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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema: Responsabilidade dos bens dos cônjuges por dividas do empresário


comercial

Nome: José João José


Código de Estudante: 708214624
Curso: Licenciatura em Administração Pública
Disciplina: Legislação Empresarial
Ano de Frequência: 3°

Pemba, Agosto de 2023.

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Introdução 1.0
objectivos
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adequada ao 2.0
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Análise e
domínio do 2.0
discussão
discurso
2
académico
(expressão escrita
cuidada,
coerência / coesão
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bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área
de estudo
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dados
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Conclusão 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
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Normas APA  Rigor e coerência
Referências
6ª edição em das
Bibliográfica 4.0
citações e citações/referência
s
bibliografia s bibliográficas

Índice
1.1. Introdução..................................................................................................................................4
1.2. Objetivos................................................................................................................................4
1.2.1. Objetivo geral.................................................................................................................4
1.2.2. Objetivos específicos:.....................................................................................................4
1.3. Metodologia de pesquisa.......................................................................................................4
2. Responsabilidade dos bens dos cônjuges por dividas do empresário comercial............................5
2.2. A responsabilidade do empresário..............................................................................................6
3. Considerações finais.......................................................................................................................9
4. Referências bibliográficas.............................................................................................................10

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1.1. Introdução

O trabalho tem como tema: Responsabilidade dos bens dos cônjuges por dividas do
empresário comercial. O Direito comercial pode ser conceituado como: "o conjunto das
atividades que, em determinado país e em dada conjuntura histórica, se aplica o direito
comercial desse país, e muitas dessas atividades não se podem, justamente, definir como
comerciais". Por este motivo é que devem ser estudadas as condições para o exercício da
atividade comercial e as condições para estrangeiros, visando atingir o equilíbrio social,
quando existe conflito de interesses nas relações que envolvam o comércio ou o comerciante.
Em Moçambique é frequente a contração de dividas cuja a responsabilidade não tem sido
partilhada para ambos cônjuges como a lei do Direito Comercial e os demais legisladores
emanam. O trabalho Procura apresentar uma breve análise do regime da responsabilidade do
empresário comercial por dívidas no decurso do casamento e respetivas compensações. O
regime das dívidas comerciais, levantou sempre muitas dúvidas na doutrina e na
jurisprudência. Sendo a dívida oriunda do comércio de um dos cônjuges, e em proveito de
ambos, fará sentido manter um regime diversificado quando os cônjuges apenas por serem
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casados do regime de separação de bens aquela apenas responsabilizará o cônjuge que a
contraiu?

Questão diferente da legitimidade para contrair dívidas é a de saber se a dívida contraída por
apenas um dos cônjuges responsabiliza apenas o cônjuge que a assumiu ou ambos os cônjuges
(parecendo evidente que a dívida contraída por ambos aos dois responsabiliza) e,
consequentemente, quais os bens que por ela respondem. Tratar-se-á, assim, de aferir a
responsabilidade pessoal e a patrimonial pelas dívidas contraídas no decurso da vida conjugal.

1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo geral
 Analisar a responsabilidade dos bens do Cônjuges por dívidas do empresário
comercial.
1.2.2. Objetivos específicos:
 Identificar as responsabilidades do empresário Comercial
 Explicar como funcionam os bens adquiridos pelo empresário comercial.
1.3. Metodologia de pesquisa

A metodologia proposta é de natureza pesquisa bibliográfica e revisão da literatura (artigos


científicos, livros e outros trabalhos científicos). As referências bibliográficas são efetuadas
com base na Norma APA (6ª Edição).

2. Responsabilidade dos bens dos cônjuges por dividas do empresário comercial

Segundo Salazar, (2002) "pelas dívidas contraídas nos termos precedentes respondiam os bens
comuns do casal, e na falta ou insuficiência deles, solidariamente os bens próprios de
qualquer dos cônjuges, conforme resultava do disposto no nº " 1 do artigo 1695.", excepto se
vigorasse o regime da separação de bens". Se, pelo contrário, a dívida fosse da exclusiva
responsabilidade de um dos cônjuges, aplicava-se o artigo 1696." do Código Civil. Este artigo
consagrava a chamada regra da moratória, ao estabelecer que pelas dívidas da exclusiva
responsabilidade de um dos cônjuges respondem os seus bens próprios e, subsidiariamente, a
sua meação nos bens comuns. Mas, quanto a estes últimos bens, eles só respondem depois de
dissolvido o casamento ou de decretada a separação de bens entre cônjuges.

A separação de patrimónios, que timbra hoje o regime de separação, passou a ter nas dívidas
comerciais o máximo do seu significado. Se é certo que mesmo no regime de separação de
bens é possível, p. ex., face à al. c) do n.º 1 do art. 1691.º, ao credor provar que determinada
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dívida foi contraída em proveito comum do casal para o efeito de fazer responder ambos os
cônjuges, já não poderá sustentar-se existir uma presunção de proveito comum quando se trate
de dívidas contraídas por qualquer um dos cônjuges no exercício do comércio, que o art. 15.º
do Código Comercial consentia anteriormente (cabendo aí ao cônjuge ilidir a presunção). É a
tradução da ideia de que os cônjuges são estranhos um ao outro, do ponto de vista patrimonial
(os riscos e insucessos de um não afetam o outro). Assim, segue a lei o entendimento de que
pertencendo um dado estabelecimento comercial a um dos cônjuges casado em regime de
separação de bens, nada há que justifique que uma dívida praticada no exercício do comércio
ou gestão desse estabelecimento seja para benefício mais amplo de que o do próprio bem e do
seu dono. A lei não discute se o outro cônjuge é ou não responsável por uma dívida que diz
respeito ao estabelecimento comercial do cônjuge comerciante, não havendo hipótese, à
partida, de proveito comum mesmo que o casal viva desse estabelecimento. Conforme
explica Dias, (2020) que;

(...)O que, no nosso entendimento, não obsta a que o credor venha


provar que a dívida contraída, mesmo no regime de separação de
bens e no exercício do comércio, se destinou a satisfazer os encargos
normais da vida familiar ou foi contraída pelo cônjuge administrador
em proveito comum, para efeitos de responsabilização de ambos os
cônjuges, nos termos do art. 1691.º, n.º 1, als. b) e/ou c).

E a autora acrescenta;

Parece-nos que a possibilidade de responsabilizar o outro cônjuge casado em regime


de separação de bens, nos termos das als. b) e/ou c) do n.º 1 do art. 1691.º, mesmo pelas
dívidas previstas e excluídas pela al. d) no regime de separação, dependerá sempre do caso
concreto. O que não compreendemos é o privilégio concedido ao comércio nos regimes de
comunhão, tanto mais que nenhuma outra profissão goza do mesmo benefício.

Nos regimes que não o de separação de bens, o cônjuge não comerciante (ou do comerciante)
está confrontado com uma dupla presunção se quiser defender-se da sua responsabilidade (se
bem que a defesa contra a primeira exclua a necessidade de recurso à segunda, por iniciativa
própria). Em primeiro lugar, poderá ilidir a presunção de que a dívida comercial do cônjuge
comerciante foi contraída no exercício do seu comércio (art. 15.º do Código Comercial).

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São também da responsabilidade comum de ambos os cônjuges as dívidas previstas no art.
1694.º, n.os 1 e 2, in fine. Aí se fixam duas regras: as dívidas que oneram bens comuns21
responsabilizam ambos os cônjuges:

a) As dívidas que oneram bens próprios são da exclusiva responsabilidade do cônjuge


titular desses bens.
b) São também da responsabilidade comum de ambos os cônjuges as dívidas previstas
no art. 1694.º, n.os 1 e 2, in fine. Aí se fixam duas regras: as dívidas que oneram bens
comuns21 responsabilizam ambos os cônjuges; as dívidas que oneram bens próprios
são da exclusiva responsabilidade do cônjuge titular desses bens.

2.2. A responsabilidade do empresário

De acordo com Artigo 12º do Código Comercial, sobre a responsabilidade pelas obrigações
mercantis do cônjuge separado, pelas obrigações mercantis que contrair o cônjuge separado
legalmente de pessoas e bens, ou simplesmente de bens, respondem todos os seus bens não
dotais, podendo, para actos de comércio, empenhá-los, vendê-los, hipotecá-los e aliená-los de
qualquer forma, sem autorização do outro cônjuge. (Artigo 12 do Código Comercial de
Moçambique)

No que tange ao empresário individual, a empresa é apenas parte de seu patrimônio (dele,
pessoa natural), podendo esse ser alcançado por obrigações assumidas fora das atividades
empresariais e, dessa forma alcançar bens e direitos, inclusive em nome do cônjuge, conforme
for o regime da comunhão de bens adotado pelo casal.

O artigo 1.647 do Código Civil dispõe que nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do
outro, exceto no regime da separação absoluta:

i) Alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;


ii) Pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
iii) Prestar fiança ou aval;
iv) Fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam
integrar futura meação.

Presume-se que frente ao artigo, o legislador pretendeu proteger o patrimônio comum do


casal, sempre que os cônjuges optarem pelo regime da comunhão universal de bens ou pelo

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regime parcial de bens. Quando não houver autorização do outro cônjuge (marital ou uxória)
para a prática de algum ato em que dependa do consentimento dos dois, ocorrerá
anulabilidade do ato, conforme artigo 1.649 do Código Civil.

Conforme Mamede (2004) aponta:

(..)Com facilidade se percebe que tal norma, se aplicada ao Direito


de Empresa, conduziria à necessidade de que a empresa individual,
sendo casado o empresário, fosse submetida a entraves em suas
atividades, tornando-a uma instância do Direito de Família,
designadamente da administração comum dos bens do casal. O
legislador, contudo, preferiu retirar a empresa dessa administração
comum, mui provavelmente para facilitar sua administração. Assim, o
artigo 978 do Código Civil, permitiu ao empresário casado alienar os
imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus
real, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o
regime de bens do casal, (Mamede: 2004, p,14 Apud, Costa, L. 2017,
146).

Assim, embora a empresa seja parte do patrimônio da pessoa natural que é o empresário
individual, podendo se comunicar com o patrimônio de seu cônjuge, conforme o regime
escolhido, a gerência daquela parcela específica da empresa foge à regra do artigo 1647, I, do
CC e, dessa forma resulta em uma contraposição de artigos.

Segundo, Campinho, (2009. p. 56.) contesta que;

O exercício da empresa pelo empresário individual fará com que ele


responda com todas as forças de seu patrimônio pessoal, capaz de
execução, pelas dívidas contraídas, vez que o Direito brasileiro não
admite a figura do empresário individual com responsabilidade
limitada e, consequentemente, a distinção entre patrimônio
empresarial (o patrimônio do empresário individual afetado ao
exercício de sua empresa) e o patrimônio particular do empresário,
pessoa física. (Campinho, 2009. p. 56.)

Assim, não existe distinção do patrimônio da pessoa natural e do empresário individual (da
empresa), pois, na verdade, o que ocorre é a distinção para o fim da atividade, mas o

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patrimônio é considerado, até então, uma unidade só, uma vez que, não há o desdobramento
da personalidade jurídica, havendo assim, uma unidade de patrimônio, a qual a pessoa natural
se responsabilizará pelas obrigações civis e comerciais com a totalidade do seu patrimônio,
( Costa, 2017, p.111)

Na opinião de Guimaraes, (2004) assenta que:

A autonomia para o cônjuge empresário alienar patrimônio imóvel


sem consentimento do outro afronta a regra geral que estabelece a
necessidade de outorga uxória ou marital, visando proteger o cônjuge
e, por consequência, a família, principalmente quando todo o
patrimônio do casal como – a residência, os automóveis, os telefones,
a casa de veraneio – forem adquiridos em nome da empresa e a sua
alienação causará prejuízo à meação. (Guimaraes, 2004, p.449)

Desse modo, é interessante mencionar que o empresário pode não obter sucesso na sua
atividade empresarial, até mesmo porque ninguém está salvo de insucessos e, assim, contrair
obrigações, como empréstimo, financiamento, por exemplo, e posteriormente não conseguir
solvê-las. Com o não cumprimento dessas obrigações o patrimônio familiar pode ser afetado
e, dessa forma prejudicar o outro cônjuge, pois como já foi dito o patrimônio do empresário é
uno.

3. Considerações finais

Em matéria de responsabilidade por dívidas dos cônjuges, a lei distingue as dívidas comuns
das dívidas próprias. Pelas dívidas comuns começam por responder os bens comuns do casal
e, na falta ou insuficiência de bens comuns, os bens próprios de qualquer dos cônjuges (artigo
1695.º do Código Civil - CC). Se o regime de bens for o da separação, a responsabilidade não
é solidária, o que significa que o credor terá de solicitar a cada um dos cônjuges 50% da
dívida. Em todos os demais regimes de bens, típicos e atípicos, a responsabilidade é solidária,
ou seja, o credor poderá demandar apenas um dos cônjuges e exigir-lhe a totalidade da dívida,
sem prejuízo das compensações a que haja lugar. O artigo 1697.º do CC prevê as

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compensações devidas pelo pagamento de dívidas do casal. Assim, quando por dívidas da
responsabilidade de ambos os cônjuges tenham respondido bens de um só deles, este torna-se
credor do outro pelo que haja satisfeito além do que lhe competia satisfazer; mas este crédito
só é exigível no momento da partilha dos bens do casal, a não ser que vigore o regime da
separação. Ou seja, o direito de regresso daquele que pagou com bens próprios dívidas
comuns não pode ser exercido imediatamente (a não ser que vigore o regime da separação de
bens) mas apenas no momento em que haja partilha dos bens do casal, nomeadamente em
caso de morte ou divórcio (cfr. n.º 1). Já na situação inversa, ou seja, quando por dívidas da
exclusiva responsabilidade de um só dos cônjuges tenham respondido bens comuns, há que
ter em conta a respetiva importância quando se proceder à partilha do património comum.

A questão tem sido alvo de controversa discussão, considerando uns que a dívida deve
responsabilizar ambos os cônjuges desde que exista proveito comum, outros que ,1 dívida é
da cxclusiv,1 responsabilidade do cônjuge que a contraiu independentemente da existência de
proveito comum (isto se forem casados no regime da comunhão de adquiridos) e admitindo
outros que a solução mais justa passa pela responsabilização do cônjuge que contrai as
dívidas, desde que tratada legalmente de frmm1 diferente a questão dos frutos gerados no
exercício do comércio.

Como se viu, o regime de bens do casamento nada tem a ver com o proveito comum dos
cônjuges, pois ele, como provámos, tanto existe nos regimes de comunhão como nos de
separação. Pode-se ariscar em afirmar que na falta de divulgação do Codigo Comercial assim
como o Codigo Civil leva para que muitos empresários comerciasis venham recusar assumir
as suas responsabilidades sobretudo a questao de bens do seu conjuge.

4. Referências bibliográficas

Campinho, S.(2009) O direito de empresa à luz do novo código civil. Rio de Janeiro:
Renovar,

Cardoso, L. (19720) “Da responsabilidade dos cônjuges…”, ob. e loc. cit., p. 191, “não deixa
de ser excessivo”. V., entre outros, os acórdãos da Relação de Lisboa, de 19.04.1972
(Boletim do Ministério da Justiça, n.º 216.º, 1972, p. 206), e de 21.06.1972 (Boletim
do Ministério da Justiça, n.º 219.º, 1972, p. 266).

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Costa, L. (2017). Empresário individual e a interferência do regime matrimonial de bens na
atividade empresarial à luz do artigo 978 do código civil. Revista Eletrônica da
Faculdade de Direito de Franca . 10.21207/1983.4225.399

LEI Nº 1/2022. Aprova o Código Comercial de Moçambique. Boletim da Republica de Moçambique. I


Serie número 99. Maputo.

Código Comercial de Moçambique.2020. Livro Primeiro exercício da empresa comercial.


Maputo.

Dias, C. (2020). Responsabilidade por dívidas e compensação entre patrimónios. Centro de


Investigação em Justiça e Governação Escola de Direito - Universidade do Minho,
Campus.

Acórdão da Relação de Lisboa, de 21.06.1972 (Boletim do Ministério da Justiça, n.º 219.º,


1972, p. 266)

Guimarães, M. (2004). Família e empresa: questões controvertidas (regime de bens e os


reflexos dos arts. 977, 978 e 979 no direito de família). In: PEREIRA, Rodrigo da
Cunha (coord.). Afeto, ética, família e o novo código civil. Belo Horizonte.

Mamede, G. (2004) . Empresa e atuação empresarial. São Paulo: Atlas, 2004. p. 85

Oliveira, G, de. (1997). Sobre o contrato-promessa de partilha dos bens comuns-anotação ao


ac. da R.C., de 28 de Novembro de 1995”, RLJ.

Salazar, M. (2002). Breves notas sobre Responsabilidade pelas Dívidas. Revista empresarial.
Lisboa.

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