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Letras em dia, Português, 10.

° ano Testes por sequência • Teste 4

Sequência 4 • Rimas

Grupo I

Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.

Parte A
Lê o texto.

Dizei, Senhora, da Beleza ideia1:


para fazerdes esse áureo crino2,
onde fostes buscar esse ouro fino?
de que escondida mina ou de que veia?

5 Dos vossos olhos essa luz Febeia3,


esse respeito, de um império dino?
Se o alcançastes com saber divino,
se com encantamentos de Medeia4?

De que escondidas conchas escolhestes


10 as perlas preciosas orientais
que, falando, mostrais no doce riso?

Pois vos formastes tal, como quisestes,


vigiai-vos de vós, não vos vejais;
fugi das fontes: lembre-vos Narciso5.
CAMÕES, Luís de, 1994. Rimas (texto estabelecido, revisto e prefaciado por
Álvaro J. da Costa Pimpão). Coimbra: Almedina (p. 177)

1. ideia: exemplo, modelo;


2. crino: cabeleira;
3. Febeia: adjetivo derivado de Febo, nome mitológico do Sol;
4. Medeia: feiticeira de natureza impiedosa com poderes mágicos, personagem da lenda dos
Argonautas;
5. Narciso: figura mitológica que se enamorou da sua própria imagem refletida na água.

1. Explicita o valor expressivo da interrogação retórica ao longo do poema.

2. Relaciona o recurso às metáforas com o retrato feminino descrito nas três primeiras estrofes.

3. Esclarece a importância do último terceto na construção do sentido global do poema.

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Parte B
Lê o poema.

Mote
Saudade minha, Saudosa dor,
quando vos veria? eu bem vos entendo;
mas não me defendo,
Voltas 20 porque ofendo Amor.
Este tempo vão, Se fôsseis maior,
esta vida escassa, em maior valia
5 para todos passa, vos estimaria.
só para mim não.
Os dias se vão Minha saudade,
sem ver este dia, 25 caro penhor meu,
quando vos veria? a quem direi eu
tamanha verdade?
10 Vede esta mudança Na minha vontade,
se está bem perdida, de noite e de dia
em tão curta vida 30 sempre vos teria.
tão longa esperança! CAMÕES, Luís de, 1994. Rimas (texto estabelecido,
Se este bem se alcança, revisto e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão).
15 tudo sofreria, Coimbra: Almedina (p. 4)

quando vos veria.

4. O tema da ausência da mulher amada estrutura o poema.


Refere três dos sentimentos associados a essa ausência, fundamentando a tua resposta com
elementos textuais.

5. Interpreta o desejo expresso pelo sujeito poético na última estrofe, enquanto conclusão do poema.

6. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a cada


espaço.
Regista as letras – (a), (b) e (c) – e, para cada uma delas, o número que corresponde à opção
selecionada em cada um dos casos.
O poema reflete a influência da lírica tradicional sobre a poesia camoniana, uma vez que
corresponde a     (a)    .
Desenvolve-se em     (b)    , com a presença, em cada uma das estrofes, de rima
    (c)    .

(a) (b) (c)

1. um soneto 1. redondilha maior 1. emparelhada e interpolada


2. uma cantiga 2. redondilha menor 2. cruzada e emparelhada
3. um vilancete 3. decassílabos 3. interpolada e cruzada

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Parte C
Escreve uma breve exposição sobre um dos temas da lírica de Camões que tenham marcado
a tua experiência de leitura das Rimas.
A tua exposição deve incluir:
– uma introdução ao tema;
– um desenvolvimento no qual refiras dois aspetos que evidenciem o modo como o tema que
selecionaste é representado nos poemas camonianos, fundamentando cada um desses
aspetos em, pelo menos, um exemplo pertinente;
– uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

Grupo II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

Lê o texto.

Julgar a beleza
Percebemos a beleza em objetos concretos e em ideias abstratas, em obras da
Natureza e em obras de arte, em coisas, animais e pessoas, em objetos, qualidades e
ações. À medida que a lista se alarga – incluindo praticamente qualquer categoria
ontológica1 (há proposições belas e mundos belos, demonstrações belas, bem como belos
5 moluscos e, mesmo, belas doenças e belas mortes) –, torna-se óbvio que não estamos a
descrever uma propriedade como a forma, o tamanho ou a cor, isto é, uma propriedade
cuja presença no mundo físico seja, para qualquer pessoa que com este tenha contactado,
incontroversa. Para começar, como pode haver uma qualidade particular que seja
evidenciada por coisas tão díspares? […]
10 Há sobre a beleza uma ideia atraente que remonta a Platão e a Plotino, e que, por
diversas vias, se incorporou no pensamento teológico cristão. De acordo com esta ideia, a
beleza é um valor último – algo que procuramos por si mesmo e cuja procura não tem de
ser justificada por razão ulterior. […]
Muito do que é dito sobre a beleza e a sua importância nas nossas vidas ignora a
15 beleza mínima de uma rua despretensiosa, de um belo par de sapatos ou de um papel de
embrulho de bom gosto, como se estas coisas pertencessem a uma ordem diferente de
valor por comparação com uma igreja de Bramante 2 ou de um soneto de Shakespeare. No
entanto, estas belezas mínimas têm uma importância muito maior nas nossas vidas
quotidianas e estão presentes nas nossas decisões racionais de uma forma muito mais
20 intrincada do que as grandes obras, que (sendo nós afortunados) ocupam as nossas horas
de lazer. Elas são parte do contexto em que vivemos as nossas vidas e o nosso desejo de
harmonia, de ajustamento e de civilidade é por elas expresso e nelas obtém confirmação.
Para mais, as grandes obras de arquitetura dependem muitas vezes do contexto humilde
que é fornecido por estas belezas menores. A igreja de Longhena 3, no Grande Canal,
25

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perderia a sua presença altiva e invocatória se os edifícios modestos que se aninham na


sua sombra fossem substituídos por blocos de escritórios de betão armado, do género
daqueles que arruinaram o aspeto da Catedral de S. Paulo, em Londres. […]
O que emerge é que o juízo de beleza não é meramente uma declaração que indicia
preferência. Ele implica um ato de atenção e pode ser expresso de muitas maneiras. A
30 tentativa de mostrar o que, no objeto, é apropriado, ajustado, valoroso, atrativo ou
expressivo é menos importante do que o veredicto final. Por outras palavras, é mais
importante identificar o aspeto da coisa que reclama a nossa atenção.
SCRUTON, Roger, 2009. Beleza. Lisboa: Guerra & Paz (pp. 15-24)

1. ontológica: relativa à ontologia, ciência que estuda os seres considerados em geral; 2. Bramante: Donato Bramante, arquiteto italiano
renascentista; 3. Longhena: Baldassre Longhena, arquiteto italiano do século XVII, que projetou a Basílica de Santa Maria della Salute,
no Grande Canal de Veneza.

1. De acordo com a informação do primeiro parágrafo, a beleza distingue-se por ser uma qualidade
(A) inquestionável.
(B) observável apenas no mundo material.
(C) manifestada por realidades diversas e distintas.
(D) intrínseca aos seres vivos.

2. O uso de parênteses nas linhas 3 a 5 justifica-se pela introdução de


(A) uma conclusão.
(B) um comentário pessoal.
(C) uma explicação.
(D) uma exemplificação.

3. Ao utilizar a expressão «beleza mínima» (ll. 14-15), o autor pretende salientar


(A) a perfeição dos objetos pequenos.
(B) o encanto e a relevância de aspetos significativos do dia a dia.
(C) o grau ínfimo de beleza presente nas obras de arte.
(D) a insignificância de elementos que existem para destacar a magnificência de outros.

4. Todas as orações abaixo transcritas são adjetivas relativas, exceto a oração


(A) «que não estamos a descrever uma propriedade como a forma, o tamanho ou a cor […]» (ll. 5-6).
(B) «que (sendo nós afortunados) ocupam as nossas horas de lazer» (l. 20).
(C) «que se aninham na sua sombra» (l. 25).
(D) «que indicia preferência» (ll. 28-29).

5. Nas expressões «que remonta a Platão e a Plotino» (l. 10) e «que é fornecido por estas belezas
menores» (ll. 23-24), os pronomes relativos «que» desempenham as funções sintáticas de
(A) sujeito e de complemento direto, respetivamente.
(B) complemento direto e de sujeito, respetivamente.
(C) complemento direto, em ambos os casos.
(D) sujeito, em ambos os casos.

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6. Classifica a oração introduzida por «o que», na linha 30.

7. Identifica o antecedente dos pronomes pessoais presentes nas frases das linhas 20 a 22.

Grupo III
Faz a síntese do texto apresentado no Grupo II.
Redige um texto bem estruturado, de cem a cento e quinze palavras, de acordo com as marcas do
género da síntese.

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente do número de algarismos que o constituam (ex.: /2021/).
2. Um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial do texto produzido.

Cotações
Grupo Item
Cotação (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 104
I
16 16 16 16 16 8 16
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 56
II
8 8 8 8 8 8 8

III Item único 40


TOTAL 200

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Matriz do Teste 4 • Luís de Camões, Rimas

Estrutura e cotação Domínios Aprendizagens Essenciais

Parte A  Interpretar textos literários


portugueses produzidos entre
1. 16 pontos os séculos XII e XVI:
Luís de Camões, Rimas.
2. 16 pontos

3. 16 pontos Educação
Literária
Parte B
Grupo I
104 pontos 4. 16 pontos

5. 16 pontos

6. 8 pontos

Parte C  Escrever uma exposição


Escrita sobre um tema, respeitando
7. 16 pontos as marcas de género.

1. 8 pontos  Ler em suportes variados


textos de diferentes graus de
2. 8 pontos complexidade do género:
exposição sobre um tema.
3. 8 pontos
 Analisar com segurança
Leitura
4. 8 pontos frases simples e complexas:
Grupo II
– classificar orações;
56 pontos Gramática
5. 8 pontos – identificar funções
sintáticas.
6. 8 pontos
 Reconhecer a anáfora como
mecanismo de coesão e
7. 8 pontos
progressão do texto.

 Escrever uma síntese,


Grupo III
Item único 40 pontos Escrita respeitando as marcas de
40 pontos
género.

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Sugestões de resolução do Teste 4 («Erros meus, má fortuna, amor ardente»)


– A representação da amada:
Grupo I – Parte A ▪ o retrato idealizado da mulher amada: perfeição
1. As interrogações retóricas sugerem, através das física e espiritual
perguntas dirigidas à «Senhora», o espanto e o fascínio ▪ a representação à maneira petrarquista
do sujeito poético relativamente às suas características ▪ a mulher inacessível e causadora do sofrimento
físicas. A sua beleza e excecionalidade parecem do amante
remeter para uma origem divina ou habitualmente – A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor:
inacessível («escondida(s)», vv. 4 e 9) aos comuns ▪ o Amor como sentimento superior e inexplicável
mortais. ▪ o carácter paradoxal e os efeitos contraditórios
da experiência amorosa
2. Nas três primeiras estrofes, o sujeito poético compõe
▪ o conflito entre o amor espiritual e o amor
o retrato da mulher amada, que corresponde, de acordo
sensual/o desejo físico
com o primeiro verso, à personificação da «Beleza». As
– A representação da Natureza:
metáforas utilizadas, ao aproximarem os atributos
▪ o locus amoenus (cenário bucólico, idílico,
físicos da «Senhora» a elementos valiosos ou raros
verdejante, luminoso e exuberante)
(«ouro fino», v. 3, «luz Febeia», v. 5, «perlas preciosas»,
▪ a Natureza ligada à expressão sentimental do
v. 10), contribuem para intensificar a dimensão
sujeito poético: o espaço natural como cenário,
extraordinária desse retrato e valorizar a interlocutora/a
os elementos naturais como confidentes e a
amada.
Natureza como reflexo do estado anímico do
3. O último terceto, funcionando como chave de ouro do «eu»
soneto, encerra o discurso do «eu» com uma conclusão – O tema do desconcerto:
inesperada, já que, após a descrição da «Senhora», lhe ▪ o «desconcerto do mundo»: o desconcerto social
deixa uma advertência: tendo atingido tal beleza, ela e moral e a degradação de valores numa
deve evitar ver-se a si mesma, para que não sofra, sociedade em transformação
como Narciso, os efeitos encantatórios da sua própria ▪ o desconcerto individual, ligado à desilusão com
formosura e se limite a essa autocontemplação. a vida pessoal e ao destino impiedoso
– O tema da mudança:
Grupo I – Parte B ▪ a mudança associada à renovação cíclica da
4. Ao longo do vilancete, o sujeito poético manifesta os Natureza e à passagem inexorável do tempo
seus sentimentos decorrentes da ausência da mulher ▪ os efeitos da passagem do tempo (na Natureza,
amada. Assim, através da metonímia dos versos 1 e 24, na sociedade e na vida pessoal)
refere-se à amada através da menção à «saudade» que ▪ a mudança atuante nos domínios individual,
ela desperta e, no final da primeira volta (vv. 7-9), social e moral.
expressa a sua ansiedade por voltar a vê-la. Confessa
também manter uma «longa esperança» (v. 13) no Grupo II
reencontro, ainda que conjugada com a tristeza de estar 1. (C)
2. (D)
separado da amada e de, por isso, sentir a sua vida
como incompleta: «Este tempo vão, / esta vida escassa, 3. (B)
/ para todos passa, / só para mim não.» (vv. 3-6). 4. (A)
5. Na última estrofe, o «eu» enunciador revela o seu 5. (D)
desejo de ter permanentemente consigo a mulher
6. Oração subordinada substantiva relativa.
amada. Através do eufemismo (v. 30), apresenta de
forma subtil e suave a sua «vontade» de concretizar 7. «[estas] belezas mínimas» (l. 18).
fisicamente o seu amor.
Grupo III
6. a) 3; b) 2; c) 1.
Resposta pessoal. Proposta de síntese:
Grupo I – Parte C Roger Scruton reflete sobre a beleza, começando
7. Resposta pessoal. Temas possíveis e respetivos por salientar a sua presença numa grande diversidade
aspetos característicos: de realidades, físicas ou imateriais, o que evidencia as
– A reflexão sobre a vida pessoal: suas diferenças face a outras propriedades e a sua
▪ o percurso vivencial do «eu» determinado pela natureza subjetiva.
força de um destino implacável Historicamente, a beleza é entendida como um
▪ a existência marcada por experiências de pendor valor absoluto, que não carece de justificação, mas,
negativo através de exemplos do nosso quotidiano e de obras de
▪ o presente caracterizado por sentimentos arte arquitetónica, em Veneza e em Londres, o autor
disfóricos (desencanto, frustração, angústia, põe em destaque a sua essência relativa, sobretudo
sofrimento) motivados por causas diversas quando apreciada no seu contexto mais alargado.

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Assim, conclui que, na avaliação da beleza, temos em


conta mais do que apenas o objeto que é alvo da nossa
atenção.
(106 palavras)

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Grelha de correção do Teste 4 • Luís de Camões, Rimas


Grupo I
Grupo II Grupo III

Total II
Parte A Parte B Parte C

Total I
  1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

Total
1 2 3 4 5 6 7 ET C

Desscon-

III

TOTAL
C F T C F T C F T C F T C F T T C F T . . . . . . . D L

tos
N. 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
6 6 6 6 6 8 9 7 56 24 16 40
º 0 6 0 6 0 6 0 6 0 6 6 4 8 8 8 8 8 8 8
1  
2  
3  
4  
5  
6  
7  
8  
9  
1  
0
1  
1
1  
2
1  
3
1  
4
1  
5
1  
6
1  
7
1  
8
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