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DOR TORÁCICA
Sérgio Luís Amantéa
Aline Botta
> OBJETIVOS
> INTRODUÇÃO
A dor torácica é causa frequente de busca por assistência tanto em serviços de emergência quanto em unidades ambulatoriais. Entretanto, diferentemente do que é observado entre os adultos,
causas cardíacas associadas à precorcardialgia não atingem 5% dos pacientes queixosos na infância.
valorização de dados clínicos (história e exame físico) nos pacientes com a queixa;
identificação das manifestações das causas não cardíacas por sistemas;
identificação das manifestações associadas às causas cardíacas;
estabelecimento do diagnóstico diferencial entre as causas cardíacas e não cardíacas;
prioridade aos recursos complementares para o diagnóstico, quando necessários;
encaminhamento adequado para abordagem terapêutica necessária.
A queixa de dor torácica apresenta tendência natural, por parte dos pais, de buscar por uma associação com infarto ou outras doenças agudas do coração, condições frequentemente associadas a
essa causa na população adulta. Entretanto, essa não é a realidade da população pediátrica.1–3
Diferentemente da população adulta, causas cardíacas associadas à precordialgia não atingem 5% dos pacientes pediátricos queixosos. Entretanto, a queixa não deixa de ser importante, e compete
ao pediatra, principalmente nos serviços de emergência, procurar identificar a causa e encaminhar a conduta terapêutica mais adequada.4–7
É fundamental que o pediatra tenha ciência de alguns dados epidemiológicos sobre dor torácica, como os seguintes:4,7
/ CAUSAS
As causas da dor torácica podem variar conforme o grupo etário. As causas psicogênicas predominam na adolescência e, à medida que ocorre a avaliação de pacientes com menor faixa etária,
causas orgânicas merecem maior atenção, geralmente centradas em causas cardiorrespiratórias.1
No Quadro 1, é possível observar diferentes causas de dor torácica em crianças, excluindo manifestações associadas a causas de comprometimento cardiovascular.
QUADRO 1
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18/08/2023, 23:15 DOR TORÁCICA - SECAD
CAUSAS DE DOR TORÁCICA COM ORIGEM NÃO CARDÍACA
Como funciona o Secad? SA
CAUSAS EXEMPLOS
Musculoesqueléticas Costocondrites
Fraturas de costela
Tumores
Trauma costal
Estiramentos musculares
Síndrome de captura precordial (texidor's twinge)
Dor em região xifoidiana
Crise falcêmica
Causas idiopáticas
Pulmonares Pneumonia
Doença pleural de etiologia diversa
Pneumotórax espontâneo
Pneumotórax secundário
Embolia pulmonar
Contusão pulmonar
Tosse
Asma brônquica
Miscelâneas Herpes-zóster
Exposição a drogas
Endurecimento mamário
Abscessos ou lesões cutâneas profundas
À medida que a dor torácica de causa não cardíaca apresenta uma série de possibilidades etiológicas, que comprometem diferentes sistemas em diferentes idades, anamnese e exame físicos
detalhados são os direcionadores de uma abordagem diagnóstica sistematizada e direcionada.
> GASTRINTESTINAIS
A principal causa gastrintestinal associada à dor torácica na infância é a doença de refluxo e suas complicações, como a esofagite em graus variados. Os padrões de choro ou dor, localização da
queixa e associação com a alimentação aumentam a suspeita diagnóstica.
A realização de investigação complementar invasiva (endoscopia respiratória e/ou pHmetria) pode estar indicada na dependência da magnitude da queixa ou exclusão de outras causas.
Uma vez estabelecido o diagnóstico, o tratamento é conservador, e os resultados costumam ser favoráveis.
Algumas séries apontam que causas gastrintestinais podem ser responsáveis por cerca de 20% das queixas de dor torácica, dependendo da faixa etária.1,4,6
> MUSCULOESQUELÉTICAS
As condições musculoesqueléticas são uma das principais causas de dor torácica em pediatria e podem ser responsáveis por cerca de 40% das queixas não cardíacas.
Anatomicamente, é essencial pensar que a dor pode ser responsável pelo acometimento de
ossos;
cartilagens;
músculos;
tendões;
ligamentos.
Nesse cenário, a história clínica é fundamental e não se deve desconsiderar a possibilidade de causas imbricadas. Crises asmáticas, tosses paroxísticas ou prolongadas podem resultar em dores
musculares por esforço, levando até a quadros de distensão muscular.1,2,6
Episódios secundários a trauma determinam a realização de exame minucioso, que pode identificar lesões à inspeção, manobras de palpação ou mobilização da área afetada.
Dores idiopáticas são de mais difícil condução diagnóstica, mas costumam ser em pontada, sem desencadeantes nítidos, de comprometimento unilateral. Essas condições1
Manifestações respiratórias de provável etiologia viral podem preceder quadros de osteocondrite dolorosa. O comprometimento da porção cartilaginosa do arco costal é facilmente identificado
pela palpação dolorosa localizada, que afeta múltiplas costelas.1,2
O tratamento é conservador, à base de analgésicos e anti-inflamatórios. A evolução é benigna, e o curso da manifestação é autolimitado.1,2
As causas mais incomuns à prática clínica também merecem ser apontadas. A síndrome de captura precordial pode ocorrer em qualquer idade, mas habitualmente é observada em crianças de 6 a
12 anos de idade. A dor geralmente ocorre enquanto o paciente está em repouso ou em atividade física leve, mas nunca durante o sono. Não há correlação temporal com as refeições.1 A causa da
síndrome de captura precordial e a origem da dor são desconhecidas.1
A dor geralmente é súbita e aguda e se localiza em um espaço intercostal ao longo da borda esternal inferior esquerda ou no ápice cardíaco. A dor parece ser exacerbada com a inspiração, o que
muitas vezes resulta em um padrão de respiração superficial, numa tentativa de aliviar o quadro álgico.1
Os episódios são de curta duração (poucos segundos a alguns minutos). Na maioria das vezes, aliviam com os primeiros ciclos respiratórios. Nesse cenário, não existem outras queixas clínicas
associadas, e o exame físico não apresenta alterações.1
> PULMONARES
Os comprometimentos pulmonares são causas frequentes de dor na população pediátrica e podem contribuir com mais de 25% das causas de dor torácica não cardíaca.1,4,6
A asma brônquica, em seus vários espectros de apresentação, talvez seja a principal doença associada dor torácica. Pode aparecer pelo uso excessivo da musculatura acessória ao longo de uma
crise, por episódios agudos ou prolongados secundários de tosse e até de maneira súbita na asma induzida por exercício.1,4,6
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Não se deve desconsiderar que opressão torácica, manifestação frequentemente relatada por adultos como associada à doença, pode ser confundida ou expressa como dor por uma população com
menor poder discriminatório da informação.1,4,6 Como funciona o Secad? SA
Os processos infecciosos no pulmão, principalmente se localizados em segmentos pulmonares inferiores, podem se manifestar por dor abdominal e/ou torácica. Da mesma maneira,
Aa Busque dentro do artigo
processos irritativos da pleura, de múltiplas etiologias podem resultar em dor torácica ventilatório dependente.4
O pneumotórax espontâneo primário tem que ser lembrado como hipótese em adolescentes masculinos, hígidos, com biotipo específico, que iniciam com dor de maneira súbita, acompanhada ou
não de desconforto respiratório.4
Os pacientes com doenças pulmonares obstrutivas crônicas também podem apresentar complicações de fugas aéreas, resultando em pneumotórax e/ou pneumomediastino. O enfisema subcutâneo
como consequência dessas complicações pode apresentar extensão variável e causar dor à palpação, mesmo que superficial, da pele.4
A semiologia do tórax é muito rica em sinais que podem caracterizar o comprometimento pulmonar por doenças. Na população pediátrica, o padrão da respiração, a frequência respiratória e a
tiragem são elementos obtidos pela simples inspeção do paciente. Ausculta da presença e distribuição do murmúrio vesicular são importantes para estabelecer suspeita de doença pleural ou
parenquimatosa. A ausculta pulmonar pode ser rica e apontar a presença de doenças obstrutivas ou infecciosas.7
Diferentemente de outras manifestações anatômicas, a investigação radiológica do tórax, na suspeita de comprometimento anatômico, é fundamental para estabelecimento diagnóstico e de
condutas terapêuticas precisas.7
> PSICOGÊNICAS
As causas psicogênicas de dor torácica são diagnósticos de exclusão. O ambiente no qual a criança está inserida pode elevar o índice de suspeição.2,7
Fatores estressores podem ser encontrados no ambiente familiar (separação dos pais, injúrias intencionais e negligência, perda de ente querido ou até nascimento de irmãos) e no ambiente escolar
(bullying, violência ou segregação). Nessas situações, a avaliação e abordagem por profissional habilitado são fatores determinantes para o sucesso terapêutico.2,7
ATIVIDADES
4. No que se refere às causas musculoesqueléticas e pulmonares de dor torácica na população pediátrica, observe as afirmativas.
I. No caso de dor musculoesquelética, episódios secundários a trauma determinam a realização de exame minucioso, que pode identificar lesões à inspeção, manobras de palpação ou
mobilização da área afetada.
II. Os comprometimentos pulmonares são causas frequentes de dor na população pediátrica e podem contribuir com mais de 25% das causas de dor torácica não cardíaca.
III. Processos infecciosos no pulmão, principalmente se localizados em segmentos pulmonares inferiores, raramente podem se manifestar por dor abdominal e/ou torácica.
/ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Embora raras na infância e na população pediátrica como um todo, pois correspondem a menos de 5% das causas de dor torácica, as causas cardiológicas de dor torácica na infância geram elevada
preocupação.4–6
Algumas doenças cardiológicas associadas à dor apresentam potencial letalidade; portanto, é fundamental que todo médico pediatra saiba pelo menos identificar situações que
possam estar atreladas a esses cenários de maior risco.4–6
É possível encontrar algumas classificações de cunho didático para discriminar a avaliação das causas de dor torácica de etiologia cardíaca. Neste capítulo, optou-se por utilizar uma que contempla
achados anatômicos e fisiológicos.
No Quadro 2, pode-se observar um perfil de causas de dor torácica em que a causa cardiológica é o principal fator determinante.
QUADRO 2
CAUSAS EXEMPLOS
Miocárdicas/pericárdicas Miocardite
Pericardite
Efusão pericárdica
Miocardiopatia
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As alterações anatômicas ocupam papel importante nas causas de dor torácica na população pediátrica.
A miocardiopatia hipertrófica merece referência especial não só pela frequência (afeta 1:500 nascimentos nos EUA), mas também por ser a principal causa de morte súbita na população
pediátrica associada a esportes; portanto, jovens atletas.1,8,9
A hipertrofia não só pode causar obstrução à saída do fluxo ventricular esquerdo, como também a massa muscular aumentada eleva a demanda de oxigênio, especialmente no exercício. A pressão
sistêmica e a pressão de perfusão coronariana diminuem em razão da obstrução, o que pode resultar em isquemia, arritmia e morte. A dor torácica pode fazer parte desse quadro, assim como
palpitações e síncope.1,4,5,8,9 História familiar de evento súbito ou diagnóstico correlato aumenta o índice de suspeição.
Outras doenças obstrutivas da saída do ventrículo esquerdo, como estenose aórtica, têm mecanismo de dano similar e evolutivo. Nesse cenário, mais insidioso e evolutivo, a dor torácica é uma
manifestação mais frequente, mas o diagnóstico pode ser tardio, pois as manifestações nem sempre são precoces (falta de ar ao exercício, síncope).1,4
A evolução fisiopatológica, resultante de um mecanismo de obstrução, capaz de gerar aumento de demanda por oxigênio, risco de arritmia e malformações vasculares dos vasos coronarianos,
também pode ser encontrada em outras doenças, como as seguintes:1,4
As doenças inflamatórias e/ou infecciosas do pericárdio e miocárdio são resultantes de etiologia viral, bacteriana ou autoimune. Comemorativos sistêmicos estão frequentemente
presentes, e é essencial o caráter súbito do início da sintomatologia. A maioria dos casos apresenta evolução benigna e autolimitada.1,4,6
A suspeita de doença de Kawasaki requer critérios clínicos específicos e confirmação da suspeita diagnóstica com auxílio de exames laboratoriais complementares, ECG e ECO. O comprometimento
agudo do pericárdio (pericardite) pode resultar em complicação grave de elevada morbidade e mortalidade (tamponamento cardíaco), por isso são necessárias medidas emergenciais para
restabelecimento do débito cardíaco.1,4,6
Clinicamente, a pericardite se apresenta com febre, taquicardia e taquipneia acompanhadas de dor torácica. A ausculta cardíaca pode revelar atrito pericárdico e abafamento de bulhas. A dor
torácica é precordial e pode se irradiar para o ombro esquerdo. Apresenta um caráter agudo, que piora com a posição deitada. Classicamente, o paciente assume a posição preferencial sentada, com
o corpo inclinado para frente, o que semiologicamente é definido como prece maometana.1,4,6
Nas causas arritmogênicas, principalmente de origem supraventricular, não se pode desconsiderar a possibilidade de o evento ser confundido ou interpretado como dor. As taquicardias
ventriculares podem apresentar1
dor;
intolerância ao exercício;
síncope;
morte súbita.
Nas causas arritmogênicas, a avaliação por cardiologista ou eletrofisiologista pode contribuir para o diagnóstico definitivo.1
Uso de drogas, como cocaína, deve obrigatoriamente ser suspeitado em adolescentes com quadro de agitação psicomotora associada. O nível elevado de catecolaminas circulantes
resulta em2
vasoconstrição coronariana;
taquicardia;
hipertensão;
aumento do consumo de oxigênio miocárdico;
assincronias elétricas, que podem se expressar por dor do tipo anginosa.
/ MANEJO DIAGNÓSTICO
Para manejo diagnóstico da dor torácica, a história clínica, o exame físico e exames complementares são importantes.
A história clínica é fundamental para o início do raciocínio diagnóstico de dor torácica em crianças. Diferentemente dos adultos, episódios agudos de dor não costumam configurar um caráter de
emergência à queixa apresentada.
Na abordagem inicial, o pediatra ou o emergencista deverão estar atentos às características do episódico álgico. A anamnese deve ser conduzida de maneira sistematizada, tentando identificar
características relacionadas ao início ou término do evento:1,5,6
fatores desencadeantes;
comportamentos associados ao alívio;
duração do episódio;
frequência (atentando para a possibilidade de comportamento recorrente).
Deve-se verificar quando o paciente foi acometido pelo último episódio, assim como1,5,6
As queixas de trato respiratório devem ser exaustivamente pesquisadas, assim como falta de ar ou desconforto respiratório associado. Antecedentes de doenças, uso de drogas e medicações devem
ser pesquisados; por exemplo:1,5,6
asma brônquica;
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doenças reumatológicas;
transtornos psicológicos. Como funciona o Secad? SA
Uma revisão dos sistemas é importante para contextualização de qualquer outra queixa que possa estar associada ao evento. Principalmente na criança, a anamnese deve ser complementada com7
Num primeiro momento, é fundamental que causas de dor aguda e com potencial risco sejam afastadas. Nesse cenário, manifestações do trato respiratório, como pneumotórax e
embolia pulmonar, devem sempre passar em um contexto de plausibilidade.
Sobre a possibilidade de associação da dor a causas cardiológicas, o que também aumenta o nível de prontidão diagnóstica, pode-se observar alguns indicativos capazes de reforçar a possibilidade
de ocorrência:1
Alguns instrumentos sistematizados têm procurado discriminar tais pacientes e chamam atenção para a baixa probabilidade de doença cardíaca associada na maioria dos casos.10
Embora a maioria dos casos pediátricos associados à dor torácica apresentem exame físico sem alterações, alguns sinais podem reforçar ou direcionar a suspeita de diagnósticos etiológicos
específicos.
No Quadro 3, observam-se alguns sinais clínicos associados à dor torácica que podem ser mais frequentemente encontrados em alguns diagnósticos.
QUADRO 3
SINAIS DESCRIÇÃO
Ausculta pulmonar Alterações do murmúrio vesicular ou ruídos adventícios anormais podem sugerir diagnósticos de doença pulmonar:
broncopneumonias;
pneumotórax;
efusões pleurais.
Os exames complementares sempre devem ser indicados à luz da história clínica e do exame físico. Não existe um padrão sistematizado de investigação, pois as queixas determinarão a
necessidade de exames complementares.1,4,11
A suspeita de comprometimento cardiovascular pode direcionar para necessidade de exames mais específicos e, mesmo assim, devem ser solicitados de maneira lógica à medida que novos dados
são incorporados ao raciocínio diagnóstico.
QUADRO 4
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EXAMES COMPLEMENTARES PARA INVESTIGAÇÃO DE DOR TORÁCICA EM PACIENTES PEDIÁTRICOS
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Radiologia simples Exame primário para causas indeterminadas, de aparecimento súbito. As queixas Fornece informações a respeito da área cardíaca, do parênquima pulmonar, da
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de tórax
obtidas na história e no exame físico também podem reforçar sua indicação:4 pleura e da caixa torácica.
desconforto respiratório, É um exame de fácil acesso e economicamente não dispendioso.
alterações de ausculta cardíaca ou pulmonar; Tem papel importante na avaliação dos episódios de dor.4
tosse;
febre;
traumas localizados;
suspeita de eventos aspirativos.
ECG Deve ser sempre solicitado quando existe a possibilidade de causas Fornece informações relativas a anormalidades de ritmo, hipertrofia ventricular,
cardiovasculares.4,6 presença de isquemia ou anormalidades sugestivas de pericardite.
A interpretação pode apresentar peculiaridades e diferenças de dados de adultos.4,6
ECO Deve ser realizado sempre que o comprometimento cardiovascular apresenta Fornece informações relativas a estrutura anatômica e funcionamento do músculo
plausibilidade etiológica.4,6,12 cardíaco.
Complementa dados obtidos pela anamnese, radiologia e EEG.
Diagnostica anormalidades morfológicas do coração, miocardites, pericardites,
anormalidades de coronárias e obstruções à saída do fluxo ventricular.
Requer profissional com expertise na técnica para garantir fidedignidade às
informações, pois, como todo estudo ecográfico, é examinador-dependente.4,6,12
Outros exames Apresentam indicações mais limitadas e dirigidas.4,13 Testes ergométricos podem ser úteis na suspeita de anormalidades induzidas por
exercício (dor, arritmias, palpitações ou síncope).
Uma análise da bioquímica do sangue sugestiva de isquemia pode ser útil na
suspeita de miocardite, pericardite ou doença isquêmica.
Assim como em adultos, troponina e enzimas cardíacas devem ser avaliadas.4,13
Doenças específicas, como asma brônquica, podem requerer testes funcionais e avaliação de hiper-reatividade. Pacientes com anemias falciformes podem necessitar de avaliação de hemograma
para detecção de crises falcêmicas. Doença do refluxo, esofagite ou gastrite podem necessitar de endoscopia do trato digestivo.
/ TRATAMENTO
Assim como em outras situações clínicas pediátricas, o tratamento da queixa álgica envolve correta identificação da causa e adoção de medidas específicas voltadas para compensação ou cura da
etiologia envolvida.
Mesmo que, na grande maioria das vezes, a dor torácica não represente verdadeira emergência, diferentemente do que ocorre na população adulta, a queixa não pode deixar de ser valorizada.
Cabe aos médicos emergencistas, por meio de história clínica, exame físico e correto uso de procedimentos diagnósticos, identificar os casos que possam necessitar de intervenção precoce,
estabelecer diagnósticos que exijam tratamento ambulatorial e procurar tranquilizar pacientes e familiares quando a queixa não envolve algum tipo de intervenção além da orientação.
Dor torácica em pediatria é um grande desafio diagnóstico, que requer valorização da queixa, segurança e conhecimento da equipe assistencial.
Para os médicos que atuam em emergência, é importante que o recurso complementar seja guiado pelo contexto clínico, uma vez que, na grande maioria dos casos, a evolução será benigna e,
muitas vezes, se resolverá de maneira espontânea, não necessitando de intervenção.
ATIVIDADES
6. No que se refere às causas arritmogênicas de dor torácica na população pediátrica, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
___ Miocardite
___ Pericardite
___ Taquiarritmia ventricular
___ Ectopia frequente
7. Sobre a possibilidade de associação da dor torácica a causas cardiológicas, o que também aumenta o nível de prontidão diagnóstica, pode-se observar alguns indicativos capazes de reforçar
a possibilidade de ocorrência. Quais são eles?
Confira aqui a resposta
8. Quanto aos exames complementares para situações de dor torácica na infância, assinale a alternativa correta.
A) O ECO é o exame primário para causas indeterminadas, de aparecimento súbito.
B) O ECG deve ser realizado sempre que o comprometimento cardiovascular apresenta plausibilidade etiológica.
C) O ECG deve ser sempre solicitado quando existe a possibilidade de causas cardiovasculares.
D) Diferentemente dos adultos, troponina e enzimas cardíacas não necessitam ser avaliadas.
Confira aqui a resposta
Adolescente do sexo feminino, 13 anos de idade, é levada à consulta no pronto-socorro com queixa de dor torácica. Diz que, nos últimos 5 dias, sente dor, que se localiza na borda esternal superior
à esquerda.
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A dor tem caráter agudo, comparada a uma sensação de esfaqueamento, é de moderada intensidade (2++-3+++/5+++++), piora com a respiração profunda e dura aproximadamente 1 minuto.
A paciente não apresenta outro comemorativo clínico associado e nega história de febre, tosse ou outras manifestações de trato respiratório, intolerância
Como funciona o Secad? ou
ao exercício, palpitações, tontura SA
síncope. Na semana anterior, havia tido quadro gripal, de pouca repercussão clínica, que durou entre 48 e 72 horas. Nunca havia experimentado sintomatologia álgica similar e sempre foi
considerada uma criança hígida.
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Ao exame físico, apresentava-se em ótimo estado geral, respondendo adequadamente às perguntas, sem fáscies ou expressão de dor. Os sinais vitais eram normais para a idade.
Ao exame do tórax, não apresentava sinal de trauma ou infecção sobre a pele e estruturas ósseas e cartilaginosas. A inspeção da cavidade torácica era normal. A palpação da caixa torácica
apresentava aumento de sensibilidade sobre as junções costrocondrais do lado esquerdo (2ª e 3ª costelas) de intensidade moderada. Nega manifestação álgica similar.
ritmo regular;
dois tempos;
bulhas normofonéticas;
frequência cardíaca (FC) — 110bpm.
À ausculta pulmonar, verificou-se murmúrio vesicular uniforme, sem ruídos adventícios. Não foi observada outra anormalidade ao exame físico.
ATIVIDADES
9. Considerando a situação abordada no caso clínico 1, é necessário exame complementar para estabelecimento do diagnóstico?
Confira aqui a resposta
11. Considerando a possibilidade de causa psicogênica, observe as afirmativas que poderiam fornencer maior plausibilidade à hipótese diagnóstica do caso clínico 1.
I. Ausência de fatores estressores na anamnese.
II. Dificuldades escolares, inferida por repetência escolar.
III. Ausência de recorrência da sintomatologia e comportamento autolimitado.
Um adolescente do sexo masculino, 13 anos de idade, é levado à consulta do pronto-socorro com queixa de dor torácica durante atividade física. Foi levado por seus pais, por ter apresentado dor
durante atividade aeróbica na disciplina de Educação Física, depois de um rápido evento de perda de consciência, de muito curta duração. Esse motivo fez com que a escola acionasse os pais, que o
levaram imediatamente para avaliação na emergência.
O paciente diz que estava bem até iniciar as atividades físicas. Ao longo do treinamento, apresentou dor torácica e tontura antes de perder a consciência. Nunca havia experimentado sintomatologia
álgica similar ou perdido a consciência. Sempre foi considerada uma criança hígida e com bom desempenho nas atividades físicas.
Ao exame físico, se apresentava em ótimo estado geral, respondendo adequadamente às perguntas, sem expressão de dor. Os sinais vitais eram normais para a idade. Ao exame do tórax, não
apresentava sinal de trauma ou infecção sobre a pele e estruturas ósseas e cartilaginosas. A inspeção da cavidade torácica era normal. A palpação da caixa torácica não apresentava pontos
dolorosos ou crepitações.
A ausculta pulmonar apontou murmúrio vesicular uniforme, sem ruídos adventícios. Não foi observada outra alteração ao exame físico.
ATIVIDADES
> CONCLUSÃO
A abordagem adequada da dor torácica é um grande desafio para o pediatra. À luz de uma causa frequente de busca pela assistência, os casos de reais emergências são bem menos frequentes do
que se observa na população adulta. Entretanto, nem por isso, a ansiedade e a preocupação dos pais ou responsáveis deixam de existir.
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Vários diagnósticos com gravidade também podem ser atribuídos à queixa. Portanto, é importante que o pediatra saiba valorizar os dados de história e exame físico capazes de identificar os quadros
de risco tanto nas causas cardíacas quanto não cardíacas. Assim, os recursos complementares serão solicitados, quando adequadamente indicados, e os pacientes receberão
Como funciona
a abordagem
o Secad? SA
Aa > ATIVIDADES:
Busque RESPOSTAS
dentro do artigo
Atividade 1
RESPOSTA: As causas da dor torácica podem variar conforme o grupo etário. As causas psicogênicas predominam na adolescência e, à medida que ocorre a avaliação de pacientes com menor faixa
etária, causas orgânicas merecem maior atenção, geralmente centradas em causas cardiorrespiratórias.
Atividade 2 // Resposta: A
Comentário: Doenças cardiovasculares são causas infrequentes de dor torácica na criança, entretanto, uma vez que essa possibilidade seja considerada, é frequente a necessidade de exames
complementares. As causas musculoesqueléticas são frequentes (cerca de 40% dos casos) e o seu diagnóstico é clínico, na maioria das vezes. Doenças pulmonares também são causas frequentes
(cerca de um quarto dos casos) de dor torácica em pediatria.
Atividade 3
RESPOSTA: A principal causa associada à dor torácica é a doença de refluxo e suas complicações, como esofagite em graus variados. Padrões de choro ou dor, localização da queixa e associação
com a alimentação aumentam a suspeita diagnóstica.
Atividade 4 // Resposta: A
Comentário: Processos infecciosos no pulmão, principalmente se localizados em segmentos pulmonares inferiores, podem se manifestar por dor abdominal e/ou torácica.
Atividade 5 // Resposta: A
Comentário: O diagnóstico diferencial entre as causas cardiovasculares deve ser definido por dados clínicos e exames complementares.
Atividade 6 // Resposta: B
Comentário: Miocardite e pericardite são causas miocárdicas/pericárdicas de dor torácica na população pediátrica.
Atividade 7
RESPOSTA: Sobre a possibilidade de associação da dor a causas cardiológicas, o que também aumenta o nível de prontidão diagnóstica, pode-se observar alguns indicativos capazes de reforçar a
possibilidade de ocorrência: história familiar em primeiro grau de morte súbita ou miocardiopatia; presença de dor torácica associada a anormalidades eletrocardiográficas; presença de síncope;
presença de palpitações; realização de atividades físicas ou exercícios; história pregressa ou presença de cardiopatias congênitas; história pregressa ou presença de doenças do tecido conectivo;
história pregressa ou presença de doença de Kawasaki.
Atividade 8 // Resposta: C
Comentário: A radiografia é o exame primário para causas indeterminadas, de aparecimento súbito. O ECO deve ser realizado sempre que o comprometimento cardiovascular apresenta
plausibilidade etiológica. Assim como em adultos, troponina e enzimas cardíacas devem ser avaliadas.
Atividade 9
RESPOSTA: No caso clínico 1, a hipótese de osteocondrite não requer exames para confirmação diagnóstica. Caracteriza-se por ser unilateral e localizada em uma ou mais articulações
costocondrais. Piora com a inspiração profunda ou com a palpação localizada da parede torácica.
Atividade 10 // Resposta: C
Comentário: A hipótese de osteocondrite no caso clínico 1 se caracteriza por apresentar dor unilateral e localizada em uma ou mais articulações costocondrais. Piora com a inspiração profunda ou
com a palpação localizada da parede torácica.
Atividade 11 // Resposta: A
Comentário: Apenas dificuldades escolares do paciente do caso clínico 1 apontam para a plausibilidade de comprometimento psicogênico associado. Presença de outros fatores estressores
identificada, recorrência dos episódios ou comportamento não autolimitado poderiam reforçar essa possibilidade.
Atividade 12 // Resposta: B
Comentário: O tratamento da osteocondrite no caso clínico 1 está baseado em analgesia e anti-inflamatórios. Não há necessidade de investigação complementar ou outras medidas terapêuticas
associadas.
Atividade 13 // Resposta: A
Comentário: A miocardiopatia hipertrófica é principal causa de morte súbita entre atletas. A hipertrofia pode causar obstrução a saída do ventrículo esquerdo, levando à diminuição da tensão arterial
e da perfusão coronariana. O ciclo pode levar à isquemia, arritmia e morte.
> REFERÊNCIAS
1. Sumski CA, Goot BH. Evaluation chest pain and heart murmurs in pediatric and adolescente patients. Pediatr Clin North Am. 2020 Oct;67(5):783–99. https://doi.org/10.1016/j.pcl.2020.05.003
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síndrome de lemierre: complicação rara Marcar como concluído
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