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Beatriz Machado de Almeida

Emergências clínicas – Aula 11 1

AVE Isquêmico
trombólise ou não. Essa sequência não pode demorar.
CASO CLÍNICO
tendo que acontecer nos primeiros minutos da
• Paciente, 66 anos, masculino, admitido com chegada do paciente à emergência.
hemiplegia à direita, afásico, sonolento há 1
EXAMES
hora;
• Comorbidades: HAS, DM; • Hemograma completo com coagulação;
• FC 88, FR 20, TA 170x110; • Eletrólitos:
• Pupilas isocóricas e fotorreagentes. ❖ Sódio, principalmente. Se for um AVC grande, é

Em todo paciente com hemiplegia e/ou afasia, é preciso que o sódio do paciente esteja lá pra

preciso fazer o diagnóstico diferencial para AVC. O cima, no limite superior, para proteger o
cérebro de edema;
AVC pode não ser sempre tromboembólico, mas
diante de um déficit motor agudo, temos que ❖ Potássio: o potássio não lesiona diretamente o
cérebro, mas dá arritmia e ela pode soltar um
suspeitar de AVC. O déficit motor quando é
insidioso, abre um leque muito grande de outros trombo para o cérebro causando um evento
tromboembólico;
diagnósticos diferenciais, mas no AVC, o déficit
❖ Magnésio: diminui o limiar de crise convulsiva.
motor é agudo. O paciente estava bem, eu consigo
Então temos que deixar o magnésio no nível
pontuar uma faixa de horário em que o paciente
normal. Um paciente com AVC que tem
começou a apresentar os sintomas. Não
necessariamente o paciente precisa estar intercorrência com crise convulsiva, tem sua
mortalidade multiplicada por três;
hipertenso ou hipotenso, ele pode estar
simplesmente normotenso para ocorrer o AVC. E ❖ Cálcio: para poder fazer diagnóstico diferencial
com estados catatônicos.
tem diversas possibilidades para isso.
• Gasometria arterial com lactato: para todo e
• Provável diagnóstico: AVC.
qualquer paciente grave ou potencialmente
Esquecer em relação ao quadro clínico do paciente ser grave;
isquêmico ou hemorrágico, não vai mudar em nada a • Função renal;
conduta. Para saber se o paciente tem AVC isquêmico • Função e enzimas hepáticas;
ou hemorrágico, é preciso tomografia de crânio. • Glicemia sérica (HGT);
Antes de 2018, era assim: quando vier junto com • ECG: no mesmo potencial do potássio, para
cefaleia, tem mais associação com hemorrágico. identificar possíveis arritmias, e também para
Ter maior associação ou não, não vai mudar nem descartar AVC tromboembólico de origem
medicação, muito menos trombólise, nem outra cardíaca;
medicação, até porque não vai estar liberado o uso de • Toxicologia, dosagem de anticonvulsivantes,
AAS quando fizer a tomografia, por exemplo. Então hormônios;
o provável diagnóstico é AVC, e a principal coisa do • TAC de crânio: exame modificador de conduta:
AVC, antes mesmo da trombólise, é o alvo pressórico.
OBS.: A função da tomografia de crânio em um
Então quando o paciente chega com suspeita de
paciente neurocrítico não é dar diagnóstico de AVC
AVC, a gente vai comparar o AVC isquêmico com ou
hemorrágico. É descartar qualquer evento
sem trombólise e o AVC hemorrágico com
hemorrágico. Esse é o objetivo da tomografia logo na
GLASGOW ≤ 8.
admissão desses pacientes.
Então, nos primeiros minutos de um paciente com
Diante de um paciente com AVC, os exames são os
suspeita de AVC, a principal coisa é o controle
mesmos para crise convulsiva. Todo e qualquer
pressórico. Segunda coisa é a realização de
paciente com afecção neurológica, os exames de
tomografia e a terceira coisa é a perspectiva de
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investigação são os mesmos. Porque assim como na OBS.: Pode ser AVC ou AVE. Desde 2011, pelo
síndrome coronariana aguda, infarto, existe o infarto consenso, eles queriam colocar de forma traduzida:
tipo I, II, III e agora o tipo IV. O tipo II, que é por acidente vascular encefálico. Mas também está
hipofluxo, o AVC também tem. Existe o AVC correto acidente vascular cerebral.
isquêmico tipo II que é por hipofluxo. O paciente tem
AVE
uma obstrução de 80, 90% e como reduz o fluxo
sanguíneo cerebral, por qualquer motivo (choque, • Perda rápida de função neurológica, decorrente
hipotensão mesmo que transitória), esses 80-90% de isquemia ou hemorragia de vasos cerebrais;
acaba virando 100%. Então precisa saber se teve • Início súbito + hemiplegia/paresia parcial ou
alguma infecção, se teve alguma anemia grave (como total + dificuldade na fala ou articulação das
a falciforme) ou então a policitemia, em casos de palavras + déficit visual súbito de uma parte
paciente com DPOC, em que aumenta a viscosidade do campo visual (hemianopsia):
sanguínea. E a coagulação também, independente do
Lembrar que enxaqueca também pode dar
paciente fazer uso de medicação prévia ou não, a
hemianopsia.
gente pode ter algum distúrbio de coagulação. Ginkgo
• Pode ainda evoluir com coma e outros sinais.
biloba, que pessoas utilizam para memória, como
fitoterápico, faz distúrbio de coagulação tipo o AAS. AVE ISQUÊMICO
Inclusive quando o paciente é submetido a uma
cirurgia, é suspendido o Ginkgo biloba 7 dias antes. • Mais comum – 80%;
• Falta de fluxo sanguíneo cerebral:
❖ Sofrimento do parênquima do sistema nervoso
(obstrução: edema, tumor, dentre outros);

• Queda no fluxo sanguíneo pode ser decorrente:


❖ Obstrução arterial: Trombo ou êmbolo;
❖ Pressão de perfusão baixa: Estado de choque;
❖ Obstrução na drenagem do sangue venoso:
Trombose venosa, causando dificuldade de
entrada do sangue arterial no cérebro;
Nessa tomografia observa-se a ausência de
sangramento, mas a presença de calcificação
• Primeiros momentos:
(pontos brancos). Como diferenciar sangue de
❖ Não há morte celular;
calcificação? A calcificação é bem delimitada. O
❖ Tempo – espera até 4h30. Os pacientes que
sangue, por ser móvel e decantar com a gravidade,
conseguem fazer o trombolítico em até 3 horas
pensar como se fosse uma areia em um copo de água.
têm o prognóstico extremamente melhor. Em
Eu posso até misturar, mas com o tempo, ela decanta
alguns pacientes, pode esperar até 6 horas
no fundo. Então ele assumiria essa forma no fundo,
para fazer o trombolítico. Só que a trombólise
como se fosse uma areia decantando no líquido.
não é venosa, é arterial (mais difícil de fazer).
Mas o mais importante de se observar nessa
Resumo: a trombólise venosa é até 4 horas e meia,
tomografia é que não tem lesões hemorrágicas.
mas, em alguns pacientes, é possível fazer trombólise
Podemos dizer que essa imagem corresponde a um
arterial em até 6 horas. O que define a escolha
AVC isquêmico? Não. O paciente tem o diagnóstico
entre trombólise venosa ou arterial é o tipo de
clínico de AVC isquêmico, mas não tem o diagnóstico
vaso cerebral acometido, tamanho do trombo, risco
tomográfico de AVC. Então a tomografia acima é
de sangramento e a possibilidade de
dita como normal. Diante de um paciente com déficit
acompanhamento fisioterápico;
motor agudo, mas uma tomografia normal, temos o
diagnóstico de AVC isquêmico até que se prove o • Pode ser reversível:

contrário.
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❖ Espontâneo – AIT (AVC isquêmico transitório): pré-hospitalar. No ambiente intra-hospitalar é o


pode se resolver em até 24 h. NIH.

OBS: o trombolítico para o AVC “verdadeiro” tem que ❖ Tempo de ictus < 4,5h (até 6h? – 3?).
❖ TAC de crânio sem evidências de hemorragia.
ser feito em 4:30h. então, algumas vezes acaba
❖ TA < 185x110: é preciso abaixar a pressão.
trombolisando o AIT.

❖ Definitivo – farmacológico. A tomografia de crânio que define a trombólise. É


necessário gravar os critérios de inclusão acima.
TC DE CRÂNIO

• Exame modificador de conduta;


• Crucial;
• FUNÇÃO NOS PRIMEIROS MOMENTOS EM
SUSPEITA FORTE DE AVC → AFASTAR TODO
E QUALQUER EVENTO HEMORRÁGICO.

Tudo que for de evento hemorrágico recente, seja


no cérebro ou fora dele, ou que favoreça a
Sempre eu comparo os dois lados do cérebro e
hemorragia (exemplo: colher exames de laboratório),
comparo no mesmo hemisfério vários níveis. Na
deve-se incluir nos critérios de exclusão.
imagem, existe uma área acinzentada de
hipodensidade correspondendo a artéria cerebral ESCALA NIH
média. O AVC isquêmico habitualmente, quase
sempre, não aparece nas primeiras horas, por
exemplo: paciente que há duas horas apresentou
déficit motor e solicitou uma TC e visualiza-se uma
área de isquemia deve-se investigar melhor para
saber se realmente foi há duas horas, perguntar o
que esse paciente estava fazendo antes desse tempo,
pois a imagem (hipodensa) aparece no decorrer do
tempo, em torno de 18 a 36 horas, podendo ir até
48 horas para aparecer a imagem.

DEFINE TROMBÓLISE/CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

❖ Pacientes >18 anos e < 80 anos: Abaixo de 18


e acima de 80 não existem trabalhos que
comprovem eficácia.
❖ Diagnóstico clínico de AVEi: ou seja, inclui
tomografia normal.
❖ Déficit neurológico de intensidade significativa:
pode utilizar a escala de Cincinnati, porém não é
utilizada para trombólise e sim para ambiente
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Antes de trombolizar o paciente, na sua admissão ❖ Não utilizar antiagregante ou anticoagulante


deve-se fazer a escala NIH que vai te dar uma nas primeiras 24h.
pontuação e nas próximas 24h, de hora em hora,
deve-se realizá-la novamente, pois se o paciente • Quem não vai usar o rt-PA:
está melhorando ou piorando a estratégia utilizada ❖ Preencheu algum critério de exclusão.
deve ser mantida ou reanalisada. Toda e qualquer ❖ Lesão hemorrágica.
doença crítica existe uma escala, a do AVC é o NIH. ❖ Não tem medicação.
Redução do NIH → paciente melhorando. Aumento do ❖ Não fez TAC: lembrar que a não realização da
NIH → paciente piorando. tomografia impede o uso do trombolítico.

Avalia-se: nível de consciência (não é Glasgow), MEDIDAS – AVEI


orientação (idade e mês), comandos (abrir e fechar
os olhos e soltar e apertar as mãos), motricidade
SUPORTE CLÍNICO:
ocular (voluntária ou olhos de boneca), campos
visuais, paresia facial, motor membro superior ❖ Garantir o ABCD: em qualquer paciente crítico, é
(analisando direito e esquerdo), motor membro necessário fazer monitorização cardíaca
inferior (analisando direito e esquerdo), ataxia contínua, oximetria de pulso, PAM invasiva,
apendicular, sensibilidade dolorosa, linguagem, sondagem vesical (avaliação do débito urinário).
disartria, extinção/negligência Lembrar que NIH>4 é critério para ir para UTI.

❖ Hidratação/Euvolemia.

Supondo que optamos por trombolisar um paciente,


não precisa passar acesso central, exceto em alguns
O déficit neurológico de intensidade significativa é casos, por exemplo: paciente com IOT, em uso de
um NIH entre 4 e 22, que são os pacientes que droga vasoativa → pega o acesso central o quanto
serão trombolisados. Acima de 22 não trombolisa, antes, faz compressão, e normalmente é na femoral,
sem nenhuma exceção. Porém, entre 4 e 22 há UMA espera um momento para trombolisar o paciente. A
EXCEÇÃO, que NÃO iremos trombolisar, se for AVC sondagem vesical, bem como a nasoenteral é antes
de tronco, pois quando trombolisa cria um pouco de de trombolisar, pois se esperar trombolisar tem que
edema, e devemos lembrar que a ponte, o tronco e esperar 24 horas para iniciar esses procedimentos.
o bulbo têm uma circunferência muito menor do que ❖ Corrigir glicemia e hipertermia: paciente
cérebro em si, portanto, se edemaciar é um risco de neurocrítico não pode fazer febre, pois é
herniação e edema cerebral por não fazer o fluxo resposta inflamatória e gera um
adequado, mudando assim o motivo do avc, tirando a hipermetabolismo (aumento da temperatura →
isquemia por trombo para uma isquemia por edema aumento do fluxo sanguíneo → aumento do
(baixo fluxo). Outra exceção é um NIH < 4 com edema).
afasia que deve trombolisar. O NIH é também uma ❖ Avaliar jejum oral nas primeiras 24h (VSNE) no
escala para guiar a conduta do paciente. paciente NIH >4. Se achar necessário, sempre
Normalmente, um AVCi de ponte, tronco e bulbo indicar uma dieta via oral assistida para evitar
apresentam um NIH maior que 22. problemas com broncoaspiração.
TROMBÓLISE ❖ Profilaxia TVP e LAMG: não se pode usar
heparina nas primeiras 24 horas em pacientes
• Rt-PA (Alteplase): a trombólise é com o trombolisados. Se não trombolisou, é para todos,
trombolítico que tivermos a mão. Pelo consenso é pois o paciente ficará mais de 8 horas acamado
o Alteplase. fora as horas do sono. Profilaxia de LAMG (lesão
❖ 0,9mg/kg – máx 90mg. aguda de mucosa gástrica) é a úlcera de estresse.
❖ 10% da dose em bolus (em 1 min). ❖ Fisioterapia.
❖ Alvo pressórico: principal.
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O alvo pressórico é Acima desse valor não tem trabalho adequado, além
sempre avaliado para de que aumenta o risco de sangramento, e se o
não dar sangue de menos paciente sangrar, fica muito mais fácil atingir o alvo
e nem sangue de mais do AVCh.
para esse cérebro. Por • Caso seja necessário tratar a TA:
esse motivo existe um ❖ Evitar reduções > 15% nas primeiras 24h. Se
intervalo de alvo
reduzir mais que isso (o paciente está
pressórico. acostumado com a PA alta), pode fazer AVC tipo
Nesse gráfico III, levando à isquemia mesentérica (ou angina
podemos inferir que mesentérica), piora da função renal em 2-3 dias.
não se pode deixar a Não adianta evitar que o paciente tenha uma
PA nem muito alta hemorragia se ele sai dialítico, infartado ou com
nem muito baixa,
cirurgia para retirada de parte do intestino.
porém, se for preciso
O paciente que se pode reduzir > 15% nas
escolher entre PA
primeiras 24h é aquele com lesão de órgão alvo,
baixa ou alta, é de escolha a elevada, pois a
por exemplo, aquele que se encontra com PA de
mortalidade é menor, ou seja, a mortalidade em
320x180 mmHg, fez um sangramento, não teve
pacientes com a pressão baixa é maior do que em
tempo de reduzir de forma adequada, porque se não
pacientes com a pressão alta. Existem alguns
o paciente vai morrer. Então pesa-se risco e
pacientes que, por exemplo, estão com a PAS de 130
benefício (descrever no prontuário). 15% de uma
e iremos usar noradrenalina. O que precisamos saber
sistólica de 220 vai dar 34 mmHg que dá quase
é que a pressão baixa (120/140) a mortalidade é
próximo do alvo do AVCh.
maior do que em pacientes hipertensos. Essa faixa
pressórica é o ideal para 95% dos pacientes, ou O alvo do AVCi sem trombólise é maior porque é
seja, 5% da população mundial não se encaixa nesse mais difícil de fazer AVCh, mas quando é feita
gráfico, e é aí que entra o papel do intensivista, para trombólise, o alvo é menor.
poder identificar qual é o alvo pressórico para ❖ Usar drogas de ação rápida e meia vida curta.
esses pacientes. Existe uma faixa que vai reduzir a 1. Nada de captopril SL ou qualquer outro IECA: o
mortalidade desses pacientes. pico de ação e a biodisponibilidade do SL é a
mesma do oral (captopril), com um adendo, pois
ALVO PRESSÓRICO – AVC ISQUÊMICO em 15% da população, o captopril SL dá isquemia
SEM TROMBÓLISE: de língua.
• Vaso ainda está total ou parcialmente ocluído. 2. Labetalol – recomendado – 1º linha
• Prioridade: manter perfusão. Exemplo: quando se (betabloqueador - droga de escolha no
tem um cano obstruído em casa, ou joga um consenso): não faz edema cerebral, aumento de
produto químico (no caso do vaso – o trombolítico) fluxo sanguíneo cerebral. Além disso, a meia vida
ou passa um arame (no caso do vaso – a é curta (se o paciente começar a complicar,
hemodinâmica) ou coloca pressão. desliga o labetalol e o efeito acaba em 2 minutos).
Não existe no Brasil (se tiver em algum hospital
Então, se não é colocado o produto químico, porque
é porque foi importando do mercado americano
tem contraindicação, se não vai passar o arame
sem o consentimento da ANVISA e da ANS).
porque não tem como fazer agora, o que sobra é a
3. Esmolol – aceitável: meia vida curta, mas não
pressão, aumentando-a o máximo possível para
tanto quanto o labetalol. Nem todo hospital tem.
fazer com que o que está entupindo saia.
4. Nitroprussiato de sódio não usa em 1º linha: Não
• TA sistólica: 220 mmHg. usa vasodilatador porque ele aumenta o fluxo
• TA diastólica: 110 (105 – 120) mmHg. das meninges (que é hipervascularizada), e no
início da década de 90 dizia que ao fazer
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vasodilatador, ele aumenta o fluxo sanguíneo • AAS e/ou clopidogrel – 24h após fibrinólise. O
cerebral. Nesses pacientes não é adequado AAS usa para todos os pacientes, e para alguns
aumentar esse fluxo (pelo menos não na maior pacientes usa AAS + Clopidogrel.
parte deles), então o NIPRID não era muito Exemplo, aquele paciente que já usa AAS por algum
adequado. No entanto, não teve nenhum estudo
motivo e faz um AVC já em uso do AAS de maneira
falando que o nitroprussiato apresenta essa correta. Então, o AAS sozinho não sustenta esse
possibilidade, mas se for considerar essa droga
paciente, sendo necessário usar então AAS +
do ponto de vista farmacodinâmico e Clopidogrel (clop não deve ser usado nos pacientes >
farmacocinético o nitroprussiato de sódio pode
75 anos pelo risco de sangramento).
fazer aumento de fluxo na meninge por conta do
❖ Estudo POINT – dose de ataque dos dois.
Niprid estar com uma dose muito alta, e não
1. AIT/AVC minor (NIH < 4 sem afasia – exceto
espera-se que essa dose chegue a ser tão alta,
fossa posterior).
até porque esses pacientes com este descontrole
pressórico acabam indo para o centro cirúrgico Recentemente, faz uso do AAS + Clopidogrel nos
em algum momento. Inclusive, no último consenso pacientes que tem ataque isquêmico transitório
este medicamento está liberado como segunda (AIT) porque o paciente que tem AIT tem 5x mais
ou terceira linha (coloca niprid e esmolol na chance de ter um evento isquêmico, um AVCi;
segunda linha) de tratamento. também usa no paciente com AVC minor, que é aquele
paciente com NIH < 4 sem afasia – exceto fossa
O problema da clonidina é que, primeiro, sua meia vida
posterior.
não é curta, o pico de ação é curto, mas ela se mantém
por algumas horas. Então se ela for desligada, vai 2. Uso anterior.
demorar de passar (entre 4 – 6h) e o efeito rebote, • Não anticoagular.
sendo este último o grande problema da clonidina. Não existe anticoagulação para AVC. Exemplo: o
paciente tem FA, um trombo, ou qualquer outra
ALVO PRESSÓRICO – AVC ISQUÊMICO coisa, anticoagula esse paciente, mas não vai ser pelo
COM TROMBÓLISE: AVC.
• Há um risco de transformação hemorrágica. • Vigilância neurológica.
• Recomendação: manter TAS < 180/185 mmHg e ❖ Convulsões/edema cerebral se
TAD < 105/110 mmHg. intenso/transformação hemorrágica.
• Preferir drogas parenterais de meia vida curta.
É importante fazer a vigilância neurológica desse
• Estudos mostram que reduzir a TA > 10/15%
paciente, devido ao risco de crise convulsiva, edema
e/ou TA média < 85 mmHg e/ou PAS < 140
cerebral, que vai ser visto antes de se manifestar
mmHg estão associadas com pior prognóstico.
clinicamente pela tomografia (o mesmo se aplica para
Nesse paciente existe um risco de transformação transformação hemorrágica). Por exemplo, se o
hemorrágica maior do que no AVCi, então por isso paciente chega, e é feita a tomografia, a próxima
há recomendação de manter os níveis pressóricos nos tomografia de controle deve ser feita 48h depois.
valores citados acima. Se quiser reduzir 15% desse
valor, para atingir 150 – 160 da sistólica é muito
mais fácil, pois não vai causar lesão em outros
órgãos do paciente.

MEDIDAS – AVEI

• Heparina profilática: no paciente que foi feita


trombólise, espera 24h, e no paciente que não
foi feita trombólise, administra de imediato.
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Se a TC tivesse assim, não seria feito nada, pois esse a craniotomia descompressiva. A trombose está
paciente está com uma lesão hemorrágica, devendo atingindo a artéria cerebral média e boa parte da
ser tratado como qualquer AVCh. Qualquer lesão artéria posterior (?)
hemorrágica contraindica fibrinólise. Além disso, vai
contraindicar o AAS e a heparina.

O paciente com AVCh vai ficar acamado, pois o risco


de trombose de membro inferior e de membro
superior é alto. O que deve ser feito para reduzir o
risco de trombose é o uso de meia compressiva, CPI
e fisioterapia. Depois de 48h repete essa
tomografia, e caso essa imagem de sangramento
reduzir, está liberado o uso de profilaxia, e ao
contrário, numa hemorragia subaracnoide, só pode Às vezes a imagem pode sair esverdeada, mas isso
liberar profilaxia se for feito o clampeamento do depende da qualidade de cada tomógrafo. Observa-
aneurisma, que pode demorar meses. se na imagem esquerda uma imagem hipodensa na
Essa redução é de qualquer valor, no entanto, se porção anterior da artéria cerebral média
manteve ou aumentou, não faz. esquerda, e a direita, uma imagem hiperdensa, de um
AVCh.

AVCh é quando tem extravasamento de sangue no


parênquima cerebral, e o grau de hemorragia é na
subaracnoide, que tem extravasamento do sangue
com rompimento aneurismático no espaço
subaracnóide.

• AVCi: ocorre uma obstrução ao fluxo sanguíneo.


• AVCh: ocorre o extravasamento do sangue para
fora do vaso.

Quando for colocado para a prova qualquer imagem


tomográfica, vai estar de forma clara. Então para
hemorragia subaracnoide a imagem vai ser a da
esquerda (pode ser chamada de estrela do mar,
aranha ... ). IMAGEM DE PROVA!!!

No AVCi, a imagem é hipodensa, enquanto que no


AVCh a imagem é hiperdensa. Na imagem da
esquerda, o vaso está túrgido (linha mais hiperdensa),
não está chegando sangue, provavelmente tem algum
trombo ocluindo, deixando esse vaso congesto, e esse
paciente precisa ir para o centro cirúrgico para fazer
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❖ NIH < 4.
❖ Afasia (ficar atento a pacientes com afasia).

Se achar que o paciente tem condições de dieta oral,


colocar dieta oral branda assistida.

• Controle glicêmico:
❖ HGT > 400 é igual a insulinoterapia venosa
(mede a glicemia de hora em hora).
❖ Entre 180 e 400 é possível usar a insulina NPH
subcutânea com regular de resgate.

Se tiver hipoglicemia, corrigir. Por exemplo, se esse


Nesse paciente não se sabe se ele fez primeiro
paciente vier da rua, é feito glicose com tiamina, pois
AVCi e depois fez AVCh (transformação
não se sabe o status prévio desse paciente, então ele
hemorrágica), ou se ele fez transformação
entra no protocolo de hipoglicemia na emergência.
hemorrágica e essa lesão hemorrágica está
No entanto, se essa glicemia for feita dentro do
expandindo, fazendo uma lesão isquêmica ao redor.
hospital, não precisa de tiamina.
Inclusive esse paciente tem indicação de centro
cirúrgico para fazer craniotomia descompressiva. • Fisioterapia: sempre.
• Profilaxias: já foi discutido.

(Passou várias outras imagens – não explicou essa).

• Paciente com AVCi sem trombólise → alvo da


PAS < 220 e a PAD < 120.
• AVCi com trombólise → alvo da PAS < 180/185
e da PAD < 105/110.
• No AVCh, de Glasgow >8, o alvo é 160x110.
• Se tiver < 8 → o paciente precisa ir para o
centro cirúrgico, colocar um cateter de PIC, e de
acordo com a pressão intracraniana diz-se qual é
o alvo pressórico desse paciente, que pode ser
160, mas às vezes pode ser 240x140.

CONSIDERAÇÕES

• Dieta:

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