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Universidade Licungo

Faculdade de Ciências e Tecnológica


Dondo

Temas!
Conteúdos de ensino
Concepção dos objectivos de ensino

Estudantes:
Alberto Francisco Sebastião Nhamunda
António André Lucas
André Jordão Vilanculos
Docente:
Dr. Bernardino Manuel

Dondo
2023
.

Índice
Introdução...................................................................................................................................................3
Objectivos:..................................................................................................................................................5
Geral:...........................................................................................................................................................5
Específico:...................................................................................................................................................5
Definição teórica.........................................................................................................................................5
Conteúdo de ensino.....................................................................................................................................5
MODELO DOS OBJETIVOS...................................................................................................................10
MODELO DOS CONTEÚDOS................................................................................................................11
Passos para selecção dos conteúdos...........................................................................................................16
Consepção dos objectivos de ensino..........................................................................................................18
Objetivos gerais.........................................................................................................................................18
Objetivos específicos.................................................................................................................................19
Objetivos cognitivos..................................................................................................................................19
Objetivos afetivos......................................................................................................................................19
Objetivos psicomotores.............................................................................................................................19
Objetivos de aprendizagem ao longo da vida............................................................................................19
Conceito de objectivos de ensino-aprendizagem.......................................................................................20
Importância dos objectivos de ensino-aprendizagem.................................................................................20
Objectivos Gerais......................................................................................................................................21
Objectivos específicos...............................................................................................................................22
Objectivos da área cognitiva......................................................................................................................23
Objectivos da área afectiva........................................................................................................................23
Objectivos da área psicomotora.................................................................................................................24
Autores contribuíram para o desenvolvimento do tema dos objetivos do ensino ao longo do tempo........24
Taxonomia de Bloom................................................................................................................................25
Objetivos SMART.....................................................................................................................................25
Modelo Tyleriano......................................................................................................................................25
Abordagem Construtivista.........................................................................................................................26
Abordagem Humanista..............................................................................................................................26
Construção de Mapas Conceituais.............................................................................................................26
Conclusão..................................................................................................................................................27
Introdução

Este Trabalho de pesquisa dá uma visão geral de como o tema, conteúdo de ensino e selecção de
Conteúdos é tratado entre os professores, faz uma abordagem teórica sobre conteúdos de ensino com base
em diversos autores, apresenta propostas para seleccionar conteúdos incluindo o enfoque Histórico-
Cultural e apresenta recomendações para que os professores seleccionem conteúdos de forma científica,
contribuindo para formar o perfil do futuro profissional.
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Objectivos:

Geral:
Falar sobre os conteúdos de ensino e os seus objectivos.

Específico:
Dialogar o tema, e sendo assim, os seus objectivos histórias e sua evolução.

Definição teórica

Conteúdo de ensino
O conteúdo de ensino pode variar dependendo do nível educacional, da disciplina acadêmica e
dos objetivos educacionais estabelecidos. Algumas áreas comuns de conteúdo incluem:

Ciências: Matérias como biologia, química, física e geologia que tratam do estudo dos seres
vivos, das substâncias, da matéria e dos fenômenos naturais.

Matemática: Inclui conceitos como álgebra, geometria, cálculo, estatística, entre outros, que
abrangem as estruturas e relações quantitativas.

Línguas e Literatura: Envolve o estudo da gramática, vocabulário, literatura e comunicação oral


e escrita em várias línguas.

Ciências Sociais: Inclui disciplinas como história, geografia, sociologia e economia, que
abordam a compreensão das sociedades humanas, culturas e relações sociaisArtes: Abrange
disciplinas como música, artes visuais, teatro e dança, promovendo a expressão criativa e a
apreciação estética.

Educação Física: Enfatiza o desenvolvimento físico e habilidades motoras dos alunos, bem como
a importância da prática esportiva e do exercício físico.

Tecnologia e Informática: Explora temas relacionados à informática, programação, tecnologias


da informação e comunicação.O conteúdo de ensino é selecionado com base em critérios
pedagógicos e curriculares, levando em consideração os objetivos educacionais e as
competências que se espera que os alunos desenvolvam. Além disso, é importante que o
conteúdo seja atualizado e relevante para atender às necessidades e desafios da sociedade
contemporânea.(OJALVO, Victoria Mitrany et al. 2001)
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Os educadores desempenham um papel fundamental na seleção e apresentação do conteúdo de


ensino, tornando-o acessível, interessante e significativo para os alunos, a fim de promover uma
aprendizagem eficaz e duradoura.(Lebaneo 1994)

A escola tem que estar trabalhando com o aluno o que acontece à sua volta, preparando-o para
uma leitura científica dos acontecimentos. O ensino conteudista, bancário já não atende as
necessidades e interesses dos alunos que vivem num meio altamente tecnologizado
(NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. 2001)

A concepção de uma escola voltada para a construção de uma cidadania consciente e ativa,
oferecendo aos alunos as bases culturais que lhes permitam identificar e posicionar-se frente às
transformações em curso e incorporar-se na vida produtiva e sócio-política torna-se cada vez
mais necessária. Reforça-se, também, a concepção de professor como profissional do ensino que
tem como principal tarefa cuidar da aprendizagem dos alunos, respeitando sua diversidade
pessoal, social e cultural e ligando os saberes teóricos à prática (TALÍZINA, Nina F.1984)

É comum ouvir professores comentando que sua matéria tem muito conteúdo para ser
trabalhado, que o tempo disponível não é suficiente para se trabalhar todo esse conteúdo, que os
alunos não são capazes de assimilar tudo que é trabalhado na disciplina e que não sabem o que
fazer para adequar o tempo disponível ao conteúdo determinado(TALÍZINA, Nina F.1984)

Conteúdo significa o conjunto de conhecimentos, habilidades, formas de comportamento e


hábitos de estudo relacionados aos objetivos e organizados pedagógica e didaticamente, visando
sua aplicação.

Esses conteúdos podem ser específicos, correspondendo a conceitos, leis, teorias, axiomas,
procedimentos, métodos e técnicas específicas de uma área do conhecimento; e não específicos,
abrangendo:

- habilidades, que são procedimentos lógicos, heurísticos, algoritmos;

- formas de comportamento, incluindo atitudes e valores; e

- hábitos de estudo, levando à busca e processamento de informações, organização e controle


da atividade de estudo, autopreparação.

Os conteúdos, dentro do processo ensino-aprendizagem, têm sido objeto de estudos por parte de
vários autores e, às vezes, até se encontram posições antagônicas sobre o seu papel nesse
processo.

Nogueira (2001,p.19) chama os professores de “conteudistas” por se preocuparem com o


cumprimento integral dos conteúdos selecionados para um determinado ano letivo em
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detrimento, até, do processo de aprendizagem. O conteúdo passa a ser o mais importante e a ele
se submetem professor e alunos.

Esse autor fundamentando-se na Ley de Ordenacion general del sistema educativo - da Espanha
– LOGSE e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino classifica os conteúdos em três
categorias: conceitual, procedimental e atitudinal.

Conteúdo conceitual é o conhecimento que o professor detém e transmite de forma teórica ao


aluno. Não se discute este tipo de conteúdo mas, sim, o fato de se ficar apenas nessa categoria
tratando-o como fim e não como meio, não o relacionando com o dia-a-dia do aluno, não o
tornando significativo.

Conteúdo procedimental é citado nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN-como


procedimentos que expressam um saber fazer, que envolvem tomar decisões e realizar uma série
de ações, de forma ordenada e não aleatória, para atingir uma meta. Os conteúdos
procedimentais sempre estão presentes nos projetos de ensino pois realizar uma pesquisa,
desenvolver um experimento, fazer um resumo, construir uma maquete são proposições de ações
presentes nas salas de aula. (PCN Apud Nogueira, 2001,p.20)

Os procedimentos devem se constituir em um objeto no processo de ensino-aprendizagem e


complementar a informação teórica, ou seja, o conteúdo conceitual.

Conteúdo atitudinal é formado pelas normas e valores que, através da função socializadora e
mediadora da escola, possibilitam ao aluno diferentes leituras e interpretações do mundo em que
vive.

Libâneo ( 1994, p.127) faz uma abordagem ampla sobre o tema ressaltando sua relevância não só
na vida escolar mas, também, na formação de uma sociedade justa. Critica a forma estática e sem
significado vital para o aluno como muitas vezes os conteúdos são trabalhados, aspecto apenas
conceitual, não valorizando a capacidade e habilidade do aluno para adquirir conhecimentos,
aspecto procedimental e separados das condições sócio-culturais e individuais do aluno, aspecto
atitudinal.

Afirma que o ensino dos conteúdos é um processo dinâmico, uma ação recíproca entre matéria,
ensino e estudo dos alunos. Os conteúdos devem ser significativos, isto é, interessantes,
expressivos, incluir elementos da vida dos alunos para serem assimilados de forma ativa e
consciente. O domínio de conhecimentos, conteúdos conceituais e das habilidades, conteúdos
procedimentais, visa ao desenvolvimento das funções intelectuais como o pensamento
independente e criativo.

Libâneo define conteúdo de forma abrangente incluindo não só conhecimentos mas habilidades,
hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social visando sempre sua aplicação na vida
prática dos alunos. Conteúdo, para ele, engloba conceitos, idéias, fatos, processos, princípios, leis
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científicas, regras, habilidades cognoscitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e


aplicação, hábitos de estudo, de trabalho e de convivência social, valores, convicções, atitudes.

A palavra conteúdo, na tradição das instituições escolares, significa elementos de disciplina,


matérias, informações diversas, os resumos da cultura acadêmica, reflete a visão dos que
decidem o que ensinar e dos que ensinam, o que se pretende transmitir e o que deve ser
assimilado. Essa concepção é diversa dos resultados dos conteúdos não específicos que o aluno
obtém.

A ampliação da escolaridade alargou a concepção de conteúdos do currículo, englobando as


finalidades da escolaridade e as aprendizagens que os alunos obtém da escolarização. Conteúdos
passam a ser “todas as aprendizagens que os alunos devem alcançar para progredir nas direções
que marcam os fins da educação numa etapa da escolarização, em qualquer área ou fora delas, e
para tal é necessário estimular comportamentos, adquirir valores, atitudes e habilidades de
pensamento, além de conhecimentos”. (Sacristán, 1998, p. 150).

No texto “ El desarrollo y la educacion en America Latina: desafios y esperanzas” a Doutora


Gonzalez (2001) do CEPES, comenta que atualmente o conteúdo do ensino está voltado para a
assimilação de conhecimentos, habilidades e hábitos e não para o desenvolvimento da
personalidade e das potencialidades do aluno. Esse costume traz como conseqüência a saturação
das matérias escolares, a perda do caráter integral e sistemático do conteúdo, sua conversão em
informações abstratas e distanciadas da realidade, sobrecarga de conteúdos, perda de interesse do
aluno e diminuição da qualidade dos egressados. Segundo Gonzalez “para o ensino que requerem
os países de nosso continente é mais viável a via da intensificação do conteúdo, possível de
conseguir se se emprega o enfoque baseado no contexto da atividade”. Esse enfoque se orienta,
não só para o domínio dos conteúdos como, também, aos procedimentos de sua utilização,
relacionando-os com modelos e ações de pensamento que lhe servem de base e desenvolvendo o
potencial criativo de cada aluno. Permite, ainda, superar a passividade do aluno e o caráter
abstrato de conteúdos desligados da realidade e da atividade.

As várias teorias da educação assumem posições diferentes sobre a questão dos conteúdos
escolares. A Escola Tradicional enfatiza a transmissão de conhecimento sistematizado e
organizado como verdades sobre a sociedade e o indivíduo. A cultura acumulada pela
humanidade deve ser aprendida.

A Pedagogia Libertadora de Paulo Freire propõe o conteúdo programático a partir da


investigação interdisciplinar e de um mínimo de conhecimentos da realidade; os conteúdos não
devem ser impostos aos estudantes mas partir de suas experiências e necessidades. Freire
considera a prática educativa como uma totalidade e por isso não separa conteúdo de método,
professor de aluno, dizendo que o professor progressista se preocupa com a totalidade da prática
educativa procurando descobrir os momentos parciais que compõem essa totalidade.
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Na teoria construtivista os conteúdos selecionados por especialistas não são muito valorizados
uma vez que é o aluno que determina o que tem sentido no contexto em que está operando e que
problemas são importantes para ele.

Para a teoria do enfoque histórico-cultural o ensino e a educação são formas universais e


necessárias do processo de desenvolvimento psíquico e da apropriação, pelo homem, da cultura e
da experiência histórico-social da humanidade. O ensino não tem um conteúdo estável mas
variável, uma vez que é determinado historicamente e o desenvolvimento psíquico da criança
também tem um caráter histórico-concreto de acordo com o nível de desenvolvimento da
sociedade e das condições da educação (BARREIRA, Aníbal eMOREIRA, Mende 2004)

Nogueira apresenta algumas questões que ajudam o professor a selecionar conteúdos tornando-os
exeqüíveis, significativos, contextualizados e dotando-os de uma roupagem didática:

- para que é importante esse tópico?

- Qual é a relação dessa unidade com as anteriores e com as próximas ?

- Como contextualizar esse conteúdo no cotidiano de meu aluno?

- Como posso trabalhar essa unidade de forma procedimental e atitudinal ?

- O que aconteceria para o aluno se eu não ministrasse essa unidade ?

A essas questões pode-se acrescentar outras:

- O que pretendo atingir trabalhando esse conteúdo?

- Que habilidades e atitudes pretendo formar em meus alunos trabalhando esse conteúdo?

-Que valores posso ajudá-los a desenvolver estudando esse conteúdo?

Uma reflexão sobre essas perguntas leva o professor a repensar a forma como tem selecionado os
conteúdos e a importância deles para o aluno, para sua formação como cidadão e como
profissional. Um conteúdo que não é trabalhado procedimentalmente e atitudinalmente, que não
tem significado para a vida do aluno deve ser questionado quanto a sua relevância e, talvez, nem
sequer fazer parte do Plano do professor.

O professor, ao selecionar os conteúdos, torna-se o mediador que vai possibilitar ao aluno


apropriar-se do patrimônio cultural e científico da sociedade.

O princípio básico para selecionar o conteúdo são os conhecimentos e modos de ação que
surgem da prática social e histórica dos homens revelando um vínculo entre o aluno, sujeito do
conhecimento, e sua prática social de vida.
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Para se selecionar um conteúdo é necessário considerar a herança cultural, a experiência da


prática social e do contexto em que o aluno vive e a perspectiva de futuro, tendo em vista a
construção de uma sociedade humanizada.

Como a herança cultural é rica e complexa cabe à escola selecionar o que deve ser objeto de
estudo, isto é, o conteúdo a ser trabalhado pelo aluno. Este conteúdo, segundo Libâneo, é
composto por quatro elementos:

- conhecimentos sistematizados; habilidades; atitudes; e convicções.

É interessante notar que Libâneo ressalta muito o caráter social dos conteúdos e a participação
na prática social, o que vai exigir do aluno o domínio de conhecimentos básicos e habilidades
intelectuais e, do professor, uma seleção de assuntos vivos e significativos e a consideração das
condições de rendimento escolar dos alunos.

O enfoque histórico cultural concebe a relação ou correspondência entre objetivos e conteúdos


como um movimento dialético através do qual os conteúdos se ajustam aos objetivos ou estes
àqueles, como no esquema a seguir:

MODELO DOS OBJETIVOS


Componentes do objetivo:

- ação;

- objeto sobre o qual recai a ação(conhecimento);

- condições de realização da ação;

- indicador de qualidade;

MODELO DOS CONTEÚDOS

Conteúdo específico Conteúdo não específico

- conceitos - habilidades

- leis - valores
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- teorias - habilidades de estudo

- procedimentos específicos

Ao selecionar o conteúdo deve-se considerar sua relevância para o exercício profissional


privilegiando a pessoa e o cidadão.

A Doutora Hermínia Hernández Fernández (2001 a) considera que os conteúdos devem agrupar
três tipos de atividades no processo docente que são a atividade acadêmica, a atividade
trabalhista e a atividade de pesquisa.

A atividade acadêmica desenvolve os conteúdos necessários para treinar o estudante na resolução


de problemas profissionais e os conteúdos que possibilitarão ao aluno adquirir métodos de
pesquisa. Nesta atividade os conteúdos vão se relacionar diretamente com o exercício
profissional, proporcionar métodos, procedimentos e meios que serão utilizados na profissão
escolhida pelo aluno e garantir a formação básica para assimilar os conteúdos anteriores. Essa
atividade acadêmica é orientadora e formativa e se desenvolve no contexto da sala de aula e
requer a orientação do professor. É complementada pelas outras atividades que, juntas,
promovem a formação do homem, do cidadão e do profissional.

Os conteúdos estão ligados aos objetivos que se deseja alcançar e aos métodos de ensino que
possibilitarão atingir tais objetivos. Devem preparar os alunos para solucionar problemas e
trabalhar em equipes, comunicar-se, emitir juízos de valor, assumir posição de líder e de
subordinado, desenvolver valores e qualidades de personalidade e desenvolver uma cultura
científica, ética profissional e responsabilidade social.

Corral y Nuñes, citados por Hernández (2001 b) estabelecem três tipos de correspondência entre
conteúdos e objetivos do perfil:

- conteúdos selecionados pela lógica da profissão: que modelam a tarefa profissional. Seria o
caso da disciplina Metodologia do Ensino Fundamental modeladora do perfil do pedagogo;

- conteúdos selecionados pela lógica do instrumento ou etapa de realização de uma tarefa


profissional: funcionam como meios de realização de uma ação componente da tarefa
profissional, têm caráter instrumental, são comuns a diferentes tarefas profissionais e suas
funções são determinadas pelos objetivos de uma tarefa concreta. No curso de Pedagogia seriam
os conteúdos da disciplina Psicologia da Aprendizagem, modeladora da função, que devem
orientar o futuro pedagogo sobre as diferenças apresentadas pelos alunos nas diversas fases de
idade e ajudá-lo a selecionar a metodologia adequada para se chegar à aprendizagem;

- conteúdos selecionados pela lógica das ciências historicamente constituídas e sistematizadas na


prática pedagógica: constituem a linguagem da profissão, os símbolos que moldam e expressam
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os objetivos da profissão. Para o pedagogo seriam os conteúdos das disciplinas modeladoras da


linguagem como Língua Portuguesa, Introdução à Filosofia, Estatística

Ao selecionar os conteúdos em função dos objetivos a trabalhar no curso, é de vital importância


vinculá-los com a profissão e seus aspectos éticos. Não conceber uma programação rígida dos
conteúdos mas trabalhá-los de maneira flexível, considerando a conveniência de que os
estudantes possam propor seus interesses na inclusão de novos temas. Estimular no aluno o
interesse pela profissão e seus problemas, de modo que possam trazer para a sala de aula suas
inquietações, tanto técnicas e científicas como éticas acerca do mundo profissional para o qual se
estão formando desenvolvendo, assim, seu espírito crítico e sensibilidade social frente à
profissão.(Ojalvo, 2001, p. 224)

Para Vigotsky e seus seguidores o processo de ensino-aprendizagem se organiza a partir da


formulação dos objetivos ligados às ações que o aluno deve desenvolver e ao perfil que deve
apresentar no final de um grau de estudos. Os conteúdos devem ser selecionados de forma a
garantir a formação de conhecimentos e características da personalidade necessárias para a
realização de diferentes tipos de atividade. Esses conteúdos devem ser estruturados de forma
sistêmica. O processo de ensino-aprendizagem precisa considerar os componentes funcionais da
atividade que são a orientação, a execução e o controle; a relação professor-aluno assume uma
nova característica cabendo ao professor orientar e guiar o processo de aprendizagem
considerando os interesses do aluno e suas possibilidades de desenvolvimento.

De acordo com a teoria da atividade, para se formar profissionais faz-se necessário vincular os
conteúdos programáticos com a realidade em que o aluno irá atuar através da análise da atividade
profissional A atividade é entendida como um processo que possibilita ao homem, sujeito,
relacionar-se com o objeto da realidade. É constituída por:

- sujeito ou agente da atividade;

- objeto que, sob a ação do sujeito, se transforma no produto final;

- os meios materiais ou ideais usados pelo sujeito para chegar ao produto final;

- objetivos da ação que estabelecem uma relação entre os componentes da atividade, levando-a
ao resultado final.

A análise da atividade possibilita determinar os objetivos gerais do perfil profissional e delimitar


os conteúdos disciplinares necessários para a sua formação através:

- da determinação dos conteúdos gerais fundamentais para o desempenho profissional numa


época e contexto social considerando as perspectivas futuras e os objetivos gerais que o
profissional deve conseguir;
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- dos conteúdos gerais essenciais a partir dos quais se pode integrar e explicar outros
particulares;

- da reconstituição dos vínculos entre as disciplinas construindo um caminho para a


interdisciplinaridade.

Pelo exposto vê-se que selecionar conteúdos não é tarefa simples, requer do professor, além de
vasto conhecimento, noção clara do tipo de homem e profissional que sua disciplina ajuda a
formar e a orientação de uma linha de pensamento ou corrente pedagógica.(VIGOTSKY, L.S.p.
1-17.ALARCÃO, Isabel (org.). 1996)

O Grupo do CEPES (1994) apresenta para a estruturação do conteúdo em um programa docente


as seguintes premissas:

- partir dos objetivos gerais do perfil e, a partir deles, determinar o papel que a disciplina
desempenha na formação profissional, identificar os conceitos e procedimentos gerais e
específicos da profissão que essa disciplina deve ajudar a formar;

- outras disciplinas com as quais a que está em questão se vincula e pode contribuir e o conjunto
de conhecimentos e procedimentos que requerem; e

- A lógica da própria ciência que contém um corpo de conhecimentos e métodos concatenados


logicamente. Isto faz incluir conhecimentos e procedimentos que, embora não estejam ligados
diretamente ao perfil ou a outras disciplinas do plano de estudos, são necessários para a
compreensão de outros conteúdos ou para a cultura da disciplina.

Talízina (1984) propõe que o planejamento curricular deve considerar duas premissas
fundamentais: as exigências da teoria geral da direção e as regularidades do processo de
assimilação dos conhecimentos durante a atividade de ensino-aprendizagem.

Essas exigências levaram à elaboração de três modelos de organização do processo docente:

- modelo dos objetivos do ensino – para que ensinar?

- modelo dos conteúdos do ensino – oque ensinar?

- modelo do processo de assimilação – como ensinar?

O modelo dos objetivos pode estar presente em diferente níveis como:


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- nos objetivos finais da educação superior representando o perfil profissional do egressado;

- nos objetivos parciais, referentes a períodos de formação ou disciplinas;

- nos objetivos específicos de uma aula ou atividade docente.

Na formulação dos objetivos finais ou parciais devem estar presentes os elementos:

- habilidade ou ação, que o estudante deve realizar;

- o conhecimento, que é o objeto sobre o qual se realiza a ação;

- as condições, sob as quais o estudante deve realizar a ação; e

- as características ou indicadores qualitativos que deve ter a habilidade a ser formada.

Os objetivos determinam a seleção dos conteúdos de ensino em cada nível e, com o modelo do
processo de assimilação, determinam os métodos de ensino.

A ênfase no modelo dos objetivos suscita um conjunto de necessidades que se deve satisfazer
através desses objetivos como:

- um diagnóstico de necessidades sociais (perfil profissional); e

- o modelo ideal proposto como fim da educação.

A elaboração do perfil do profissional é o início da consecução do plano de estudo e de todo o


planejamento do processo educativo.

A determinação dos objetivos finais do perfil profissional deve vincular o ensino com a vida
refletindo as condições sociais históricas nas quais transcorre a atividade profissional. O modelo
de objetivos formulado em termos de tarefas profissionais permite elaborar o plano de estudo de
uma carreira visando formar o sistema de capacidades e valores que possibilitem a realização de
uma atividade profissional com sucesso.

Segundo Talízina a elaboração do plano de estudo supõe resolver três tarefas:

- seleção dos conteúdos;

- estruturação dos conteúdos;

- determinação do tempo disponível

A seleção dos conteúdos é um momento fundamental da elaboração do plano de estudo.


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Na medida em que se definem os conteúdos vinculados aos objetivos terminais se conformam os


objetivos parciais que uma determinada seleção e estruturação de conteúdos deve cumprir, de
acordo com a relação que tenha com os terminais, o tipo de estruturação e distribuição no tempo
e as características concretas do processo docente e, incluso, as peculiaridades de estudantes e
professores. Os objetivos intermediários têm um caráter docente e são definidos nesse contexto.
(Coletivo de Autores, CEPES, 1994, p. 156).

A correspondência entre objetivos terminais e conteúdo pode apresentar-se de três formas


denominadas lógicas:

1. Conteúdos selecionados pela lógica da profissão;

2. conteúdos selecionados pela lógica do instrumento ou etapa de realização de uma tarefa


profissional;

3 conteúdos selecionados pela lógica das ciências historicamente constituídas e sistematizadas na


prática pedagógica.

O modelo dos conteúdos de ensino apresenta dois grandes blocos que são os conteúdos
específicos e os não específicos

Tanto os conteúdos específicos como os não específicos são trabalhados relacionados com os
objetivos da carreira, do curso, da disciplina.

O conteúdo específico e o não específico são trabalhados concomitantemente, de forma global,


entrelaçando conhecimentos com habilidades e formas de comportamento, visando a formação
integral do aluno.

Na relação entre objetivo e tarefa está a principal diferença entre a Teoria da Atividade e as
demais teorias. É essa relação que faz com que os conteúdos sejam trabalhados de forma
interligada e voltados para a atividade que será desenvolvida no futuro.

Os modelos de objetivos e de conteúdos não são excludentes, uma vez que definidos o perfil e os
objetivos finais e intermediários os conteúdos selecionados para atingí-los podem ser trabalhados
no aspecto específico e não específico, suscitando, também, objetivos que podem contribuir para
a formação do perfil.

Partindo de uma análise reflexiva sobre a proposta de conteúdos apresentada pela LOGSE e seus
seguidores e o enfoque Histórico-Cultural, apresentamos nossa proposta baseada neste enfoque,
adotando o Modelo dos Conteúdos, apresentado por Talízina, por considerar que permite
conciliar os objetivos com os conteúdos e trabalhar, de maneira integrada, como um todo, os
conteúdos específicos e não específicos, tornando as aulas dinâmicas e significativas através das
tarefas que os alunos executam, ligadas à atividade profissional para a qual estão se preparando e
possibilitando formar o homem, o cidadão e o profissional .
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Passos para selecção dos conteúdos


Assim, propomos os seguintes passos para selecionar conteúdos :

1.Analisar a atividade profissional que será desempenhada pelo aluno, identificando sua relação
com os objetivos terminais e parciais do curso;

2. Considerar os critérios didáticos e psicopedagógicos da disciplina, respeitando os princípios


de:

- caráter científico: trabalhar fatos, idéias, métodos, conhecimentos básicos que os alunos
necessitam dominar da disciplina para exercerem a profissão escolhida;

- acessibilidade: compatibilizar os conteúdos com o nível de preparo e desenvolvimento mental


dos alunos, com os pré-requisitos da disciplina, dosar os conteúdos de modo que possam ser
assimilados pelo aluno;

- sistematicidade: escolha dos conteúdos que tenham uma ordenação numa seqüência lógica,
coerente com o desenvolvimento do curso e o tipo de atividade que será realizada pelo aluno;

- relação entre teoria e prática: considerando a relevância social e profissional do conteúdo;

- conexão com outros conteúdos da mesma disciplina com os quais contribui para a formação
do homem e do profissional;

3. Critérios sociais: considerar as questões:

- que tipo de homem quero formar?

- que tipo de profissional quero formar?

- quais são as exigências sociais e históricas dessa profissão?

- quais são os valores que devem ser formados nesse homem, nesse cidadão e nesse
profissional?

4.Tempo disponível: é outro critério a ser considerado na seleção de conteúdos pois não adianta
escolher um número grande de assuntos se não se dispõe de tempo suficiente para trabalhar
todos eles. Assim, faz-se necessário uma triagem e escolha do que realmente é básico para a
profissão e que pode ser bem trabalhado no tempo que se dispõe;

5 .A relação com as atividades acadêmica, trabalhista e de pesquisa: também deve ser


considerada, pois fornece os conteúdos necessários para treinar o aluno a resolver problemas
profissionais, buscar novos conhecimentos e se preparar para o auto-desenvolvimento;
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6. A lógica da profissão: conteúdos que modelam a tarefa profissional que será desempenhada
pelo aluno;

7. A lógica do instrumento ou etapas de realização da tarefa profissional: conteúdos que


funcionam como meios, instrumentos e são comuns a diferentes tarefas profissionais;

8. A lógica das ciências historicamente constituídas e sistematizadas na prática pedagógica:


conteúdos que modelam e expressam os objetivos da profissão;

9. Critérios filosóficos e epistemológicos: histórico, desenvolvimento dos conceitos, princípios,


hipótese, resultados da ciência a que está ligada a disciplina em questão;

10. Critérios da interdisciplinaridade e multidisciplinaridade: conteúdos de outras disciplinas que


podem ser trabalhados em conjunto e contribuem para a formação do homem, do cidadão e do
profissional que queremos.

Para que o Modelo dos Conteúdos, que envolve os conteúdos específicos e os não específicos,
possa ser aplicado com sucesso faz-se necessário preparar os professores e para isso se propõe:

- formação de grupos de estudos entre os professores para adquirirem informações sobre o


enfoque Histórico-Cultural e o Modelo dos Conteúdos;

- realização de intercâmbios com Instituições que adotam o enfoque Histórico-Cultural a fim de


adquirir subsídios que auxiliem a adoção do modelo e troca de experiências; e

- seleção de conteúdos com base na lógica da profissão, na lógica das etapas de realização das
tarefas profissionais e na lógica das ciências historicamente constituídas.

A adoção dessas medidas culminará no preparo dos professores para selecionarem conteúdos que
contribuam para formar o perfil profissional, preparar melhor os alunos para atuarem no campo
profissional e melhorar o nível da educação formal oferecida.

Consepção dos objectivos de ensino


A concepção dos objetivos do ensino é um aspecto crucial no planejamento educacional, pois
determina o que os educadores pretendem alcançar ao ensinar determinado conteúdo aos alunos.
Os objetivos do ensino referem-se às metas específicas que se espera que os estudantes atinjam
após concluírem uma unidade de ensino ou uma disciplina completa.
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A concepção dos objetivos do ensino pode variar de acordo com as teorias educacionais, as
abordagens pedagógicas e as metas educacionais estabelecidas em cada contexto. Alguns dos
principais conceitos relacionados aos objetivos do ensino são:

Objetivos gerais
São metas amplas e abrangentes que expressam o que se espera que os alunos alcancem em um
determinado período de tempo, como ao final de um ano letivo ou de uma etapa de ensino. Esses
objetivos são mais abstratos e podem estar alinhados com as diretrizes curriculares ou as metas
educacionais nacionais.

Objetivos específicos
São metas mais detalhadas e específicas, relacionadas a conteúdos e habilidades específicas que
os alunos devem dominar. Os objetivos específicos geralmente estão associados a cada unidade
de ensino e são úteis para orientar o planejamento de aulas e a seleção de atividades
educacionais.

Objetivos cognitivos
Referem-se ao desenvolvimento do conhecimento e do pensamento dos alunos, incluindo a
compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação do conteúdo.

Objetivos afetivos
Dizem respeito ao desenvolvimento das atitudes, valores e crenças dos alunos, buscando
fomentar aspectos como respeito, responsabilidade, empatia e autoestima.

Objetivos psicomotores
Estão relacionados ao desenvolvimento das habilidades físicas e motoras dos alunos, como
destreza manual, coordenação, equilíbrio e expressão corporal.(ARENDS, Richard I. Lisboa,
Edições 70, 1977)

Objetivos de aprendizagem ao longo da vida


Incluem metas que visam incentivar a capacidade dos alunos para aprender de forma
independente, pensar criticamente, resolver problemas e adaptar-se às mudanças constantes da
sociedade.
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Nb:A definição clara dos objetivos do ensino é essencial para orientar o planejamento das
atividades pedagógicas, a seleção de recursos educacionais e a avaliação do progresso dos
alunos. Além disso, objetivos bem estabelecidos ajudam a tornar o processo de ensino mais
eficiente, significativo e alinhado com as necessidades e expectativas dos estudantes.

Conceito de objectivos de ensino-aprendizagem


Os objectivos de ensino-aprendizagem expressam intenções, propósitos definidos, explícitos
quanto ao desenvolvimento das qualidades humanas. Dizem respeito ao que os alunos devem
desenvolver ao longo da escolaridade (cognitiva, física, afectiva, estética e ética) e,
especialmente, em cada aula. Eis porque correspondem ao que todos os indivíduos precisam
desenvolver para se capacitarem para a actuação na sociedade de forma cidadã.(FREITAS, L.C.
1995)

Por outras palavras, pode dizer-se que objectivo de ensino-aprendizagem é o que se espera que o
aluno aprenda em determinadas condições de ensino. São os objectivos que orientam quais os
conteúdos que devem ser trabalhados e quais os encaminhamentos didácticos necessários para
que isso ocorra.

Um exemplo: se o objectivo é o aluno identificar o que é um insecto no contexto dos demais


invertebrados, o professor deve eleger como conteúdo animais invertebrados, apresentar o
conceito de insecto e explicar o aspecto que o diferencia dos animais que não possuem ossos.

Observe-se que, nesta acção do professor referente a planificação do ensino, é preciso definir
primeiro os objectivos de ensino-aprendizagem, para depois selecionar e organizar os conteúdos.

Pelo que, um objectivo “fixa um produto esperado, isto é, uma capacidade. Uma atitude, um
saber relativo a objectos e conteúdos determinados no término de uma duração limitada.

Neste sentido, os objectivos podem definir-se como o que os alunos devem ser capazes de fazer
no fim de um período de aprendizagem e que anteriormente não eram capazes de fazer; ou, dito
noutros termos, “um objectivo exprime uma intenção, descreve uma mudança do ensinado,
mudança que pode consistir na aquisição de uma nova capacidade e no aperfeiçoamento ou no
desenvolvimento de uma capacidade já existente, parcialmente dominada ou no bom caminho de
vir a sê-lo. Mais, essa mudança é identificável como tal, esperada, deliberadamente perseguida e
julgada desejável, o que faz concluir que o objectivo é o produto de uma aprendizagem.
20

Importância dos objectivos de ensino-aprendizagem


Na reflexão inicial, você conseguiu ter ideias sobre a importância dos objectivos? Tudo indica
que sim, na medida em que parece óbvio que os objectivos de ensino-aprendizagem; representam
o que o aluno deve fazer no fim de uma etapa de aprendizagem e que anteriormente não era
capaz de fazer. Por essa razão, a formulação dos objectivos é extremamente importante porque:
(BLOOM, B.S.; HASTINGS, J.; MANDAUS, G.F 1983)

Permite-nos ter uma ideia precisa do conteúdo do programa, o grau de profundidade com que as
matérias serão tratadas.

Assegura a pertinência dos programas e fazem com que este se adeque às necessidades da vida
prática.

Permite que o processo de avaliação meça objectivamente o nível de aprendizagem atingido


pelos alunos e a eficácia do programa e dos professores.

Cobre, não só a área cognitiva (conhecimento ou saber,) mas igualmente as áreas psicomotora
(habilidade ou saber fazer) e afectiva (atitude ou o saber ser, estar).

Oferece segurança ao educador, orientando a sua actuação pedagógica.

Ajuda o professor na selecção dos meios mais adequados para a realização do seu trabalho.

O professor precisa determinar inicialmente o que o aluno será capaz de fazer ao fim do
aprendizado. Se ele não define os objectivos, não pode avaliar os resultados de sua actividade de
ensino, nem escolher os procedimentos mais adequados.

Serve para direcionar o que o aluno deve saber e saber fazer em termos de conduta final.

Serve de guia de orientação na planificação das actividades do professor e do aluno.

Demonstra a honestidade relativamente ao que a aprendizagem dos alunos diz respeito.

Classificação e formulação dos objectivos de ensino-aprendizagem

Faz sentido que, após a reflexão inicial tida com os seus colegas tenha se apercebido que os
objectivos de ensino-aprendizagem classificam-se em educacionais (gerais) e instrucionais
(específicos).

Objectivos Gerais
São chamados mediatos, porque só se conseguem alcançar a longo prazo.
21

Sempre são formulados visando o que se espera que seja aprendido ao término de um conteúdo
ou unidade temática programática.

Por exemplo, os objectivos referidos num plano de curso de uma disciplina poderão ser
formulados da seguinte maneira: “Compreender o ensino de história como sendo importante para
o exercício da cidadania; ou poderia se dizer: conhecer a história como conhecimento passado
que facilita a compreensão do futuro, etc”.

É preciso atentar que os objectivos não sejam alcançados no final de uma aula, mas sim de um
curso que dura anos ou meses.

Os objectivos gerais indicam acções bem amplas e não especificam as acções ou actividades em
termos comportamentais, onde o aluno deve demonstrar ao professor que aprendeu os conteúdos
que lhes foram ensinados.

Objectivos específicos
Os objectivos específicos são próprios para uma aula.

São também chamados de imediatos, porque são muito pontuais em relação aos conteúdos
trabalhados aula por aula.

Estes envolvem acções comportamentais, observáveis e avaliáveis, que demonstrem claramente


que o aluno aprendeu o que se pretendia construir como aprendizagem.

Por exemplo, o professor de matemática dá uma aula sobre as fracções e coloca para a sua aula o
seguinte objectivo: resolver correctamente os problemas de fracções.

Perante tal objectivo, o aluno tem de dar uma resposta a este objectivo, resolvendo correctamente
os problemas ou exercícios que envolvem fracções.

Assim, os objectivos específicos permitem o acompanhamento do desempenho do aluno, o que


ele é capaz de fazer e o que não pode.

Agora que discutiu sobre a classificação dos objectivos de ensino-aprendizagem, resta salientar
que, geralmente, ao planificar uma aula, o professor deve proceder à formulação dos objectivos,
sendo recomendável operacionaliza-los, ou seja, colocá-los sob a forma de objectivos especificos
(também designados operacionais).

Para esse efeito, ao formular (definir ou redigir) os objectivos de aprendizagem, deve-se ter em
mente que os alunos ficarão a saber mais claramente o que se espera deles se essas expectativas
forem indicadas com uma acção que eles possam realizar.
22

De preferência, essa acção deverá poder ser imediatamente avaliada como tendo sido realizada,
consoante o nível de desempenho específico. Tal implica a utilização de “verbos de acção” na
declaração de objectivos específicos.(Fonte:http://ead.mined.)

Por outro lado, uma outra possibilidade de classificação dos objectivos de ensino-aprendizagem
é por domínios.

Assim temos objectivos do domínio cognitivo, objectivos do domínio afectivo e objectivos do


domínio psicomotor, que, ao mesmo tempo correspondem a áreas de objectivos.

Objectivos da área cognitiva


A área cognitiva é a que inclui as actividades referentes à percepção, ao conhecimento e à
compreensão do mundo. Esta área tem seis níveis:

conhecimento: a rememoração de materiais previamente estudados;

compreensão: a compreensão do significado do material ou a reformulação, pelas próprias


palavras do aluno, do material anteriormente aprendido;

aplicação: a utilização do conhecimento em situações concretas;

análise: a divisão do material em partes significativas, de tal modo que seja possível determinar a
relação entre elas;

síntese: a combinação das partes para formar um todo novo; e,

avaliação: emitir um juízo acerca do valor material.

Em muitos casos, é mais fácil pensar nestes níveis como constituindo três amplas categorias
cognitivas:

conhecimento e compreensão aplicação, e, resolução de problemas (incluindo a análise, síntese e


avaliação).

Objectivos da área afectiva


A área afectiva diz respeito a actividades que se prendem com sentimentos ou emoções. Esta
área inclui os seguintes níveis:

reagir a um fenómeno ou estímulo específico;

responder ao fenómeno ou estímulo;


23

avaliar o fenómeno ou indicar o respectivo valor;

organizar os valores relativamente uns aos outros; e,

generalizar ou integrar os valores num sistema de valores próprio, de tal modo que estes possam
orientar a vida da pessoa.

Objectivos da área psicomotora


A área psicomotora ocupa-se das capacidades físicas de aprendizagem e encontra-se
normalmente associada à formação profissional. Contudo, muitas capacidades cognitivas e
afectivas possuem componentes psicomotoras. Esta área está dividida nas seguintes fases:

adquirir conhecimentos acerca do que deve ser feito;

executar as respostas de uma maneira faseada (passo-a-passo);

transferir o controlo dos olhos para outros sentidos;

automatizar a aptidão;

generalizar a aptidão a uma gama sempre maior de situações de aplicação.

Autores contribuíram para o desenvolvimento do tema dos objetivos do


ensino ao longo do tempo.
Alguns deles são:

Benjamin S. Bloom - Foi um psicólogo educacional e autor da conhecida "Taxonomia de


Bloom". Ele desenvolveu a taxonomia em 1956, que classifica os objetivos educacionais em seis
níveis diferentes, com base na complexidade cognitiva.

Ralph W. Tyler - Foi um educador e autor que teve grande influência na concepção de objetivos
educacionais no século XX. Ele é conhecido pelo livro "Princípios Básicos de Currículo e
Instrução", publicado em 1949, onde discutiu a importância de estabelecer objetivos claros como
ponto de partida para o planejamento curricular.

Robert Mager - Foi um autor e especialista em design instrucional. Em 1962, publicou o livro
"Preparing Instructional Objectives", onde apresentou uma abordagem sistemática para a
formulação de objetivos educacionais específicos e mensuráveis.

Hilda Taba - Foi uma educadora e autora conhecida pelo livro "Curriculum Development:
Theory and Practice", publicado em 1962. Ela defendia a importância de estabelecer objetivos
educacionais como parte essencial do processo de planejamento curricular.
24

Esses autores, entre outros, desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento das


teorias e práticas relacionadas aos objetivos do ensino. Suas contribuições influenciaram a forma
como educadores e sistemas educacionais abordam a definição de metas educacionais, a
formulação de objetivos específicos e a avaliação do processo de aprendizagem dos alunos. Suas
obras continuam a ser referências importantes na área da educação.(BARREIRA, Aníbal
eMOREIRA, Mendes, Edições Asa, 2004.)

Taxonomia de Bloom
A taxonomia de Bloom, desenvolvida por Benjamin S. Bloom e colaboradores em 1956, é uma
das teorias mais conhecidas sobre objetivos educacionais. Ela classifica os objetivos em seis
níveis, organizados de forma hierárquica, de acordo com a complexidade cognitiva:

a) Conhecimento: compreende a memorização de fatos e conceitos.

b) Compreensão: envolve a capacidade de entender informações e explicar conceitos.

c) Aplicação: refere-se à utilização do conhecimento em novas situações.

d) Análise: compreende a capacidade de identificar padrões e relações entre ideias.

e) Síntese: envolve a criação de novas ideias a partir de informações existentes.

f) Avaliação: diz respeito à capacidade de julgar, avaliar e tomar decisões embasadas.

Objetivos SMART
Essa abordagem, popular na área do planejamento e gestão, sugere que os objetivos devem ser
Específicos (Specific), Mensuráveis (Measurable), Alcançáveis (Attainable), Relevantes
(Relevant) e com Prazo (Time-bound). Essa estrutura ajuda a tornar os objetivos mais precisos e
facilita a avaliação do progresso.

Modelo Tyleriano
Ralph W. Tyler, em seu livro "Princípios Básicos de Currículo e Instrução", propôs um modelo
de planejamento curricular que coloca os objetivos educacionais como ponto de partida. Esse
modelo sugere que os educadores devem estabelecer objetivos claros, definir os meios para
alcançá-los e, posteriormente, avaliar o grau de sucesso em atingir esses objetivos.
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Abordagem Construtivista
Dentro de uma perspectiva construtivista, os objetivos educacionais são vistos como processos
de construção de conhecimento pelos próprios alunos. O papel do educador é criar ambientes de
aprendizagem desafiadores e interativos que promovam a construção do conhecimento pelos
estudantes.

Abordagem Humanista
Nessa abordagem, os objetivos educacionais também têm uma dimensão afetiva, focando no
desenvolvimento holístico dos estudantes, incluindo seus interesses, motivações e emoções. A
educação é vista como um processo que promove o crescimento pessoal e a autorrealização.

Construção de Mapas Conceituais


O uso de mapas conceituais é uma estratégia para auxiliar na definição de objetivos educacionais
de forma mais visual e hierarquizada. Esses mapas mostram a relação entre os conceitos e podem
ser uma ferramenta útil para planejar o desenvolvimento de competências específicas.

Em suma, a concepção de objetivos do ensino é uma parte crucial do processo educacional, pois
fornece a direção para o planejamento curricular, a seleção de estratégias de ensino e a avaliação
do aprendizado dos alunos. Uma abordagem cuidadosa na definição dos objetivos ajuda a
garantir que a educação seja significativa, relevante e alinhada com as metas educacionais e as
necessidades dos estudantes (REGO, Teresa Cristina. Vigotsky, 2001)
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Conclusão

Este trabalho mostra como a seleção de materiais é tratada por professores, faz um estudo teórico sobre
materiais didáticos baseado em muitos autores, mostra propostas para selecionar materiais didáticos
seguindo o método histórico-cultural e recomendações para os professores selecionar materiais de
maneira científica, contribuindo para o Construindo o perfil profissional.
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Referência bibliográfica
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NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos Projetos. São Paulo: Érica, 2001.

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CEPES: La Habana, 2001

REGO, Teresa Cristina. Vigotsky: uma perspectiva histórico cultural da educação. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2000.

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e Pedagogia. São Paulo: Moraes, 1991, p. 1-17.ALARCÃO, Isabel (org.). Formação Reflexiva
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ALARCÃO, Isabel eTAVARES, José. Supervisão da Prática Pedagógica. UmaPerspectiva de


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ALVES, Rubem. Conversas com Quem Gosta de Ensinar. São Paulo, Cortez Editora, 1981.

AMARAL, Maria João, MOREIRA, Maria Alfredo, & RIBEIRO, Deolinda. “O papel do
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ARENDS, Richard I. Aprender a Ensinar. Lisboa, editora McGraw Hill, 1993. BARBIER,Jean-
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BARREIRA, Aníbal eMOREIRA, Mendes. Pedagogia das Competências, da Teoria àPrática.


Lisboa, Edições Asa, 2004..

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