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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ANEXO DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DO FORO DA COMARCA DE NAZARÉ


PAULISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Processo n. 0000342-60.2023.8.26.0695

MEGA VEST CASA LTDA, já qualificada nos autos do processo acima epigrafado, em
que lhes move HEDELISA APARECIDA BUENO, por seus advogados que ao final desta
subscrevem vêm, respeitosamente perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 42 da Lei
9.099/95, interpor RECURSO INOMINADO, consoante razões abaixo aduzidas.

1. Informa a Requerida, ademais, que seguem anexas às custas de preparo, dispensado a


de porte e retorno, em vista dos autos tramitar eletronicamente.

2. Por fim, requer que as futuras intimações e publicações sejam realizadas em nome dos
advogados SIDNEI AMENDOEIRA JÚNIOR, inscrito na OAB/SP n° 146.240 e
FRANCISCO MARCHINI FORJAZ, inscrito na OAB/SP nº 248.495, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.
De São Paulo para Nazaré Paulista, 04 de setembro de 2023.

Assinado digitalmente assinado digitalmente


Sidnei Amendoeira Jr. Francisco Marchini Forjaz
OAB/SP nº 146.240 OAB/SP nº 248.495
RAZÕES DE RECURSO INOMINADO

Recorrente: MEGA VEST CASA LTDA


Recorrido: HEDELISA APARECIDA BUENO
Origem: JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE NAZARÉ PAULISTA
Autos n. 000342-60.2023.8.26.0695

EGRÉGIO 6ª C.J. DE BRAGANÇA PAULISTA.


COLENDA TURMA.
INCLITOS JULGADORES!

I – BREVE SÍNTESE DA DEMANDA

1.1. Trata-se de ação indenizatória movida pela Recorrida, alegando que a loja sucursal
da Recorrente, localizada em Atibaia/SP, havia reinaugurado suas atividades (05/05/2023), de
modo que contratou o serviço denominado CLUB VEST CASA oferecendo descontos exclusivos.
Informou ter escolhido 02 Coberdrons que custavam R$ 89,90 (oitenta e nove reais e noventa
centavos) segundo etiquetas de preço. Vários outros consumidores também se interessaram pelos
produtos e resolveram comprá-lo. Por conta da promoção e da reinauguração da loja, houve uma
aglomeração nas filas do caixa, fazendo com que à Recorrida aguardasse por quase 4h (quatro
horas).

1.2. Na sua vez de realizar o pagamento dos produtos por meio do CLUB, a Recorrida foi
surpreendida com a informação que o valor era, na verdade, R$ 129,90 (cento e vinte e nove
reais e noventa centavos). Ao questionar a gerência da loja, além de não conseguir qualquer
solução, verificou que os funcionários estavam tirando a etiquetação dos preços nas “prateleiras”
e que o preço correto era aquele do caixa – R$ 129,90.

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1.3. . Embora levasse apenas 01 um do coberdrons, a Recorrida sentiu-se extremamente
lesada e, desta forma, propôs demanda, requerendo a condenação da Recorrente em danos
morais, no valor de R$ 5.000,00, mais a repetição do valor pago pelas compras (R$ 2.240,54).

1.4. Citada, a Recorrente propugnou completa ausência de responsabilização, porquanto


avisou antecipadamente em suas redes sociais que à loja ficaria fechada entre os dias 25/04/23
a 04/05/2023, e para que não ficasse com produtos retidos, resolveu ofertar o produto
“Coberdron” por R$ 89,90 com data certa para seu término (23/04/23), ou seja, às vésperas do
fechamento. Logo após reaberta, a loja voltou com o preço antigo do produto – R$ 129,90 -
fazendo-se a atualização nos caixas e precificação nas gôndolas.

1.5 . Instruído o feito, sobreveio sentença julgando antecipadamente o mérito,


reconhecendo suposta falha na divulgação dos valores, condenando a Recorrente a pagar de
forma dobrada o valor despendido pela compra do produto (R$ 259,00), mais o reconhecimento
de danos morais, ora arbitrado em R$ 3.000,00, consoante se infere no trecho abaixo:

(...) “Nesse sentido, verifica-se que a referida empresa, em clara inobservância às


normas dispostas no referido diploma legal, realizou a cobrança de forma diversa do
anunciado, informo que o produto em questão custaria R$129,90 (cento e vinte e nove
reais e noventa centavos), quando, na verdade, o anunciara por R$ 89,90 (oitenta e nove
reais e noventa centavos) (fl. 10 e 12). Tal situação comprova-se não somente pelas
alegações feitas pela parte autora na inicial, mas também pelos documentos acostados
aos autos e pelos diversos relatos de outros consumidores em mídias sociais (fls. 5/8),
nos quais descrevem situações idênticas às relatadas pela parte autora. Ante ao exposto,
no tocante aos danos materiais, é medida de rigor, a devolução, em dobro, do valor pago
pelo produto "Coberdron", isto é, R$259,80 (duzentos e cinquenta e nove reais e oitenta
centavos), devidamente corrigido, nos termos do disposto no artigo 42, parágrafo único,
do CDC. (...) Dessarte, considerando o descaso dos requeridos, a gravidade do ato
ilícito e o caráter pedagógico de que também deve se revestir a indenização por danos
morais, mostra-se adequado o importe de R$ 3.000,00 (três mil reais), que é valor

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suficiente para amenizar o sofrimento por que passou a autora e dissuadir os réus de
igual e novo atentado”(...)

1.6. Acreditando na existência de omissão e contradição, a Recorrente opôs embargos de


declaração requerendo que o juízo pronunciasse quanto aos períodos informados de fechamento
da loja, o que poderia trazer feito modificativo. No entanto, o juízo monocrático houve por
rejeitar o incidente.

1.7. Dessa forma, não se conformando com decisão, busca a Recorrente a reforma da
sentença de fls. 71/73, em razão de claros e insofismáveis indícios de cumprimento à oferta,
mediante razões abaixo. Acompanhe.

II – DO MÉRITO RECURSAL
DO FIEL CUMPRIMENTO AOS REQUISITOS INSERTOS NO ART. 31 DA LEI
8.078/90

2.1. Ab initio, esclarece-se que a Recorrente é empresa referência no ramo varejista,


pautando principalmente pelo fiel cumprimento das normas que regem as relações de consumo,
principalmente no fornecimento de informações claras e ostensivas.

2.2. E, como forma de atrair seu público-alvo, costuma divulgar suas promoções através
de sua rede social – instagram, com indicação precisa sobre preços, característica, locais onde o
produto está sendo vendido, informações sobre abertura e fechamento de lojas, promoções-
relâmpago, tomando o cuidado para que as informações sejam prestadas de forma clara e
ostensiva, na forma da lei.

2.3. Acontece que, na loja que à consumidora julga ter falhado na comunicação, precisou
fechar temporariamente para realização de balanço contábil, cuja reabertura estaria prevista para
05/05/2023. E, com intuito de evitar o acúmulo de produtos no estoque, teve à ideia de realizar
uma promoção-relâmpago, reduzindo drasticamente o preço das mercadorias para os que fossem
associado da loja.

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2.4. Conforme imagem tirado próprio site da rede social, lá está a informação clara e
indiscutível da previsão de fechamento e reinauguração:

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2.5. Para melhor visualização e convencimento de Vossa Excelência, os link’s abaixo não
deixam margem à dúvida:

https://www.instagram.com/p/CrY1BxeI56t/
https://www.instagram.com/p/CrVpCg4gfWy/
https://www.instagram.com/p/CsBj_OvABSP/

2.6. Não é crível que a sentença tenha olvidado de relevante informação, uma vez que as
imagens deram conta da clareza das informações da promoção, bem como das advertências
promovidas pela Recorrente.

2.7. Como dito, a promoção tinha validade apenas para o dia 23/04/23. Ela não se
estenderia para depois da reinauguração da loja. Assim, quando a sucursal reabriu (05/05/23), o
preço já não era mais aquele promocional, mais sim o preço anterior à oferta – R$ 129,90 – do
qual a loja preocupou-se em atualizar seus caixas e gôndolas.

2.8. Portanto, todas informações (promoção, fechamento e abertura da loja), foram


inseridas de forma clara e ostensiva pela rede social, não deixando margem para dúvidas ou
interpretações equivocadas. Logo, se às informações estavam inseridas claramente e dela a
Recorrida se apossou, não é crível que ela tenha uma “leitura seletiva”, aproveitando apenas o
que lhe interessava. Deve realizar atenta e integral leitura do encarte promocional, em
especial, sobre as condições da oferta.

2.9. Inclusive, veja que à Recorrida, ainda que tomada de indignação pelo fim da
promoção, mesmo assim comprou a mercadoria no preço antigo – R$ 129,90, conforme
confessou. Logo, não pode agora valer-se da própria torpeza para tirar vantagem da situação.
Se realmente acreditava que a informação estava errada, que algum direito seu tivesse sido
violado, não teria comprado o produto.

2.10. Se assim o é, imagine situação idêntica, mas com produto de preço muito superior.
Será que à consumidora pagaria quantia demasiadamente alta apenas para mostrar o

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descumprimento à oferta? A resposta por óbvio seria negativa. Logo, à Recorrida está usando da
própria torpeza para beneficiar-se da situação, inclusive, para requerer a repetição do indébito do
total da compra, e não apenas do produto. Infelizmente, tacanha atitude acabou sendo
endossada pelo juízo de primeira instância.

2.11. E zelar pelo cumprimento à oferta não poderia servir de subterfúgio a uma
indenização sequer consumada. Excelências, veja que à Recorrente tratou de informar a exaustão,
como se daria a oferta. Impossível a caracterização de algum abalo emocional passível de ser
indenizado. Some a isso, a lisura e boa-fé de seus atos, o que per si afasta também o pagamento
em dobro. Infelizmente a sentença monocrática pecou ao condenar a Recorrente ao pagamento do
indébito, posto que mal algum praticou a Recorrente.

2.12. Logo, qualquer condenação contratual ou extracontratual não merece prosperar a


sentença, reformada.

III - DA CONCLUSÃO

3.1. Tecidas essas considerações, requer seja o recurso integralmente PROVIDO,


reformando in totum a sentença monocrática, reconhecimento a licitude e lisura das informações
prestadas pela Recorrente, em harmonia com o quanto disposto no art. 31 da Lei 8.078/90,
afastando via de consequência, qualquer condenação em danos morais e/ou materiais.

3.2. Por fim requer que todas as publicações e intimações sejam exaradas em nome dos
advogados SIDNEI AMENDOEIRA JÚNIOR, inscrito na OAB/SP n° 146.240 e
FRANCISCO MARCHINI FORJAZ, inscrito na OAB/SP nº 248.495, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.

De São Paulo para Nazaré Paulista, 04 de setembro de 2023.

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Assinado digitalmente assinado digitalmente
Sidnei Amendoeira Jr. Francisco Marchini Forjaz
OAB/SP nº 146.240 OAB/SP nº 248.495

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