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Graduação de Fisioterapia
Goiânia
2023
Introdução
Esse trabalho tem como objetivo descrever e analisar, sobre os traumas que acometem a coluna
vertebral em crianças, visando abortar a epidemiologia, anatomia da coluna vertebral da
criança, principais lesões traumáticas da coluna e algumas abordagens de tratamento
conversadores e não conservadores.
Epidemiologia
O trauma é uma das principais causas de morte ou incapacidades em crianças. As crianças
passam por todo um processo de desenvolvimento motor típico e qualquer trauma associado a
essa fase podem gerar desarranjos no seu desenvolvimento. Na América do norte uma a cada
três crianças sofrem algum tipo de trauma anualmente. Segundo informações do Ministério da
Saúde, mais de um terço dos traumas admitidos em prontos-socorros ocorre na faixa etária
pediátrica, sendo de 14 a 20% na faixa de 0 a 9 anos de idade, de 9 a 10% na faixa de 10 a 14
anos e 8 a 9% na faixa de 15 a 19 anos.
As lesões traumáticas da coluna vertebral na infância compreendem 1 a 3% de todas as fraturas
em criança, portanto é rara. Porém, quando ocorrem lesões traumáticas em crianças, há uma
chance de 50% vim associada a lesão neurológica e 4 a 41% de vir a óbito. As crianças, em
comparação com os adultos, apresentam maior frequência de lesões multissistêmicas. Isto
decorre da maior absorção de energia por unidade de área, porque a massa corporal é menor.
Além disso, o tecido adiposo é reduzido, o tecido conjuntivo tem menor elasticidade e os órgãos
são mais próximos entre si. A maior relação entre o tamanho da cabeça e o restante do corpo
torna mais provável uma lesão cervical, particularmente em traumatismos cranioencefálicos e
traumas multissistêmicos. A região cervical é a mais frequentemente afetada. Metade dos
pacientes morrem antes de chegar ao hospital ou durante a hospitalização.
Mecanismos do Trauma
A causa mais frequente de traumas em crianças são os acidentes de trânsito, seguidos da prática
de esportes de contato, quedas, ferimento por armas de fogo, maus tratos e traumas obstétricos.
Geralmente, os acidentes de automobilísticos e as quedas provocam contusões. Os
atropelamentos, na maioria das vezes, levam a falência.
Anatomia
A anatomia da coluna vertebral das crianças é diferente do adulto. As diferenças anatômicas e
biomecânicas da coluna cervical pediátrica fazem com que as lesões da coluna cervical antes
dos 11 anos sejam raras, acometam mais a cervical alta, comprometam geralmente estruturas
não ósseas e tenham alto índice de mortalidade. Isso ocorre porque o diâmetro cefálico é
aumentado, as facetas são horizontalizadas ao nascimento e vão se verticalizando com o
crescimento, o fulcro do movimento é na cervical alta e a ossificação dos corpos vertebrais é
incompleta. Após os 11 anos de idade, as lesões ósseas passam a ter características típicas de
lesões em adultos, acometendo principalmente a cervical baixa. A mortalidade é reduzida,
entretanto, as lesões neurológicas apresentam menores chances de recuperação devido a
diminuição da capacidade de regeneração dos tecidos.
A hipermobilidade fisiológica da coluna vertebral de crianças permite que segmentos vertebrais
torçam, deslizem e se separem um do outro, até certo ponto sem sofrer danos; mas, quando
expostos a uma força externa, esse deslocamento estica a medula espinhal além de sua
tolerância ou faz com que o ligamento impacte as superfícies ósseas opostas ao canal espinhal,
levando a uma lesão neurológica grave. A coluna toracolombar da criança possui mais tecido
cartilaginoso em relação ao ósseo, tornando seu formato acunhado e arredondado. A frouxidão
ligamentar e redução do tônus muscular, somados ao fato de os discos intervertebrais terem um
núcleo pulposo mais hidratado do que o dos adultos, tornam a coluna toracolombar mais
resistente a absorção e transmissão de energia dos traumas. Todas essas características
anatômicas e biomecânicas da coluna vertebral das crianças podem favorecer traumas
específicos, tais como, fratura do limbo ou apófise vertebral, fraturas em múltiplos segmentos,
lesão medular sem fratura e divergência entre o nível da lesão medular e da lesão na coluna.
Exames Complementares
• radiografia
• tomografia computadorizada (TC)
• ressonância magnética (RM)
Tipo III – Fraturas por avulsão de fragmento ósseo do côndilo occipital conectada ao
ligamento alar.
(Figura 3) – Fraturas tipo III
Assim, são associadas fraturas tipo I e II causadas por compressão vertical, já fraturas do tipo
III ocasionadas por mecanismos combinados de translação e rotação. Os côndilos occipitais
são constituídos de quatro partes: basilares, laterais ou condilares e escamosa. Articulando-se
com os côndilos occipitais está a primeira vértebra cervical, o atlas, e este, com o áxis. Nesta
articulação se dá aproximadamente 50% do movimento de rotação da cabeça. Ao seguimento
cervical superior (C1 e C2) e occipício chamamos cervicocraniana.
As fraturas do côndilo occipital são de tratamento conservador, com baixas taxas de
complicação (dor, limitação de movimento), evoluindo de acordo com cada paciente. Portanto,
são difíceis diagnosticá-las se não houver a suspeita da existência delas.
Foram feitas análises com seis casos de fraturas de côndilo occipital, fazendo acompanhamento
de cada paciente e suas evoluções. Assim, foi possível ter dados epidemiológicos. Veja abaixo
diagnóstico de fratura de côndilo occipital no período de 2001 a 2011 revelou três casos de
fratura tipo I, dois casos do tipo II e um caso do tipo III
(FIGURA 4) – Epidemiologias
A despeito do quadro clínico inicial, as fraturas de côndilo occipital devem ser investigadas na
presença de trauma cranioencefálico de alta energia.
(Figura 6) - Tomografia
Fraturas do atlas (C1)
As fraturas do atlas são causadas por trauma axial e são raras na infância. Nas crianças menores,
podem ocorrer através da sincondrose neurocentral (junção de ossos por meio de cartilagem).
Raramente as fraturas do atlas apresentarão déficit neurológico devido ao amplo diâmetro do
canal nesta região e ao fato de as fraturas de C1 geralmente promovem um aumento do canal,
a não ser quando associada à fratura do dente de C2 ou a lesão do ligamento transverso. A TC
é muito útil para o diagnóstico, mas a RM pode mostrar também lesões ligamentares
associadas. Em geral, o tratamento conservador com colar do tipo Philadelphia (Figura 1) é
suficiente.
Figura 1 – Colar cervical Philadelphia.
Tipo I: fratura sem desvio (menos de 3 mm); o mecanismo de trauma é de compressão axial e
extensão.
Tipo II: fratura desviada, com predomínio de translação sobre a angulação; o mecanismo de
trauma é de extensão seguida de flexão de rebote.
Tipo II a: fratura com angulação maior e mínima translação; o mecanismo de trauma é de
flexão-distração
Tipo III: apresenta translação e angulação acentuada, com luxação de uma ou duas facetas
articulares C2-C3.
Fratura do odontoide
As fraturas do odontoide ocorrem em geral, pela sincondrose basilar do odontoide, em especial
abaixo dos 8 anos de vida. São representadas quase que exclusivamente por descolamentos
epifisários, uma vez que o núcleo de ossificação secundário nessa região não se funde ao corpo
vertebral antes dos sete anos de idade. É raro ser acompanhada de déficit neurológico. A TC
auxilia no diagnóstico devido à dificuldade em obter a incidência radiográfica transoral em
crianças.
O tratamento consiste em reduzir e imobilizar com halogesso ou halo cefálico por dois a três
meses, mesmo nos pacientes acima dos 8 anos com fraturas tipo II de Anderson e D'Alonzo
(Figura 3), já que é rara a evolução com pseudartrose, como nos adultos.
Lesões toracolombar
Elas são rupturas das vértebras nas regiões torácica e lombar, ocorrem geralmente por
decorrência de traumas de alta energia. Não são tão comum em criança devido a caixa torácica
da criança conta com uma estrutura óssea mais cartilaginosa, com maior complacência. São
avaliadas inicialmente através de uma inspeção e se for necessário cirurgia, ela deve ser feita
precocemente. Mas normalmente as lesões são mais estáveis e assim pode ser tratada de modo
conservador.
As fraturas que são do tipo compressão anterior, se houver perda de 50% da altura anterior
pode ser tratada com órteses do tipo Jewett, mas se forem lesões em diversos níveis podem
causar o aumento das fotos e torácica e assim é necessário o tratamento cirúrgico. E em lesões
da apófise vertebral deve monitorar ao longo do crescimento mesmo após a consolidação.
Fraturas em flexodistração quando se é inteiramente óssea, são tratadas com colete gessado em
hiperextensão. E quando se compromete as estruturas ósseas deve ser tratada com cirurgia. E
as fraturas do tipo explosão podem ser tratadas de forma conservadora quando se tem perda de
altura anterior menor que 50% e não são acompanhadas de lesões neurológicas. E as fraturas
em diversos níveis são acompanhadas por conta do risco de desenvolver deformidades em
cifose.
Maus tratos
As lesões na coluna vertebral pediátrica por maus-tratos não têm um diagnóstico bem definido
e geralmente não é notificada. Na maior parte dos casos envolve o corpo vertebral e
ocasionalmente os segmentos posteriores. É possível ter lesão medular sem fratura e os traumas
tendem ser de alta energia. Quanto ao mecanismo, costumam ser provocadas a partir do
chacoalhamento da criança pelo agressor, provocando lesões de hiperextensão e hiperflexão.
Em casos graves é comum fratura-luxação da coluna e em casos mais brandos múltiplas
fraturas de compressão anterior. As fraturas-luxação são encontradas com mais frequência na
coluna toracolombar ou lombar. É essencial que o profissional tenha uma boa conduta perante
o paciente, realizando uma avaliação completa da criança, notificação dos órgãos competentes
e traçar um tratamento adequado para cada caso