Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FACULDADE DE MEDICINA
UDP: MORFOFUNCIONAL 2
MÓDULO DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA
PROFESSORA DRA. LUCIANA ANSANELI NAVES
Referências:
Donangelo, Ines, Karina Une, and Mônica Gadelha. "Diagnóstico e tratamento da
acromegalia no Brasil." Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia 47
(2003): 331-346.
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
2
um precursor de 108 aminoácidos. O GHRH possui uma forma ativa de 44 aminoácidos,
sendo assim um hormônio peptídico.
A somatostatina, que inibe a secreção de GH e é produzida no núcleo periventricular
do hipotálamo, também é um hormônio peptídico. ela é derivada de um precursor de 116
aminoácidos e possui uma forma hipotalâmica ativa de 14 aminoácidos.
Por sua vez, o GH tem funções tanto no fígado quanto no metabolismo. Ele é produzido
na adenohipófise e é composto por 191 aminoácidos. Possui duas isoformas conhecidas: a
bioativa de 22 kDa e a inativa de 20 kDa. Dessa forma, o Gh faz parte da família
mamossomatotrófica, juntamente com a prolactina.
Por último, temos o IGF-1 (Insulin-like growth factor), um fator de crescimento,
produzido pelo fígado, que é responsável pelo crescimento linear do indivíduo. Como dito
em seu nome, possui uma estrutura muito similar à insulina e é transportado na circulação
pelas proteínas transportadoras IGFBPs.
Referências:
LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª
Edição, 2014. Ed. Artmed
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
1.3. Existem possíveis alterações bioquímicas nos hormônios envolvidos que possam
justificar os achados clínicos desse paciente?
De acordo com o quadro clínico do paciente, não é muito provável que os sintomas
sejam decorrentes de alterações bioquímicas na estrutura do hormônio, mas sim ocasionados
pela hipersecreção de GH devido a presença de um somatotropinoma.
Com certeza, não há uma alteração na estrutura bioquímica do GH e do IGF-1, visto
que, caso houvesse modificações conformacionais da disposição tridimensional desses
peptídeos, eles não seriam capazes de ativar os respectivos receptores e por tanto não haveria
resposta hormonal. Em resumo, fica claro que não há alterações na estrutura do GH e do
IGF-1 pois o paciente apresenta sintomas ocasionados pela ação desses hormônios.
Por outro lado, é possível pensar em alterações em outros hormônios do eixo que
poderiam ocasionar o quadro do paciente, mesmo que isso não seja uma etiologia esclarecida
para o gigantismo. Podemos citar uma mutação na estrutura molecular da somatostatina,
ocasionando uma mudança conformacional e consequente ineficiência em inibir a secreção
de GH. Considerando que a somatostatina, ao ligar-se em seu receptor, inibe a ação da
adenilil-ciclase, é possível que esse mecanismo não esteja ocorrendo de forma apropriada.
3
Dessa forma, com a ausência da função desse hormônio, podemos explicar a situação do
paciente, visto que há um aumento de GH e consequente aumento de IGF-1.
Além disso, também é possível que haja uma mutação na estrutura do GHRH, de forma
com que haja uma alteração conformacional que aumenta a afinidade do GHRH com o
receptor, ocasionando uma hipersecreção de GH.
Entretanto, ambas as hipóteses só devem ser consideradas após investigar com
precisão as hipóteses mais prováveis, como adenomas hipofisários secretores de GH.
Referências:
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
Fonte: (LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014.
Ed. Artmed)
4
Receptor de GH: trata-se de um receptor do tipo JAK-tirosina-kinase, que necessita
de um processo de dimerização de dois receptores para ligar-se efetivamente ao hormônio.
Após essa dimerização, são recrutadas proteínas do tipo JAK 2/ STAT 5a, que promovem a
ação hormonal.
Fonte: (Herrington, J, and C Carter-Su. “Signaling pathways activated by the growth hormone receptor.”
Trends in endocrinology and metabolism: TEM vol. 12,6 (2001): 252-7.)
Fonte: HIGASHI, Y., SUKHANOV, S., ANWAR, A., SHAI, SY. Aging, Atherosclerosis, and IGF-1. The
Journals of Gerontology Series A Biological Sciences and Medical Sciences, vol. 76, no. 6, Estados Unidos,
Abr. 2021
5
Referências:
LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª
Edição, 2014. Ed. Artmed
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
HIGASHI, Y., SUKHANOV, S., ANWAR, A., SHAI, SY. Aging, Atherosclerosis,
and IGF-1. The Journals of Gerontology Series A Biological Sciences and Medical
Sciences, vol. 76, no. 6, Estados Unidos, Abr. 2021.
Herrington, J, and C Carter-Su. “Signaling pathways activated by the growth hormone
receptor.” Trends in endocrinology and metabolism: TEM vol. 12,6 (2001)
A princípio não. Mas, para explicar, primeiramente será exposto quais são as formas
fisiológicas de retrocontrole: O IGF-1, produto alvo do eixo somatotrófico, é responsável
por fazer um feedback negativo e controlar a secreção de GH por meio do estímulo à
secreção de somatostatina e da inibição da transcrição gênica e secreção de GH na
adenohipófise. Além disso, níveis elevados de GH também podem regular o eixo pois ocorre
uma inibição da secreção de GHRH e do próprio GH.
Tendo isso em vista, conclui-se que o sistema de feedback funciona sim no paciente
em questão, entretanto, apenas a ação do feedback negativo não é suficiente para compensar
e diminuir os níveis de GH e IGF-1, tendo em vista a grande quantidade de hormônio que
está sendo produzida pelas células tumorais.
Isso que dizer que o IGF-1 e o GH são sim capazes de ativar a resposta celular que tem
como finalidade reduzir a secreção de GH, não havendo um problema estrutural no
retrocontrole desse eixo. Entretanto, mesmo com esse sistema funcionando, a quantidade de
GH produzida pelo somatotropinoma é tanta que não é possível controlar a secreção de GH.
Em resumo, o mecanismo em si está funcional, o problema não está nele, mas sim no tumor.
Referências:
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
6
1.6. O que você imagina como possibilidade de tratamento, baseado na sua hipótese
diagnóstica?
Referências:
Vilar, Lucio, et al. "Tratamento medicamentoso dos tumores hipofisários. Parte I:
Prolactinomas e adenomas secretores de GH." Arquivos Brasileiros de Endocrinologia
& Metabologia 44 (2000): 367-381.
Donangelo, Ines, Karina Une, and Mônica Gadelha. "Diagnóstico e tratamento da
acromegalia no Brasil." Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia 47
(2003): 331-346.
7
2. Caso clínico 2:
8
Referências:
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
Barreto, G. C., and L. P. Martins. "Hipotireoidismo: uma revisão sistemática."
Cadernos UniFOA 7.1 Esp (2012): 137.
Referências:
LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª
Edição, 2014. Ed. Artmed
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
VIEIRA, José Gilberto H. Macroprolactinemia. Arquivos Brasileiros de
Endocrinologia & Metabologia, v. 46, p. 45-50, 2002.
Fonte: KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P. Williams, Textbook
of Endocrinology, 13th edition
Referências:
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
GARDNER, D. G; SHOBACK, D. Endocrinologia Básica e Clínica de Greenspan.
9.ed. Editora McGraw-Hill (Lange), 2012)
10
2.4. Quais os receptores envolvidos no eixo de regulação tireotrófico?
Fonte: LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014.
Ed. Artmed
11
Figura 6 - sinalização de receptor acoplado à fosfolipase C nos compartimentos citoplasmático e nuclear:
12
Figura 7 - Ação do TSH na célula folicular e transporte de iodo:
13
Referências:
Fonte: KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P. Williams, Textbook
of Endocrinology, 13th edition.
14
Receptor de dopamina: A dopamina é produzida pelo hipotálamo e possui uma classe
de receptores (D1, D2, D3, D4 e D5), todos associados à proteína G, porém com diferentes
segundos mensageiros, podendo ser ativação adenilil-ciclase, inibição adenilil-ciclase ou
fosfolipase C, ou seja, os receptores podem ser acoplados à proteína Gs, Gq e Gi. A partir
da ligação da dopamina, temos a resposta celular, que no eixo lactotrófico é a inibição da
secreção da prolactina.
Fonte: Savica, Rodolfo, and Eduardo E. Benarroch. Dopamine receptor signaling in the forebrain: recent
insights and clinical implications.
Referências:
LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª
Edição, 2014. Ed. Artmed
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
GARDNER, D. G; SHOBACK, D. Endocrinologia Básica e Clínica de Greenspan.
9.ed. Editora McGraw-Hill (Lange), 2012)
Savica, Rodolfo, and Eduardo E. Benarroch. "Dopamine receptor signaling in the
forebrain: recent insights and clinical implications." Neurology 83.8 (2014): 758-767.
2.6. O que você imagina como hipótese diagnóstica e qual sua sugestão para o
tratamento?
15
da prolactina, pode-se dizer que se trata de uma macroprolactinemia, situação na qual as
isoformas bioinativas são produzidas em maior quantidade do que a molécula bioativa
(monomérica). Tendo isso em vista, não há necessidade de tratamento para o aumento da
prolactina, mas sim para o hipotireoidismo.
Primeiramente, é necessário descobrir qual é a etiologia do hipotireoidismo. Para isso,
deve-se solicitar uma dosagem de T4 livre (na maioria das vezes, não é necessário dosar
T3,visto que é comum que haja uma permanência dos níveis séricos normais mesmo com
hipotireoidismo), pois essa medida pode fornecer informações sobre o estado funcional da
tireóide, a fim de confirmar o hipotireoidismo primário. Também deve ser solicitado a
dosagem de iodo, visto que a deficiência desse nutriente também pode causar redução dos
hormônios tireoidianos, entretanto, essa não é uma causa comum no Brasil atualmente.
Havendo a confirmação do hipotireoidismo, o tratamento é feito com a reposição do
hormônio T4 por meio da levotiroxina, não havendo necessidade de repor T3, visto que
tecidos periféricos fazem a conversão do T4 em T3 .
Com a reposição hormonal, os níveis de TSH tendem a retornar ao normal em cerca
de 6 semanas, dessa forma, também haverá normalização dos níveis de prolactina.
Figura 11 - Estratégia para avaliação laboratorial de pacientes com suspeita de hipotireoidismo
Fonte: Kronenberg HM, Melmed S, Polonsky KS, Larsen PR. Williams - Tratado de
Endocrinologia 11 aed.pdf. 2016. p. 1462
16
Referências:
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
GARDNER, D. G; SHOBACK, D. Endocrinologia Básica e Clínica de Greenspan.
9.ed. Editora McGraw-Hill (Lange), 2012)
17
3. Caso clínico 3:
Referências:
Molina, Patricia E. Fisiologia endócrina. 4. ed. São Paulo: AMGH, 2014.
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
GARDNER, D. G; SHOBACK, D. Endocrinologia Básica e Clínica de Greenspan.
9.ed. Editora McGraw-Hill (Lange), 2012).
18
Sergio Augusto Nader Damasceno, Eduarda Pereira de Paiva Freitas, Janaína de
Moraes,Silva, Maria, T., Marco Orsini, & Victor Hugo do Vale Bastos. (2019).
Síndrome de Cushing:Revisão Integrativa. Revista De Saúde, 10(2), 76-81.
Referências:
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
GARDNER, D. G; SHOBACK, D. Endocrinologia Básica e Clínica de Greenspan.
9.ed. Editora McGraw-Hill (Lange), 2012).
19
efeitos: Aumento da gliconeogênese no fígado, por meio da ação em enzimas como a
glicose-6-fosfatase e fosfenolpiruvato cinase; Diminuição da captação e utilização de
glicose; Efeito permissivo sobre glucagon e catecolaminas; Efeito anti-insulina; Aumento
do colesterol total circulante e de triglicerídeos; Aumento da proteólise para a formação de
compostos como a glicose; Adipogênese, promovendo deposição de tecido adiposo visceral
e central, explicando o ganho ponderal do paciente; Redução da produção de colágeno na
pele, favorecendo o quadro de estrias do paciente; Inibição da função osteoblástica; Aumento
da pressão arterial por meio de vários mecanismos, como o aumento da sensibilidade a
angiotensina, redução da ação do óxido nítrico, além de retenção de água e sal; Diminuição
da secreção de hormônios do eixo gonadotrófico; Supressão da resposta imune; Ação anti-
inflamatória; Favorecimento de depressão e psicose.
Referências:
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
GARDNER, D. G; SHOBACK, D. Endocrinologia Básica e Clínica de Greenspan.
9.ed. Editora McGraw-Hill (Lange), 2012)
20
Figura 12 - Sinalização do CRH em células corticotróficas:
Fonte: Bonfiglio, Juan José, et al. "The corticotropin-releasing hormone network and the hypothalamic-
pituitary-adrenal axis: molecular and cellular mechanisms involved." Neuroendocrinology 94.1 (2011): 12-
20.
21
Figura 13 - Receptor de ACTH:
Fonte: Feher, Joseph J. Quantitative human physiology: an introduction. Academic press, 2017.
Fonte: Wu, Fei et al. “The emerging role of aldosterone/mineralocorticoid receptors in the pathogenesis of
erectile dysfunction.” Endocrine 61 (2018): 372-382.
22
Figura 15 - Ação anti-inflamatória dos glicocorticóides:
Fonte: KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P. Williams, Textbook
of Endocrinology, 13th edition.
Fonte: Wikipedia contributors. "Androgen receptor." Wikipedia, The Free Encyclopedia. Wikipedia, The
Free Encyclopedia, 20 Aug. 2021. Web. 8 Oct. 2021.
Referências:
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
GARDNER, D. G; SHOBACK, D. Endocrinologia Básica e Clínica de Greenspan.
9.ed. Editora McGraw-Hill (Lange), 2012)
Wikipedia contributors. "Androgen receptor." Wikipedia, The Free Encyclopedia.
Wikipedia, The Free Encyclopedia, 20 Aug. 2021. Web. 8 Oct. 2021.
Wu, Fei et al. “The emerging role of aldosterone/mineralocorticoid receptors in the
pathogenesis of erectile dysfunction.” Endocrine 61 (2018): 372-382.
23
Bonfiglio, Juan José, et al. "The corticotropin-releasing hormone network and the
hypothalamic-pituitary-adrenal axis: molecular and cellular mechanisms involved."
Neuroendocrinology 94.1 (2011): 12-20.
Feher, Joseph J. Quantitative human physiology: an introduction. Academic press,
2017
24
Figura 17 - Regulação normal da secreção de cortisol e aldosterona:
Fonte: KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P. Williams, Textbook
of Endocrinology, 13th edition.
Fonte: KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P. Williams, Textbook
of Endocrinology, 13th edition.)
25
Referências:
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
GARDNER, D. G; SHOBACK, D. Endocrinologia Básica e Clínica de Greenspan.
9.ed. Editora McGraw-Hill (Lange), 2012)
3.6. O que você imagina como hipótese diagnóstica e qual a sua sugestão para o
tratamento?
Para o paciente em questão, existem duas hipóteses diagnósticas em questão: Síndrome
de Cushing ou doença de Cushing.
A Síndrome de Cushing é caracterizada por um hipercortisolismo que pode possuir
múltiplas causas. Primeiramente, é necessário averiguar se o paciente em questão está
fazendo uso de algum glicocorticóide exógeno, visto que uma dosagem excessiva pode
produzir esses sintomas. Após desconsiderar fatores externos, é necessário procurar razões
endógenas para o aumento do cortisol.
Primeiramente, para descobrir a causa e estabelecer um tratamento efetivo, é preciso
saber se trata-se de um problema ACTH dependente ou independente. Isso quer dizer que
precisamos descobrir se o problema está na glândula adrenal, como em adenomas adrenais,
ou se está na secreção de ACTH e consequente estímulo da adrenal. No caso do paciente em
questão, o aumento de pelos mostra que a zona reticular também está sendo muito
estimulada, dessa forma, trata-se de um problema ACTH dependente.
Considerando um problema ACTH dependente, podemos pensar na doença de
Cushing, que é caracterizada por um hipercortisolismo causado por adenomas hipofisários
secretores de ACTH. Entretanto, em menor frequência, temos a secreção ectópica de ACTH
por tumores malignos localizados no pulmão, por exemplo. Entretanto, no caso do paciente
em questão, essa hipótese muito provavelmente não se aplica, pois apesar do estímulo do
cortisol, pacientes com neoplasias costumam apresentar perda ponderal, justamente pelo
caráter maligno do tumor. Além disso, os sintomas do paciente são de longa data e tumores
malignos possuem uma evolução mais rápida.
Considerando as informações acima, é mais provável que se trate de um tumor secretor
de ACTH (doença de Cushing). Para confirmar o diagnóstico, primeiramente deve-se
confirmar o hipercortisolismo, o que pode ser feito por um teste com supressão por
dexametasona. Após isso, é preciso testar os níveis de ACTH, caso ele esteja elevado,
confirma-se a hipótese do hipercortisolismo ACTH - dependente. Após isso, é importante
desconfiar da provável doença de cushing e fazer exames de imagem da hipófise e, se
necessários, exames de imagem para busca de tumores de tecidos difusos.
26
Para o tratamento, a melhor solução é o tratamento cirúrgico, com a remoção do tumor,
tentando manter o máximo possível da hipófise. Após a cirurgia, é importante fazer uma
suplementação desses glicocorticóides para evitar problemas relacionados a uma redução
abrupta desse hormônio.
Referências:
Molina, Patricia E. Fisiologia endócrina. 4. ed. São Paulo: AMGH, 2014.
KRONENBERG, M. H., MELMED, S., POLONSKY, S. K., LARSEN, R. P.
Williams, Textbook of Endocrinology, 13th edition.
GARDNER, D. G; SHOBACK, D. Endocrinologia Básica e Clínica de Greenspan.
9.ed. Editora McGraw-Hill (Lange), 2012).
Sergio Augusto Nader Damasceno, Eduarda Pereira de Paiva Freitas, Janaína de
Moraes,Silva, Maria, T., Marco Orsini, & Victor Hugo do Vale
27
Índice de figuras utilizadas no texto
Figura 1 - Mecanismo de transdução de sinal do receptor associado à proteína Gq: ............ 4
Figura 2 - Sinalização do receptor de hormônio do crescimento: ......................................... 5
Figura 3 - Sinalização do receptor de IGF-1: ........................................................................ 5
Figura 4 -Regulação do eixo hipotálamo-hipófise-prolactina: ............................................ 10
Figura 5 - Mecanismo de transdução de sinal do receptor associado à proteína Gq: .......... 11
Figura 6 - sinalização de receptor acoplado à fosfolipase C nos compartimentos
citoplasmático e nuclear: ..................................................................................................... 12
Figura 7 - Ação do TSH na célula folicular e transporte de iodo: ....................................... 13
Figura 8 - Ativação celular pelos hormônios tireoidianos................................................... 13
Figura 9 - Dimerização ligante dependente e independente do receptor de prolactina: ...... 14
Figura 10 - Sinalização do receptor de dopamina: .............................................................. 15
Figura 11 - Estratégia para avaliação laboratorial de pacientes com suspeita de
hipotireoidismo .................................................................................................................... 16
Figura 12 - Sinalização do CRH em células corticotróficas:............................................... 21
Figura 13 - Receptor de ACTH: .......................................................................................... 22
Figura 14 - Sinalização do transporte de sódio por meio do receptor aldosterona-
mineralocorticóide: .............................................................................................................. 22
Figura 15 - Ação anti-inflamatória dos glicocorticóides: .................................................... 23
Figura 16 - Receptor andrógeno .......................................................................................... 23
Figura 17 - Regulação normal da secreção de cortisol e aldosterona: ................................. 25
Figura 18 - Esteroidogênese adrenal: .................................................................................. 25
28