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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE VETERINÁRIA
Colegiado do Curso de Pós-Graduação

CASTRAÇÃO PRÉ-PÚBERE EM CÃES E GATOS


BENEFÍCIOS E RISCOS

REVISÃO DE LITERATURA

Mariana da Silva Figueiredo

BELO HORIZONTE
ESCOLA DE VETERINÁRIA DA UFMG
2011
Mariana da Silva Figueiredo

CASTRAÇÃO PRÉ-PÚBERE EM CÃES E GATOS


BENEFÍCIOS E RISCOS

REVISÃO DE LITERATURA

Monografia apresentada à UFMG, como


requisito parcial para obtenção do grau de
Especialista no Curso de Pós-graduação
Lato sensu em Residência em Medicina
Veterinária
Área de concentração: Clínica Cirúrgica e
Obstetrícia de Pequenos Animais.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Christina Malm.

BELO HORIZONTE
ESCOLA DE VETERINÁRIA DA UFMG
2011

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3
4
AGRADECIMENTOS

A todos que participaram da minha formação no período que permaneci na residência.

Colegas, funcionários, estagiários, professores, mentores, e que no fim, tornaram-se


amigos.

À minha orientadora, professora Christina, pelos ensinamentos, paciência e pelo


companheirismo.

À minha família e ao Fred por todo o apoio.

Aos animais, motivos primeiros para todo o esforço de aprimoramento profissional.

Obrigada pela contribuição no meu crescimento profissional e acima de tudo pessoal.

Que eu faça jus à fé que depositaram em mim.

5
“Um homem é verdadeiramente ético apenas quando obedece sua compulsão para
ajudar toda a vida que ele é capaz de assistir, e evita ferir toda a coisa que vive.”
Albert Schweitzer

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SUMÁRIO

RESUMO 09
ABSTRACT 10
1. INTRODUÇÃO 11
2. REVISÃO DE LITERATURA 11
2.1. Definições 11
2.2. Implicações da castração precoce 12
2.2.1. Expectativa de vida 13
2.2.2. Comportamento e sistema nervoso 13
2.2.3. Sistema locomotor 15
2.2.4. Sistema endócrino 16
Hipotiroidismo 16
Diabetes mellitus 18
2.2.5. Sistema urinário 18
2.2.6. Sistema reprodutivo e características sexuais secundárias 20
2.2.7. Neoplasias 21
Osteossarcoma 21
Carcinoma de células de transição de bexiga e uretra 21
Neoplasias mamárias 22
Neoplasias do trato genital 22
Carcinoma prostático 22
Hemangiossarcoma 24
Tumores cardíacos 24
2.2.8. Outras ocorrências 24
Obesidade 24
Reações vacinais adversas 26
Fístula perianal 26
2.3. Considerações anestésicas 27
2.4. Considerações cirúrgicas 31
Ovariohisterectomia 31
Ovariectomia 32
Orquiectomia 33
2.5. Complicações anestésicas e cirúrgicas 33
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 35
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35

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8
RESUMO

A prática da castração pré-púbere em cães e gatos vem se difundindo nos últimos anos,
estimulada pela necessidade dos abrigos de animais em encaminhar os filhotes já esterilizados
no momento da adoção e em decorrência da crescente disponibilidade de informações
científicas acerca do assunto. A despeito disso, a segurança do procedimento ainda tem sido
questionada pelos veterinários, relacionada tanto a aspectos imediatos, como cirurgia e anestesia
de pacientes pediátricos, imunocompetência e mortalidade, quanto aos efeitos em longo prazo,
como alterações de crescimento, obesidade, subdesenvolvimento de genitália externa, dermatite
perivulvar, vaginite, alterações comportamentais, incontinência urinária, obstrução urinária e
formação defeituosa do prepúcio em gatos, dentre outros. A literatura científica é contraditória,
com trabalhos relatando apenas benefícios, enquanto outros indicam consequências graves,
como maior ocorrência de osteossarcomas. O presente trabalho tem por objetivo realizar uma
revisão de literatura sobre castração em cães e gatos, com ênfase na castração pré-púbere,
destacando os benefícios e os riscos do procedimento.

Palavras-chave: Castração, esterilização cirúrgica, gonadectomia, pré-púbere, puberdade,


caninos, felinos

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ABSTRACT

The practice of prepubertal castration in dogs and cats has been increasing in recent years,
stimulated by the shelters’ need for forwarding young sterile animals at the time of adoption and
due to the increasing availability of scientific information about the subject. Nevertheless, the
safety of the procedure has been questioned by veterinarians, related to both the immediate
aspects such as surgery and anesthesia in pediatric patients, immunocompetence and mortality,
and the long-term effects, such as changes in growth, obesity, underdevelopment of the external
genitalia, perivulvar dermatitis, vaginitis, behavioral changes, urinary incontinence, obstruction
and defective formation of the foreskin in cats, among others. The scientific literature is
contradictory with studies reporting just benefits, while others indicate serious consequences
such as higher incidence of osteosarcomas. This paper aims to review the literature on castration
in dogs and cats, with emphasis on prepubertal castration, highlighting the benefits and risks of
the procedure.

Key-words: Castration, surgical sterilization, gonadectomy, prepuberal, puberty, canine, feline

10
1. INTRODUÇÃO filhotes, passou a ser uma importante
ferramenta no controle da superpopulação e
A esterilização cirúrgica de cães e gatos é a abandono de animais (Howe e Olson,
forma mais comum de controle 2000). Menciona-se inclusive que para que
populacional dos animais domésticos os programas de esterilização sejam
(Stockner, 1991). Apesar de ser um dos efetivos no controle da superpopulação,
mais antigos procedimentos cirúrgicos todos os animais deveriam ser castrados
realizados, é rara a literatura científica antes de atingir a puberdade (Salmeri et al.,
sugerindo uma idade ótima para a 1991b; Mastrocinque et al., 2006).
gonadectomia eletiva nessas espécies
(Salmeri et al., 1991; Hardie, 2007). Até a década de 1990, poucos estudos
haviam sido publicados sobre as
O conceito de castração pré-púbere não é particularidades e consequências da
novo. Já no início do século XX, castração pré-púbere e muitas eram as
veterinários defendiam a castração de cães dúvidas da comunidade veterinária acerca
entre três e seis meses de idade ou até da segurança e efeitos em longo prazo desse
mesmo antes do desmame (Salmeri et al., procedimento. Nos últimos anos, porém,
1991b). diversos estudos foram realizados para
investigar essas questões, mas ainda há
Atualmente, principalmente nos Estados controvérsia em vários aspectos (Howe e
Unidos, veterinários comumente Olson, 2000; Cortopassi, 2002; Spain et al.,
recomendam a castração de fêmeas caninas 2004; Reichler, 2009),.
e felinas antes do primeiro estro com o
objetivo de reduzir o risco de O presente trabalho tem por objetivo
desenvolvimento de neoplasias mamárias e realizar uma revisão de literatura sobre
eliminar a possibilidade de gestação castração em cães e gatos, com ênfase na
indesejada. Recomenda-se também a castração pré-púbere, considerando
castração de machos antes da puberdade vantagens, desvantagens e possíveis
(seis a nove meses) para evitar a implicações para a vida futura dos animais
reprodução. submetidos ao procedimento.

Nas últimas décadas, porém, constatou-se 2. REVISÃO DE LITERATURA


que grande número de proprietários
adotavam filhotes em abrigos com o 2.1. Definições
compromisso de castrá-los posteriormente,
mas falhavam em fazê-lo e permitiam a Gonadectomia ou castração pré-púbere
reprodução, gerando, muitas vezes, proles significa a esterilização cirúrgica de
indesejadas (Stubbs et al., 1995; Howe e animais sexualmente imaturos. A
Olson, 2000). Em estudo conduzido por puberdade é definida, de modo geral, como
Dorr Research Corporation of Boston e o início da capacidade reprodutiva,
publicado pela Massachusetts Society for correspondendo ao primeiro estro nas
the Prevention of Cruelty to Animals fêmeas e à presença de espermatozóides no
(MSPCA), 73% e 87% dos proprietários de ejaculado dos machos, ocorrendo tão cedo
cães e gatos respectivamente, afirmavam quanto seis meses em cadelas de pequeno
que seus animais eram castrados, mas porte e até dois anos em cadelas de grande
aproximadamente 20% acabavam porte (Soares e Silva, 1998; Johnston et al.,
produzindo pelo menos uma ninhada antes 2001; Feldman e Nelson, 2004), e entre seis
da cirurgia. Dessa maneira, a castração pré- nove meses nos cães machos (Soares e
púbere, realizada antes da adoção dos Silva, 1998) (Quadro 1).

11
Quadro 1 – Idade média à puberdade para caninos e felinos machos e fêmeas

Categoria animal Idade média à puberdade


Cadelas 6 meses a 2 anos
Cães 6 a 9 meses
Gatas 4 a 12 meses
Gatos 5 a 10 meses
Fontes: Stubbs e Bloomberg, 1995; Stubbs et al., 1996; Soares e Silva, 1998; Johnston et al.,
2001; Feldman e Nelson, 2004.

Em gatas fêmeas, a puberdade ocorre de alguns fatores como condição física do


quatro a 12 meses (Quadro 1) (Johnston et animal, conformação corporal e estação do
al., 2001). Alguns fatores podem influenciar ano (Stubbs e Bloomberg, 1995; Stubbs et
a idade à puberdade e incluem estação do al., 1996).
ano ao nascimento, ambiente, taxa de
crescimento, nutrição e a presença de Deficiências nutricionais, superpopulação e
doenças infecciosas. A puberdade pode patologias em geral podem atrasar o início
ocorrer mais cedo em gatas que convivem da puberdade em caninos e felinos. A
ou coabitam fêmeas e machos sexualmente variabilidade da idade à puberdade torna
ativos (Stubbs et al., 1996). Comumente, as difícil estabelecer um marco exato na idade
gatas atingem a puberdade com peso que separe os animais pré-púberes daqueles
corporal de 2,3 a 2,5 kg (cerca de 80% do púberes (Salmeri et al., 1991b).
peso adulto), a menos que isso ocorra numa
época do ano em que o período de luz está A castração precoce de cães e gatos
diminuído e a maioria das gatas está em compreende a esterilização cirúrgica
anestro (Johnston et al., 2001; Feldman e realizada de seis a 14 semanas de idade
Nelson, 2004; Romagnoli, 2005). Raças (Stubbs et al., 1995; Kustritz, 2002).
orientais (Siamês, Burmês) tendem a entrar
na puberdade mais precocemente (a partir Atualmente, a idade convencional para
de quatro meses) (Povey, 1978), e as raças esterilização é aproximadamente aos seis
de pelo longo atingem a puberdade mais meses de idade, tanto para machos quanto
tardiamente (11 a 21 meses) quando para fêmeas, estas últimas imediatamente
comparado a raças de pelo curto (Johnston antes ou após o primeiro estro (Stone et al.,
et al., 2001; Romagnoli, 2005). 1993).

Em gatos machos, a puberdade é descrita


por alguns autores como o momento da 2.2. Implicações da castração
primeira espermatogênese e por outros
como o momento em que o animal adquire Todo procedimento cirúrgico apresenta
habilidade de ejacular. Evidências risco potencial de complicações imediatas,
histológicas de espermatogênese no gato incluindo reações adversas à anestesia,
ocorrem aproximadamente com 20 semanas hemorragias, inflamação, infecção, e de
de idade. O esperma pode ser ejaculado implicações em longo prazo, como
aproximadamente aos sete meses de idade, alterações de comportamento observadas
mas o comportamento de cópula inicia entre após castração em caninos jovens (Burrow
oito e 10 meses de vida (Quadro 1) (Stubbs et al., 2005). A possibilidade de
e Bloomberg, 1995; Stubbs et al., 1996) ou desenvolvimento de infecções em filhotes
com peso corporal a partir de 2,5kg que não estão adequadamente protegidos
(Johnston et al., 2001) e varia segundo por anticorpos maternos ou vacinações é

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outro aspecto a ser considerado (Stone et Foi demonstrado que a castração de cães
al., 1993). machos adultos reduz o comportamento de
fuga para acasalamento em 90% e reduz
Segue-se uma compilação de possíveis consideravelmente o comportamento
implicações relacionadas à castração de agressivo entre machos e também a
caninos e felinos, com ênfase na castração marcação de território com urina (Hopkins
pré-púbere. et al., 1976; Maarschalkerweerd et al.,
1997). Na gonadectomia pré-púbere, os
2.2.1. Expectativa de vida efeitos no comportamento são mais
incertos. A influência dos hormônios
Animais castrados apresentam maior gonadais no desenvolvimento do
expectativa de vida quando comparados a comportamento foi estudada primariamente
animais intactos. Esse aumento pode no filhote macho canino (Salmeri et al.,
decorrer do efeito preventivo da 1991b). Filhotes machos castrados em três
gonadectomia quanto a doenças do sistema diferentes tempos (ao nascimento, aos 40
reprodutivo e a redução de comportamentos dias e aos quatro meses de idade)
de risco (saída ou fuga do domicílio, apresentaram comportamento sexual
cópula, defesa de território, disputas por masculino normal (monta e penetração), no
parceiros etc.), mas também pode refletir o entanto, não puderam completar a cópula
maior cuidado destinado a esses animais devido ao pequeno tamanho do pênis (Le
por seus proprietários (Hamilton, 1965; Boeuf, 1970; Salmeri et al., 1991b). Apesar
Kustritz, 2007; Reichler, 2008; Reichler, da inabilidade em completar a cópula,
2009). filhotes machos castrados ao nascimento
foram capazes de sustentar uma ereção
completa e ejaculação após estimulação
2.2.2. Comportamento e sistema nervoso manual. Considerando-se o fato de que uma
castração neonatal não resulta em completa
Caninos demasculinização, pode-se concluir que a
secreção pós-natal de testosterona não é
O efeito da castração no comportamento é essencial na determinação do padrão do
controverso. Em cães, tem sido coito a ser expressa na fase adulta. Em
demonstrado que a castração reduz o muitas espécies, a organização dos padrões
comportamento de marcação de território de comportamento sexual dimórfico
com urina, a monta em objetos e fuga para depende da exposição do sistema nervoso
acasalamento, mas uma redução efetiva na central à testosterona durante o
agressividade foi observada somente em um desenvolvimento intrauterino e nas
terço dos animais. Alguns estudos, em primeiras semanas após o nascimento. A
contrapartida, demonstram mais reatividade exposição à testosterona no período pós-
e agressividade em cadelas e gatas natal, provavelmente serve para ativar ou
castradas, em diferentes idades, quando intensificar a expressão de certos
comparadas com fêmeas intactas (Salman et comportamentos masculinos (Salmeri et al.,
al., 2000; Kim et al., 2006; Hardie, 2007), 1991b).
devido possivelmente ao decréscimo nas
concentrações de estrógeno, progesterona e A influência da experiência prévia em
ocitocina, substâncias com possíveis efeitos determinados comportamentos do animal e
ansiolíticos em algumas espécies a manutenção desses comportamentos após
(McCarthy et al., 1996; Kim et al., 2006). a castração também é controverso. Em um
estudo controlado relacionando castração e
comportamento sexual, não foi encontrada

13
diferença entre animais com experiência desempenho de trabalho insatisfatório em
prévia e aqueles inexperientes (Hart, 1991). cadelas da polícia que foram
Por outro lado, Johnston (1991), afirma que ovariectomizadas.
a castração de cães machos pré-púberes que
nunca copularam comumente previne os Spain et al. (2004) revelam um possível
comportamentos de monta e cópula pelo aumento das fobias relacionadas a barulho e
resto da vida, enquanto em machos redução na manifestação de alguns
castrados quando adultos o comportamento comportamentos como ansiedade de
de cópula reduz consideravelmente, mas separação e micção por submissão em cães
pode não cessar completamente durante gonadectomizados antes de 5,5 meses de
meses a anos, sugerindo que esse idade.
comportamento possa ser uma característica
aprendida pelo cão, assim como ocorre em Inatividade física e letargia são muitas
outros mamíferos. vezes associadas à castração, mas podem
estar mais relacionadas à menor atividade
O comportamento de micção do cão macho própria das idades adulta e senil do que
adulto caracterizado por “levantar o realmente à gonadectomia (Johnston, 1991).
membro posterior” parece ser organizado Salmeri et al. (1991) avaliaram o nível de
pelos andrógenos fetais na vida intrauterina atividade física de filhotes caninos através
e, para manifestar-se, não requer ativação de brincadeiras e interação social, e
pela testosterona na vida adulta. Filhotes encontraram maior nível de atividade em
castrados antes da puberdade eventualmente filhotes castrados do que naqueles intactos.
manifestaram padrão de comportamento de
micção do macho adulto. Contudo, eles A função cognitiva também pode ser
também podem manifestar a postura de influenciada pela gonadectomia (Kustritz,
micção juvenil (Salmeri et al. 1991b). 2007). Uma das principais alterações
comportamentais encontrada em cães
O comportamento social no período entre idosos e associada a um envelhecimento
dois a oito meses de idade (brincadeiras patológico consiste na disfunção cognitiva
entre indivíduos da ninhada, monta, caça, canina (DCC), decorrente de alterações
rosnados) não é alterado pela castração. O neurodegenerativas similares às
comportamento de dominância também encontradas na doença de Alzheimer (DA)
pode não ser alterado, de modo que mesmo em humanos. É caracterizada por alterações
os machos castrados precocemente (40 dias na orientação, interação social-ambiental,
de idade), podem competir agressivamente ciclo de sono-vigília, comportamento de
com machos intactos por ossos e fêmeas no auto-higienização e outras atividades
estro (Le Boeuf, 1970; Salmeri et al., realizadas pelo cão. Há grande dificuldade
1991b). Algumas evidências sugerem que a no diagnóstico da DCC, uma vez que não
agressão entre machos reduz após a há marcadores biológicos nem testes
castração em mais de 60% dos cães, considerados padrão ouro. A classificação
enquanto outros tipos de agressão (contra em disfunção leve, moderada ou grave
pessoas estranhas, por exemplo) não sofrem depende da quantidade de sinais clínicos
interferência (Hart, 1979 citado por manifestados pelo animal, como
Johnston, 1991). vocalização excessiva, inquietação noturna,
entre outros (Pantoja, 2010).
Segundo Kustritz (2007), o aprendizado de
cães de trabalho não é alterado pela Em estudo recente realizado em cães idosos
castração ou pela idade em que é realizada; (Azkona et al., 2009), houve diferença com
contudo, Le Roux (1977) menciona um relação ao sexo dos animais que

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apresentaram DCC, sendo as fêmeas mais e agressividade (Hart e Barret, 1973; Faunt,
frequentemente acometidas, principalmente 2007), além de reduzir o odor da urina dos
as ovariohisterectomizadas sugerindo uma machos (Faunt, 2007). Não foi detectada
influência hormonal nas funções cognitivas. relação entre a idade no momento da
No caso dos machos, apesar do número de castração e a taxa de redução desses
animais castrados apresentando DCC ter comportamentos (Hart e Barret, 1973).
sido percentualmente maior (26,3%
castrados x 13,4% inteiros), a diferença não Outros comportamentos, como nível de
foi estatisticamente significativa. atividade, brincadeiras ou frequência de
vocalização não foram alterados pela
O uso de estrógenos e testosterona na castração pré-púbere ou em idade
terapêutica da DCC, bem como da DA, convencional (Stubbs et al., 1996).
baseia-se em estudos que mostram que os
níveis de hormônios sexuais podem 2.2.3. Sistema locomotor
influenciar na ocorrência de distúrbios
cognitivos em humanos e em animais. Caninos
Sugere-se que os estrógenos possam ter
efeitos antiinflamatórios, antioxidantes e O crescimento cartilaginoso e a ossificação
que possam levar a um aumento do fluxo endocondral são regulados por vários
sanguíneo cerebral. A testosterona parece hormônios, incluindo o hormônio do
ter também um efeito neuroprotetor em crescimento, fatores de crescimento,
humanos e animais. Evidências mostram tiroxina, estradiol e testosterona (Salmeri et
melhor desempenho em testes cognitivos de al., 1991b). Embora não sejam essenciais
homens com maiores níveis sanguíneos de para o crescimento, os hormônios gonadais
testosterona livre (Barrett-Connor et al., influenciam o crescimento,
1999 citado por Pantoja, 2010; Moffat et desenvolvimento, manutenção e
al., 2002). Em cães, observou-se que envelhecimento do esqueleto. A
machos e fêmeas intactos demoraram mais testosterona facilita o crescimento e a
a apresentar novos sinais clínicos da maturação da cartilagem nas epífises. O
disfunção cognitiva que aqueles castrados estrógeno foi originalmente associado
num período de 12 a 18 meses de avaliação apenas à inibição do crescimento ósseo
(Hart, 2001; Pantoja, 2010) e evidenciou-se longitudinal, mas trabalhos em humanos
melhora no desempenho cognitivo de demonstraram que apresenta um efeito
camundongos com baixos níveis bifásico no crescimento ósseo, de modo que
plasmáticos de testosterona que receberam baixas doses de estrógeno estimulam o
reposição hormonal (Bialek et al., 2004). O crescimento ósseo, enquanto altas doses
papel dos hormônios sexuais no inibem (Salmeri et al., 1991b; Root et al.,
desenvolvimento de disfunções cognitivas e 1997).
o possível benefício de sua reposição para
prevenir estes quadros, todavia, não foi Em um estudo conduzido na Universidade
ainda totalmente elucidado (Pantoja, 2010). da Florida foram avaliados os efeitos de
castração no crescimento do esqueleto em
Felinos 32 cães machos e fêmeas sem raça definida,
distribuídos em três grupos: castrados com
A esterilização de felinos não destinados à sete semanas de idade, castrados aos sete
reprodução pode eliminar muitos meses de idade e intactos (Salmeri et al.,
comportamentos considerados indesejáveis 1991). A taxa de crescimento não foi
pelos proprietários, como marcação de afetada pela castração, mas o período de
território com urina, monta em objetos, fuga crescimento da placa de crescimento distal

15
rádio-ulnar foi estendido em todos os cães O efeito da castração sobre a prevalência de
machos (tanto nos castrados com sete ruptura do ligamento cruzado cranial
semanas de idade quanto aos sete meses) e também foi estudado, mas há controvérsias.
também nas fêmeas castradas com sete Slauterbeck et al. (2004) (citado por
semanas de idade. Alguns estudos sugerem Reichler, 2008) observaram ocorrência
que essa ocorrência pode aumentar o risco mais comum em machos castrados, seguido
de fraturas de placa epifisária (Houlton e de fêmeas castradas, enquanto animais
McGlennon, 1992 citados por Stubbs et al., intactos apresentaram apenas metade do
1995), enquanto outros (Spain et al., 2004) risco de desenvolvimento dessa patologia.
não conseguiram demonstrar, em caninos Já Whitehair et al. (1993) encontraram
ou felinos, relação entre a idade do animal maior prevalência de ruptura do ligamento
no momento da castração e a incidência de em cadelas quando comparadas aos
fraturas. machos. A diferença de prevalência entre
fêmeas castradas e intactas foi
Segundo Salmeri et al. (1991a), como as estatisticamente maior que a diferença de
placas de crescimento dos vários ossos prevalência entre cães machos castrados e
fecham-se em tempos diferentes, a intactos. Não foi encontrada, nesse estudo,
castração pré-púbere, realizada em um diferença significativa entre machos ou
momento em que algumas placas já se fêmeas castrados em idade pré-púbere e
fecharam enquanto outras ainda estão aqueles castrados em idade adulta
crescendo, resulta em um animal (Whitehair et al., 1993).
desproporcional, possivelmente interferindo
na performance e durabilidade funcional Apesar da fisiopatologia não estar
das articulações. totalmente elucidada, Edney e Smith (1986)
e Whitehair et al. (1993) sugerem que o
A influência da idade no momento da maior risco de obesidade nos animais
gonadectomia sobre o desenvolvimento da castrados pode ter influência na ocorrência
articulação coxo-femoral também foi dessa patologia. Segundo esses autores, o
avaliada (Spain et al., 2004). Observou-se sobrepeso pode aumentar a carga sobre as
um aumento na ocorrência de displasia estruturas musculoesqueléticas, acelerando
coxo-femoral em animais castrados antes os processos degenerativos no ligamento
dos 5,5 meses de idade (6,7%) quando cruzado cranial.
comparado com aqueles castrados após 5,5
meses de idade (4,7%). Contudo, há Métodos bioquímicos, morfológicos e
indícios de manifestação menos severa da histoquímicos têm sido utilizados para
doença nos animais castrados antes de 5,5 demonstrar também a influência do sistema
meses de idade. Possivelmente, o aumento endócrino sobre o metabolismo dos tecidos
do crescimento ósseo resultante da conectivos (Takeda et al., 1975 citado por
gonadectomia pré-púbere leva a alterações Whitehair et al., 1993).
na conformação articular, que poderiam
levar à ocorrência da displasia coxo- Em cadelas, foi observado que a
femoral (Spain et al., 2004). Dannucci ovariectomia de animais adultos da raça
(1987), em um estudo utilizando cadelas da Beagle, causou hipoestrogenemia
raça Beagle também observaram que a persistente, associada a aumento de 68% na
remoção cirúrgica dos ovários ocasionou taxa de remodelamento do osso trabecular e
aumento da taxa de remodelação do íleo, perda de massa óssea (Dannucci et al.,
sugerindo um aumento no risco de displasia 1987). Contudo, o efeito da
coxo-femoral associado à castração. hipoestrogenemia em outros tecidos
conectivos ainda não está bem definido.

16
Sabe-se que o estrógeno inibe a síntese de Em felinos machos e fêmeas, foi observado
colágeno na aorta, no tendão da cauda de atraso no fechamento da placa epifisária do
ratos e na pele de camundongos, mas rádio nos animais castrados (sem diferença
acelera sua síntese no útero de ratas significativa entre os grupos castrados com
(Whitehair et al., 1993). Em ratas, a sete semanas ou sete meses de idade) em
ovariectomia causou redução tanto no relação aos animais intactos. Esse atraso
conteúdo de elastina como no diâmetro das deve-se, provavelmente, à ausência dos
fibras na cápsula articular coxo-femoral hormônios gonadais, uma vez que
(Whitehair et al., 1993). influenciam a maturação da cartilagem.
Assim, a placa epifisária permanece aberta
Em humanos, a ruptura de ligamento por um período mais prolongado, tornando
cruzado cranial é mais comum em mulheres o osso mais longo (Stubbs et al., 1996; Root
do que em homens e mais propensa a et al., 1997).
ocorrer em certas fases do ciclo menstrual,
o que sugere um efeito hormonal na
estabilidade articular (Kustritz, 2007). 2.2.4. Sistema endócrino

Em cadelas, não foi possível demonstrar Hipotiroidismo


associação entre ovariohisterectomia pré-
púbere e maior prevalência de ruptura de o Caninos
ligamento cruzado cranial, sugerindo que
outros fatores além da hipoestrogenemia A correlação entre castração e
contribuem para a sua maior ocorrência em hipotiroidismo ainda não está bem
fêmeas castradas (Whitehair et al., 1993; estabelecida em caninos e felinos. Alguns
Kustritz, 2007). estudos apontam um maior risco de
desenvolvimento da doença em animais
Um estudo com cães da raça Beagle castrados, enquanto outros não encontraram
(Whitehair et al., 1993) aponta para uma diferença significativa entre aqueles
perda de massa óssea na coluna vertebral castrados e intactos (Haines et al., 1984;
associada à castração. Reichler, 2008).

Em cães, alguns estudos avaliando luxação Estudos prévios sugerem um risco


patelar em raças de pequeno porte e relativamente maior de desenvolvimento de
miniatura encontraram risco 3,1 vezes hipotiroidismo em cadelas quando
maior de desenvolvimento da patologia em comparado aos machos e em cadelas
animais castrados quando comparado aos castradas quando comparado a fêmeas
intactos. Porém, os resultados podem estar intactas. Inclusive, a associação entre
mais fortemente associados à maior castração e hipotiroidismo sugere uma
expectativa de vida desses animais, já que relação de causa e efeito (Panciera, 1994).
foi observado um aumento progressivo da Contudo, não está claro como os estrógenos
ocorrência de luxação de patela com o e andrógenos podem influenciar a função
avançar da idade. Não foi possível inferir, tireoidiana. Em ratas, a ovariectomia reduz
nesse estudo, se os hormônios sexuais a secreção de hormônios tireoidianos
desempenharam ação relevante na (Panciera, 1994, Serakides et al., 2002) e
fisiopatologia da luxação de patela (Vidoni tem sido associada a um decréscimo
et al., 2005). discreto nas concentrações de T4 sérico em
cães (Le Roux, 1983). Provavelmente o
Felinos aspecto mais importante da relação entre
castração e hipotireoidismo é o efeito dos

17
hormônios sexuais no sistema imune. A confirmação devido à indisponibilidade de
castração aumenta a severidade da tireoidite alguns dados (Marmor et al., 1982).
autoimune em camundongos. A
administração de estrógenos em ratos Em fêmeas caninas intactas, ocorre
machos e em fêmeas castradas melhora a alteração no metabolismo da glicose
tireoidite linfocítica preexistente, enquanto durante a gestação, diestro e após
a administração de progesterona agrava administração de progestágenos. O
(Panciera, 1994). A tireoidite linfocítica estrógeno e a progesterona reduzem a
corresponde a aproximadamente 50% dos sensibilidade dos órgãos-alvo à ação da
casos de hipotiroidismo canino (Gosselin, insulina. Adicionalmente, a progesterona
1981; Lucke et al., 1983). Estudos sobre estimula a secreção do hormônio do
tireoidite linfocítica e anticorpos anti- crescimento que aumenta a gliconeogênese
tireoglobulina em cães comumente não e a glicogenólise hepática além de diminuir
diferenciam animais intactos daqueles a utilização periférica de glicose sanguínea
gonadectomizados (Panciera, 1994). Um (Faria, 2007; Reichler, 2008). Devido a
estudo realizado em três diferentes grupos isso, a castração faz parte do tratamento da
(cães com hipotiroidismo, cães com diabetes em muitos animais (Reichler,
endocrinopatias não relacionadas à tireóide 2008). Ainda assim, é citado risco elevado
e cães saudáveis) não demonstrou diferença de ocorrência da doença também em fêmeas
na concentração de anticorpos anti- castradas (Marmor et al., 1982).
tireoglobulina entre os grupos e entre
machos e fêmeas (Haines et al., 1984). o Felinos

Assim, a castração provavelmente tem Gatos castrados, tanto machos quanto


importante papel no desenvolvimento de fêmeas, apresentam não apenas um alto
tireoidite e hipotiroidismo, embora seu risco de ficarem obesos, como também um
papel ainda não tenha sido completamente risco duas a nove vezes maior de
elucidado (Panciera, 1994). desenvolver diabetes mellitus do que gatos
intactos (Reichler, 2008; Joyce e Yates,
Diabetes mellitus 2011). Não foi encontrada correlação entre
a idade à gonadectomia e o risco de
o Caninos desenvolvimento de diabetes mellitus
(Joyce e Yates, 2011).
Segundo Marmor et al. (1982), fêmeas
caninas tanto intactas quanto castradas
apresentaram maior risco de 2.2.5. Sistema urinário
desenvolvimento da diabetes quanto
comparadas a machos intactos. Caninos

Em machos, a relação entre diabetes e A incidência de incontinência urinária


castração não está bem estabelecida. A responsiva ao estrógeno é maior em cadelas
possibilidade de um maior risco de castradas (variando de 4 a 21%) do que
desenvolvimento de diabetes foi detectada naquelas intactas (0,3%) (Howe, 2006;
em cães machos castrados (Panciera, 1994), Reichler, 2009; DeTora e McCarthy, 2011).
mas sua possível associação com a A incontinência urinária pode surgir em
obesidade não foi definida. Uma possível períodos muito variáveis após a castração.
ação protetora dos hormônios sexuais no Há relatos de sua ocorrência imediatamente
cão macho relacionada à idade de castração após a cirurgia ou num período de até 12
também foi considerada, mas não houve anos (Howe e Olson, 2000; Howe, 2006).

18
2003; Verstegen, 2004), mas provavelmente
Há controvérsia quanto à correlação entre a também induzem alterações no trato genital
incontinência urinária e a castração pré- remanescente, permitindo que a bexiga se
púbere. Thrusfield et al.(1998) encontraram desloque da cavidade pélvica em direção ao
maior risco dessa afecção em cadelas abdome (Verstegen, 2004).
castradas na fase pré-púbere quando
comparado àquelas castradas após o Há também relatos de diminuição da
primeiro cio. Quanto à idade na fase pré- expressão de receptores de hormônio
púbere, Spain et al. (2004), ao estudar 983 luteinizante (LH) e hormônio folículo
cadelas, observaram um risco estimulante (FSH) na bexiga e uretra,
significativamente menor de sugerindo a participação também desses
desenvolvimento de incontinência urinária hormônios na patogenia dessa afecção
quando a castração foi realizada após 3 (Ponglowhapan et al., 2008).
meses de idade, comparando com a
castração realizada antes dessa idade. A incidência de incontinência urinária
Bleser et al. (2011), no entanto, não associada à castração em cães machos é
encontraram associação significativa entre a muito mais baixa do que a incidência em
castração pré-púbere e a incontinência cadelas castradas, mas pode ocorrer
urinária. (Hardie, 2007).

Verstegen (2004) relata maior ocorrência de Felinos


incontinência urinária em animais
submetidos à ovariohisterectomia quando A preocupação com obstrução urinária tem
comparados àqueles submetidos à sido amplamente utilizada como argumento
ovariectomia bilateral. contra a castração pré-púbere em felinos
(Howe e Olson, 2000). A literatura é
O mecanismo fisiopatológico através do controversa, não havendo consenso quanto
qual a uretra perde a capacidade de oclusão à veracidade dessa suspeita (Kustritz e
adequada após a castração ainda não foi Olson, 2004). Estudos realizados com
esclarecido, embora diversas teorias tenham felinos e caninos (Salmeri et al., 1991;
sido propostas, incluindo aderências entre Stubbs et al., 1993; Root et al., 1996b;
bexiga e o coto uterino remanescente; Howe et al., 2000) sugerem que a
lesões anatômicas ou neurológicas locais; gonadectomia apresenta poucos efeitos na
posicionamento mais caudal da bexiga, com função uretral, no diâmetro uretral e na
encurtamento da uretra e alterações incidência de episódios obstrutivos, não
hormonais decorrentes da remoção dos havendo diferença significativa entre
ovários (Bleser et al., 2011). Reações animais castrados e intactos. Root et al.
inflamatórias, fibrose, aderências e (1996b) observaram diâmetro
processos atróficos do trato genital significativamente menor da uretra pré-
remanescente, em combinação com o pélvica em gatas gonadectomizadas às sete
acúmulo de gordura nos “fundos-de-saco” semanas de idade quando comparado a
retroperitoneais frequentemente observado fêmeas intactas, aparentemente sem
em animais idosos, também podem estar relevância clínica.
relacionados ao desenvolvimento de
incontinência urinária após a castração. Contudo, em um estudo utilizando felinos,
Quando são empregados estrogênios para fêmeas e machos, a gonadectomia e a
tratar a incontinência urinária, eles podem obesidade foram apontadas como fatores de
atuar diretamente sobre a competência do risco para o desenvolvimento de doença do
esfíncter uretral, uretra e bexiga (Lane, trato urinário inferior (DTUIF)

19
(Lekcharoensuk et al., 2001 citado por em idade adulta e com menor frequência
Reichler, 2009). A castração, tanto de em cadelas intactas (Reichler, 2009).
machos quanto de fêmeas, pode levar à
obesidade, com consequente hipoatividade As vaginites podem ser de difícil controle
física e menor frequência de micção, na cadela castrada devido à involução do
prolongando o período de formação de epitélio vaginal, o que ocorre também em
cristais e de cálculos, o que predisporia o outras espécies. Na mulher pré-púbere e
animal à doença (Lima et al., 2007). pós-menopausa, observa-se epitélio vaginal
mais delgado e mais susceptível a infecções
2.2.6. Sistema reprodutivo e (Salmeri et al., 1991b; Wanderley et al.,
características sexuais secundárias 2001). Quanto à vaginite infantil, a
resolução espontânea do problema ocorre,
Com a remoção das gônadas, diferentes em geral, após o primeiro ciclo estral, mas
tipos de doenças que acometem ovários, não está elucidado o papel do avanço da
útero, testículos e também desordens idade e da maturação do sistema imune na
mediadas por hormônios sexuais são melhora dessa afecção (Reichler, 2009). No
abolidas, trazendo benefícios para a saúde caso de cadelas castradas antes do primeiro
dos animais submetidos à castração estro, baixas doses de estrógeno podem ser
(Reichler, 2009). administradas se a vaginite for refratária à
antibioticoterapia (Salmeri et al., 1991b).
Caninos
Em cães machos, a supressão permanente
Pênis, prepúcio e osso peniano têm aspecto da função reprodutiva, através da
infantil em cães castrados com seis a oito orquiectomia bilateral, apresenta efeito
semanas de idade quando comparados a profilático e terapêutico nas doenças
cães castrados em idade convencional andrógeno-dependentes (Reichler, 2009). A
(cerca de seis a nove meses de idade) ou castração reduz a incidência de hiperplasia
naqueles intactos (Howe e Olson, 2000; prostática e prostatite (Hardie, 2007;
Feldman e Nelson, 2004). Kirpensteijn, 2008b). Reduz também a
incidência de hérnia perineal e a sua
A vulva de cadelas castradas antes da recidiva nos casos de correção cirúrgica.
puberdade apresenta-se menor quando Previne a ocorrência de adenomas perianais
comparada à vulva de fêmeas intactas e pode levar à regressão desses tumores
(Howe e Olson, 2000), e observa-se atrofia quando já presentes (Hardie, 2007).
da vulva, vestíbulo e vagina
independentemente da idade em que a Doenças transmitidas através da cópula,
cirurgia for realizada (Salmeri et al., 1991b; como tumor venéreo transmissível ou
Soares e Silva, 1998). brucelose, são raramente observadas em
caninos castrados. A idade no momento da
Dermatite perivulvar pode se desenvolver gonadectomia aparentemente não exerce
em fêmeas com vulva muito pequena, efeito sobre a incidência dessas patologias
principalmente se a cadela possuir excesso (Reichler, 2008).
de tecido adiposo na região e,
especialmente, se também apresentar Felinos
incontinência urinária (Kustritz, 2007). A
dermatite perivulvar ocorre com mais O desenvolvimento das espículas penianas
frequência em cadelas castradas em idade do gato é andrógeno-dependente, de modo
pré-púbere, seguidas pelas cadelas castradas que a castração de animais adultos resulta
em atrofia dessas estruturas (Salmeri et al.,

20
1991b), enquanto que a castração pré- em animais castrados; contudo, a
púbere pode resultar em atrofia e até expectativa de vida destes animais é
mesmo ausência dessas espículas penianas também maior, o que poderia contribuir
(Joyce e Yates, 2011). para os resultados encontrados neste estudo.
Ainda assim, a influência dos hormônios
A separação da prega balanoprepucial, um gonadais pode ser constatada nesse estudo.
tecido que conecta o pênis ao prepúcio no Em machos castrados antes do primeiro ano
momento do nascimento, também é de vida (baixa exposição aos hormônios
andrógeno-dependente. Assim, a castração sexuais) a ocorrência de osteossarcoma foi
pré-púbere pode atrasar ou impedir o 3,8 vezes maior que em machos intactos.
desaparecimento dessa membrana, Em fêmeas castradas antes de um ano de
impossibilitando exposição peniana (Root idade, a incidência de osteossarcoma foi 3,1
et al., 1996b; Joyce e Yates, 2011). vezes maior que em fêmeas intactas. A
castração é, aparentemente, um fator
A vulva das gatas é relativamente não predisponente independente da estatura
responsiva ao estrógeno, não apresentando adulta e do peso corporal. Sugere-se uma
alterações de tamanho e conformação relação de causa e efeito, uma vez que os
durante o ciclo estral como observado em hormônios sexuais influenciam na
cadelas (Feldman e Nelson, 2004). A manutenção da massa e estrutura ósseas e
despeito disso, fêmeas castradas em idade os estudos revelaram uma relação inversa
pré-púbere apresentam vulva de aspecto entre tempo de exposição aos hormônios
infantil. A dermatite perivulvar parece não sexuais e o risco de osteossarcoma. Porém,
ter relevância clínica em gatas como tem pouco se sabe sobre como os hormônios
em cadelas (Joyce e Yates, 2011). gonadais e os aspectos ambientais regulam
a carcinogênese e os possíveis mecanismos
2.2.7. Neoplasias protetores que desempenham. Os esteróides
sexuais endógenos, como o estrógeno e a
Osteossarcoma testosterona, possivelmente agem como
agentes de pró-diferenciação que inibem a
o Caninos transformação maligna dos osteoblastos
(Cooley et al., 2002).
O osteossarcoma é um tumor maligno que
ocorre predominantemente em cães de Carcinoma de células de
grande porte e gigantes, e sua ocorrência transição de bexiga e uretra
parece estar relacionada à castração.
Estudos comparando cães com o Caninos
osteossarcoma revelaram um risco 2,2
vezes maior de desenvolvimento da doença O carcinoma de células de transição da
em animais submetidos à castração em bexiga e uretra é de ocorrência rara em cães
várias idades quando comparados a animais e vários são os fatores de risco envolvidos,
intactos (Ru et al., 1998). Para testar a como raça, sexo, status reprodutivo e
hipótese de que hormônios sexuais obesidade, bem como fatores ambientais,
endógenos exercem influência sobre a como exposição a inseticidas. Cadelas
formação da neoplasia, um estudo foi apresentam duas vezes mais chance de
conduzido com 86 cães da raça Rottweiler desenvolvimento do tumor comparado a
(Cooley et al., 2002). Assim como machos. Animais gonadectomizados
anteriormente evidenciado por Ru et al apresentam maior incidência de carcinoma
(1998), Cooley at al. (2002) constataram de células de transição da bexiga e uretra. A
maior risco de ocorrência do osteossarcoma causa exata é desconhecida e algumas raças

21
são aparentemente mais susceptíveis, a o Caninos e felinos
exemplo a raça Scottish terrier que
apresenta 18 vezes mais risco de Em geral, tumores do trato genital são raros
desenvolvimento dessa neoplasia em em caninos e felinos castrados. A maioria
relação aos cães sem raça definida dos tumores uterinos, vaginais e vulvares
(Kirpensteijn, 2008; Reichler, 2009). em cadelas e gatas são leiomiomas. Uma
vez que sua ocorrência é relatada
principalmente em fêmeas caninas e felinas
intactas e esses tumores não são vistos em
Neoplasias mamárias cadelas que foram ovariectomizadas antes
dos 2 anos de idade, uma influência
o Caninos hormonal é fortemente considerada. A
ovariohisterectomia realizada juntamente
Em cadelas, a ovariohisterectomia realizada com a remoção tumoral pode ser benéfica,
antes do primeiro ciclo ovariano reduz a uma vez que há indícios de sua ação
incidência de neoplasia mamária para preventiva em relação à prevenção de
menos de 0,5%, quando realizada após o recidivas neoplásicas (Reichler, 2009). Em
primeiro ciclo ovariano, a incidência eleva- um estudo incluindo 72 cadelas com
se para 8%; e após dois ciclos, para 26%. neoplasia benigna vulvar ou vaginal,
Após dois anos e meio de idade, o nenhuma cadela submetida à
procedimento não exerce mais nenhum ovariohisterectomia no momento da exérese
efeito preventivo no desenvolvimento de tumoral apresentou recorrência da neoplasia
neoplasia das glândulas mamárias (Stone et (Thacher e Bradley, 1983 citados por
al., 1993; Kustritz, 2007; Lana et al., 2007; Reichler, 2009).
Kirpensteijn, 2008).
Os tumores ovarianos e uterinos são
o Felinos relativamente incomuns e a ocorrência de
metástases é rara, tornando a castração
Fêmeas felinas intactas apresentam sete curativa na maioria dos casos (Kustritz,
vezes mais chance de desenvolvimento de 2007).
neoplasia mamária que fêmeas
ovariectomizadas (Stone et al., 1993; Os tumores testiculares são o segundo tipo
Kustritz, 2007; Kirpensteijn, 2008). Com de tumor mais comum em cães machos,
relação à idade em que a esterilização com uma incidência de 0,9% em caninos e
cirúrgica é realizada, gatas castradas antes representando aproximadamente 90% dos
de seis meses de idade apresentam redução tumores do trato genital masculino nessa
de 91% no risco de desenvolvimento de espécie. A malignidade é considerada baixa
neoplasias mamárias. Na castração para todos os tipos de tumores testiculares,
realizada entre sete e 12 meses de idade, há de modo que a orquiectomia é curativa (Fan
redução na ocorrência de tumor mamário e Lorimier, 2007; Kustritz, 2007).
em 86% e quando gatas são castradas entre
13 e 24 meses de idade, há uma redução Carcinoma prostático
neste risco de apenas 11%. Após 24 meses
de idade, a gonadectomia não exerce mais o Caninos
efeito preventivo (Overley et al., 2005;
Lana et al., 2007). O carcinoma prostático é uma neoplasia
maligna, rara em cães, com prevalência de
Neoplasias do trato genital 0,2 a 0,6% (Fan e Lorimier, 2007), que
acomete principalmente animais idosos

22
(média de 10 anos de idade) (Sorenmo et parece não afetar as células do carcinoma
al., 2003). prostático. Ressalta-se que a manutenção do
crescimento tumoral possa ser decorrente
Estudos retrospectivos conduzidos na da proliferação de células refratárias aos
Europa (Teske et al., 2002) e na América hormônios devido à ausência de receptores
(Sorenmo et al., 2003) constataram que de andrógenos. Em acordo com essa
caninos machos castrados, em idades suposição, Leav et al. (2001) citado por
variadas, apresentam risco quatro vezes Teske et al. (2002) relatam que apenas um
maior de desenvolver câncer de próstata do em cada 19 carcinomas prostáticos caninos
que machos intactos. Kirpensteijn (2008b) expressa receptores de andrógenos (Teske
menciona um risco de 2,5 a 5 vezes maior et al., 2002).
para desenvolvimento de carcinoma
prostático em animais castrados. Alguns trabalhos defendem ainda que,
dependendo do tipo de marcador utilizado,
O carcinoma prostático pode desenvolver- a expressão de receptores de andrógenos
se num período de tempo variável após a celulares em carcinomas prostáticos pode
castração, A literatura sugere uma relação variar. Assim, esses tumores teriam uma
de causa e efeito onde a castração não semelhança ao estágio mais avançado do
iniciaria o processo de desenvolvimento carcinoma prostático em humanos, no qual
tumoral (carcinoma prostático), mas a maioria dos tumores é refratária à ação
favoreceria a progressão tumoral. A baixa hormonal embora expressem receptores de
incidência de neoplasia prostática em andrógenos (Teske et al., 2002).
machos intactos sugere que os hormônios
testiculares exercem efeito protetor contra o Após a gonadectomia, pode ser evidenciado
carcinoma prostático ou, indiretamente, também um aumento da população de
poderiam interferir na carcinogênese células basais ou células-tronco, sugerindo
através de alterações no ambiente prostático que estas não dependem de andrógenos para
(Sorenmo et al., 2003). sua manutenção e que proliferam-se
ativamente (Mahapokai et al., 2000).
As diferentes regiões da próstata respondem Assim, também é possível que o carcinoma
de maneiras distintas à ação dos prostático desenvolva-se a partir dessas
andrógenos. As células acinares são células (Teske et al., 2002).
hormônio-dependentes e atrofiam após a
castração; já as células ductais e o epitélio A literatura científica é conflitante quanto à
urotelial são hormônio-independentes, não ocorrência de metástases de tumores
sofrendo interferência da gonadectomia. No prostáticos. Teske et al. (2002) defendem
cão, a maioria dos tumores prostáticos tem que a castração não interfere na ocorrência
origem ductal e urotelial, cujo ou tipo de metástases. Bell et al. (1991)
desenvolvimento é predominantemente citado por Johnston et al. (2000) citam que
hormônio-independente, corroborando com a prevalência de metástases de
a hipótese de que os andrógenos podem não adenocarcinoma prostático pode chegar a
ser necessários para a iniciação ou para a 80% e foi apontada como
progressão da neoplasia (Sorenmo et al., significativamente maior em machos
2003; Fan e Lorimier, 2007). castrados. Cornell et al. (1997) citado por
Johnston et al., (2000), encontraram risco
Teske et al. (2002) relatam que, em cães, a 9,5 vezes maior para metástases de tumor
depleção de andrógenos provocada pela prostático em machos intactos quando
castração pode resultar na involução do comparado a machos castrados. Os
tecido prostático não-neoplásico, mas principais sítios de metástase são os

23
linfonodos regionais, pulmões e esqueleto hemangiossarcoma (Kisseberth, 2007), A
(Fan e Lorimier, 2007). frequência é similar em cães machos e
fêmeas intactas, mas o risco de ocorrência
em cães castrados é maior. Fêmeas
Hemangiossarcoma castradas apresentam risco cinco vezes
maior de desenvolvimento da doença
o Caninos quando comparado a fêmeas intactas,
enquanto machos castrados apresentam
O hemangiossarcoma é um tumor comum risco 1,6 vezes maior que machos intactos
em cães e a maior causa de óbito em (Ware e Hopper, 1999; Reichler, 2008).
algumas raças, como Saluki, Buldogue Não há estudos correlacionando esse risco à
Francês, Golden Retriever, Labrador idade em que foi realizada a gonadectomia.
Retriever, entre outros. O sítio primário do Sugere-se que a maior frequência de
tumor é comumente o baço, embora outras tumores cardíacos em animais castrados
localizações tenham sido descritas, como deva-se à maior expectativa de vida
fígado, coração, pulmões, rins, pele, associada ao diagnóstico comumente
cavidade oral, musculatura e peritônio realizado em animais com mais de dez anos
(Brown et al., 1985; Thamm, 2007). de idade. Possivelmente, muitos animais
Constatou-se que fêmeas castradas, em intactos portadores dessa patologia vêm a
idades variadas, apresentavam risco 2,2 óbito antes do diagnóstico (Reichler, 2008).
vezes maior de desenvolvimento do tumor
no baço quando comparadas com fêmeas 2.2.8. Outras ocorrências
intactas (Prymak et al., 1988). Em outro
estudo retrospectivo, fêmeas castradas em Obesidade
idades variadas apresentaram risco 5 vezes
maior no desenvolvimento de O controle do peso corporal envolve uma
hemangiossarcoma localizado no coração complexa interação entre
em relação às fêmeas intactas, enquanto neurotransmissores e hormônios. Embora
machos castrados apresentaram risco 1,6 não sejam reguladores primários do
vezes maior que machos intactos (Ware e metabolismo, os hormônios gonadais
Hopper, 1999). Os autores sugerem um podem influenciar o peso corporal
efeito protetor dos hormônios sexuais (consumo alimentar, manutenção do peso
contra o desenvolvimento de corporal e atividade física) tanto agindo
hemangiossarcoma, especialmente em diretamente nos centros cerebrais que
fêmeas. Estudos anteriores relatam maior regulam a saciedade e a atividade física,
risco de hemangiossarcoma em machos quanto indiretamente alterando o
(Frey e Betts, 1977; Brown et al., 1985). metabolismo em nível celular (Hansen et
al., 1980; Gray e Wade, 1981 citados por
Tumores cardíacos Salmeri et al., 1991b).

o Caninos e felinos A obesidade é uma condição multifatorial


(Kustritz e Olson, 2004) e provavelmente a
Os tumores cardíacos primários ou forma mais comum de má nutrição em cães
metastáticos são raros em caninos, com e gatos (Edney e Smith, 1886; Crane,
incidência de 0,19%, e ainda mais raros em 1991). Um animal pode ser considerado
felinos, com incidência de 0,0275% (Ware obeso a partir do momento em que o
e Hopper, 1999; Kisseberth, 2007; Reichler, acúmulo de gordura corporal passa a
2008). O tumor cardíaco mais comum em apresentar efeitos negativos na sua
gatos é o linfoma e em cães o fisiologia (Edney e Smith, 1986), como a

24
resistência periférica à insulina, a concordância, Romagnoli (2008) também
hiperglicemia, redução da observou um aumento significativo do
imunocompetência, artrose, hipertensão, consumo alimentar durante os primeiros 90
entre outros (Crane, 1991). dias após o procedimento cirúrgico em
cadelas gonadectomizadas aos seis meses
A obesidade pode ocorrer tanto em animais de idade.
castrados quanto naqueles intactos e está
influenciada por diversos fatores, como Em contrapartida, Le Roux (1983)
dieta e nível de atividade física, no entanto, investigou cadelas de trabalho intactas e
alguns dados sugerem que animais ovariectomizadas com dieta alimentar e
castrados apresentam ganho de peso atividade física semelhantes e não constatou
significativamente maior que animais diferença no peso corporal entre os animais.
intactos (Howe e Olson, 2000; Lund et al., Porém, considerando-se a possível ação do
2006; Reichler, 2008). estrógeno na saciedade (Crane, 1991) e a
interferência da gonadectomia no consumo
A obesidade também está relacionada à alimentar e na atividade física dos animais
idade do animal, com aumento da sua (Kirpensteijn, 2008), o estudo de Le Roux
predisposição com o avançar da idade. Mas não encontrou diferença significativa,
essa relação não é linear, uma vez que após possivelmente, devido às condições de
10 anos de idade a prevalência de obesidade consumo alimentar e nível de atividade, que
diminui. Considerando-se que a castração foram controladas. Outros resultados
pode aumentar a expectativa de vida, poderiam ter sido encontrados, caso a
estudos mais acurados são necessários para alimentação tivesse sido ad libitum e o
identificar adequadamente a influência das exercício de acordo com o nível de
duas condições (castração e idade) em atividade física próprio de cada animal.
relação à prevalência de obesidade em cães
e gatos (McGreevy et al., 2005). O efeito do momento de realização da
gonadectomia sobre o ganho de peso ou
o Caninos sobre o consumo alimentar também é
controverso. Num estudo prospectivo
Em estudo realizado com 8.268 cães comparando os efeitos da castração precoce
machos e fêmeas castrados em várias idades (sete semanas de idade) com a castração em
e com diferentes dietas, observou-se duas idade convencional (sete meses de idade)
vezes mais propensão à obesidade tanto em em cães e cadelas sem raça definida, não
machos quanto em fêmeas foram encontradas diferenças no consumo
gonadectomizados quando comparados de alimento ou ganho de peso, nem mesmo
àqueles intactos. Com relação às raças, o quando comparado a animais intactos
Labrador, Cairns, Cocker Spaniels, (Salmeri et al., 2001 citado por Reichler,
Dachshund pelo longo, Cavalier King 2008). Em contrapartida, Spain et al. (2004)
Charles e Beagles apresentaram maior encontraram menor prevalência de
tendência à obesidade (Edney e Smith, obesidade em animais castrados
1986). precocemente quando comparado àqueles
castrados após seis meses de idade.
Jeusette et al.(2004), avaliando cadelas da
raça Beagle castradas, encontraram o Felinos
requerimento energético 30% menor e
maior consumo alimentar em fornecimento Felinos castrados, tanto fêmeas quanto
ad libitum quando comparado aos mesmos machos, apresentam 3,4 vezes mais
animais antes da gonadectomia. Em propensão à obesidade que animais intactos,

25
o que pode dever-se a alterações no
metabolismo e no padrão de consumo Um estudo retrospectivo realizado com
alimentar após o procedimento cirúrgico 496.189 gatos avaliou a ocorrência de
(Nguyen et al., 2004). Root et al. (1996) reações vacinais, incluindo letargia, febre,
sugerem que machos castrados anorexia, prurido, edema, vômito,
apresentaram necessidade de ingestão manifestações cutâneas locais e choque nos
calórica 28% menor que machos intactos, trinta dias pós-vacinação. Foi encontrado
enquanto as fêmeas castradas apresentaram maior risco de reações vacinais em machos
necessidade 33% menor que aquelas e fêmeas castrados quando comparado com
intactas, com base nos resultados de os animais intactos e um maior risco em
produção de calor e taxa metabólica. fêmeas intactas que em machos intactos. A
causa dessa predisposição ainda não está
Em felinos gonadectomizados, o consumo elucidada (Moore et al., 2007).
alimentar aumenta nos três primeiros dias
após a cirurgia (Romagnoli, 2008), Fístula perianal
atingindo 26% a mais em machos e 17% a
mais em fêmeas três meses após a o Caninos
intervenção quando comparado ao consumo
alimentar do mesmo animal antes da Em cães, a fístula perianal é uma condição
castração (Nguyen et al., 2004). progressiva crônica caracterizada por
condutos fistulosos ulcerativos únicos ou
Reações vacinais adversas múltiplos que podem envolver até 360º do
tecido perianal. São observadas mais
o Caninos frequentemente em animais de meia-idade,
embora possa ocorrer em qualquer idade, e
Um estudo de população retrospectivo as raças Pastor Alemão e Setter Irlandês são
sobre reações vacinais adversas em cães, as mais predispostas e acometidas
incluindo reações alérgicas, urticária, (Killingsworth et al., 1988; Aronson, 2007).
anafilaxia, parada cardíaca, choque
cardiovascular e morte súbita, constatou No mesmo estudo, Killingsworth et al.
probabilidade de ocorrência 30% maior em (1988) observaram duas vezes mais risco de
fêmeas castradas quando comparado a ocorrência em machos quando comparado a
fêmeas intactas e 27% maior em machos fêmeas e uma maior ocorrência da doença
castrados quando comparado a machos em machos e fêmeas intactos (86,4%)
intactos. Os pesquisadores sugerem um quando comparados a animais castrados.
mecanismo de causa e efeito, que precisa Em contrapartida, Aronson (2007)
ser melhor elucidado, correlacionando a menciona estudos em que não foi observada
função dos hormônios sexuais e a diferença entre os sexos, sinalizando para a
habilidade do organismo em desenvolver necessidade de investigação acerca da real
resposta imunológica por ocasião da influência dos hormônios sexuais sobre o
aplicação de vacinas. Raças de pequeno e desenvolvimento e/ou manutenção da
médio porte apresentam risco mais elevado fístula perianal (Killingsworth et al., 1988).
de reações vacinais adversas. Animais sem
raça definida apresentam menor risco,
possivelmente devido a sua O quadro a seguir resume as vantagens e
heterogeneidade genética ou vigor híbrido desvantagens relacionadas à castração pré-
(Moore et al., 2005). púbere em caninos e felinos já estabelecidas
de acordo com a literatura científica
o Felinos consultada.

26
Quadro 2 - Vantagens e desvantagens relacionadas à castração pré-púbere em caninos e
felinos
Vantagens Desvantagens
Controle populacional mais efetivo Aumento da ocorrência de incontinência
Redução do comportamento de marcação urinária responsiva a estrógeno (caninos)
de território com urina (cães) Aumento da ocorrência de dermatite
Redução de fuga para acasalamento perivulvar (caninos)
Prevenção de neoplasias mamárias Aumento da propensão a osteossarcoma
Prevenção de neoplasias e patologias do (caninos)
trato reprodutivo Aumento da propensão a carcinoma
prostático (caninos)
Aumento da propensão à obesidade

2.3. Considerações anestésicas e desidratação. Solução de Ringer com


lactato com 2,5% de dextrose ou Cloreto de
Os pacientes pediátricos possuem reservas sódio 0,45% com 2,5% de dextrose são iso-
fisiológicas limitadas e são menos hábeis osmóticos e disponíveis comercialmente
que os adultos a responder a alterações de (Cortopassi, 2002; Meyer, 2007; Pettifer e
homeostase (Pettifer e Grubb, 2007). Por Grubb, 2007).
isso, devem passar por exame clínico
criterioso e, uma vez que a castração pré- Antes de qualquer procedimento, deve ser
púbere é um procedimento eletivo, somente avaliada cuidadosamente a hidratação do
os animais saudáveis, vacinados e livres de animal e corrigidos possíveis déficits
endoparasitas devem ser submetidos ao (Pettifer e Grubb, 2007). Durante a
procedimento (Kustritz, 2002). anestesia, devem ser administrados fluidos
intravenosos ou intra-ósseos (4 a 10
Devido às baixas reservas de glicogênio ml/kg/hora) para reposição da perda de
hepático em filhotes, jejum prolongado líquidos durante o procedimento cirúrgico,
pode resultar em hipoglicemia. Assim, o perdas sanguíneas localizadas e para
jejum alimentar não deve ultrapassar oito prevenir hipotensão (Cortopassi, 2002;
horas, sendo de três a quatro horas o Meyer, 2007).
recomendado para pacientes muito jovens
(seis a oito semanas). O jejum hídrico deve A hipotermia ocorre mais comumente em
ser de duas horas. Para filhotes com menos pacientes pediátricos devido à maior
de oito semanas, o jejum deve ser de duas a proporção superfície:volume corporal,
três horas e não deve ser realizado jejum menor quantidade de gordura subcutânea e
hídrico. Após o procedimento, os animais reduzida habilidade de produzir tremor e
devem receber uma pequena refeição uma a vasoconstrição (Cortopassi, 2002; Kustritz,
duas horas após recuperação anestésica 2002; Pettifer e Grubb, 2007). Pode ser
(Howe e Olson, 2000; Cortopassi, 2002; minimizada utilizando-se bolsas de água
Mackie, 2002; Mastrocinque et al., 2006; quente e/ou fluidos intravenosos aquecidos
Pettifer e Grubb, 2007; Robertson, 2007; durante o procedimento cirúrgico que deve
Joyce e Yates, 2011). demorar o mínimo de tempo possível
(Stubbs et al., 1995; Howe e Olson, 2000).
Fluidoterapia com glicose pode ser utilizada Deve-se evitar determinados procedimentos
durante o procedimento, mas excesso deve no preparo e antissepsia do campo cirúrgico
ser evitado, pois promove diurese osmótica tais como molhá-lo excessivamente e usar

27
produtos à base de álcool, podendo-se Os benzodiazepínicos também são fármacos
utilizar solução de clorexidina aquecida úteis na pré-medicação de pacientes
(Howe e Olson, 2000). A temperatura pediátricos. Embora não promovam
ambiente deve ser mantida acima de 20oC analgesia, atuam como ansiolíticos com
(Joyce e Yates, 2011). A hipotermia resulta mínima depressão cardiovascular e
em bradicardia, redução do débito cardíaco respiratória (Cortopassi, 2002; Pettifer e
e hipotensão, além de eliminação Grubb, 2007).
prolongada de drogas e consequente
recuperação anestésica tardia. Também há A utilização de anestésicos locais, quando
indícios de que aumenta a incidência de possível, é indicada em pacientes
infecção da ferida cirúrgica e interfere pediátricos, pois permite a redução da dose
adversamente na resposta imunológica dos anestésicos gerais e promove analgesia
humoral e celular (Meyer, 2007; Pettifer e ainda mais eficiente (Pettifer e Grubb,
Grubb, 2007). 2007).

A indução, manutenção e recuperação Animais jovens apresentam alta taxa


anestésicas podem sofrer alterações em metabólica com concomitante consumo de
animais agitados, por isso deve-se evitar oxigênio duas a três vezes maior que
manipulação excessiva dos filhotes antes da adultos (Mount et al., 1960 citados por
anestesia (Kustritz, 2002; Joyce e Yates, Grandy, 1991; Meyer, 2007; Pettifer e
2011). Grubb, 2007), mas possuem volume
ventilatório similar (12 a 15 ml/kg). Por
Mensuração acurada do peso do filhote isso, a frequência respiratória deve ser duas
deve ser realizada antes da administração de a três vezes maior para aumentar o volume-
qualquer droga (Grandy, 1991; Meyer, minuto necessário para a maior demanda de
2007; Dugdale, 2010; Joyce e Yates, 2011). oxigênio (Cortopassi, 2002). A alta
ventilação alveolar aumenta a troca gasosa
Há recomendação de uso de um agente nos pulmões, levando a indução e
anticolinérgico, como atropina ou recuperação anestésicas rápidas quando
glicopirrolato, para manter a frequência agentes inalatórios são utilizados. Deve-se
cardíaca e reduzir secreções do sistema por isso ter cuidado ao induzir animais
respiratório antes da anestesia geral ou da muito jovens com altas concentrações de
administração de opióides em filhotes com anestésicos inalatórios em máscara ou
mais de 14 dias de idade (antes dessa idade, câmaras, sob o risco de overdose anestésica
esses fármacos produzem pouco ou nenhum (Cortopassi, 2002; Meyer, 2007; Pettifer e
efeito) (Cortopassi, 2002; Meyer, 2007; Grubb, 2007).
Pettifer e Grubb, 2007).
A maioria dos anestésicos, injetáveis ou
Opióides são excelentes analgésicos e inalatórios, deprime a ventilação; assim,
geralmente bem tolerados por pacientes deve-se manter uma alta taxa respiratória
pediátricos (Schieber et al., 1985; Yaster et durante a anestesia para evitar hipercapnia e
al., 1987 citados por Grandy, 1991; Pettifer hipoxemia (Grandy, 1991).
e Grubb, 2007). Em filhotes com menos de
quatro semanas de idade, podem causar A combinação de alto requerimento
bradicardia e depressão respiratória. Esses metabólico de oxigênio e quimiorreceptores
efeitos são mais comumente observados carotídeos imaturos pode levar a hipóxia
com a morfina e ocorrem antes da droga (Cortopassi, 2002; Meyer, 2007; Dugdale,
produzir analgesia (Meyer, 2007). 2010). A oxigenioterapia antes da anestesia
geral, portanto, é benéfica, uma vez que

28
aumenta consideravelmente a pressão corporal, alta distribuição de sangue para
parcial de oxigênio no sangue, mas deve ser órgãos que são amplamente vascularizados
realizada cautelosamente, pois estudos e funções renal e hepática diminuídas
sugerem que taxa de 100% pode ocasionar (Meyer, 2007; Pettifer e Grubb, 2007). Os
efeitos adversos na fisiologia respiratória e níveis de albumina plasmática atingem a
circulação cerebral de neonatos, levando à concentração adulta às oito semanas de
formação de radicais livres (Meyer, 2007; vida. Antes dessa idade, os animais
Dugdale, 2010). apresentam alta sensibilidade a drogas que
se ligam a proteínas plasmáticas, como os
A caixa torácica de filhotes é mais flexível tiobarbitúricos, cetamina, etomidato e anti-
que a dos adultos, as vias aéreas são inflamatórios não-esteroidais, e uma
menores, menos rígidas e os alvéolos são aparente resistência a drogas que não se
menores, resultando em ventilação menos ligam a proteínas, como relaxantes
eficiente e maior esforço respiratório. A musculares (Cortopassi, 2002; Meyer,
reserva pulmonar é mínima, aumentando a 2007; Pettifer e Grubb, 2007).
possibilidade de hipóxia durante uma
apnéia ou obstrução das vias aéreas (Meyer, Em filhotes, os sistemas enzimáticos
2007; Pettifer e Grubb, 2007; Dugdale, hepáticos são imaturos ao nascimento, mas
2010). O risco de obstrução total ou parcial rapidamente atingem os níveis de adulto. A
das vias aéreas em filhotes é maior que em atividade do citocromo P450, um complexo
adultos, devido ao menor diâmetro das enzimático que participa na metabolização
narinas e pela língua ocupar uma porção dos fármacos, atinge 85% do nível adulto
relativamente grande da cavidade entre quatro e seis semanas de idade.
orofaríngea (Meyer, 2007). Assim, antes dessa idade, as drogas
metabolizadas no fígado devem ser
Assim, a intubação endotraqueal está utilizadas cautelosamente. A partir de seis
indicada nesses animais, embora possa ser semanas de idade, essas drogas podem ser
complicada devido à dificuldade de utilizadas nas mesmas doses recomendadas
visualização da laringe, pequeno diâmetro e para adultos, sem que haja aumento do
menor rigidez das cartilagens (Cortopassi, tempo de recuperação anestésica (Meyer,
2002; Meyer, 2007). Muitos neonatos 2007).
podem ser intubados com tubos
endotraqueais de diâmetro muito pequeno, Os rins de filhotes caninos são morfológica
mas tubos menores que 3.0 mm/ID podem e funcionalmente imaturos ao nascimento,
facilmente obstruir com secreções sendo que a filtração glomerular atinge os
respiratórias, devendo ser succionados a níveis adultos entre duas a três semanas de
cada 20 a 30 minutos (Grandy, 1991; idade e a secreção tubular entre quatro e
Cortopassi, 2002). Em casos de animais oito semanas de idade (Cortopassi, 2002;
muito pequenos, a utilização de máscara Meyer, 2007; Pettifer e Grubb, 2007;
pode ser uma alternativa, mas o Dugdale, 2010). Em neonatos já está
monitoramento da oxigenação deve ser caracterizada, entre outros aspectos, a
cuidadoso (Meyer, 2007). existência de baixa capacidade de
concentração urinária, e as taxas de uréia e
A biodisponibilidade e farmacocinética das creatinina plasmáticas são menores que em
drogas diferem entre neonatos e animais adultos. Devido a essas características, a
adultos quando consideramos alguns fatores excreção de algumas drogas anestésicas
como menor quantidade de albumina pode ser prolongada (Stubbs et al., 1995).
plasmática, alta porcentagem de água Os dados referentes a filhotes de gatos
corporal, pequena quantidade de gordura ainda são inconclusivos (Meyer, 2007).

29
mg/kg/IM) seguida de intubação e
A indução anestésica pode ser realizada administração de agente inalatório é
com propofol, fármaco que produz recomendada para ovariohisterectomia em
depressão cardiovascular e respiratória, mas filhotes felinos (Stubbs et al., 1995).
que é rapidamente eliminado do organismo.
A oxigenioterapia com máscara facial Xilazina e fenotiazínicos, como
durante cerca de 5 minutos antes da acepromazina, devem ser evitados em
administração do propofol reduz o risco de animais com menos de três meses de idade
ocorrência de apnéia induzida pelo fármaco devido a seu potencial em causar
(Pettifer e Grubb, 2007). bradicardia com redução do débito cardíaco
e hipotensão, respectivamente. O uso de
Em gatos, o uso do propofol deve ser barbitúricos nessa idade também é
cuidadoso. Embora os efeitos sejam desaconselhado (Stubbs et al., 1995).
similares àqueles observados em cães,
como indução e recuperação anestésicas Outra opção para indução anestésica
suaves, hipotensão e depressão respiratória, endovenosa é o propofol. Essa droga
a farmacocinética da droga nesta espécie proporciona indução e recuperação rápidas,
ainda não foi completamente elucidada podendo ser utilizada na dose de 4 a 6
(Oliveira et al., 2007). mg/kg/IV após pré-medicação e de 8 a 12
mg/kg/IV como agente anestésico único
O isoflurano e o sevoflurano são agentes (Stubbs et al. 1995).
inalatórios indicados para animais jovens
devido à sua rápida indução e recuperação Comparado com o animal adulto, o coração
anestésica, devido a sua baixa solubilidade, do paciente pediátrico possui menor tecido
baixo metabolismo e menor depressão contrátil por grama de tecido miocardial,
cardiovascular quando comparado ao complacência ventricular limitada e o
halotano (Cortopassi, 2002). débito cardíaco é dependente da frequência.
O sistema nervoso simpático também não
Vários anestésicos injetáveis podem ser está completamente desenvolvido em
utilizados na pré-medicação ou indução pacientes pediátricos, de modo que
anestésica para procedimentos mais longos estimulação simpática resulta em mínimo
(ovariohisterectomias) ou como anestésicos aumento da frequência e da contratilidade
únicos para procedimentos mais rápidos cardíaca, controle vasomotor deficiente e
como orquiectomias. Em filhotes felinos, a barorresposta induzida pela hipotensão
combinação de benzodiazepínicos e inadequada ou incompleta (Cortopassi,
dissociativos, como zolazepam/tiletamina 2002; Pettifer e Grubb, 2007; Dugdale,
(Stubbs et al., 1995; Mastrocinque et al., 2010). Assim, o monitoramento do paciente
2006) ou midazolam e cetamina, é efetiva e pediátrico é similar àquele dispensado ao
segura (Stubbs et al., 1995). A combinação paciente adulto, acrescido de atenção
de zolazepam/tiletamina tem sido especial à prevenção da bradicardia,
recomendada na dose de 11 mg/kg pela via hipotensão e hipotermia (Stubbs et al.,
intramuscular ou 2 a 4 mg/kg pela via 1995; Cortopassi, 2002; Pettifer e Grubb,
endovenosa para realização de orquiectomia 2007). O uso do eletrocardiograma, da
em filhotes felinos jovens, podendo oximetria de pulso e da mensuração da
também ser utilizada em filhotes caninos. pressão arterial indireta com Doppler
Se for necessária suplementação anestésica, ultrassônico auxiliam nesse monitoramento,
pode ser administrado agente inalatório permitindo o reconhecimento e o
através de máscara. A combinação de tratamento precoce das alterações
midazolam (0,22 mg/kg/IM) e cetamina (11 (Cortopassi, 2002).

30
Respeitando-se aspectos comuns a todos os A abordagem através de celiotomia com
filhotes, como propensão à hipotermia, à incisão mediana retro-umbilical é
hipoglicemia e metabolismo imaturo de amplamente indicada. Para facilitar a
drogas, o melhor protocolo anestésico exposição uterina, a incisão em filhotes
dependerá do conhecimento, experiência caninos deve ser realizada mais
prévia e da avaliação do paciente por parte caudalmente ao umbigo que em fêmeas
do anestesista responsável (Meyer, 2007). adultas, cerca de 2 a 3cm de distância (terço
médio do espaço entre a cicatriz umbilical e
A gonadectomia pré-púbere pode ser o púbis, similar à incisão realizada em gatas
realizada com segurança, sem aumento do adultas para ovariohisterectomia). Em
risco de complicações anestésicas quando filhotes felinos a incisão é semelhante à de
comparada ao procedimento em animais fêmeas adultas. Uma vez aberta a cavidade
adultos (Meyer, 2007). abdominal, é comum encontrar grande
quantidade de fluido peritoneal seroso,
2.4. Considerações cirúrgicas tanto em cães com em gatos, que deve ser
parcialmente seco com gaze para permitir
Os tecidos do paciente pediátrico são visualização das estruturas abdominais. O
bastante delicados e devem ser manipulados uso do gancho de Snook deve ser evitado
cuidadosamente. A quantidade em vista da natureza delicada dos tecidos. O
relativamente pequena de sangue desses útero é facilmente localizado entre a bexiga
pacientes torna muito importante uma e o cólon e deve ser exposto
hemostasia meticulosa, que é, a princípio, cuidadosamente, respeitando-se sua
facilitada pelo pequeno diâmetro dos vasos fragilidade e evitando excesso de tensão.
sanguíneos e pela pequena quantidade de Para facilitar visualização ovariana, o
gordura tanto abdominal quanto na bursa ligamento suspensório pode ser
ovariana (melhor visualização dos vasos cuidadosamente rompido. Realiza-se uma
sanguíneos) (Howe e Olson, 2000; Pettifer janela no pedículo ovariano adjacente aos
e Grubb, 2007). Assim, a castração pré- vasos, através da qual estes são pinçados
púbere, quando adequadamente realizada, é (pinça de Halsted para filhotes de gatos;
rápida, permite boa visualização das pinças de Crile para filhotes maiores)
estruturas, implica em sangramento mínimo (Howe e Olson, 2000).
e recuperação anestésica rápida, gerando
menos estresse para o animal (Kustritz e Os vasos dos pedículos ovarianos devem
Olson, 2004). O custo esperado do ser ligados com fio de sutura absorvível em
procedimento é, em geral, menor que em ligadura simples, dupla ou utilizando
animais adultos, o que seria mais uma grampos hemostáticos de aço, sendo, em
vantagem a ser considerada na castração de seguida, seccionados. Procede-se então à
animais jovens (Stockner, 1991). ligadura dupla ou com grampos
hemostáticos do útero na junção corpo-
A esterilização cirúrgica de animais pré- cérvix, seguida de secção. Após remoção do
púberes é realizada da mesma forma que útero e ovários, deve-se inspecionar a
em adultos, com algumas modificações cavidade abdominal quanto a evidências de
(Howe e Olson, 2000). Seguem-se algumas hemorragia e resquícios ovarianos.
considerações sobre os procedimentos de Alternativamente, podem ser utilizadas
ovariohisterectomia, ovariectomia e abraçadeiras de nylon (poliamida) para
orquiectomia em pacientes pediátricos. ligadura dos pedículos ovarianos e coto
uterino, desde que observada a espessura
Ovariohisterectomia adequada da abraçadeira para o calibre dos

31
vasos e demais estruturas a serem ligados.
Estudos demonstram rapidez, segurança e A ovariectomia realizada em animais
baixo custo de utilização desse material jovens e saudáveis parece estar associada a
tanto em cadelas quanto em gatas, um risco nulo de doenças genitais (Stone,
tornando-o uma alternativa viável (Oliveira, 2007). Considera-se que, na ausência do
2006; Barros et al., 2009). estímulo hormonal, as chances de
desenvolvimento de patologias uterinas,
Na celiorrafia, é importante identificar com destaque para a piometra, são
cuidadosamente a fáscia ventral, praticamente inexistentes (Janssens e
diferenciando-a do tecido subcutâneo, o que Janssens, 1991; Okkens et al., 1997; Howe,
pode ser particularmente difícil em alguns 2006). Na verdade, a remoção dos ovários e
filhotes. A fáscia ventral pode ser suturada consequentemente ausência de produção de
com padrão simples separado ou contínuo, hormônios esteróides leva a regressão
utilizando fio de sutura 3-0 ou 2-0 completa e atrofia do trato reprodutivo
absorvível (polidioxanona, poligliconato, remanescente, que, obviamente, não sofrerá
poliglecaprone, poliglactina), ou interferência dos estímulos ovarianos
inabsorvível monofilamentar (Stone, 2007). Assim, há absoluta contra-
(polipropileno, mononáilon). O tecido indicação na administração de
subcutâneo pode ser suturado com fio progestágenos nesses animais (Howe,
absorvível 3-0 ou 4-0 em padrão contínuo e 2006).
a dermorrafia com fio inabsorvível em
padrão simples separado ou intradérmico Embora não seja prática comum nos
(Howe e Olson, 2000). Estados Unidos, a ovariectomia bilateral de
cadelas e gatas é rotineiramente praticada
Não recomenda-se a realização de em países europeus (Johnston et al., 2001;
ovariohisterectomia pela abordagem lateral Goethem et al., 2006; Kirpensteijn, 2008c;
(flanco) em cadelas ou gatas com menos de Romagnoli, 2008; DeTora e McCarthy,
12 semanas de idade, pois nesses animais 2011). A relação benefício/risco é altamente
há maior dificuldade na exposição do corpo favorável à ovariectomia por muitas razões
uterino para sua ligadura, além de outras (Okkens et al., 1997; Verstegen, 2004). A
dificuldades inerentes ao procedimento, ovariohisterectomia apresenta riscos como
como a exposição do ovário contralateral à sangramento intra-abdominal e vaginal
incisão e a recuperação de um possível (devido ao calibre dos vasos na região do
pedículo ovariano hemorrágico (McGrath et corpo uterino), ligadura acidental dos
al., 2004; Minguez et al., 2005; Coe et al., ureteres (devido à proximidade com o corpo
2006; Hardie, 2007). Após essa idade, as uterino), síndrome do ovário remanescente,
dificuldades da abordagem lateral podem ocorrência de granulomas de coto uterino e
ser contornadas através de treinamento de tratos fistulosos. A ovariectomia não está
contínuo (Coe et al., 2006). relacionada a alguns desses riscos citados, o
que faz com que alguns autores defendam a
Ovariectomia ovariectomia bilateral como procedimento
de escolha para a esterilização cirúrgica de
A técnica da ovariectomia bilateral em cadelas e gatas sem afecções uterinas
cadelas e gatas sadias, sem afecções (Okkens et al., 1997; Johnston et al., 2001;
uterinas, e principalmente naquelas pré- Goethem et al., 2006; Kirpensteijn, 2008c;
púberes é recomendada, uma vez que Romagnoli, 2008; DeTora e McCarthy,
requer menores incisões, menor tempo 2011).
anestésico e envolve menor trauma
cirúrgico (Howe, 2006).

32
A ovariectomia pode ser realizada por duas antes de iniciar o procedimento cirúrgico,
abordagens: ventral e lateral (flanco), esta deve-se certificar que ambos os testículos
última por acesso bilateral ou unilateral. estão localizados na bolsa escrotal. Devido
Assim como na técnica da ao pequeno tamanho e grande mobilidade
ovariohisterectomia, na ovariectomia pela dos testículos dos filhotes, toda a região
abordagem ventral, pedículos ovarianos escrotal deve ser tricotomizada e preparada
curtos e animais obesos podem dificultar a cirurgicamente para ser incluída no campo
remoção dos ovários, predispondo à cirúrgico, o que facilita a localização dos
síndrome do ovário remanescente (Janssens testículos e não provoca tanta irritação
e Janssens, 1991). cutânea quanto em animais adultos, uma
vez que a bolsa escrotal ainda não está
A ovariectomia realizada em cadelas e gatas completamente desenvolvida. A incisão
pela abordagem lateral pode apresentar pode ser escrotal ou pré-escrotal única, ou
vantagens como menor incisão, menor risco alternativamente, duas incisões escrotais
de evisceração, menor tração dos pedículos semelhante à prática em felinos adultos
ovarianos (reduzindo a possibilidade de (Howe e Olson, 2000). Na abordagem
lacerações e hemorragias) e menor tempo aberta, faz-se incisão da túnica vaginal com
cirúrgico quando comparado à abordagem exposição dos testículos e cordões
ventral (Janssens e Janssens, 1991; espermáticos. Procede-se à ligadura dos
Minguez et al., 2005; Hardie, 2007). cordões espermáticos com material
Também permite melhor visualização dos absorvível 3-0 (ligadura dupla ou grampos
pedículos ovarianos, reduzindo o risco de hemostáticos), secção, sutura da túnica
síndrome do ovário remanescente (DeTora vaginal e dos tecidos subcutâneos com
e McCarthy, 2011). material absorvível. As incisões cutâneas
podem ser suturadas em padrão separado ou
Como desvantagens, a técnica requer intradérmico (caninos) (Howe e Olson,
treinamento específico e, em casos de 2000; Boothe, 2007) ou deixadas abertas
complicações como hemorragias, permite para cicatrização por segunda intenção
exposição limitada da cavidade abdominal (felinos). A sutura das incisões previne
(Minguez et al., 2005; Hardie, 2007). contaminação pós-cirúrgica com fezes e
Também pode ocorrer traumatismo ao baço urina e exposição da gordura subcutânea
no momento da incisão muscular no flanco (Howe e Olson, 2000).
esquerdo (Janssens e Janssens, 1991).
A técnica cirúrgica de orquiectomia em
Outras desvantagens incluem: a necessidade filhotes felinos é idêntica àquela utilizada
de virar o animal e realizar nova preparação em animais adultos. Deve-se ter cuidado
do campo cirúrgico no flanco contralateral adicional na exposição dos testículos para
após a remoção do primeiro ovário na evitar laceração dos cordões espermáticos
abordagem bilateral (Janssens e Janssens, em decorrência de seu pequeno tamanho e
1991); e a dificuldade de exposição do fragilidade tecidual. Assim como em gatos
pedículo contralateral na abordagem adultos, as incisões são deixadas abertas
unilateral (Minguez et al., 2005). para cicatrização por segunda intenção
(Howe e Olson, 2000; Boothe, 2007).
Orquiectomia

A orquiectomia em pacientes pediátricos 2.5. Complicações anestésicas e


também é realizada seguindo a técnica cirúrgicas
utilizada em adultos, com algumas
modificações. Assim como em adultos,

33
Uma das dúvidas mais frequentes com (vacinas anti-rábica ou déctupla) (Mackie,
relação à castração pré-púbere é o quanto o 2002; Spain et al., 2004).
sistema imunológico dos filhotes caninos e
felinos sofreria interferência adversa pelo
estresse da anestesia e da cirurgia em idades Sontas et al. (2007), avaliaram 25 cadelas
muito precoces, num momento em que os de 10 semanas de idade submetidas à
animais estariam tornando-se imunizados ovariohisterectomia ou laparotomia e
contra doenças infecciosas potencialmente compararam as complicações (apnéia,
fatais (Howe e Olson, 2000). hemorragias, deiscências, infecções
gastroentéricas, entre outras) durante e após
Os procedimentos de anestesia e cirurgia as cirurgias. Foram evidenciadas 36% de
apresentam pequena interferência na complicações, sem diferença significativa
habilidade do cão em estabelecer uma entre os grupos, e 8% de óbito, sugerindo
resposta humoral na vacinação contra segurança do procedimento de castração
cinomose, mas pode deprimir precoce nessa espécie.
temporariamente a imunidade mediada por
células. A causa dessa alteração pós- Já Pollari et al. (1996) avaliaram os índices
cirúrgica na função linfocítica não foi de complicações cirúrgicas (hemorragia
elucidada, mas pode estar relacionada aos intra e pós-cirúrgica, aderências,
efeitos dos agentes anestésicos, altos níveis deiscências, peritonites), relacionando-as à
de corticóides em resposta ao procedimento idade em 1.016 caninos e 1.313 felinos
ou a substâncias inibitórias liberadas pelo submetidos à castração eletiva. Os autores
tecido traumatizado (Kelly, 1980). encontraram uma maior frequência de
complicações em caninos que tinham mais
Em um estudo conduzido em dois abrigos de dois anos de idade por ocasião do
de animais com rotina de castração pré- procedimento em relação àqueles com
púbere, apenas 0,6% de 1.988 animais (775 menos de dois anos de idade, evidenciando
gatos e 1.213 cães) morreu em decorrência um possível aumento do risco juntamente
de infecção respiratória severa ou ao avanço da idade, o que não foi
parvovirose nos sete dias de pós-operatório observado em felinos. O possível aumento
(Howe, 1997). No entanto, a ocorrência de do risco de complicações cirúrgicas com a
complicações é menor quanto mais idade sugere que a castração em animais
tardiamente for realizada a castração. mais jovens pode ser benéfica para caninos.
Observou-se menor índice de complicações Por outro lado, se a frequência de
(hérnia incisional, reação ao fio de sutura, complicações em felinos não aumenta com
hérnia escrotal, alterações de ritmo e a idade, podendo inclusive diminuir, a
frequência cardíacos) em animais castrados castração antes de dois anos de idade pode
com mais de 12 semanas de idade quando não ser vantajosa nessa espécie
comparados àqueles castrados em idade considerando-se esse aspecto específico
inferior a 12 semanas (Howe e Olson, (Pollari et al., 1996).
2000). Em outro estudo com cães, foi
encontrada maior incidência de enterite Em gatos, não foi demonstrado aumento da
causada por parvovírus no pós-cirúrgico em incidência de doenças infecciosas com
filhotes castrados com menos de 24 relação à idade no momento da
semanas de idade quando comparados com gonadectomia (Stubbs et al., 1996).
aqueles castrados após 24 semanas de idade
(Howe et al., 2001). Deste modo, alguns
autores indicam a realização da castração
juntamente às últimas doses de vacinação

34
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS como desenvolvimento de tumores,
obesidade, diabetes, entre outros, a
indicação da castração traz grandes
A castração de caninos e felinos é uma benefícios, como evitar situações de
importante ferramenta no controle abandono, prenhez indesejada, animais
populacional. Tradicionalmente, tem sido errantes vitimados por doenças,
recomendada após o animal atingir a atropelamentos etc. A literatura mostra que,
puberdade, mas uma demanda no Brasil, muitos cães e gatos não atingem
relativamente recente pela adoção de as idades próprias de ocorrência de
filhotes de abrigos já castrados despertou a patologias potencialmente relacionadas à
classe veterinária para a castração realizada castração pré-púbere devido à falta de
em período pré-púbere. cuidados e guarda responsável. Contudo,
em sua grande maioria, deixam
A complexidade da fisiopatologia descendentes que contribuem para a
relacionada aos hormônios sexuais, ainda superpopulação de animais errantes.
não está completamente esclarecida e pode
tornar duvidosa a indicação do O tema castração de animais, incluindo a
procedimento. É necessário estudo castração pré-púbere, foge, muitas vezes, do
aprofundado e exaustivo acerca do assunto, âmbito puramente técnico para o âmbito
para que as inferências tornem-se certezas e social. Ambos devem ser sempre muito
para que as controvérsias sejam bem equilibrados na tomada de decisões,
minimizadas. Enquanto isso, o médico permitindo conduta profissional concisa,
veterinário deve posicionar-se acerca do ética e menos propensa a erros.
tema em duas situações diferentes: ao
deparar-se com o proprietário de um animal
em uma situação específica, e ao lidar com 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
questões como os abrigos de animais, que
demandam castração antes da doação, ou ARONSON, L. Reto e Ânus. In:
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No caso da castração de um indivíduo, a Manole, 2007. v. 1, cap. 43, p. 682-707.
opção é esclarecer e discutir
detalhadamente sobre os benefícios e riscos AZKONA, G.; GARCIA-BELENGER, S.;
do procedimento. Considerar questões CHACÓN, G et al. Prevalence and risk
como as várias idades recomendadas para a factors of behavioural changes associated
cirurgia, complicações inerentes à anestesia with age-related cognitive impairment in
e cirurgia, predisposições raciais, tipo de geriatric dogs. Journal of Small Animal
comprometimento e dedicação do Practice, v. 50, p. 87-91, 2009.
proprietário em relação ao animal, entre
outros. Dessa forma, decidir pela castração BARROS, B. J.; SANCHES, A. W. D.;
pré-púbere ou não do animal ponderando os PACHALY, J. R. Utilização de
benefícios e riscos para cada caso. abraçadeiras de náilon 6.6 (poliamida)
como método de ligadura de pedículos
Com relação aos abrigos e animais errantes, ovarianos e coto uterino em ovário-
deve-se considerar os benefícios já bem histerectomia eletiva em cadelas (Canis
estabelecidos da prática de castração, pré- familiaris). Arquivos de Ciências
púbere ou não, e que muitas das possíveis Veterinárias e Zoologia da Unipar, v. 12, n.
complicações da esterilização ainda estão 1, p. 47-60, 2009.
sendo investigadas. Ainda que haja riscos

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