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ABORDAGEM DIAGNÓSTICA

FIBRILAÇÃO ATRIAL *Na presença de taquicardia e ritmo cardíaco irregular, é FA


até que se prove o contrário.
• Arritmia sustentada mais frequente na prática • Eletrocardiograma
clínica. É uma taquiarritmia. • Exames laboratoriais → CK-MB e troponina, BNP,
• 10 a 25% dos casos não apresentam sintomas. hemograma e bioquímica sérica.
• Idade avançada, outras doenças cardíacas • RX de tórax e ecocardiograma após confirmação
subjacentes. Maior predisposição no sexo diagnóstica. → eco para avaliar a presença de
masculino, mas a prevalência é maior nas mulheres doenças cardíacas estruturais, tamanho do átrio e
devido a maior sobrevida. FEVE.
• Mulheres com FA são mais suscetíveis a fenômenos • Suspeita de doença tireoidiana: solicitar função
tromboembólicos. tireoidiana, principalmente se primeiro episódio de
FATORES CLÍNICOS PREDISPONENTES FA.
• Coagulograma: tempo de protombina (TAP) e tempo
• A FA ocorre quando anormalidades de tromboplastina ativa (PTT). Pacientes em uso de
eletrofisiológicas alteram o tecido atrial, levando a Varfarina devem monitorizar o INR mantendo entre
propagação anormal de impulsos elétricos. 2 e 3.
• Fatores de risco clássicos: HAS, DM, doença valvar, • Holter 24 horas: suspeita de fibrilação atrial
IAM, IC. paroxística ou para avaliação de controle de
• Fatores de risco potenciais: Apneia obstrutiva do frequência e ritmo.
sono (AOS), obesidade, uso de bebidas alcoólicas,
exercício físico, história familiar e fatores genéticos. Eletrocardiograma

*AOS: obstrução completa ou parcial, recorrente, das vias • Ausência de P


aéreas superiores, que leva a períodos de apneia, • Ondas “f”: frequência entre 400-600
dessaturação e despertares noturnos frequentes. A • RR irregular
hipoxemia intermitente, despertares frequentes e alterações • QRS estreito
na pressão torácica leva a ativação do sistema nervoso
PROGNÓSTICO
simpático, disfunção endotelial e inflamação.
• Associação de FA e AVC, isquêmico e hemorrágico
CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA
• Se associa a alterações cognitivas e IC. →
• FA paroxística: aquela que é revertida aparecimento de FA em pacientes com IC aumenta
espontaneamente ou com intervenção médica em mortalidade em 2 x.
até 7 dias do seu início. Pode ser recorrente (FA • FA é um preditor de morte por qualquer causa na
paroxística recorrente) presença de insuficiência renal, câncer e DPOC.
• FA persistente: episódios com duração superior a 7
PREVENÇÃO DE FENÔMENOS TROMBOEMBÓLICOS
dias
• FA permanente: casos em que as tentativas de FA é a principal fonte emboligênica de origem cardíaca →
reversão ao ritmo sinusal não serão mais instituídas. geralmente, os êmbolos se formam na presença de outras
doenças concomitantes e fatores de risco associados. →
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
idade (acima de 75 anos), história prévia de AVC, presença
25% dos pacientes são assintomáticos. de IC, diabetes e sexo feminino.

Quando sintomáticos, os principais sintomas são: palpitação, A formação do trombo se relaciona a tríade de Virchow:
dispneia, dor ou desconforto torácico, tonteira e estase sg atrial, lesão endotelial e aumento da
sudorese fria, urgência urinaria e poliuria, déficit focal (no trombogenicidade sg.
caso de AVE isquêmico cardioembolico).
ESCORE CHA2DSS-VASC
Exame físico
ICC/disfunção ventricular esquerda 1
• Taquicardia e FC irregular (salvo na presença de Hipertensão 1
bloqueio atrioventricular). → irregularmente Idade ≥ 75 anos 2
irregular. Diabetes melito 1
• Dissociação pulso radial-precórdio Histórico de AVC/AIT 2
Doença vascular (IAM, DAOP, aterosclerose) 1
• Pode cursar com instabilidade hemodinâmica em
Idade entre 65-74 anos 1
pacientes com insuficiência cardíaca.
Sexo feminino 1 antitrombótica e contraindicação ao uso de ACO podem
receber a associação AAS e clopidogrel.
Pacientes com risco 0 → não necessitam de anticoagulação **Portadores de estenose mitral moderada a grave ou prótese
valvar metálica (FA valvar) → usar varfarin.
Resultado igual a 1 → anticoagulação opcional, a depender
do risco de sangramento e opção do paciente. ORIENTAÇÕES AOS PACIENTES EM USO DE
ANTICOAGULAÇÃO
Resultado ≥ 2 em homens e ≥3 em mulheres → anticoagular
Em uso de antagonistas da vit K
*a anticoagulação deve ser feita para o resto da vida, mesmo
que o paciente retorne para o ritmo sinusal • Controle laboratorial periódico, fazendo reajuste de
dose de acordo com valor estabelecido pelo RNI.
HAS-BLED
Valor padrão é oscilar entre 2 e 3, a cada aferição,
Pacientes com FA apresentam risco aumentado de pelo menos quinzenal ou mensal.
sangramento com o uso de ACO.
Em uso dos NACOs
História de sangramento, disfunção renal ou hepática,
• Avaliar função renal. → pacientes com insuficiência
hipertensão arterial não controlada (> 160 mmHg), labilidade
renal importante não deve receber NACO.
do RNI, idade > 65 anos, uso de AINES, consumo de álcool
→ aumentam a chance de sangramento em pacientes em DROGAS ANTIARRITMICAS
uso de Varfarina.
Avaliação inicial → definir presença de cardiopatia estrutural
HAS-BLED é o escore de risco para hemorragia. e avaliar se a causa é reversível.
Pontuação > 3 indica risco de hemorragia pelo ACO. Por exemplo, episódios causados por ingesta excessiva de
álcool ou crise tireotóxica que reverteram ao ritmo sinusal
Não contraindica o tratamento, mas estabelece quais
espontaneamente ou após cardioversão não necessitam de
pacientes devem usar os medicamentos sob cuidados
tratamento com AA por longo prazo.
especiais.
Alguns medicamentos não AA apresentam importante papel
Hipertensão 1
na prevenção de FA como as estatinas, IECA e BRA,
Alteração da função renal e hepática (1 ponto 1 ou 2
especialmente nos pacientes que também apresentam
cada)
hipertensão arterial ou IC.
AVC 1
Sangramento prévio 1 Medicamentos para manutenção do ritmo sinusal
Labilidade de RNI 1
Idade avançada (> 65 anos) 1 Propafenona, sotalol e amiodarona
Uso de drogas ou álcool (1 ponto cada) 1 ou 2
• Propafenona: evitar em pacientes com doença
cardíaca estrutural, devido ao risco de induzirem
Obs. Inicialmente classificar a FA em valvar e não valvar → arritmias ventriculares.
na valvar não precisa aplicar critérios, pois já há indicação de • Sotalol: útil na prevenção de recorrências. Além
anticoagular. disso, diminui sintomas por reduzir a resposta
ventricular dos episódios devido ao seu efeito
FA valvar: FA relacionada à estenose mitral moderada ou
betabloqueador. Efeitos colaterais: fadiga e
importante assim como FA associada à prótese valvar
prolongamento do QT. Não usar em pctes com ICC.
mecânica.
• Amiodarona: é a medicação disponível para
NOVOS ANTICOAGULANTES ORAIS pacientes com ICC. Efeitos colaterais: próarritmico,
efeitos em outros órgãos como pulmões, fígado,
• Dabigatrana (Pradaxa)→ Inibidor do fator IIa tireoide.
• Apixabana (Eliquis) → idade superior a 80 anos,
peso abaixo de 60 kg e creatinina sérica igual ou Medicamentos utilizados para controle de frequência
superior a 1,5 mg/dL.
• Controle menos estrito pode ser considerado em
• Rivaroxabana (Xarelto) pacientes assintomáticos, portadores de FA
• Edoxabana (Lixiana) permanente, sem doença estrutural cardíaca →
*Pacientes com FA não valvar com indicação de terapia <110 no repouso.
antitrombótica podem utilizar a varfarina ou algum NACO. • Betabloqueadores: mais comumente utilizados.
Pacientes com FA não valvar com indicação de terapia Bloqueiam o efeito adrenérgico sobre o nódulo AV,
reduzindo a condução. Particularmente efetivos no
pós IAM, estenose mitral, hipertireoidismo e Todos são excretados pelos rins em algum grau. → o
hiperatividade adrenérgica. apixaban é o menos dependente de depuração renal
• BCC: bloqueadores de canal de cálcio não
Para pacientes ambulatoriais com DRC leve a moderada
diidropiridinicos como o verapramil e o diltiazem.
(creatinina 30 a 50 mL por min ou mais) os DOACS são tão
Preferíveis em pctes com DPOC e asmáticos.
eficazes e seguros quanto a varfarina.
• Digoxina: aumento do tônus vagal, lentificação da
condução pelo nó AV. Muito utilizadas no caso de Para pacientes ambulatoriais com função renal gravemente
IC. comprometida (TFG < 30) → preferir heparina ou varfarina.

VANTAGENS SOBRE HEPARINA E VARFARINA


Obs. Flutter atrial ○ Menor risco de sangramento
○ Possível menor risco de fraturas
Raro em indivíduos sem doença cardíaca
○ Menos monitoramento laboratorial → os DOACs
Ondas F “em dente de serra”, com frequência entre 250 a são geralmente usados sem a necessidade de
350, RR regulares ou irregulares. monitoramento dos níveis da droga ou dos tempos
de coagulação (coagulação).
F negativa em D2, D3 e aVF.
○ Melhor perfil farmacocinético → não sofre muita
influencia de outros fatores como alimentação, uso
NOACS de outros medicamentos...
Se relacionam a menor risco de sangramento grave, como
AVEh. INDICAÇÕES

TERMINOLOGIA ○ Profilaxia de TEV


○ Tratamento de TEV
1. Agente trombótico: incluem os agentes ○ Fibrilação atrial
antiplaquetários (AAS, clopidogrel) quanto os ○ SCA
anticoagulantes. ○ Trombocitopenia induzida por heparina (HIT)
2. Anticoagulante: agentes que inibem uma ou mais
etapa da cascata de coagulação. Os agentes CONTRAINDICAÇÕES DOACS
disponíveis incluem HNF, HBPM (Enoxaparina),
fondaparinux , antagonistas da vitamina K, inibidores ○ Uso de prótese valvar cardíaca mecânica
diretos da trombina, inibidores diretos do fator Xa e ○ Gravidez → não há estudos nessa população
outros agentes em vários estágios de ○ Insuficiência hepática grave
desenvolvimento. ○ Síndrome antifosfolipídica
○ Má-adesão → Omissão de uma ou duas doses pode
Inibidor direto da trombina deixar o paciente inadequadamente anticoagulado.
Dabigartan (Pradaxa) ○ Doença gastrointestinal, principalmente aqueles
com histórico de sg.
Inibidores diretos do fator Xa ○ Anatomia gastrointestinal alterada → gastrectomia,
Vários agentes orais estão disponíveis, incluindo rivaroxaban by-pass gástrico. Pode ter absorção aos DOACs
(Xarelto), apixaban (Eliquis), edoxaban (Lixiana, Savaysa) e alterada.
betrixaban (Bevyxxa).
USO NA DOENÇA RENAL CRÔNICA
Dabigartano (Pradaxa)
Dose na FA 150 mg 2x/dia

○ Reduzir dose em > 75 anos


○ Evitar em TFG <15 ou pacientes em diálise
○ Não utilizar junto com rifampicina (indutor da
glicoproteína-P), cetoconazol, verapramil
(inibidores da glicoproteína-P)
○ Não é metabolizado pelo citocromo P450
○ Evitar em paciente com IMC > 40
○ Dispepsia é efeito colateral comum
Rivoxaban (Xarelto)
Doses na FA
20 mg 1 x ao dia (junto com o jantar) se TFG > 50
15 MG 1 x ao dia (junto com o jantar) se TFG < 50

○ Não utilizar TFG < 15 e naqueles com insuficiência


hepática significativa.
○ Evitar quando IMC > 40

Apixaba (Eliquis)
Doses na FA
5 mg 2x/dia se TFG > 50
2,5 MG 2X/dia se idade ≥ 80, peso corporal ≤ 60kg ou
creatinina sérica ≥1,5

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