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HIV/AIDS

Gustavo de Araujo Pinto


Infectologia
Mulher de 27 anos descobriu recentemente ser
portadora do HIV. Realizou o exame porque seu
marido esteve internado devido a neurotoxoplasmose.
Nega qualquer sintoma.
Exame físico sem alterações, exceto por discretas
placas esbranquiçadas em palato.

Quais as condutas diagnósticas, profiláticas e


terapêuticas a serem instituídas?
E 40 anos se passaram...
- 1981: 8 casos de SK entre homossexuais masculinos em NY e casos de
PCP em NY e na Califórnia
Estudo Filogenético
1- Camarões-Congo (Kinshasa):
Comércio de borracha e marfim
1 (±1920) – “group M’s big break
2- Disseminação pelas ferrovias e
hidrovias a partir de Kinshasa
C
(centro comercial)
B
3- 1960 – independência:
desestruturação social e sanitária
Explosão de Transmissão

Science3 OCTOBER 2014 • VOL 346 ISSUE 6205


1896

1955
allthatsinteresting.com/aids-epidemic
No Brasil....
O Teste Diagnóstico

O Agente Etiológico
ETIOPATOGENIA

Gallo RC and Montagnier L, NEJM 349; 24: 2283-85


O Agente - HIV
• Família Retroviridae; gênero Lentivirus; com 2
tipos biológicos, HIV-1 e HIV-2

• Material genético: RNA

• Alta capacidade replicativa, logo elevada taxa


de mutações
Células infectadas pelo HIV:
1. Linfócitos T-helper (linfócitos
CD4)
2. Macrófagos
3. Monócitos
4. Megacariócitos
5. Células dendríticas
6. Células de Langerhans
7. Astrócitos
8. Células da mucosa retal etc
Transmissão
• Sexual: risco maior quando há penetração
anal; lesões genitais; outras DST; relações no
período menstrual; carga viral elevada da
fonte de transmissão
• Sangue
• Mãe - concepto: gravidez, parto e
amamentação
Prevalência: 5,3% (4,4-6,2%)

Preditores de risco:
866.000 HIV+
- Escolaridade
Prevalência 0,3%
- Trabalho na rua
- Baixo preço do programa
- Tempo como PS
- História de sífilis
- Uso de crack

Medicine, May 2018


N: BR: 4176
TENDÊNCIA DE MORTALIDADE POR AIDS EM
SANTA CATARINA

• 2000 🡪
8,63
• 2013 🡪
8,95
• APC 🡪 4%

(p=0,341)
• Mais alto 🡪 2009
• Mais baixo 🡪 2012

Haagsma A., Pinto G, 2016 em preparação


TENDÊNCIA DE MORTALIDADE POR AIDS EM SC
Gênero

HOMENS:
• Maior (2009): 14,05
• Menor (2012): 10,2

• APC: - 10%
(p=0,226)

MULHERES:
• Maior (2009): 6,79
• Menor (2000): 4,73

• APC: 40%
(p=0,017)

Haagsma A., Pinto G, 2016 em preparação


TENDÊNCIA DE MORTALIDADE POR AIDS EM SC
Idade

40-49 ANOS:
• 2000: 16,47
• 2013: 21,29

• APC: 29%
(p=0,033)

50-59 ANOS:
• 2000: 9,28
• 2013: 16,23

• APC: 75%
(P<0,001)

Haagsman A., Pinto G, 2016 em preparação


Mortalidade – SC
Idade

60-69 ANOS:
• 2000: 1,59
• 2013: 8,24

• APC: 418%
(p=0,005)

70-79 ANOS:
• 2000: 3,01
• 2013: 9,54

• APC: 217%
(p=0,040)

Haagsman A., Pinto G, 2016 em preparação


Mortalidade – SC
Macroregião

Haagsma A., Pinto G, 2016 em preparação


MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
S.Retroviral aguda (S.Soroconversão)

• Febre
• Poliadenomegalia
• Odinofagia
• Rash cutâneo
• Esplenomegalia
• Cefaléia
Sinais de imunodeficiência
Candidose oral

Zoster

Úlceras orais
Dermatite seborreica
Infecções Oportunistas

Neurológicas Respiratórias
• Toxoplasmose • Pneumocistose
• Criptococose • Tuberculose
• Tuberculose • Infecções bacterianas
• Linfoma • Criptococose
• Leucoencefalopatia • Histoplasmose
multifocal progressiva • Sarcoma de Kaposi
• Citomegalovírus • Citomegalovírus
• Herpes
• Sífilis

Complicações digestivas, dermatológicas, oftalmológicas também são frequentes


Complicações não infecciosas
• IAM
• AVE
• SK
• Linfoma, não Hodgkin e Hodgkin
• CA pulmão
• Hepatocarcinoma
• CA colo de útero
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

• Exames sorológicos
Teste imunoenzimático (ELISA: Enzyme-linked
immunosorbet assay, p.ex) + Teste confirmatório
(Western Blot, p.ex) – janela imunológica +/- 3
semanas
• Teste rápido: elevada sensibilidade e especificidade
• Os pacientes também deverão ser testados para
sífilis (VDRL), hepatite B (HBsAg, anti-HBC IgG/total,
anti-HBs) e hepatite C (anti-HCV)
TRATAMENTO
Diagnosticar precocemente

Tratar mais cedo,


em acordo com o paciente, com prioridades e bom senso

↓ inflamação
Evitar dano imunológico (ativação celular)

Evitar complicações
Evitar I.O., S.K. e não tradicionalmente
linfoma não Hodgkin relacionadas à AIDS

Evitar novas transmissões


Ciclo do HIV
Como tratar?

Objetivo:
sobreviver
Monoterapia com AZT – 01 comp 4/4h
Como tratar?

1- TDF (Tenofovir): Inibidor da transcriptase reversa análogo de nucleosídeo


E.A. potenciais: nefrotoxicidade (S. Fanconi) e toxicidade óssea

2- 3TC (Lamivudina): Inibidor da transcriptase reversa análogo de nucleosídeo

3- DTG (Dolutegravir): Inibidor da integrase


E.A. aumento de Cr sem difunção renal e insônia

Em caso de intolerância a estes fármacos, ou na falha terapêutica, outras opções


de tratamento estão disponíveis

aids.gov.br
O que começar
• TDF + 3TC DTG - dolutegravir (IINT)
(2 ITRN)

ou ATV/r
ou
ABC + 3TC
DRV/r (IP)

EFV
Antirretrovirais no Brasil
• ITRN: Tenofovir (TDF)
• IP (proteases): Atazanavir (ATV)
Lamivudina (3TC)
Darunavir
Abacavir (ABC) (DRV)
Zidovudina (AZT)

• In. Integrase: Raltegravir (RAL)


• ITRNN: Efavirenz (EFV)
Dolutegravir (DTG)
Nevirapina (NVP)
Etravirina (ETR) • Antag. CCR5: Maraviroque (MVC)

• In. Fusão: Enfuvirtida (T-20)


Tipo selvagem

M184V
3TC

Tipo selvagem

M184V
3TC

Tipo selvagem

M184V
3TC

Tipo selvagem

M184V
3TC TDF DTG

Tipo selvagem

M184V
3TC TDF EFV

Tipo selvagem

M184V
PROFILAXIAS
Enfermidade 1ária 2ária
PCP – SMX/TMP CD4<200 ou SIM
sintomático
Toxoplasmose SIM SIM – SDZ + PIR
Meningite NÃO SIM - Fluconazol
criptocócica
CMV NÃO Ganciclovir
Histoplasmose NÃO SIM - itraconazol
Tuberculose:
• PPD≥5mm
• Contato com TB
• Afastar TB ativa

• Vacinar contra influenza e Streptococcus pneumoniae


• Evitar vacinas contendo microrganismo vivo atenuado (febre amarela, varicela,
rubéola, sarampo, polio oral), especialmente se CD4<350 cel/mm3
aids.gov.br
PREVENÇÃO
• Sexo seguro – preservativo
• Profilaxia pré-exposição
• Profilaxia pós-exposição
• Profissionais de saúde poderão se beneficiar de ARV
em situações específicas
• Mães: pré natal-TARV, via de parto e não amamentar
• Dx precoce e TTO adequado dos pacientes para que
não sejam fontes de transmissão
Em 39 anos, várias revoluções...
PrEP Floripa

⮚ 76% HSH

⮚ 57% ≧ 12 anos

⮚ Prevalência HIV zero

⮚ 80,5% usam preservativo ≧ ½ relações


Tenofovir + Entricitabina 01
comp. 1x/dia
Profilaxia
Pós-Exposição (PEP)
SE fonte TR+: PEP.
Caso negativo, não há indicação
Caso indisponível, individualizar
TENOFOVIR/LAMIVUDINA 01 COMP.
1X/DIA + DOLUTEGRAVIR 01 COMP.
1X/DIA
Formas de Prevenção e Tratamento
perspectivas
• Anel vaginal – ARV+microbicida
• Microbicida retal
• ARV injetável
• ARV implantado
• Vacina
NEJM 360,7 Feb 12 2009
Polimorfismo do CCr5
Homozigoto WT Heterozigot Δ32
o Homozigoto

Δ32/Δ3
wt/wt wt/Δ32
2
(85% prevalência) 1 Δ32 alelo 2 Δ32 alelos
(14% prevalence) (1% prevalence)
(progressão mais lenta
e melhor resposta ao TARV)

Resistante to HIV

Liu R, et al. Cell. 1996;86:367-367.


Samson M, et al. Nature. 1996;382:722-725.
Dean M, et al. Science. 1996;273:1856-1862
Vacina
CONCLUSÕES
Foco em sobreviver
Posol. EA Potência
Foco em segurança com potência Foco em posologia com potência
ADESÃO
sempre será um desafio 20’s:
• Coformulações
1ª década 00’s • PrEP
• Long-acting
• Novas classes de medicamentos
• Outras vias de uso
• 1a cura • bNAb – cura
• Vacina
87 AZT

81 ½ 90’s 10’s
• Tratar todos
✮ Epidemia HAART • Coformulações (3 EM 1)
• EA não esperados (rim, osso, peso)
Muito Obrigado

gustavo_ap@rocketmail.com

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