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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

SERVIÇO SOCIAL

GIULIA DE ARAUJO DE SOUZA

RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO DA AULA NO CARDUME NO DIA 02


DE JUNHO DE 2023

SANTOS
2023

RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO DA AULA NO CARDUME - SALA 116


Ao adentrar na sala 116 para a aula de Linguagens, pude observar a
organização e o engajamento dos alunos antes mesmo da chegada do professor.
O projetor estava sendo ligado e uma música chamada "More Dark Cello" estava
sendo reproduzida, criando uma atmosfera agradável.
Logo em seguida, um dos monitores que acompanham os professores no
Cardume entrou na sala e perguntou se os alunos da sala 116 desejavam juntar-
se à sala 117. Entretanto, os estudantes recusaram a proposta, alegando que a
outra sala estava muito cheia, preferindo aguardar a chegada do professor, que
estava ligeiramente atrasado. No momento da observação, a sala 116 estava
ocupada por 20 alunos. A aula teve início às 19h24.
O professor, carinhosamente chamado de Edu pelos alunos, iniciou a aula
apresentando um slide cujo título era "Paragrafação". Ele perguntou aos alunos
se, ao escreverem algo, eles tinham a ideia em mente, mas encontravam
dificuldades em transferir esse conteúdo para o papel. Os alunos responderam
afirmativamente. O professor, então, explicou as razões por trás dessa
dificuldade, mencionando as contribuições de Lev Vygotsky e abordando os três
pilares centrais do pensamento.
Após a introdução da aula, o professor questionou os alunos se eles
adotavam a prática de escrever uma introdução de 5 a 7 linhas, e os alunos
confirmaram que sim. Em seguida, ele começou a explicar sobre as práticas do
jornalismo, porém, brevemente, esqueceu o nome do formato de escrita adotado
por essa área. Nesse momento, lembrei-o dizendo que era chamado de LEAD.
O professor então solicitou que eu explicasse para a turma o que era o
LEAD. De maneira sucinta, como sou formada em jornalismo, expliquei que o
LEAD é uma forma de contar toda a história de maneira concisa, respondendo às
informações essenciais: o quê, quem, quando, onde, como e porquê. Essas
informações são apresentadas nas primeiras linhas do texto jornalístico, seguidas
por uma entrevista e informações secundárias para complementar a compreensão
do leitor. O Edu complementou minha explicação, destacando que o uso das 5 a 7
linhas na redação deriva exatamente dessa prática do jornalismo, onde se
responde à pergunta central e o restante do texto é dedicado ao desenvolvimento
e à conclusão. A classe aplaudiu essa interação.
Durante a aula, o professor decidiu realizar uma atividade em conjunto com
a turma, escrevendo uma introdução de redação. Os alunos sugeriram o tema
"BOLO DE CENOURA". Juntos, eles foram listando e acrescentando informações
para construir o primeiro parágrafo. O professor compartilhou uma dica valiosa,
afirmando que quando enfrentamos bloqueios na escrita ou em qualquer tipo de
texto, uma estratégia eficaz é fazer uma lista e explicar sobre o assunto,
coletando informações que facilitam o processo de escrita.
Antes de encerrar a aula, o professor propôs um exercício em que os
alunos se dividiram em duplas ou trios. Cada aluno recebeu uma folha para
escrever um parágrafo sobre um tema aleatório, como "música silenciosa",
"treinador de cavalos", "perguntas incorretas" e "morte de peixes". Fiquei
interessado e participei também, escrevendo um parágrafo sobre "cultura urbana".
Tivemos 10 minutos para desenvolver seis linhas. Em seguida, o professor
promoveu uma dinâmica de troca de folhas, incentivando os alunos a continuarem
o exercício, escrevendo o desenvolvimento, e depois trocando novamente para a
conclusão.
Enquanto observava a sala de aula, notei que a maioria dos alunos estava
focada e engajada na aula. O professor, com sua excelente didática, utilizava
expressões poéticas e teatrais para explicar os conceitos, relacionando-os com o
cotidiano dos jovens. Além disso, ele ocasionalmente soltava gritos de
entusiasmo, criando um clima de empolgação na turma. Todos pareciam estar
bastante atentos, participando ativamente ao fazer perguntas, realizar os
exercícios propostos e complementar as explicações do professor.
Após o término da aula, houve um intervalo das 20h40 às 21h. Aproveitei
esse momento para conversar com alguns alunos do Cardume, questionando
quais cursos eles pretendiam fazer, qual a idade e de qual cidade eram. Grande
parte da turma era proveniente de São Vicente e Guarujá. Eles compartilharam
que se organizavam em grupos para pegar o ônibus, devido ao horário e à falta
de iluminação adequada nos entornos da Unifesp, preocupando-se com a
possibilidade de assaltos. Por esse motivo, acabavam deixando as aulas mais
cedo, levando em consideração questões de segurança e horário.
Indaguei sobre como eles ficaram sabendo do Cardume e a maioria
explicou que foi por meio das redes sociais, indicações de ex-estudantes do
Cardume ou parentes que já haviam estudado na Unifesp. A faixa etária da turma
variava entre 17 e 25 anos. Muitos deles já estavam formados, e contavam com o
vale-transporte fornecido pelos familiares para chegar à universidade, já que,
caso contrário, seria inviável frequentar um cursinho em Santos.
A aula de Física teve início, sendo ministrada por um aluno de BICT que
integrou o Cardume a convite do Edu. Eles já se conheciam fora da universidade
e, quando o aluno entrou na Unifesp, foi convidado a dar aulas de Física para os
alunos do cursinho. No entanto, após o intervalo, foi observado que dos 20 alunos
presentes inicialmente, apenas 8 permaneceram na sala de aula. Muitos entraram
apenas para pegar suas mochilas e se retiraram. A aula abordou a Lei Geral dos
Gases, em que o "professor" apresentou slides e propôs exercícios para a turma
praticar. Vários alunos presentes pareciam distraídos, utilizando seus celulares,
ou demonstravam sinais de cansaço, provavelmente devido ao fato de ser uma
sexta-feira à noite. A aula chegou ao fim às 22h10, liberando os poucos alunos
restantes para retornarem às suas casas.
Em suma, a observação da aula na sala 116 do Cardume
evidenciou a participação ativa dos alunos durante a explanação do professor de
Linguagens, que envolveu dinâmicas, exercícios e uma aula mais teatral. A
interação entre os alunos e o professor foi marcante, demonstrando o
envolvimento e o interesse dos estudantes. Entretanto, após o intervalo, foi
observada uma diminuição significativa no número de alunos presentes na sala,
bem como um nível de distração e cansaço evidente. Esses fatores podem ser
atribuídos ao horário tardio e às demandas do cotidiano dos alunos.

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