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Hemorragia pós-parto • Retenção de fragmentos de placenta

Hemorragia pós-parto é a perda de sangue > 1.000 mL ou • Hematoma


perda de sangue acompanhada por sinais ou sintomas de
• Inversão uterina
hipovolemia em 24 h após o nascimento. O diagnóstico é
• Infecção intra-amniótica
clínico. O tratamento depende da etiologia da hemorragia.
• Subinvolução (involução incompleta) do local placentário (em
Causas geral ocorre precocemente, mas também pode surgir mais
A causa mais comum da hemorragia pós-parto é tarde, como 1 mês após o parto)
• Atonia uterina
Os miomas uterinos podem contribuir para a hemorragia pós-
Os fatores de risco de atonia uterina incluem parto. Uma história de hemorragia pós-parto pode indicar
• Hiperdistensão uterina (causada por gestação aumento de risco.
multifetal, polidrâmnios, anomalia fetal ou feto anormalmente
grande)
• Trabalho de parto prolongado ou trabalho de parto disfuncional Diagnostico
• Grande multiparidade (parto de ≥ 5 fetos viáveis) • Avaliação clínica

• Anestésicos relaxantes O diagnóstico de hemorragia pós-parto é clínico (p. ex.,


observar a quantidade de perda sanguínea, monitorar os sinais
• Trabalho de parto rápido vitais).
• Infecção intra-amniótica (corioamnionite) Existem várias ferramentas de avaliação (p. ex., listas de
Outras causas da hemorragia pós-parto incluem verificação) para ajudar os obstetras e instituições de saúde a
• Lacerações do trato genital desenvolver maneiras de reconhecer e tratar rapidamente a
hemorragia pós-parto ( 1, 2). Essas ferramentas estão
• Prolongamento da episiotomia
amplamente disponíveis e podem ser ajustadas para atender as
• Ruptura uterina
necessidades da população específica de pacientes.
• Distúrbios hemorrágicos
Tratamento Além disso, avalia-se o útero em busca de lacerações e
• Reposição de líquidos e às vezes transfusão tecidos placentários retidos. O colo e a vagina são
também avaliados; reparam-se as lacerações. A
• Massagem uterina drenagem da bexiga, via cateter, pode, em alguns
casos, reduzir a atonia uterina.
• Remoção dos tecidos placentários retidos e reparação
das lacerações genitais Deve-se tentar a administração de 15-metil
prostaglandina F2alfa, 250 mcg IM a cada 15 a 90
• Uterotônicos (p. ex., ocitocina, prostaglandinas,
minutos, até 8 doses, ou metilergonovina 0,2 mg IM a
metilergonovina)
cada 2 a 4 h (que pode ser seguida de 0,2 mg por via
• Algumas vezes, procedimentos cirúrgicos oral 3 vezes ao dia a 4 vezes ao dia por 1 semana), caso
o sangramento persista mesmo com a infusão de
Expande-se o volume intravascular com soro fisiológico ocitocina; durante a cesariana, esses fármacos podem
a 0,9% até 2 L IV; transfusão sanguínea é utilizada se ser injetados diretamente no miométrio. Oxitocina, 10
esse volume salino for inadequado. unidades, também pode ser injetada diretamente no
miométrio. Se a ocitocina não estiver disponível,
Tenta-se a hemostasia por massagem uterina bimanual
carbetocina termoestável pode ser administrada por
e infusão de ocitocina IV. Uma solução de ocitocina
via intramuscular. As prostaglandinas devem ser
diluída [10 ou 20 (até 80) unidades/1.000 mL de líquido
evitadas em mulheres com asma; metilergonovina deve
IV] em 125 a 200 mL/h é dada imediatamente após a
ser evitada em mulheres com hipertensão. Às vezes,
dequitação da placenta. Deve-se continuar o fármaco
pode-se usar misoprostol 800 a 1.000 mcg por via
até que o útero esteja firme; então o fármaco é
retal, para aumentar o tônus uterino.
diminuído ou suspenso. A ocitocina não deve ser
administrada em bolus IV pois pode ocorrer O tamponamento uterino ou a colocação de um balão
hipotensão grave. Bakri pode, algumas vezes, prover tamponamento. Esse
balão de silicone pode armazenar até 500 mL e plaquetas na proporção de 1:1:1 pode ser considerada
suportar pressões internas e externas de até 300 após consulta com hematologistas especialistas e com
mmHg. Se não for possível alcançar a hemostasia, o banco de sangue ( 2). Os centros médicos devem
instalação cirúrgica de uma sutura B-Lynch (sutura desenvolver protocolos para transfusão maciça.
utilizada para comprimir o segmento uterino inferior Também pode-se usar ácido tranexâmico se o
via múltiplas inserções), ligação da artéria hipogástrica tratamento conservador inicial é ineficaz.
ou histerectomia podem ser necessárias. A ruptura
Prevenção
uterina requer reparação cirúrgica.
As condições predisponentes (p. ex., miomas
Um dispositivo intrauterino de controle de hemorragia uterinos, polidrâmnio, gestação múltipla, distúrbio
induzido por vácuo está agora disponível. Aplica sucção hemorrágico materno, história de hemorragia puerperal ou
fraca para induzir a contrações uterinas, causando hemorragia pós-parto) são identificadas no anteparto e, quando
colapso do útero sobre si mesmo; como resultado, os possível, corrigidas.
vasos sanguíneos do miométrio se contraem e a Se a mulher tiver um tipo sanguíneo incomum, disponibiliza-se o
tipo sanguíneo antecipadamente. Um parto cuidadoso, sem
hemorragia é rapidamente interrompida ( 1). O
pressa, com o mínimo de intervenção, é sempre sensato.
aparelho consiste em uma alça intrauterina, um
sistema de vedação expansível que é preenchido com Após a separação placentária, a ocitocina 10 unidades, IM ou em
líquido estéril e bloqueia o colo do útero para manter o infusão diluída de ocitocina (10 ou 20 unidades em 1.000 mL de
vácuo, e um conector a vácuo ligado a um tubo que se solução IV em infusão de 125 a 200 mL/h por 1 a 2 h),
geralmente garante a contração uterina e reduz a perda
conecta a uma fonte a vácuo. Aplica-se sucção por 1
sanguínea.
hora após o controle do sangramento.
Os produtos sanguíneos são transfundidos, conforme a Após a dequitação da placenta, esta é avaliada quanto à
necessidade, dependendo do nível de perda sanguínea e integridade; caso esteja incompleta, explora-se o útero
manualmente e removem-se os fragmentos retidos. Raramente,
evidências clínicas de choque. Transfusão maciça de
a curetagem é necessária.
concentrado de hemácias, plasma fresco congelado e
A contração uterina e a quantidade de sangramento vaginal • Reforçar o volume intravascular, reparar lacerações genitais
devem ser observadas por 1 hora após a conclusão da 3ª etapa e remover tecidos placentários retidos.
do trabalho de parto.
• Massagear o útero e usar uterotônicos (p. ex., ocitocina,
Pontos-Chave prostaglandinas, metilergonovina) se necessário.

• Antes do parto, avaliar o risco de hemorragia pós-parto, • Se a hemorragia persistir, considerar o uso de dispositivo a
incluindo a identificação dos fatores de risco pré-natais (p. vácuo intrauterino, tamponamento com balão intrauterino,
ex., distúrbios hemorrágicos, gestação multifetal, compressas, procedimentos cirúrgicos e transfusão de
polidrâmnios, feto anormalmente grande, multiparidade hemoderivados.
extensa).
• Para mulheres com risco, fazer o parto lentamente e sem
• As ferramentas de avaliação da hemorragia pós-parto estão intervenções desnecessárias.
amplamente disponíveis e podem ser ajustadas para a
população específica de pacientes.

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