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[Fichamento] Norma Culta Brasileira - Desatando Alguns Nós

Língua Portuguesa I (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

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Baixado por Gabriela Vitório (gabriela.vitorio@hotmail.com)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO


COMUNICAÇÃO SOCIAL
LÍNGUA PORTUGUESA I
PROF. MANUELLA CARNAVAL – EC3

LUCAS SANTOS AGUIAR

FICHAMENTO – NORMA CULTA BRASILEIRA: DESATANDO


ALGUNS NÓS
Síntese da obra de Carlos Alberto Faraco

RIO DE JANEIRO
2018

Baixado por Gabriela Vitório (gabriela.vitorio@hotmail.com)


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Tipo: Livro
Assunto: Sociolinguística – Língua portuguesa
Referência bibliográfica: FARACO, Carlos Alberto. Norma Culta Brasileira: Desatando
alguns nós (pp. 73 – 93). São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

 Para o autor, a norma culta/comum é um conjunto de fenômenos linguísticos, em


situações de monitoramento, com valor social positivo. Assim, ela se tornou grande
objeto de estudo e adquiriu status de superioridade perante as demais variedades
existentes.
 Essa representação levou a interpretações equivocadas a respeito da norma culta,
como considerarem a norma e a língua como uma unidade única. Faraco diz que o
alarme causado pelas mudanças não é sustentado porque as alterações não alteram a
estrutura da língua; além disso, a mesma é heterogenia, sendo ela um conjunto de
variedades, como por exemplo a norma culta citada.
 A diferenciação das normas não se dá pelo ponto de vista gramatical – que consideram
equivalentes todas as variedades – e sim pelos valores atribuídos a elas por grupos
sociais distintos; assim, o prestígio que os letrados deram a norma culta/comum foi o
que a tornou idealizada como “o modo correto de se comunicar”.
 Nesta parte do texto é introduzida a formação do conceito da norma-padrão, desde a
origem das sociedades feudais, as mudanças de urbanização e mercantilização na
Europa até a criação dos Estados Centrais no final do século XV; o formato de
padronização da língua serviu para diminuir a diversidade linguística existentes nesses
Estados – facilitando assim a unificação – e é esse artifício que chamamos de norma-
padrão.
 Isto mostra que a norma padrão é uma construção socio-histórica com o fim de
uniformização da língua, diferentemente da norma culta, que é a expressão social dos
falantes. Utilizando a Europa como base, se é notado que a referência para a
construção da norma padrão foi justamente a variedade praticada pelas classes mais
abastadas da época.
 Com a contextualização histórica, é possível perceber que as gramáticas e dicionários
são instrumentos de padronização de comportamento dos falantes e que,
consequentemente, se tornaram objetos de coerção. Isso vai impactar até mesmo no
significado de palavras, como ‘norma’, que “tem, no uso contemporâneo, dois
sentidos. No primeiro, se correlaciona com normalidade [...] no segundo, se
correlaciona com normatividade.” (FARACO, 2008).
 Relacionando-se sobre a norma-padrão, diversos autores (como Suzanne Romaine e
James Milroy) coincidem no mesmo ponto: de que o conceito dessa norma é
totalmente europeu, baseado em línguas e valores europeus e que existem influências
ideológicas na construção dessa norma.
 Observada essa influência, é notório a dificuldade de separação entre o trato cientifico
e emocional da língua e sua relação com as normas; uma das razões para a dificuldade
citada é a forma simplista com a qual a questão da norma-padrão é abordada em vários
países - inclusive no Brasil.

Baixado por Gabriela Vitório (gabriela.vitorio@hotmail.com)


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 O foco principal dos linguistas brasileiros – de certa forma favoráveis ao ensino da


norma-padrão – é no combate a artificialidade deste padrão, que é excludente e gera
preconceitos.
 O padrão linguístico possui grande utilidade e importância quando utilizado como
catalisador para alcançar certos níveis de uniformidade e unificação, porém ele nunca
conseguirá alcançar a homogeneidade completa, pois para isso seria necessário
eliminar a diversidade da sociedade, o que é impossível.
 A norma culta/comum e a padrão possuem uma relação paradoxal: enquanto elas são
mais próximas do que as outras normas – devido a relação em que os que defendem o
padrão serem falantes da norma culta – elas também possuem um grande afastamento
que deriva do movimento natural da história, que gera uma grande distante e torna a
norma padrão cada vez mais artificial, se a mesma não é reajustada.
 O aspecto da norma-padrão brasileira é curioso, devido ao formato com a qual ela foi
construída. A base definida para obter uma padronização da língua não foi a norma
culta/comum utilizada no país nem a língua de Portugal, e sim um modelo construído
pela elite letrada conservadora brasileira inspirado em escritores portugueses no
romantismo – sendo assim um formato totalmente artificial.
 A padronização brasileira não teve como objetivo a unificação do território, como na
Europa; ela foi imposta com o objetivo de combater as variedades existentes no
português popular, que era considerado pela elite como sinônimo de degeneração da
língua. Porém, por modificar excessivamente o formato dos falantes, este projeto
falhou e nunca conseguiu alterar a face linguística do Brasil.
 A resistência a norma-padrão, além das críticas dos escritores modernistas, fez com
que nossa literatura, e posteriormente as gramáticas, tivesse uma flexibilização, e
assim o conservadorismo excessivo da norma-padrão foi diminuído – esta
flexibilização foi denominada norma gramatical.
 Com a grande distância entre a norma culta/comum e a norma-padrão, foram
desenvolvidos métodos para condenar qualquer variação que fugisse as normas
estabelecidas – mesmo que condenasse fenômenos amplamente utilizados pelos
falantes – tornando a língua um enorme fator de discriminação e exclusão.
 Existe um movimento em que se sugere a adequação da norma padrão as variedades
da norma culta/comum; em contrapartida, existe a dúvida da necessidade de existir
uma norma-padrão definida. Diante desses fatores, é avaliado a ideia da difusão das
variedades cultas/comum aliada ao combate de conceitos da norma padrão que tentam
desqualificar os falantes da língua portuguesa brasileira – transformar o normal culto
em normativo.
 As normas existentes possuem conflitos entre si, como a limitação que a norma
gramatical impõe a aqueles que a utilizam e a adequação da norma culta/comum a essa
gramática. Por a língua ser heterogenia e mutante, os seus usos são distintos e se
alteram com devida frequência, a ponto de evitar que a norma-padrão conseguisse
modifica-la. O conflito citado pode ser exemplificado em diversas construções do
português brasileiro, como formas verbais e a relação com os pronomes. Como
solução desses conflitos, é considerado a adequação da norma gramatical a norma

Baixado por Gabriela Vitório (gabriela.vitorio@hotmail.com)


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culta/comum – já se pode ver isso ocorrer na escrita literária, jornalística e até mesmo
acadêmica.
 Porém, ainda vemos defensores da norma-padrão criticarem e julgarem a utilização de
elementos da norma culta/comum, mesmo que não se tenha base para tal ação, a não
ser seus próprios preconceitos. E são essas atitudes excludentes que encontramos na
sociedade brasileira, que servem tão somente para constranger e humilhar pessoas que
utilizam uma forma que não possui fundamentos linguísticos para ser considerada
equivocada.

Baixado por Gabriela Vitório (gabriela.vitorio@hotmail.com)

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