombas de matérias primas.
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Manual de aplicação da Norma


Regulamentadora NR 17. 2 ed. – Brasília : MTE, SIT, 2002.

ENDES, T. Z. MACHADO, R. L. Análise ergonômica do trabalho: a ergonomia auxiliando


na melhoria contínua do trabalho do homem. Estudo ergonômico sobre um posto de trabalho
de uma indústria do ramo moveleiro. In: Anais do XXXVI Encontro Nacional de Engenharia
de Produção. Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e
Modernização do Brasil: João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

FLAVIO, P. C. F; RAFIH, N; BANDEIRA, D. F; ZANATTA, T. F; CIONEK. C. A.


Avaliação dos movimentos posturais de operadores de uma produção de blocos de
concreto pelo método RULA. In: Encontro nacional de engenharia de produção, 2015,
Fortaleza, CE. Anais do XXXV ENEGEP

GRANDJEAN, ETIENNE. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. trad.


João Pedro Stein. 4ª ed. - Porto Alegre: Bookman, 1998. 338 p.

IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção, São Paulo: Blucher, 2005.

PARDO, J. A. R. Metodologia para análise e gestão de riscos em pavimentos ferroviários.


Ouro Preto: UFOP, 2009.187p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em
Geotecnia do Núcleo de Geotecnia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,2009

SMITH, L. K.; WEISS, E.L.; LEHMKUHL, L.D. Cinesiologia Clínica de Brunnstrom. São
Paulo: Manole, 1997.

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