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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES


FACULDADE DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DA SUBJETIVIDADE HUMANA
ESTÁGIO SUPERVISIONADO: FORMAÇÃO DE PROFESSORES
PROFa. REGIANE SBROION DE CARVALHO

NOME: Yasmin dos Santos Oliveira

TRABALHO FINAL DE ESTÁGIO (5 pts)

1) Preencha os dados abaixo com as informações relativas ao seu campo de estágio (1pt)

a) Local de estágio:

Instituto de Educação Sarah Kubitschek

b) Descreva a escola:

Como primeira impressão, a instituição Sarah Kubitschek me surpreendeu na categoria espaço. Localizada no
bairro de Campo grande, zona oeste do Rio de Janeiro, a escola possui uma estrutura de 3 andares com pátios amplos na
parte da entrada e dos fundos. Com mais de 40 salas de aula, a instituição possui espaços dedicados a sala de leitura,
laboratório de ciências (fechado), laboratório de informática(fechado), quadra de esportes, refeitório, biblioteca e
sanitários. Todo esse espaço é ocupado por mais de 2000 alunos e mais de 100 professores de segunda a sexta, em
horário integral (7h às 18h). Dentre esses 2000 alunos há a divisão daqueles que estão cursando o ensino médio regular
e o ensino médio regular/Magistério, o qual observei nos dias de estágio. Além disso, cabe mencionar que ao lado da
Instituto Sarah Kubitschek há o Centro Universitário da Zona Oeste, também conhecido como UEZO, que passou a ser
integrado à UERJ.

Com relação a acessibilidade, a instituição possui rampas para o acesso dos andares superiores e escadas, mas
há a ausência de elevadores. Nas salas que fui alocada para realizar as observações das aulas, havia dois ar-
condicionado, janelas amplas pegando metade da parede, dois ventiladores de teto, uma lousa, cadeiras e mesas de
madeira para os alunos e professor e no mínimo dois murais para serem utilizados pelos discentes. Considerando que o
ano de criação da instituição foi em 1957, é possível perceber que a sua arquitetura não foi muito atualizada no decorrer
dos últimos anos. Isso porque o refeitório é cercado por grades, os bancos dos pátios são de concreto, a escola possui
baixa iluminação nos corredores e banheiros e há alguns focos de despejo de móveis antigos e materiais nos finais dos
corredores, além da pintura azul e branco tradicional das escolas de ensino normal.

As salas de aula são ocupadas por no mínimo 30 alunos, chegando a 40 em alguns casos e são localizadas por
corredores, onde cada nível de escolaridade possui seu corredor. Os horários variam conforme o ano de escolaridade e
grade das turmas, mas todos possuem o horário de intervalo de 15 minutos (10:20h às 10:35h) e o horário de almoço
(12:20h às 13h). O almoço dos alunos por vezes é uma proteína, arroz, feijão e um legume, tendo dias de variação como
strogonoff de frango. Com relação ao turno da tarde/noite não pude ter muito conhecimento, pois o horário não cabia
na minha rotina, mas observei que há distribuição de lanche da tarde, como pão com manteiga, Toddynho, bolinho ou
biscoito de água e sal e suco.

c) Descreva brevemente o projeto político pedagógico da escola:

d) Disciplinas ou atividades observadas. Cite e descreva as disciplinas e atividades acompanhadas durante


estágio.

Conforme apresentei meu horário de disponibilidade, a coordenadora da instituição montou uma grade de
horários para que pudesse observar as aulas, ficando da seguinte maneira:

2ª feira 3ª feira
7:00/7:50 PPIP – CN 2003 CDPEI – CN 3001
Professora Lucimar Professora Cecília
7:50/8:40 PPIP – CN 2003 CDPEI – CN 3001
Professora Lucimar Professora Cecília
8:40/9:30 CDPEF – CN 3005 CDPEF – CN 3001
Professora Madalena Professora Madalena
9:30/10:20 CDPEF – CN 3005 CDPEF – CN 3001
Professora Madalena Professora Madalena
10:20/10:3 INTERVALO INTERVALO
5

10:35/11:2 CDPEF - CN 3003 CDPEI – CN 3003


5 Professora Débora Professora Cecília

11:25/12:1 CDPEF – CN 3003 CDPEI – CN 3003


5 Professora Débora Professora Cecília

A partir dessa grade tive a oportunidade de conhecer 4 turmas do ensino normal e quatro professoras de disciplinas
pedagógicas em suas práticas docentes, como pode-se observar nas descrições abaixo:

 PPIP (Práticas Pedagógicas e Iniciação à Pesquisa) – Lecionada pela professora Lucimar, a disciplina de PPIP
abrange de fato a prática daquilo que as alunas e alunos estão estudando na parte teórica dessa e de outras
disciplinas. Como os estágios em escolas de educação infantil e ensino fundamental estão sendo impedidos
de dar continuidade por não renovação de convenio desde o retorno das aulas após a pandemia, os alunos
cumpriram parte de sua carga horária fazendo apresentações de regências em sala de aula para sua turma e
para a professora. Nessa atividade que durou em torno de três aulas, os alunos se apresentavam por grupos
de no máximo 4 componentes, onde todos assumiam a posição de professores diante de uma turma
hipotética escolhida por ano de escolaridade por eles. Nessa apresentação os alunos também escolhiam a
disciplina que iriam trabalhar, o conteúdo e a atividade de fixação. Nesse momento a turma representava a
faixa etária escolhida e a professora se assentava no fundo da sala como parte da turma, comentando as
observações da regência ao final da apresentação. Nas outras 3 aulas antes do término do estágio a
professora usou o tempo de aula para passar filmes relacionados a disciplina e resolver pendências de vistos
no caderno de alunos que também contavam como carga horária necessária para a aprovação na disciplina.
Esses vistos contavam em cópia de textos passados no 4 bimestre e resenhas de filmes.
 CDPEF (Conhecimento Didático Pedagógico em Ensino Fundamental) – Lecionada pela professora
Madalena (Mestranda formada pela UERJ), a disciplina de Cdpef foi a mais observada por mim, já que seu
horário se repetia na terça-feira, no entanto a diversificação de práticas não ocorreu como o esperado. Nas
aulas de Cdpef do 4 bimestre a professora estava trabalhando a temática Projetos Educacionais e como
metodologia passava o texto base no quadro, onde uma aluna se prontificava a escrever para a professora.
Em seguida, esperava as alunas copia rem em seus cadernos e ao termino das cópias a professora explicava
as ideias do texto por parágrafos, usando exemplos do cotidiano da escola e da sua experiência profissional.
Nessa momento da explicação as alunas não faziam comentários referentes ao texto, mas faziam silêncio e
esperavam a professora terminar para ir a sua mesa e registrar o visto no caderno. No restante da aula a
professora e as alunas conversavam sobre os planos após a formação do ensino médio ou assuntos
relacionados a gostos pessoais, rotina, até que o sinal do intervalo tocasse. Essa rotina ocorreu por pelo
menos 5 aulas, já que nas últimas aulas antes do término do estágio a professora só estava fazendo
chamada e dando visto nos cadernos daqueles que precisavam de pontos. No primeiro dia de estágio com a
professora Madalena e a turma 3005, me foi dada a oportunidade pela professora para falar com a turma
sobre minha jornada de estudos e atual momento na faculdade de pedagogia, momento de trocas e
surgimento de vínculos especiais.

 CDPEI (Conhecimento Didático Pedagógico em Educação Infantil) – Lecionada pela professora Cecília, a
disciplina de Cdpei se assemelha a metodologia de Cdpef lecionada pela professora Madalena, já que ambas
fazem uso do caderno como método de avaliação dos alunos. Por ter iniciado o estágio no final do 4
bimestre não pude observar muito das aulas teóricas dadas pela professora Cecília, com exceção de uma
aula sobre rotina e espaço-físico e sua importância na educação infantil. Além de passar textos explicativos
no quadro, a professora permiti que os alunos acompanhem a leitura e usem do texto impresso,
disponibilizado no grupo de WhatsApp. Para a professora é importante que os alunos tenham todos os
textos passados em seus cadernos, para que ela saiba que os alunos estejam acompanhando a matéria e
para que eles tenham um material de consulta para suas futuras práticas docentes, além de servir como
método avaliativo de participação, ao invés de fazer uso da chamada.

 CDPEF (Conhecimento Didático Pedagógico em Ensino Fundamental): Por conta do grande número de
turmas de 3º ano (13 turmas), a disciplina pedagógica voltada para o Ensino fundamental, é também
lecionada pela professora Débora, que também está atualmente ativa na rede municipal. Nessa disciplina
acabei tendo poucas oportunidades de observações por conta de algumas ausências da professora e por
conta do “encerramento” da disciplina ainda na segunda semana de novembro. No primeiro dia
acompanhando a professora Débora na turma 3003, pude observar um dia de apresentações sobre Projetos
Educacionais, onde grupos de no máximo 5 alunos escolheram um tema tranversal para ser trabalhado em
uma turma hipotética do Ensino fundamental I. Nessas apresentações temas como consciência negra e
educação alimentar foram escolhidos pelos alunos. Pude observar que todos os grupos se preocuparam em
justificar sua escolhas de tema e de apresentar as etapas de construção do projeto. Nesse momento a
professora se assentava no meio da sala junto com a turma e quando entendia ser necessário, estimulava os
alunos a falarem e pensarem mais sobre o desenvolvimento de seus projetos.

2) Aspectos relevantes (positivos e negativos) do estágio que você destacaria. Discuta, pelo menos, dois aspectos
que você considerou relevante nas observações realizadas. Por que eles se destacaram? Foram positivos ou
negativos? Justifique sua resposta articulando com aspectos teóricos que deem uma fundamentação científica
ao argumento, prioritariamente recorra as temáticas por nós discutida ao longo do semestre (1,5 pts
embasamento científico + 1,5 argumentação = 3 pts.)
Mediante as reflexões feitas na disciplina de estágio em formação de professores, se destacam dois
aspectos em minhas observações, sendo esses: os critérios avaliativos nas práticas docentes e a articulação de
teoria e prática nas construções reflexivas dos alunos de ensino normal.

Ainda que busquemos falar sobre as características negativas de uma avaliação pautada na memorização,
meritocracia ou controle, não podemos nos basear na ideia de que todo campo da educação pense dessa forma. Isso
fica claro quando observo em quase todas as disciplinas assistidas na Instituição Sarah Kubitschek o critério avaliativo
por meio do visto no caderno e o planejamento de provas bimestrais padronizadas para todas as disciplinas, sejam elas
de conhecimentos gerais ou pedagógicas.

Considerando a conceito de educação bancária levantada por Paulo Freire (1987), percebo que a ideia de
comunicação unilateral pode estar presente não só no método expositivo de conteúdos, mas em toda proposta
pedagógica adotada pelo professor, como nos métodos avaliativos. A partir disso, relembro da inquietação de alguns
alunos e a indiferença de outros para com os pedidos de urgência das professoras para que os cadernos sejam colocados
em dia, onde ao participar de um dos momentos de pendências avaliativas da disciplina de CDPEI, pude ter acesso a
forma como a professora somava os pontos: 3 pontos de caderno + 2 pontos do teste + 5 pontos da prova.

Apesar de considerar a observação negativa, não enxergo a prática docente dessas professoras como
condenável e ilegítima, antes vejo profissionais usando as ferramentas que fazem parte de suas reflexões e que
provavelmente compõe aquilo que vem dando “certo” ao longo dos anos, tanto em questão de prestação de contas
para seus superiores, como na praticidade de seu trabalho. O que fica evidente nos alunos é o condicionamento ao
método e até um certo alívio pela garantia de pontos de maneira mais fácil, mas que se olharmos pela perspectiva de
Vygotsky (1993) podemos analisar a ausência de uma avaliação que considera o indivíduo em seu aspecto histórico,
social e cultural.

Como segundo aspecto relevante da observação, destaco a forma que os alunos articulam a teoria e a prática
aprendidas ao longo do curso. Essa discussão é interessante porque também dialoga com o que levantamos na disciplina
de estágio e que se mostrou ser algo que atravessa a maioria de nós.

Diferente do que eu esperava no início do estágio, os alunos da turma 3003 e 2003, em específico, mostraram
que algumas discussões que estamos tendo no andar de pedagogia, também estão acontecendo na Instituição Sarah
Kubitschek. Ao fazer observações em apresentações e momentos de regência, pude perceber o interesse dos alunos em
articular questões atuais ao processo de aprendizagem em suas práticas docentes. Essa perspectiva se tornava mais
evidente quando os alunos mencionavam a educação tradicional como o modelo que desestimula os discentes na
caminhada escolar e que precisa ser superado.

Apesar dessa realidade encontrada nas turmas, também percebo a pouca referência de como esses alunos
podem fazer uma autorreflexão de sua prática, como é dito por Martins e França (2020) ao falar de um dos papéis da
formação inicial de professores. Isso porque por mais que os alunos soubessem o que não podem fazer nas suas
escolhas metodológicas, eles pouco desenvolviam aquilo que poderiam fazer, dependendo de forma significativa de
ideias dos professores. Tendo em vista que essa complexidade também perpassa a nós da pedagogia, entendo a
observação como positiva para que haja uma constante reflexão do porquê estamos aplicando certos métodos em sala
de aula.

3) De que maneira, os aspectos apontados por você no item 2 impactam na sua formação e na reflexão sobre
sua prática enquanto docente? (1 pt)

Ao longo de 13 dias de estágio, entendo que muitos encontros, falas, escutas e observações me
atravessaram. Esses acontecimentos, aliados à minha subjetividade e aos itens citados acima me levam para um
lugar de maior consciência de meu estado inacabado como pedagoga. Esse estado não é negativo, mas sim algo
necessário para que minha prática não se acomode ou normalize aquilo que tanto estudei e fundamentei ser
contrário a uma educação de qualidade.
Ao abordar sobre o pensamento complexo, Morin (2005) nos mostra a importância de uma prática
docente que não fragmenta o conhecimento, mas articula saberes. A partir dessa concepção, entendo que
nesses distanciamentos da observação como estagiária, estou tendo a oportunidade de pesquisar, testar,
comprovar e até mesmo aprender a não ter respostas para tudo.
Ainda que aspectos negativos tenham sido citados, vejo que o lugar de criticidade pode ser um avanço
positivo para minha formação, mesmo que discursos desesperançosos com relação ao sistema de educação
tenham sido ouvidos por mim em alguns dias de estágio. Nisso tudo não julgo aqueles que estão cansados, mas
percebo o lugar que posso ocupar se não me manter sensível, reflexiva e dinâmica em minha formação.
Além disso, entendo que ainda que todo profissional da educação tivesse feito o ensino normal e a
graduação em pedagogia, esses correriam o risco de se sentir despreparado ao adentrar em uma sala de aula,
mas agora passado as trocas valiosas na disciplina de estágio em formação de professores e a proximidade com
aqueles que estão para se formar em Magistério, percebo que não se trata de estar 100% preparada, mas de
saber fazer uso da teoria na construção cotidiana da minha prática.
Sendo assim, encerro dizendo que mesmo sendo um lugar de constante disputa, de lutas por vezes
solitárias e silenciosas, percebo através desse estágio que muitos adolescentes ainda possuem seus escapes no
espaço da escola e no conhecimento. Também percebo que que as relações que mais dão certo entre os alunos
e professores/funcionários terceirizados, são as de parceria, que não necessariamente quer dizer coleguismo,
mas sim uma relação de compreensão, acolhimento, incentivo, limites e outras atitudes tornam processo de
aprendizagem mais significativo.

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