Você está na página 1de 3

FACULDADE SERRA DOURADA LORENA

ALUNA: Alexsandra Cristine de Souza Fortunato


1°Período de FARMÁCIA
RA: 8-0015345

Se Otto von Bismarck queria um sistema previdenciário que,


amparando os trabalhadores e suas famílias, protegesse os
capitalistas de si mesmos, obrigando-os a compreender o que são
seus próprios interesses de classe, os britânicos, liderados pelo Lord
Dawson de Penn, foram ainda mais longe. Em maio de 1920, veio a
público o Dawson Report , um documento que havia sido
encomendado um ano antes a Dawson de Penn por Christopher
Addison, ministro da saúde britânico. A proposta partia do seguro
social proposto por Bismarck na Alemanha do século XIX, mas ia
muito além, pois detalha as características do que deveria ser e
como deveria funcionar um sistema de saúde.
Essas unidades de saúde são a base do sistema e se conectam com
hospitais para o terceiro nível de atenção, por meio de referência e
contrarreferência. A eclosão da Segunda Guerra Mundial
interrompeu aquele processo, mas, tão logo a guerra acabou, a Grã-
Bretanha instituiu o seu Serviço Nacional de Saúde, o NHS, em 1948.
Isto era apenas uma parte de um conjunto mais amplo e integrado de
ações de proteção social que seria caracterizado como Welfare
State e que, no entender de Beveridge, estava orientado ao
enfrentamento e superação dos cinco grandes males que afligem as
sociedades: a escassez, a doença, a ignorância, a miséria e o
desemprego. Ainda nos dias atuais, apesar das crescentes
dificuldades que o sistema enfrenta para preservar suas
características originais, obrigando os movimentos sociais e os
próprios trabalhadores da saúde a defenderem o NHS em atos
públicos, o NHS, por sua história e os serviços que presta à
sociedade, desfruta de enorme prestígio e reconhecimento social.
De repente, aparece diante de nós, em uma grande festa nacional e
mundial, o National Health Service como um personagem principal.
Nenhum direito é mais universal do que esse. Enquanto, nos outros,
podemos justificar alguma desigualdade, nada justifica a
desigualdade no caso da saúde. A proposta de um sistema universal
de saúde contida no Plano Beveridge animou pessoas e países a
tomarem esse rumo. Todos queriam um estado de proteção social. A
disposição de assegurar direitos não bastava. Não havia qualquer
dúvida quanto às intenções desses governos em assegurar a todos o
acesso aos cuidados de saúde. Cuba, que dispunha de apenas 6 mil
médicos para 7 milhões de habitantes em 1959, viu metade desses
profissionais saírem do país após a vitória da revolução. Alma-Ata, no
extremo sul do país, ainda era a capital da república socialista
soviética do Cazaquistão quando sediou, em 1978, a Primeira
Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde,
realizada pela Organização Mundial da Saúde em conjunto com o
Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF. Buscava-se,
também, diminuir as desigualdades nos níveis de saúde, entre os
países e dentro deles.
Partia-se, portanto, do reconhecimento de que o padrão da oferta de
cuidados que caracterizava o NHS não era possível, naquele
contexto histórico, à maioria dos países, embora o princípio de
equidade e acesso universal que caracterizava o sistema britânico
fosse um objetivo a ser perseguido em qualquer situação. A
Declaração de Alma-Ata possibilitou também que a atenção primária
à saúde fosse compreendida para muito além do mero nível de
atenção a que o Relatório Dawson, de algum modo, a confinava.
Entre nós, a estratégia de APS teria de ser ajustada ao que o país
vinha desenvolvendo. As intervenções de saúde pública realizadas
no Brasil desde meados do século XIX, aprimoradas e desenvolvidas
no século XX com as experiências lideradas, entre outros, por
Oswaldo Cruz, Geraldo de Paula Souza, Carlos Chagas, Clementino
Fraga, Belisário Penna, Vital Brazil, Adolpho Lutz, Mário Magalhães
da Silveira, Samuel Pessoa, Noel Nutels e com a criação do Serviço
Especial de Saúde Pública no contexto da Segunda Guerra Mundial
possibilitaram formar especialistas e técnicos que colocaram suas
experiências a serviço do desenvolvimento institucional do Ministério
da Saúde, criado em 1953. Mas a ruptura institucional de março de
1964 impactou fortemente e negativamente, os rumos do sistema de
saúde brasileiro. Houve uma importante fragilização do Ministério da
Saúde, cuja atuação ficou limitada ao controle de epidemias e
endemias por meio de vacinação e educação sanitária.
Esta política registrou uma forte crise de financiamento nos anos
1970 e foi se formando um consenso quanto à inviabilidade da
expansão da cobertura da assistência médico-hospitalar nos moldes
em que vinha sendo realizada. Não se vislumbrava, no modelo
vigente, qualquer perspectiva sustentável de universalização do
acesso. A crise levou à reorientação da medicina previdenciária, e
ganharam repercussão e apoio às propostas que buscavam a
aproximação e a integração dos recursos da previdência e da saúde
pública investidos na saúde da população.
E rejeitou as concepções de APS como uma espécie de atenção
primitiva, de segunda ou terceira classe, para os pobres das zonas
urbanas e as populações rurais. Incumbido da palestra sobre o tema
central da 7 CNS, Carlyle Guerra de Macedo conceituou o que no
Brasil se vinha considerando «serviços básicos de saúde» e propôs
que o país criasse um «programa de serviços básicos» que
incluísse, parcialmente, o «atendimento terciário». O Sistema
Nacional de Saúde, que fora criado em 1975 pela lei 6.229, constituía
a base institucional que viabiliza o PREV-SAÚDE. Foi «um
natimorto», escreveu Carlos Gentile de Mello.

Você também pode gostar