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A Zona de Desenvolvimento Proximal segundo Vygot

No artigo sobre processos mentais superiores, vimos que os processos interpessoais são


internalizados pelo sujeito e transformam-se em processos intrapessoais. Para que a internalização
aconteça de maneira efetiva, é necessário considerar a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) do
indivíduo em questão. No entanto, o que é a ZDP e de que maneira ela influencia os processos de
aprendizagem e desenvolvimento das pessoas?

Zona de Desenvolvimento Proximal


A Zona de Desenvolvimento Proximal, conhecida também como ZDP, pensada por Vygotsky,
estabelece níveis de conhecimento. Ou seja, os conhecimentos do sujeito são divididos em duas
zonas, levando em consideração o que o indivíduo faz sozinho ou com auxílio.
O primeiro nível, chamado de zona de desenvolvimento real, refere-se aquilo que o sujeito realiza
de maneira independente. Todo saber que permite a realização de uma tarefa sem que haja mediação
está contido no nível de conhecimento real.
Já a zona de desenvolvimento potencial refere-se aquilo que o sujeito é capaz de realizar com
auxílio. Todo saber que permite a realização de uma tarefa, desde que haja mediação, está contido no
nível de conhecimento potencial.
Conforme a pessoa aprende e desenvolve-se, os saberes potenciais vão sendo internalizados e passam
a fazer parte do nível de conhecimento real. Essa progressão também permite que conhecimentos que
antes não eram compreendidos, mesmo com mediação, passem a ser passíveis de realização desde
que haja auxílio, logo tornam-se conhecimentos potenciais.
Mas e a zona de desenvolvimento proximal? Esta refere-se ao espaço que há entre os saberes reais
e potenciais. É na ZDP que ocorre a mediação, permitindo a internalização dos conhecimentos e a
progressão descrita anteriormente. No esquema abaixo podemos ver a representação da ZDP e de
seus níveis de conhecimento.
Veremos então como a mediação deve ser realizada para que haja a internalização dos
conhecimentos potenciais para que estes sejam transformados em conhecimentos reais.

A mediação
Como temos visto, para Vygotsky, a relação do sujeito com o mundo externo é mediada por
instrumentos. No primeiro artigo da série, vimos inclusive que a linguagem é um desses instrumentos
mediadores. Sendo assim, todo o processo de aprendizagem e desenvolvimento pressupõe a
mediação. Sem esta, não é possível aos conhecimentos potenciais transformarem-se em reais.
Os estudos de Vygotsky mostraram que os mediadores são diversos, não necessariamente sendo uma
pessoa, mas também objetos. No entanto, tratando-se do processo educacional, é imprescindível uma
mediação consciente, orientada e planejada – para isso, é preciso que essa mediação seja realizada
por pessoas competentes.
Porém não se engane, ao falar pessoas competentes não me refiro apenas àquelas que possuem
diplomas e certificados na área da educação e psicologia, mas a todas que possuem o objeto de
estudo em seu nível de conhecimento real. Vejamos um exemplo para entender melhor.
Uma criança na fase de alfabetização está aprendendo as vogais e possui certa dificuldade para
identificá-las. Apenas a professora responsável pode auxiliá-lo a superar essa dificuldade? Não! Uma
outra criança, ainda que da mesma idade e turma, que já reconhece com facilidade as cinco vogais,
pode mediar a relação de seu colega com essas letras, pois para ela isso já faz parte de seu nível de
conhecimento real.
A mediação não é restrita a objetos e pessoas graduadas, mas é realizável por qualquer pessoa e isso
deve ser considerado ao pensar a prática pedagógica e todo o processo educacional. Então como um
professor ou uma professora devem desenvolver seu trabalho pedagógico levando em consideração a
ZDP e a mediação? Veremos no nosso próximo artigo!

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