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Podcast
Disciplina: Bases morfológicas e funcionais do sistema
nervoso
Título do tema: Estruturas cerebrais e funções cognitivas
Autoria: Marisa Martin Crivelaro Romão
Leitura crítica: Cristiano da Rosa

Abertura:

Olá, ouvinte! Hoje no Podcast vou falar sobre um tratamento famoso na época
em que foi criado, mas que hoje com o avanço da medicina e as descobertas
sobre o funcionamento cerebral entrou em desuso.

Na década de cinquenta doenças psiquiátricas como a ansiedade e a


depressão eram muito difíceis de serem tratados, com pouco avanço
medicamentoso e acompanhamento psicológico. O tratamento mais comum
com o objetivo de acalmar o paciente era a lobotomia.

E você? Já ouviu falar neste tratamento psiquiátrico?

O cérebro é dividido em seis lobos, o lobo parietal, occipital, frontal, temporal,


lobo insular e lobo límbico e a lobotomia consiste em um procedimento
cirúrgico de retirada do lobo, podendo ser total ou parcial.

A técnica foi tão respeitada que o médico português que a criou, chamado
Egas Moniz, recebeu em 1949 o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina pela
descoberta de um procedimento terapêutico em pacientes psiquiátricos.

A lobotomia foi utilizada em pacientes internados nos hospitais psiquiátricos,


entre 1936 e 1956, totalizando neste período cerca de mil pacientes, alguns
com o objetivo de melhorar o comportamento e outros como cobaia para o
aprimoramento da técnica uma vez que experiências com animais não era
comum. Algumas crianças também chegaram a passar pela intervenção de
lobotomia.

Era uma cirurgia muito invasiva realizada sem nenhum consenso técnico sobre
a intervenção e sem qualquer certeza sobre sua eficácia no tratamento das
doenças mentais. Somente após cerca de vinte anos de uso, percebeu-se
acompanhando estes pacientes que grande parte daqueles que eram
submetidos a esta cirurgia tinham que lidar com sequelas significativas ao
longo da vida ou mesmo entrava em estado vegetativo logo após o
procedimento. Complicações como inflamação das meninges, infecções,
hemiplegia e paraplegia se uma área motora era atingida e hemorragias
cranianas eram comuns. Na época estes resultados negativos eram
considerados apenas um “efeito colateral” do tratamento.

Atualmente, a lobotomia entrou em desuso, pois já se sabe que as áreas


cerebrais e as suas funções cognitivas associadas atuam de modo interligado
e, que a retirada de uma parte do cérebro pode afetar a cognição relacionada a
ela.

O avanço no campo dos psicofármacos também ajudaram no abandono da


técnica de lobotomia, pois se mostravam eficazes no tratamento ao mesmo
tempo que ofereciam menos riscos em hospitais psiquiátricos.

O seu uso se limitou muito e hoje é recomendada praticamente em último caso


para a retirada de um tumor cerebral ou controle da epilepsia, por exemplo,
quando o tratamento convencional não atinge o resultado esperado. Neste
último, é realizada a retirada do foco epiléptico localizado, ou seja, a região do
cérebro responsável pelas descargas neuronais, a convulsão.

Em alguns lugares ela ainda é usada, como na América do norte, porém


recebe o nome de cingulotomia e há intervenção apenas em uma parte do
tecido nervoso causador dos sintomas, mais comumente indicado para o
tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo grave.

Fechamento:

Este foi nosso podcast de hoje! Até a próxima!

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