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URINÁLISE E FLUÍDOS BIOLÓGICOS

INTRODUÇÃO À URINÁLISE

História e Importância
A medicina laboratorial teve início com a análise da urina. Embora os métodos não
fossem sofisticados, a observação da urina permitia ao médico obter informações
diagnósticas a partir da turvação, cor, odor, volume, viscosidade e até mesmo pela
presença de açúcar ao perceberem que certas amostras atraíam formigas. Os meios
modernos de urinálise ampliaram seu campo de ação, abrangendo não só o exame
físico, mas também a análise bioquímica e a microscopia do sedimento urinário.
No século XVII, com a invenção do microscópio, foi possível realizar o exame do
sedimento urinário e criar métodos para sua quantificação.
Além da amostra de urina ser de obtenção rápida e fácil, fornece informações
sobre muitas das principais funções metabólicas do organismo, por meio de exames
laboratoriais simples. Essas características se ajustam às tendências atuais em favor
da medicina preventiva.
Devido ao fato de o exame urinário ser um método muito valioso de triagem
metabólica, pode-se detectar, além de doenças renais, o início assintomático de
patologias como o diabetes mellitus e as hepatopatias.

Formação e Composição
Aformaçãodaurinaocorrenos rins, comoum ultrafiltradodoplasma, apartirdoqual
sãoreabsorvidos glicose, aminoácidos, água e outras substâncias essenciais ao
metabolismo do organismo.
A ureia, um produto residual do metabolismo do fígado a partir de proteínas, é
responsável por quase metade do total de sólidos dissolvidos na urina. O principal
sólido inorgânico dissolvido é o cloreto, seguido pelo sódio e o potássio. A ingestão
dietética influencia as concentrações desses compostos inorgânicos, o que torna difícil
estabelecer níveis normais.
Substâncias como hormônios, vitaminas e medicamentos também são
encontrados na urina. Também pode conter elementos formados, como células,
cilindros, cristais, muco e bactérias, sendo que o aumento desses é indicativo de
doença.
Para ter certeza de que um determinado FLUIDO é realmente urina, pode-se
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dosar ureia e creatinina nessa alíquota já que tais substâncias se encontram presentes
em altas concentrações se comparadas a outro FLUIDO corporal.

Volume

O volume urinário depende da quantidade de água excretada pelos rins,


portanto, a quantidade excretada, em geral, é determinada pelo estado de hidratação
do organismo.
Os fatores que influenciam o volume de urina são:
» Ingestão de líquidos;
» perda de líquidos por fontes não renais;
» variações na secreção do hormônio antidiurético; e
» necessidade de excretar grandes quantidades de solutos, como glicose ou sais.

O débito urinário médio é de 1.200ML a 1.500ML, porém podem ser


considerados normais os valores limites de 600 mL a 2.000 mL.
Redução do volume diário normal de urina, também chamado de oligúria,
geralmente se dá quando o organismo se encontra em um estado de desidratação
devido à perda excessiva de água em decorrência de episódios de vômito, diarreia,
transpiração ou queimaduras graves.
Quando ocorre anúria, ou seja, cessação do fluxo urinário, a oligúria pode ser
resultante de qualquer tipo de lesão renal grave ou até de uma diminuição do fluxo
sanguíneo para os rins.
Nictúria é o aumento na excreção noturna de urina. Já a poliúria é o aumento
do volume urinário diário, que, por sua vez, está muito associada ao diabetes mellitus
e ao diabetes insípido.
Coleta
O recipiente da amostra deve ser devidamente etiquetado com o nome do
paciente, data e hora da colheita, lembrando que as etiquetas devem ser postas sobre
o recipiente e não sobre a tampa.
Amostras mantidas à temperatura ambiente por mais de uma hora, sem
conservantes, podem apresentar as seguintes alterações:
» Aumento do pH, bactérias, turvação;
» Diminuição da concentração de glicose, cetonas, bilirrubinas, urobilinogênio;
» Desintegração de hemácias e cilindros; e
» Alteração de cor = oxi-redução de metabólitos.
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A orientação e preparação adequadas dos pacientes, principalmente quando


do sexo feminino, não se constitui, na prática diária, um procedimento dos mais
simples. Por isso, frequentemente no deparamos com amostras de urina
inadequadamente colhidas, que apresentam características de contaminação com
fluxo vaginal.
No caso de pacientes do sexo feminino, elas devem ser orientadas a lavarem
cuidadosamente as mãos e, após enxaguá-las, afastar os lábios vaginais e lavar os
órgãos genitais externos em torno da uretra com água e secar com lenços de papel ou
limpar com lenços de higiene. Após essa higiene, os lábios vaginais devem ser mantidos
afastados até a micção e durante ela. A primeira parte jato da micção deve ser
desprezada. Após isso, se colhe aproximadamente 50 mL e se despreza o restante. As
pacientes devem colher a amostra de urina imediatamente após realizar a higiene, sem
se levantarem do vaso; caso contrário, o procedimento de higiene deve ser repetido. O
rigor necessário na higiene dos órgãos genitais externos torna o êxito do procedimento
de coleta difícil de ser alcançado.
Como alternativa para o procedimento de higiene, recomenda-se que a paciente
proceda à colheita da urina após lavar bem as mãos e, com os dedos indicador e
médio, afastar bem os grandes lábios vaginais. Com leve pressão, promover a
retificação da uretra feminina, que normalmente apresenta uma curva descendente de,
aproximadamente, 45° (Quadro 1).
Quadro 1 – orientação para coleta de Urina para pacientes do Sexo Feminino
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Fonte: <http://www.pmvc.ba.gov.br/v1/images/editor/images/lab2%281%29.jpg>. acesso em: 25 set. 2012.

Os pacientes do sexo masculino devem ser orientados a lavarem


cuidadosamente as mãos e, após enxaguá-las, retrair o prepúcio, se existente, para
permitir cuidadosa lavagem da glande peniana, apenas com água, ou então realizar
essa limpeza com lenços de higiene. Após essa higiene, sem permitir que o prepúcio
volte a cobrir a glande peniana, deve ser realizada a coleta desprezando o primeiro
jato da micção, recolhendo, assim, no frasco fornecido pelo laboratório,
aproximadamente 50 mL do jato médio. Por fim, desprezar o restante da urina dessa
micção (Quadro 2).
Quadro 2 – orientação para coleta de Urina para pacientes do Sexo masculino
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Fonte: <http://www.pmvc.ba.gov.br/v1/images/editor/images/lab%283%29.jpg>. acesso em: 25 set. 2012.

Tipos de Amostras

Para se obter uma amostra de urina significativamente fidedigna em relação ao


estado metabólico do paciente, é necessário controlar alguns aspectos da coleta
(Tabela 1), como:
» Hora;
» Duração
» Dieta;
» Medicamentos ingeridos; e
» Método de colheita.
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Tabela 1 – Relação entre o tipo de amostra e sua finalidade

Tipo de Amostra Finalidade


Aleatória (Ao acaso) Urina Tipo I ou de Rotina
Primeira da Manhã Urina Tipo I ou de Rotina Teste de Gravidez
Proteinúria Ortostática

Em Jejum (2ª da Manhã) Monitoramento de Diabetes


2 horas Pós-Prandial Monitoramento de Diabetes
Glicosúria
Teste de Tolerância à Glicose (TTG) Acompanham as amostras de sangue no TTG
24 horas (Tempo Marcado) Testes Bioquímicos Quantitativos
Por Cateterização Cultura de Bactérias
Coleta de Jato Médio Urina Tipo I ou de Rotina
Cultura de Bactérias
Aspiração Suprapúbica Coleta de Urina da Bexiga para Cultura de Bactérias
Citologia
Prova de Valentine Infecção de Próstata
Fonte: STRASINGER, S.K. Uroanálise e Fluidos Biológicos. 3. ed. São Paulo: Editora Premier, 2000, p. 7.

A urina do paciente com poliúria possui alta


densidade. Nesse caso, deve-se investigar a
possibilidade de diabetes mellitus.

FUNÇÃO E DOENÇAS RENAIS

Fisiologia Renal

O ser humano possui dois rins que têm cor vermelho-escura em forma de um
grão de feijão e cada um deles contém, aproximadamente, 1 a 1,5 milhões de néfrons.
Os néfrons controlam a capacidade renal de depurar seletivamente resíduos
provenientes do sangue e, ao mesmo tempo, de manter a água essencial e o equilíbrio
eletrolítico no organismo, por meio das seguintes funções renais:
» Fluxo sanguíneo renal;
» Filtração glomerular;
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» Reabsorção tubular; e
» Secreção tubular.

O sistema urinário, encarregado da produção, coleta e eliminação da urina, está


localizado no espaço retroperitonial, de cada lado da coluna vertebral dorsolombar. Em
uma pessoa adulta, cada um dos rins mede 12 cm e pesa 130 a 170G.
É constituído pelos rins direito e esquerdo; pela pelve renal, que recebe os
coletores de urina do parênquima renal; pelos ureteres, bexiga e uretra. Os rins são
envolvidos por uma cápsula fibrosa que, no nível do hilo renal, se deixa atravessar pela
artéria renal, pela veia renal e pela pelve coletora, que se continua com o ureter. O
parênquima renal apresenta duas regiões bastante distintas: a região periférica,
cortical ou córtex renal, e a região central, medular ou medula renal (Figura 1).

Figura 01 – Rim esquerdo e suas partes

Fonte: <http://sistemarenalfisiologia.blogspot.com.br/>. acesso em: 26 set. 2012.

Entre as diversas funções dos rins, vale destacar algumas.


» É responsável pela eliminação dos resíduos tóxicos produzidos pelo nosso
organismo como a ureia e o ácido úrico. É a sua função de filtração, de limpeza ou de
depuração.
» Controla o volume dos líquidos; portanto, qualquer excesso de água no corpo
é eliminado pela urina – é o chamado efeito diurético.
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» Exerce controle sobre os sais de nosso corpo, eliminando os seus excessos


ou poupando-os nas situações de carência.
» A partir do controle do volume (líquidos) e dos sais, exerce grande influência
sobre a pressão arterial e venosa do nosso organismo.
» Produz e secreta hormônios: a eritropoetina, a vitamina D e a renina. A
eritropoetina interfere na produção dos glóbulos vermelhos e a sua falta pode levar a
uma anemia de difícil tratamento. A vitamina D, calciferol, controla a absorção
intestinal de cálcio. E a renina, junto com a aldosterona, controla o volume dos líquidos
e a pressão arterial de nosso organismo.

Doenças Renais
Entre as principais doenças renais, destacam-se:
» Nefrite: caracteriza-se pela presença de albumina e sangue na urina,
edema e hipertensão.
» Infecção Urinária: o paciente se queixa de dor, ardência e urgência para
urinar. O volume urinado torna-se pequeno e frequente, tanto durante o dia como à
noite. A urina é turva e mal cheirosa, podendo surgir sangue no final da micção. Nos
casos em que a infecção atingiu o rim, surge febre, dor lombar e calafrios, além de
ardência e urgência para urinar.
» Cálculo Renal: a cólica renal, com dor no flanco e costas, é muito característica,
quase sempre com sangue na urina. Em certos casos, pode haver eliminação de pedras.
» Obstrução Urinária: ocorre quando há um impedimento da passagem da urina
pelos canais urinários, por cálculos, aumento da próstata, tumores, estenoses de
ureter e uretra. A ausência ou pequeno volume da urina é a queixa característica da
obstrução urinária.
» Insuficiência Renal Aguda: é causada por uma agressão repentina ao rim, por
falta de sangue ou pressão para formar urina ou por obstrução aguda da via urinária.
A principal característica é a total ou parcial ausência de urina.
» Insuficiência Renal Crônica: surge quando o rim sofre a ação de uma doença
que deteriora irreversivelmente a função renal, apresentando-se com retenção de
ureia, anemia, hipertensão arterial, entre outros.
» Tumores Renais: o rim pode ser acometido de tumores benignos e
malignos. E as queixas são de massas palpáveis no abdômen, dor, sangue na urina
e obstrução urinária.
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» Doenças Multissistêmicas: o rim pode se ver afetado por doenças reumáticas,


diabete, gota, colagenases e doenças imunológicas. Podem surgir alterações
urinárias em doenças do tipo nefrite, geralmente com a presença de sangue e albumina
na urina.
» Doenças Congênitas e Hereditárias: um exemplo dessas doenças é a
presença de múltiplos cistos no rim (rim policístico).
» Nefropatias Tóxicas: causadas por tóxicos, agentes físicos, químicos e
drogas. Caracterizam-se por manifestações nefríticas e insuficiência funcional do rim.
» Síndrome Nefrótica: é o conjunto de sintomas associados a um aumento da
permeabilidadeglomerular.Os sintomasgeradospor essasíndromesãoprincipalmente a
proteinúria, hipoproteinemia e edema. São vários os tipos de doença renal que se
manifestam na forma de síndrome nefrótica. Um exemplo é a glomerulonefrite.
» Glomerulonefrite: ocorrem basicamente duas formas de alteração
imunológica: a primeira, é a lesão que resulta da deposição de complexo antígeno-
anticorpo circulante no glomérulo. A segunda, são as lesões resultantes de reação de
anticorpos diretamente contra antígenos glomerulares, exemplificados pela doença
Antimembrana Basal Glomerular (anti-GBM). Então, pode-se descrever o processo
fisiopatológico da seguinte maneira: há uma entrada de antígeno no sangue formando,
assim, o complexo antígeno-anticorpo; o complexo é depositado no glomérulo, onde
se formam anticorpos anti-GBM; formando os complexos, ocorrem inflamação e
ativação de medidores químicos (complementos e leucócitos); os leucócitos e as
enzimas lisossômicas vão até a região e atacam a membrana basal glomerular; como
consequência, ocorre a alteração da permeabilidade da membrana, ficando
impossível a filtração normal; as alterações ocorridas podem levar à insuficiência renal
(aguda ou crônica) ou até à falência renal.
» Pielonefrite: resulta da infecção do tecido renal ou da pelve, que pode ser
ocasionada a partir de diversas fontes. A manifestação dessa doença, assim como da
insuficiência renal, pode ser de duas formas: aguda ou crônica. Essa doença é mais
comumente causada por bactérias, mas também pode ser causada por vírus ou por
fungos. A forma aguda da doença provém da contaminação bacteriana oriunda
da uretra ou de instrumentação, mas também pode ser levada até os rins pelo
sangue que passa por uma área infectada do organismo. A forma crônica pode ser
idiopática, juntamente com a obstrução ou reflexos oxigenados de cálculos renais ou
por presença de bexiga neurogênica.
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Muitas doenças renais são resultantes


de reações imunológicas.

EXAME FÍSICO DA URINA

Coloração
A variedade da cor da urina vai desde a ausência de cor até o negro, podendo
ser devido a funções metabólicas normais, atividade física, substâncias ingeridas ou
patologias. Porém, é de responsabilidade clínica determinar se essa alteração de cor
é normal ou indicativo de doença.
As descrições de cor mais comuns são: amarelo-claro; amarelo; amarelo-
escuro e âmbar. Parauma boa análise da amostra coletada deve-se olhar através do
recipiente contra um fundo branco, sempre em local com boa iluminação.
A cor amarela da urina é devido à presença de um pigmento denominado
urocromo. Amostras amarelo-escuras ou âmbar podem ser causadas pela presença
anormal do pigmento bilirrubina. A urina que contém a bilirrubina pode também conter
o vírus da hepatite.
Muitas colorações anormais na urina são de natureza não patogênica, sendo
causadas pela ingestão de alimentos, vitaminas e medicamentos bastante
pigmentados.
Aparência/Aspecto
É um termo geral usado para se referir à transparência da amostra urinária. Os
termos utilizados para descrever a aparência são: límpido, ligeiramente turvo e turvo.
Quando recém-eliminada, a urina geralmente é transparente, porém em casos
patológicos, em que existe a grande quantidade de piócitos (leucócitos), hemácias,
células epiteliais, cristais e bactérias, a amostra deverá se apresentar turva.
Turvação
As quatro principais substâncias que causam a turvação são os leucócitos, as
hemácias, as células epiteliais e as bactérias. Outras substâncias incluem lipídios,
sêmen, muco, linfa, cristais, leveduras, matéria fecal e contaminação externa.
O fato de a urina recém-eliminada apresentar-se turva pode ser motivo de
preocupação.
Correlação Laboratorial da Turvação Urinária
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1. Urina Ácida = uratos amorfos e material de contraste radiográfico.


2. Urina Alcalina = fosfatos amorfos e carbonatos
3. Termossolúvel = uratos amorfos e cristais de ácido úrico.
4. Solúvel em Ácido Acético Diluído = hemácias, fosfatos amorfos e carbonato.
5. InsolúvelemÁcidoAcéticoDiluído=leucócitos,bactérias,leveduraseespermatozoides.
6. Solúvel em Éter = lipídios, linfa e quilo.

Densidade Urinária

É definida como uma medida da densidade das substâncias químicas


dissolvidas na amostra. Sua medida é feita para verificar a capacidade de
concentração e diluição do rim.
Em uma urina normal, os valores da densidade variam de 1.015 a 1.025, no
volume de 24 horas. Já em amostras colhidas ao acaso, pode variar de 1.003 a 1.030.
No exame de urina tipo I, a densidade fornece informações preliminares
importantes e pode ser facilmente determinada com o uso de urodensímetro,
refratômetro, ou tiras reativas.

Os valores da densidade podem variar e, portanto, indicar algumas


patologias.
» Densidade baixa = diabete insípido, nefrite crônica, transtornos de
origem nervosa e ingestão de grande quantidade de líquidos.

» Densidade elevada = diabetes mellitus, casos de desidratação e


nefrite parenquimatosa.

Odor

É uma propriedade física observável, pois, assim que recém-colhida a urina


possui um odor característico de seus componentes aromáticos. O odor é classificado
como próprio, sui generis ou característico.
Quando a amostra fica muito tempo em repouso, o cheiro de amônia passa a
ser predominante devido à degradação da ureia. A urina em decomposição adquire
um odor pútrido ou amoniacal devido à fermentação bacteriana.
As causas frequentes de odores fortes são:
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» infecções bacterianas (cheiro forte e desagradável); e/ou


» presença de corpos cetônicos de diabetes (cheiro adocicado ou de frutas).

EXAME QUÍMICO DA URINA

Os resultados do exame químico da urina fornecem informações sobre o


metabolismo de carboidratos do paciente, funções renais e hepáticas e equilíbrio
ácido-básico. Abaixo, são descritos esses exames.

Tiras Reativas
A tira reagente é a técnica mais amplamente usada na detecção de substâncias
químicas na urina. Uma única tira pode conter até 10 tipos de testes. São
constituídas por pequenos quadrados de papel absorvente impregnados com
substâncias químicas e aderidos a uma tira de plástico.
Uma escala de comparação de cores é anexada às tiras reagentes, usualmente
no rótulo do seu recipiente. O desempenho delas deve ser testado diariamente usando
soluções de controle baixo, normal e alto.
Os testes são feitos mergulhando rapidamente as tiras em uma urina recente,
bem homogeneizada. O excesso deve ser removido, tocando a borda da tira
brevemente em um papel absorvente. O contato da tira com a urina faz com que ocorra
uma reação química e, então, a mudança cromática.
As áreas de teste da tira devem ser observadas nos intervalos de tempo
específicos. As mudanças de cor das almofadinhas de reagentes devem ser
comparadas visualmente com a cor da escala fornecida junto com as tiras.

Automação em Urinálise
A automação no procedimento de urinálise tem permitido aos laboratórios o
fornecimento de resultados mais precisos e seguros.
O intervalo de tempo entre a coleta do material e o processamento do teste é
crítico nos exames de urina. Por isso, a automação, tanto da análise morfológica
quanto química das amostras, tem se tornado um diferencial nos serviços
laboratoriais.
Alguns laboratórios têm leitoras automáticas de tiras. Esses instrumentos
detectam eletronicamente as mudanças de cor nas almofadinhas de reagentes. A tira
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reagente é mergulhada na amostra pelo técnico e a tira úmida é inserida no aparelho.


Os resultados são mostrados em um painel digital e pode ser impresso
automaticamente.
O uso desses instrumentos elimina o erro técnico devido às diferenças de
tempo de leitura ou à interpretação das cores.

pH
Os pulmões e os rins são os principais reguladores do equilíbrio ácido-básico
do organismo.
O pH é a medida do grau de acidez ou alcalinidade da urina. Um indivíduo sadio
produz a primeira urina da manhã com pH ligeiramente ácido, entre 5,0 e 6,0. Por
outro lado, as outras amostras obtidas durante o dia terão uma variação de pH de 4,5
a 8,0.
Existem alguns fatores que podem influenciar na mudança do valor do pH
urinário: a dieta, o uso de medicações, doenças renais e doenças metabólicas, como
diabetes mellitus.
O conhecimento do pH é importante na identificação de cristais observados no
exame microscópico. A precipitação de substâncias químicas também pode colaborar
para a formação de cálculos renais.

Proteínas
A análise da proteína é mais indicativa para se concluir um quadro de doença
renal, mas também pode ser causada por outras condições como infecções do trato
urinário.
A albumina, por ter baixo peso molecular, é a principal proteína sérica
encontrada na urina normal.
A urina normal contém quantidade muito baixa de proteínas, sendo em média
menos de 10 mg/dL ou 150 mg por 24 horas.
O aumento da proteína na urina é denominado proteinúria. São observadas em
processos degenerativos tubulares, associadas a processos infecciosos bacterianos,
em enfermidades vasculares e na hipertensão maligna.
A principal fonte de erro na utilização das tiras reagentes ocorre quando a
urina é extremamente alcalina e anula o sistema de tamponamento.
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Glicose
A análise da glicose é a prova de detecção que está incluída em todos os
exames físicos de urina e, muitas vezes, é o principal objetivo dos programas
preventivos de saúde pública.
A presença de glicose detectável na urina é chamada de glicosúria, o que
indica que a glicose sanguínea ultrapassou o limiar renal da glicose. Essa condição
ocorre no diabetes mellitus.

Cetonas
Os chamados corpos cetônicos são produtos derivados do metabolismo dos
ácidos graxos, tendo origem hepática.
O termo cetona engloba três produtos intermediários do metabolismo das
gorduras: acetona, ácido beta hidroxibutírico e ácido acetoacético; portanto, quando o
organismo metaboliza gordura de forma incompleta, são excretadas cetonas na urina.
Esses compostos da cetona não se apresentam em quantidades iguais na urina. A
acetona e o ácido beta-hidroxibutírico são produzidos a partir do ácido acetoacético,
sendo relativamente constante em todas as amostras as proporções de 78% de ácido
beta-hidroxibutírico, 20% de ácido acetoacético e 2% de acetona.
Entre as razões clínicas para esse aumento do metabolismo das gorduras citam-
se a incapacidade de metabolizar carboidratos como ocorre no diabetes mellitus; o
aumento da perda de carboidratos por vômitos; e a ingestão insuficiente de carboidratos
associada à carência alimentar e redução de peso.
Como as acetonas evaporam na temperatura ambiente, a urina deve ser bem
tampada e refrigerada se não for testada rapidamente.

Sangue
O sangue pode estar presente na urina em forma de hemácias íntegras ou de
hemoglobina, que é um produto da destruição das hemácias. Quando em grande
quantidade, pode ser detectado a olho nu. A hematúria produz urina vermelha e
opaca; por outro lado, a hemoglobinúria se apresenta na coloração vermelha e
transparente.
Na análise microscópica do sedimento urinário, observa-se a presença de
hemácias íntegras, mas não a de hemoglobina livre produzida por distúrbios hemolíticos
ou por lise das hemácias no trato urinário.
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O método mais preciso para determinar as presença de sangue é a avaliação


química, pois, uma vez detectado, se pode utilizar o exame microscópico para
distinguir a hematúria da hemoglobinúria.
A hematúria tem mais relação com distúrbios de origem renal ou urogenital, e
o sangramento seria resultante de traumatismo ou irritação dos órgãos desse
sistema. Entre algumas causas de hematúria estão os cálculos renais, as doenças
glomerulares, tumores, traumatismos, pielonefrites, e exposição a produtos tóxicos ou
a drogas.
A hemoglobinúria pode ocorrer como resultado da lise das hemácias no trato
urinário ou pode ser causada por hemólise intravascular e a subsequente filtração
de hemoglobinas através dos glomérulos. Isso ocorre em casos de anemias
hemolíticas, reações transfusionais, queimaduras graves, infecções e exercício físico
intenso.

Bilirrubina
A bilirrubina é um composto amarelo, muito pigmentado, devido ser um produto
da degradação da hemoglobina
Sua forma direta ou conjugada atravessa o túbulo renal e aparece na urina;
portanto, a bilirrubina é encontrada mais comumente em pacientes com icterícia
mecânica.
A hepatite e a cirrose são exemplos comuns de doenças que produzem lesão
hepática. As provas rotineiras para detecção de bilirrubina com tiras reativas utilizam
a diazotização.
Há um teste qualitativo, no qual se realiza a agitação da urina formando uma
espuma amarelada ou amarelo-esverdeada e cor âmbar, que indicará pesquisa
positiva para bilirrubina, usando amostra recente. O reativo usado nessa prova é o
Reativo de Fouchet.

Urobilinogênio
Como a bilirrubina, o urobilinogênio é um pigmento biliar resultante da
degradação da hemoglobina. É derivado da bilirrubina pela ação da flora bacteriana
intestinal. Aproximadamente metade da sua produção é reabsorvida, retornando ao
fígado, e uma parte pequena cai na circulação, sendo excretada pelos rins.
Por ação da luz e do ar atmosférico, o urobilinogênio que fica no intestino se
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oxida formando a urobilina (pigmento responsável pela característica cor das fezes).
O urobilinogênio aparece na urina porque, ao circular no sangue, a caminho do
fígado, pode passar pelos rins e ser filtrado pelos glomérulos. Se houver obstrução do
ducto biliar, haverá o impedimento da passagem normal de bilirrubina para o intestino.
Por meio do exame qualitativo, usando o Reativo de Ehrlich, o urobilinogênio
reage com o p- dimetilaminobenzaldeído, formando uma coloração vermelho-cereja.

Nitrito
A prova para detecção de nitrito é útil para o diagnóstico precoce das infecções
da bexiga (cistite), pois muitas vezes os pacientes são assintomáticos ou têm sintomas
vagos, que levariam o médico a pedir uma cultura de urina. A prova com nitrito também
poderá ser empregada para avaliar o sucesso da terapia com antibióticos e para
examinar periodicamente pessoas que têm infecçõesrecorrentes.
Alguns dos microrganismos que, frequentemente, causam Infecção do Trato
Urinário (ITU) são a Escherichia coli, a Klebsiella sp, o Proteus sp e a Pseudomonas
sp. As bactérias Gram negativas produzem enzimas que convertem os nitratos
urinários em nitrito. Não se destina a substituir a cultura de urina como principal prova
de diagnóstico e controle das infecções bacterianas, mas sim a detectar os casos em
que a necessidade de cultura pode ser evidente.

Leucócitos
A presença de leucócitos indica uma possível infecção do trato urinário.
Essa prova não tem o objetivo de medir a concentração de leucócitos, e os
fabricantes recomendam que a quantidade seja feita por exame microscópico.
Outra vantagem de análise bioquímica é a possibilidade de detectar a presença
de leucócitos lisados que não aparecem no exame microscópico.

Densidade
A capacidade renal de reabsorver seletivamente substâncias químicas
essenciais e água a partir do filtrado glomerular é uma das funções mais importantes
do organismo.
O complexo processo de reabsorção, muitas vezes, é a primeira função renal
a se tornar deficiente; por isso, a avaliação da capacidade de reabsorção renal é um
componente necessário do exame de urina (sumário).
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URINÁLISE E FLUÍDOS BIOLÓGICOS

EXAME MICROSCÓPICO DA URINA


Introdução
O exame do sedimento microscópico da urina é importante para avaliação do
estado funcional do rim. Durante a análise, pode-se verificar a presença ou evolução
de infecções; doenças e traumas do trato urinário. Além disso, certos resultados, como
a presença de cristais anormais, podem sugerir uma desordem metabólica.
É de extrema valia que todas as amostras de urina sejam analisadas o mais
breve possível para evitar a deterioração celular e multiplicação de bactérias ou de
outro micro-organismo.
A amostra a ser analisada deverá ser recente e obtida conforme solicitação
médica: em frasco limpo e devidamente identificado. Os elementos que compõem o
sedimento urinário podem sofrer diversas mudanças estruturais, devido a mudança de
pH, decomposição bacteriana, baixa densidade (urinas muito diluídas), alterações
provocadas por medicações e até mesmo pelo tipo de dieta.
Portanto, o procedimento é meticuloso e cuidadoso, a fim de evitar possíveis
falhas que, posteriormente, venham comprometer o diagnóstico clínico.
A melhor maneira pela qual o exame microscópico é realizado tem que ser
consistente, incluindo a observação de, no mínimo, dez campos em menor e maior
aumento (100 e 400x). A observação em menor aumento tem por objetivo avaliar a
disposição dos elementos, a composição geral do sedimento e a presença ou não
de cilindros. A identificação e contagem de todos os elementos presentes são
realizadas em aumento de 400x.

COMPONENTES DO SEDIMENTO
Hemacias
A presença de hemácias (Figura 2) na urina possui grande relação com
lesões na membrana glomerular ou nos vasos do sistema urogenital. A observação
de hematúria pode ser essencial para diagnóstico de cálculo renal.
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Figura 2 – Hemácias

Fonte: <http://tecnicasparaestudos.blogspot.com.br/2008/06/hematria-eliminao-de-um-nmero-
anormal.html>. acesso em: 2 out. 2012.
As hemácias são estruturas que podem ser confundidas, por exemplo, com
células leveduriformes. Possuem forma de discos bicôncavos ou esféricos e sem
núcleo.
Aquelas de tamanhos variáveis e que têm protrusões celulares são
denominadas dismórficas e aparecem mais em casos de hemorragia glomerular.
Hemácias dismórficas também podem ser encontradas nas amostras de pacientes
que realizaram exercícios físicos intensos.
Hemáciasdevemser avaliadas quanto à quantidade emorfologia(presença ou
ausênciadedismorfismo eritrocitário). A célula mais relacionada com a hemorragia
glomerular é o acantócito (Figura 3).
Figura 3 – acantócito

Fonte: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442005000200005>. acesso em: 2 out. 2012.

Leucócitos
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Os leucócitos (Figura 4) são os glóbulos brancos; já os piócitos constituem os


leucócitos degenerados resultantes da luta contra infecção microbiana.

Diferente das hemácias, os leucócitos são mais facilmente visualizados e


identificados por apresentarem grânulos citoplasmáticos e núcleos lobulados.

Figura 4 – Leucócitos

Fonte: <http://biomedicinafacil.blogspot.com.br/>. acesso em: 2 out. 2012.

A presença de leucócitos na urina costuma indicar que há atividade inflamatória


nas vias urinárias. Em geral, sugere infecção urinária, mas pode estar presente em
várias outras situações, como traumas, drogas irritativas ou qualquer outra inflamação
não causada por um agenteinfeccioso.

Células Epiteliais
Como as células epiteliais (Figura 5) provêm do tecido de revestimento do
sistema urogenital é bastante comum encontrá-las nos exames de urina. Em geral são
registradas como raras, moderadas e numerosas.

Figura 5 – célula Epitelial

Fonte: <http://www.biomedicinapadrao.com/2010_05_01_archive.html>. acesso em: 2 out. 2012.


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Essas células originam-se das vias urinárias baixas e altas, podendo estar
aumentadas em várias infecções do trato genital. Porém, em urinas de mulheres
estarão presentes em quantidades variáveis, sendo mais intensamente durante a
gestação.
Células menos comuns no sedimento urinário são as da bexiga e do túbulo
renal, que, por sua vez, podem ser indicadoras de doença renal.

Cilindros
Presença de cilindros na amostra de urina pode representar um grave
prognóstico, tornando sua investigação obrigatória, pois são os únicos elementos
exclusivamente renais encontrados no sedimento urinário.
Os fatores importantes na formação de cilindros são a concentração e a
natureza da proteína na urina tubular, a concentração de solutos dialisáveis como os
sais e a ureia, e a acidez da urina.
A glicoproteína de Tamm-Horsfall é o principal componente dos cilindros; é
excretada pelas células dos túbulos renais.

Hialinos
Os cilindros hialinos (Figura 6) são mais frequentemente encontrados e são
constituídos quase que inteiramente por proteína de Tamm-Horsfall. Seu achado
anormal pode acontecer em casos de desidratação, exposição ao calor, estresse
emocional, e após a realização de exercício físico intenso

Figura 6 – cilindro Hialin

Fonte: <http://www.flickr.com/photos/panchovaras/6356483931/>. acesso em: 2 out. 2012.


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São incolores e têm um índice de refringência semelhante ao da urina; portanto,


podem passar despercebidos se as amostras forem analisadas com muita
luminosidade. Contudo, o ideal é abaixar o condensador do microscópio para uma
visualização mais eficaz.
Quando seu número se encontra elevado, assume um significado clínico de
glomerulonefrite; pielonefrite; doença renal crônica; e insuficiência cardíaca
congestiva.

Hemáticos
A presença de cilindros hemáticos (Figura 7) indica que o sangramento é
proveniente do interior do néfron. São facilmente reconhecidos por serem refringentes
e terem uma cor que varia do amarelo ao marrom.
Figura 7 – cilindro Hemático

Esse tipo de cilindro é formado, no túbulo, por aglutinação das hemácias. Sua
presença indica diminuição do fluxo urinário tubular e está relacionada com os
processos de glomerulites.
Os sedimentos que contêm cilindros hemáticos também devem conter
hemácias livres.

Leucocitários
Os cilindros leucocitários (Figura 8) têm sempre origem renal e são indicativos
de doença renal intrínseca, observados com maior frequência na pielonefrite, porém
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ocorrem em qualquer tipo de inflamação dos néfrons. São formados por leucócitos
entrelaçados em uma matriz proteica.
Figura 8 – cilindro Leucocitário

Fonte: <http://professorwellington.zip.net/>. acesso em: 2 out. 2012.

Esses cilindros são refringentes, com grânulos e, a menos que tenham sido
desintegrados, serão visíveis os núcleos multilobulados. A observação de leucócitos
livres no sedimento também ajudará na sua identificação.

De Células Epiteliais
Os cilindros de células epiteliais (Figura 9) se formam devido às fibrilas da
proteína de Tamm- Horsfall se prenderem às células tubulares.
Figura 9 – cilindro de célula Epitelial

Fonte: <http://www.flickr.com/photos/ignacio_diez/3425704865/in/set-72157615467386820>. acesso em: 2 out. 2012.

Esse tipo de cilindro é acompanhado por cilindros hemáticos e leucocitários,


pois tanto a glomerulonefrite quanto a pielonefrite produzem lesão tubular. A
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identificação é facilitada por microscopia de fase.


Granulares
Os cilindros granulares (Figura 10) – finos e/ou grosseiros – são formados pela
degeneração dos elementos celulares em seu interior.
Figura 10 – Cilindro Granular

Fonte: <http://carlasofiacruz.com/microscopia-em-amostras-de-urinas>. acesso em: 2 out. 2012.

Céreos
Os cilindros céreos (Figura 11) são refringentes, com textura rígida e, por isso,
se fragmentam ao passar pelos túbulos. Sua presença é indicativa de extrema estase
urinária.

Figura 11 – cilindro céreo

Fonte: <http://carlasofiacruz.com/microscopia-em-amostras-de-urinas>.
acesso em: 2 out. 2012.

Adiposo
Os cilindros adiposos (Figura 12) são formados pela agregação à matriz, de
gotículas lipídicas livres, de corpos gordurosos ovais e de lipídios provenientes da
desintegração destes. São refringentes e contêm gotículas de gordura na cor marrom-
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amarelada.
Figura 12 – cilindro adiposo

Fonte: <http://pt.scribd.com/doc/72187014/56970958-analise-do-Sedimento-Urinario>. acesso em: 2 out. 2012.

Largos
A presença dos cilindros largos (Figura 13) indica acentuada diminuição da
função renal, com tendência à uremia. Muitas vezes esse cilindro é chamado de
“Cilindro da Insuficiência Renal”.
Figura 13 – cilindro Largo

Fonte:<http://www.flickr.com/photos/ignacio_diez/3509768157/>. acesso em: 2 out. 2012.

Por serem moldados pelos túbulos contorcidos distais, o seu tamanho pode
variar à medida que a doença altera a estrutura tubular.
Bactérias
A urina presente na bexiga não contém flora bacteriana, mas sistematicamente
se contamina com germes da flora normal da uretra e dos órgãos genitais.

Aquelas amostras que ficam à temperatura ambiente por tempo prolongado


podem conter quantidades detectáveis de bactérias, que, na verdade, representam
apenas a multiplicação dos organismos contaminantes.

Os laboratórios só registram a presença de bactérias (Figura 14) quando elas


forem observadas em amostras recém-colhidas e em conjunto com leucócitos.
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Figura 14 – Bactérias

Fonte:
<http://laboratoriovetuff.blogspot.com.br/2010/11/sedimentoscopia.html>. acesso em:
2 out. 2012.

Leveduras
As leveduras (Figura 15) são ovoides e podem ser observadas com brotamento
ou em cadeia (hifas).

Figura 15 – células Leveduriformes e Hifa

Fonte:
<http://www.menarinidiag.pt/produtos/sedimento_urinario>.
acesso em: 2 out. 2012.

Em pacientes com diabete mellitus podem ser visualizadas as


leveduras. Já no sedimento urinário das mulheres com candidíase,
a mais comumente encontrada é a Candida albicans.
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Parasitas
Os protozoários do tipo Trichomonas (Figura 16) são os mais
comumente encontrados no sedimento urinário, devido à
contaminação por secreções vaginais.
Figura 16 – Trichomonas sp

Fonte:
<http://www.medicacentar.info/images/trich7.JpG>
. acesso em: 2 out. 2012.

É um organismo flagelado, sendo facilmente identificado devido a


seu movimento rápido no campo microscópico. É transmitido
sexualmente. Além de provocar infecção do trato urinário, pode
causar infecção de vias superiores quando não tratada.

Espermatozoide

Os espermatozoides (Figura 17) são encontrados na amostra de


urina após relações sexuais ou em casos de ejaculação noturna.

Fonte: <http://draalessandramatos.com.br/causas-e-investigacao.php>.
acesso em: 2 out. 2012.
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Somente deve ser mencionado em urinas masculinas; caso contrário, não


mencionar a presença.

Muco
O muco (Figura 18) encontrado na maioria das urinas é formado pela
precipitação de mucoproteínas e são compostos de fibrinas.

Figura 18 – Filamentos de muco

Fonte: <http://www.biomedicinapadrao.com/2010_05_01_archive.html>. acesso em: 2 out. 2012.

Aparece em forma de rede, dando uma ideia de teia de aranha, e


pode estar aumentado nas uretrites. Deve-se tomar cuidado para
não confundi-lo com cilindros hialinos.

Cristais

Embora algumas formações cristalinas sejam normais (Tabela


2), a presença de cristais no sedimento urinário pode, em determinados
casos, estar ligada ao aparecimento de cálculo renal. A formação dos
cristais se dá pela precipitação dos sais da urina submetidos a
alterações de pH, temperatura ou concentração, o que afeta sua
solubilidade.

Em urinas ácidas são encontrados: uratos amorfos, oxalato


de cálcio, ácido úrico, além de leucina, tirosina, cistina, e ácido
hipúrico. A coloração varia do amarelo ao castanho-avermelhado.
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São várias as formas: losangular, rosetas, cunhas e agulhas.

Nas urinas alcalinas são encontrados: fosfatos amorfos, fosfato


triplo, carbonato de cálcio e fosfato de cálcio. As formas são:
prismas, granulares, placas, halteres e esferas.

A identificação de cristais em amostras com pH neutro pode ser


difícil, pois os mesmos que normalmente são encontrados em
urinas classificadas como ácidas ou alcalinas podem também estar
presentes em urina neutra.

A principal razão ao realizar identificação desse tipo de elemento


na urina é detectar a presença de alguns tipos anormais (Tabela
3), que podem representar certos distúrbios, como doenças
hepáticas, erros inatos do metabolismo, ou lesão renal causada
pela cristalização de metabólitos de drogas nos túbulos.

Tabela 2 – cristais normais encontrados na urina

Cristal pH Cor Clínica Aparênc


ia

Cor de Tijolo Amostras


Urato Ácido
ou Marrom- Refrigeradas
Amorfo
amarelado

Oxalato de Ácido / Incolor Intoxicação


Cálcio Neutro (“Envelopes”) com Produtos
(Alcalino Químicos ou
) Cálculos Renais

Pacientes
Ácido Úrico Ácido Marrom- Submetidos
amarelado à
Quimioterapi
a e Gota

Alcalino Após
Fosfato Branco- Refrigeração
Neutro
Amorfo incolor da Amostra
Associado a
Fosfato Alcalin Incolor (“Tampa
Bactérias que
Triplo o de
Metabolizam
Caixão”)
Ureia

Carbonato Alcalin Incolor Sem


de Cálcio o (“Halteres”) Significad
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o Clínico

Alcalino
Fosfato de
Incolor Cálculos
Cálcio Neutro
Renais

Produzido
Biurato de Marrom- por
Amônio Alcalin amarelado
o Bactérias
(“Maçãs que
Espinhosas”) Metaboliza
m a Ureia
Fonte: StRaSINGER, S.K. uroanálise e Fluidos
Biológicos. 3. ed. São paulo: premier, 2000, p. 93.

Tabela 3 – cristais anormais encontrados na urina

Cristal pH Cor Clínica Aparênc


ia

Leucina Ácido / Amarelo Necrose


Neutro Hepática
Aguda e
Difusa

Tirosina Ácido / Incolor / Hepatopatia


Neutro Amarelo Grave

Cistina Ácid Incolor Erro


o Metabólico
Congênito

Ácido Ácid Amarelo


Hipúrico o

Incolor Síndro
Colesterol Ácid (“Placas me
o Chanfradas”) Nefrótic
a
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Bilirrubina Ácid Amarelo Hepatopatia


o s

Pacientes
Sulfonamid Ácido / Verde Mal
a Neutro Hidratado
s = Lesão
Tubular

Ingestão
Ampicilina Ácido / Incolor Insuficiente
Neutro de
Líquidos

Fonte: StRaSINGER, S.K. uroanálise e Fluidos Biológicos. 3. ed.


São paulo: premier, 2000, p. 94.

Artefatos
Os artefatos são encontrados em urinas coletadas em frascos sujos
ou em condições impróprias. O que mais confunde são as gotículas
de óleo e os grânulos de amido (Figura 19), que nada mais são que
o pó do talco das luvas utilizadas.
Figura 19 – artefatos (Grânulos de amido)
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Fonte: <http://www.abq.org.br/cbq/2008/trabalhos/13/13-200-4527.htm>.
acesso em: 2 out. 2012.

introdução

O termo “Controle de Qualidade (CQ)” designa todo um processo,


cujo fim é assegurar a qualidade do atendimento ao paciente. Nos
laboratórios de análises clínicas, qualquer programa de CQ deve
incluir técnicas de CQ na coleta e na manipulação das amostras, na
realização de reações e provas, na regulagem e manutenção dos
instrumentos, no registro dos resultados, na atuação e nos
requisitos do pessoal técnico, na segurança e na existência de uma
documentação que comprove a observância do programa.

História e Significado

A análise microscópica da urina tem por finalidade detectar e


identificar os elementos insolúveis, para cuja presença contribui o
sangue, os rins, a parte inferior do sistema urogenital e a
contaminação externa. Esses elementos são as hemácias, os
leucócitos, os cilindros, as células epiteliais, as bactérias, as
leveduras, os parasitas, o muco, os espermatozoides, os cristais e
os artefatos. Portanto, o exame do sedimento urinário deverá
compreender tanto a identificação quanto a quantificação dos
elementos encontrados.

A microscopia é a parte mais demorada a ser feita na análise da


urina. Porém, sua realização é um auxiliar valioso no diagnóstico.
Sua fidedignidade por meio da padronização das técnicas, do
aprimoramento do controle de qualidade e a educação constante
do pessoal técnico ainda tem sofrido muitos investimentos a fim de
obter melhoras.

Metodologia

A análise microscópica passa por diversas variações


metodológicas, entre as quais o modo de preparo do sedimento, a
quantidade exata de sedimento analisado, os métodos e os
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equipamentos utilizados para tornar o material visível e a forma


como os resultados são registrados.

Hoje existem sistemas comercializados que padronizam o exame


de microscopia. A comparação feita entre diversos desses sistemas
mostraram diferenças físicas importantes, mas todos propiciam
maior padronização do sedimento do que o método convencional.

Independentemente de o laboratório utilizar ou não o sistema


comercializado, é recomendado que se adote a seguinte
metodologia.

1. As amostras examinadas devem ser recentemente e/ou


corretamente conservadas.

2. Deve-se homogeneizar a amostra e separar uma


alíquota dela. Caso a urina apresente turbidez devido
à presença de cristais, como uratos, recomenda-se
dissolvê-los por aquecimento.

3. Transferir 10 mL de urina para um tubo de ensaio


cônico graduado. Considera-se o volume ideal de 12
mL, pois assim todas as áreas de análise das tiras
reativas podem ser imersas.

4. Centrifugar o tubo a 2.000 RPM (Rotações Por


Minuto) por 5 minutos. Evitar centrifugação
demorada para não causar compactação dos
elementos, nem deformação dos cilindros.

5. Desprezar o sobrenadante, de modo que o


sedimento permaneça com 1 mL de volume final.

6. Homogeneizar bem o sedimento e passar uma gota


para uma lâmina de vidro. As gotas devem ter
tamanho uniforme, sendo suficientemente pequenas
para não transbordar da lâmina. Se a quantidade de
líquido for excessiva, os elementos mais pesados,
como os cilindros, serão empurrados para fora da
área visível quando realizar a colocação da lamínula.

7. Espalhar o sedimento de maneira uniforme e cobri-lo


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com uma lamínula, evitando a formação de bolhas.

8. Levar ao microscópio e percorrer toda a lamínula com


a objetividade de pequeno aumento (10X) e com o
condensador baixo. Verificar a distribuição dos
elementos e a presença de cilindros, muco e
trichomonas. Os cilindros costumam estar nas
bordas da lamínula.

9. Passar para a objetiva de maior aumento (40x),


aumentar a intensidade da luz, levantar um pouco o
condensador e, então, efetuar a contagem por campo
microscópico, anotando a média.

10. Ao se utilizar microscopia de iluminação direta deve-


se ter o cuidado de reduzir a quantidade de luz, já
que muitos dos componentes do sedimento têm
índice de refringência semelhante ao da urina e não
serão visualizados com a luz forte.

11. A terminologia usada no registro dos resultados pode


variar de um laboratório para outro, mas deve ser
invariável num mesmo laboratório.

12. A correlação dos resultados da microscopia deve ser


feita com os resultados dos exames físicos e
bioquímicos para assegurar a precisão do registro
dos dados obtidos. As amostras, cujos resultados
não apresentarem correlações, deverão ser
reexaminadas para verificação de erros técnicos e de
transcrição.

Controle de qualidade (Cq)

Cada etapa da análise a ser realizada deverá conter informações


específicas sobre: tipo; preparação; manuseio; frequência de uso;
níveis de tolerância; e métodos de transcrição dos resultados.

Existem vários métodos de CQ para averiguar a reatividade das


tiras reagentes de urina. Como os comercializados não abrangem
os componentes do sedimento para aferição da análise
microscópica, é preciso utilizar aferidores próprios.
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» Cada turno matinal escolhe uma amostra de


volume suficiente para servir de amostragem.

» Depois de realizada a análise matinal, a amostra


deverá ser refrigerada para ser submetida a
uma análise completa pelos turnos seguintes.

» Os resultados serão comparados.

Antes da análise, deve-se aguardar que a amostra atinja a


temperatura ambiente. Enquanto não estiver sendo utilizada,
deverá ficar acondicionada em refrigerador. Essa é uma maneira
barata de inspecionar o desempenho.

Os resultados do CQ dependem inteiramente do pessoal que o


realiza e o inspeciona. Os envolvidos nessa etapa devem
compreender a importância desse serviço, e o programa tem que
ser encarado como uma experiência de aprendizado e não como
uma ameaça.

Em cada setor do laboratório, deve estar à disposição dos


funcionários um material de consulta atual, a fim de permitir sua
atualização constante. É essencial que a área de trabalho seja de
tamanho adequado à rotina, que esteja sempre organizada e seja
segura para a boa qualidade do trabalho e ânimo do pessoal. Em
todos os momentos devem ser tomadas as devidas medidas de
segurança na manipulação dos líquidos biológicos.

Fluidos Serosos

Introdução

O Líquido Seroso (LS) é aquele situado nas cavidades fechadas


do organismo com a função de lubrificá-las, já que as superfícies
entram em contato durante o movimento. Essas cavidades
(pleural, pericárdica e peritoneal) são revestidas por duas
membranas conhecidas como serosas. Uma delas reveste as
paredes da cavidade (membrana parietal) e a outra cobre os órgãos
do interior da cavidade (membrana visceral) (Figura 20).
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Figura 20 – Exemplo do espaço pleural que


contém o líquido seroso

Fonte: <http://www.derramepleural.com/sistema-respiratorio-
anatomia.html>. acesso em: 3 out. 2012.

Normalmente, a quantidade do líquido seroso é pequena, pois as


velocidades de produção e de reabsorção são proporcionais. O
derrame desses líquidos é classificado em transudatos e exsudatos.

Transudatos são resultantes de um processo mecânico no qual


ocorre um distúrbio sistêmico que resulta em um rompimento do
equilíbrio entre filtração e reabsorção do líquido.

Exsudatos provêm de processos inflamatórios, ocorrendo, assim,


comprometimento das membranas, inclusive infecções e
neoplasias.

quadro 3 – comparação entre análises do


transudato e Exudato

Análise Transuda Exsudato


s to
APARÊNCIA Transparen Opaco
te
DENSIDADE < 1,015 > 1,015
PROTEÍNA TOTAL < 3,0 G/dL > 3,0 G/dL
PROTEÍNAS, RELAÇÃO < 0,5 > 0,5
LÍQUIDO/SORO
DESIDROGENASE < 200 UI > 200 UI
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LÁTICA (DHL)
LDH SÉRICA: RELAÇÃO < 0,6 > 0,6
LÍQUIDO/SORO
CONTAGEM CELULAR < 1000/ > 1000/uL
uL
COAGULAÇÃO Ausente Possível
ESPONTÂNEA
Fonte: <http://www.slideshare.net/nettda/lquidos-
serosos>. acesso em: 27 set. 2012.

Coleta

Os líquidos serosos são colhidos por aspiração com agulha nas


respectivas cavidades. Os procedimentos são conhecidos como:

» toracocentese: líquido pleural;

» pericardiocentese: líquido pericardial; e

» paracentese: líquido peritoneal.

Geralmente, a quantidade colhida de cada líquido é grande para


que cada alíquota fique disponível em cada seção do laboratório.

Para a contagem celular é necessária uma amostra com


anticoagulante; para a cultura, um tubo estéril; e para as análises
bioquímicas, uma amostra heparinizada. Também é preciso colher
uma amostra não heparinizada para a observação de coagulação
espontânea.

Análise

Líquido Pleural

Sua cor é transparente e amarelo-claro. A turvação em geral está


ligada à presença de leucócitos e indica infecções bacterianas,
tuberculose ou distúrbio imunológico como artrite reumatoide.

A presença de sangue pode significar lesão traumática


(hemotórax), lesão na membrana (como nas neoplasias), ou pode
decorrer de aspiração traumática. O encontro de neutrófilos
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significa que há uma infecção bacteriana; já a visualização de


linfócitos será sugestivo de tuberculose ou neoplasia.
Glicose baixa está associada à tuberculose, inflamação reumatoide
e neoplasia. Amilase elevada significa presença de pancreatite. E
pH baixo se relaciona com tuberculose, neoplasia e ruptura
esofágica.

Ocorre acúmulo de líquido pleural na pneumonia e carcinomas


(derrames exsudatos) e também na insuficiência cardíaca
(distúrbio sistêmico – produção de transudatos).

Líquido Pericárdico

Encontrado entre as membranas pericárdicas. Normalmente é


pequena a quantidade de líquido (10 a 50 mL).

Sua coloração é transparente e amarelo-claro. O líquido encontra-se


turvo nas infecções e neoplasias. Nos distúrbios metabólicos, o
líquido aspirado é transparente.

Os derrames ocorrem por infecção (pericardite), neoplasias ou

comprometimento metabólico. Valores elevados de leucócitos

indicam infecção, mais especificamente endocardite

bacteriana. Níveis baixos de glicose indicam infecção

bacteriana e neoplasia.

Líquido Peritoneal

O acúmulo de líquido na cavidade peritoneal é chamado ascite,


por isso esse líquido é comumente denominado ascítico e não
peritoneal.

Assim como os líquidos pleural e pericárdico, o ascítico é


transparente e amarelo-claro. A turvação pode indicar peritonite e
até mesmo cirrose.
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Líquidos turvos indicam infecções; líquidos esverdeados são encontrados


quando há derrame biliar.

Valores elevados de hemácias podem indicar traumatismo


hemorrágico, enquanto que valores elevados de leucócitos podem
indicar cirrose, peritonite bacteriana.

Glicose baixa está relacionada à peritonite tuberculosa e neoplasia.


Amilase elevada pode indicar quadros de pancreatite ou perfuração
gastrintestinal. Ureia ou creatinina elevadas podem significar
ruptura da bexiga. E fosfatase alcalina elevada pode se associar à
perfuração intestinal.

Fluido Sinovial

introdução

O Fluido Sinovial ou Líquido Sinovial (LS) tem a função de proteger,


nutrir e lubrificar as cartilagens não vascularizadas das articulações
(Figura 21). Derivado do plasma sanguíneo por ultrafiltração e
enriquecido de mucoproteínas secretadas pelos sinoviócitos do
tecido sinovial, esse líquido apresenta-se normalmente límpido e
transparente, de cor amarelada, contendo 2 g/dL de proteínas
isentas de fibrinogênio (não coagula espontaneamente) e não
apresenta cristais.

Em termos de etiologia, a análise do LS é usada para classificar distúrbios


articulares.

Em casos patológicos, o volume do LS pode aumentar devido à


elevação da permeabilidade capilar. Nos casos de traumatismos,
hemácias estão presentes e o número de leucócitos é maior do
que o normal.

Figura 21 – Líquido Sinovial


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Fonte: <http://pilatessaocaetanodosul.blogspot.com.br/2012/02/articulacoes-
sinoviais.html>. acesso em: 3 out. 2012.

O aumento na quantidade das proteínas totais está relacionado


com a gravidade de afecções das articulações e, principalmente,
de artrites e doenças reumáticas, em que a análise dos
constituintes do LS encontra aplicação diagnóstica e prognóstica.

Coleta

A amostra geralmente recebida pelo laboratório é aspirada do joelho


com agulha, num procedimento chamado Artrocentese, realizada
em condições de esterilidade estrita.
A quantidade normal de LS contida na cavidade articular do joelho
é inferior a 3,5 mL, aumentando nos distúrbios articulares.

O LS deve ser colhido em condições estéreis e em frasco com e


sem anticoagulante. O mais utilizado é a heparina ou o EDTA
líquido. Esses anticoagulantes evitam a presença de artefatos que
poderiam prejudicar a análise da amostragem.

Em amostras patológicas pode haver fibrinogênio em quantidade


aumentada; por isso, é recomendável que se colham amostras com
anticoagulante para as análises citológica e bioquímica, e sem
anticoagulante para a análise microbiológica, respectivamente.

O paciente deve estar de jejum de, no mínimo, 6 horas, de forma a


permitir um equilíbrio da glicose do plasma com a do LS. Deve ser
colhida uma glicemia de jejum. O LS pode fornecer informações
úteis para o diagnóstico das seguintes situações: suspeita de
infecção (artrite supurativa aguda), artrite devido a ácido úrico
(gota) ou a pirofosfato de cálcio (pseudo-gota) e diagnóstico
diferencial de artrite.
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Análise

A análise do LS começa pela determinação do volume total colhido.


A aparência e coloração são observadas em um tubo transparente
contra um fundo branco. A leucocitose e a presença de cristais e
gotas de gordura, ou outras células degeneradas, podem produzir
um aspecto turvo. A coloração avermelhada produzida pela
presença de sangue deve ser diferenciada entre coleta traumática
e condições patológicas, como fratura, atingindo a superfície
articular, tumor, artrite traumática, artropatia neurogênica, artrite
hemofílica, entre outras.

A viscosidade é avaliada grosseiramente deixando-se o fluido


percorrer a partir da ponta de uma seringa, sendo um fio ininterrupto
de 4 a 6 cm considerado normal. Estará diminuída em condições
inflamatórias e nas efusões traumáticas rápidas. Pelo Método de
Ropes, a adição de ácido acético causa a formação de um coágulo
que pode ser avaliado como:

» bom = coágulo sólido;

» regular = coágulo mole;

» pobre = coágulo friável; e

» ruim = coágulo ausente.

O valor da glicose dosada é inferior em cerda de 0 a 10 mg/dL


à do sangue. Irá encontrar-se diminuída nas artrites bacterianas
(incluindo a tuberculosa). O aumento da concentração de
proteínas pode ocorrer em casos de gota, artrite reumatoide e
artrite séptica, refletindo tanto o aumento da permeabilidade
vascular como a síntese de imunoglobulinas (anticorpos).

A análise imunológica pode ser feita pela determinação do fator


reumatoide, que, embora inespecífico, esteja presente em cerca de
60% dos pacientes com artrite reumatoide. A detecção de
Adenosina Deaminase (ADA) em concentração elevada é
indicativa da tuberculose.
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A avaliação microscópica inclui a contagem celular total e


diferencial, que podem ser efetuadas por meio da contagem celular
em câmara de Neubauer, seguida da análise de distensão corada
por corantes do tipo Leishman ou May-Grünwald-Giemsa. Um
microscópio de luz polarizada deve ser usado para a avaliação da
presença de cristais. Qualquer cristal presente no líquido sinovial é
considerado anormal, sendo muito comuns os cristais de ácido
úrico, associados ao acometimento por Gota.

As provas microbiológicas devem sempre incluir a coloração de


Gram e, sempre que a tuberculose for suspeita, a coloração de Ziehl-
Neelsen. A cultura é positiva na maioria das atrites não
gonocóccicas, mas a Neisseria gonorrhoeae é isolada em apenas
cerca de 50% dos casos positivos. A cultura para Mycobacterium
tuberculosis é positiva em cerca de 80% dos casos. Esse germe
quadro 4 – células e Inclusões observadas no Líquido Sinovial
pode também ser detectado por meio de técnicas de biologia
molecular.

Célula/Inclusão Descrição Significado


Infecção bacteriana
Neutrófilos Leucócitos polimorfonucleares
Inflamação provocada por
cristais
Linfócitos Leucócitos mononucleares Inflamação não
bacteriana
Grandes leucócitos mononucleares, que Normal
Macrófagos podem ser vacuolados
(Monócitos) Infecções virais

Células da Membrana Semelhantes a macrófagos, mas podem


Sinovial ser multinucleados Normal
Síndrome de Reiter
Células de Reiter Macrófagos vacuolados com neutrófilos
fagocitados Inflamação
inespecífica
Neutrófilos com grânulos citoplasmático escuro, Artrite reumatoide
Células RA contendo complexos imunes
(Ragócito) Inflamação imunológica
Células de Grandes células multinucleadas Osteoartrite
Cartilagens
Corpos A olho nu lembra arroz polido Tuberculose
Riciformes Ao microscópio assemelha-se com colágeno Artrite reumatoide e
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e fibrina bacteriana

Gotículas de Glóbulos intracelulares e extracelulares Traumatismo


Gordura refringentes
Hemossiderina Inclusões com aglomerados de células Sinovite vilonodular
sinoviais pigmentada
Fonte: StRaSINGER, S.K. uroanálise e Fluidos Biológicos. 3. ed.
São paulo: premier, 2001, p. 165.

Fluido Seminal (Sêmen)


Introdução

Líquido seminal é a parte do sêmen sem espermatozoides. Esse


fluido limpa o canal da uretra, diminuindo o pH ácido da urina para
que não contamine o esperma e mate os espermatozoides; assim,
facilita que a ejaculação saia forte, para alcançar o útero o mais
rápido possível. Tem em sua composição secreções da vesícula
seminal (80%), da próstata e glândula bulbouretral, além de muito
componente proveniente do epidídimo e testículos.

O exame a ser realizado para análise do líquido seminal é o


espermograma. As principais razões para sua avaliação são:

» avaliação de casos de infertilidade; e

» estado de pós-vasectomia.

O sêmen é composto por quatro frações provenientes de:

a. glândulas bulbouretrais;

b. testículos e epidídimos;

c. opróstata; e

d. vesículas seminais.

Essas frações diferem-se em termos de composição e, para que o


líquido seja normal, deve haver mistura delas durante a ejaculação.
Como a composição das frações do sêmen é variável, sua coleta
deverá ser bem feita para que a análise/avaliação da fertilidade
masculina seja precisa. Portanto, para isso os pacientes devem
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receber orientações claras e detalhadas sobre a obtenção do


material.

Apesar de a fertilização poder ser efetuada por um único


espermatozoide, a quantidade de espermatozoides presentes no
sêmen é um dado valioso para medir a fertilidade.

Coleta

A amostra é coletada por meio da masturbação. O local a ser


coletada é em frasco estéril, após 3 dias (no mínimo) até 5 dias (no
máximo) de abstinência sexual, período em que também não deve
se masturbar, pois a quantidade e qualidade do esperma é afetada
pela quantidade de vezes que o homem ejacula. O exame é
realizado sempre pela parte da manhã. O paciente deverá
inicialmente lavar bem as mãos com água e sabão antes de entrar
para realizar a coleta.
Não é recomendado o uso de preservativos durante a
coleta, pois podem conter substâncias espermicidas,
favorecendo um resultado sem qualidade e certamente
errado.

Normalmente, há revistas e/ou vídeos eróticos que facilitam a


coleta do material. Deve-se evitar perda do sêmen, à custa de
ser necessária uma nova coleta.

Preferencialmente, a amostra deverá ser colhida no laboratório;


porém, como existem casos especiais, a coleta poderá ser
autorizada em domicílio, desde que o paciente mantenha o
frasco contendo o sêmen em temperatura ambiente e não demore
mais do que uma hora para entregar ao laboratório. Um dos
parâmetros que deverá ser anotado é a hora exata do término da
coleta.

As amostras recentes são coaguladas e devem-se liquefazer nos


30 minutos seguintes após a coleta; portanto, conclui-se que a hora
em que foi realizada a obtenção da alíquota é de extrema
importância para a avaliação da sua liquefação. A análise não pode
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ser iniciada enquanto a liquefação não tiver ocorrido.

Análise

Sempre serão avaliados os seguintes parâmetros nos casos de


fertilidade e/ou infertilidade: volume, viscosidade, pH, contagem do
número de espermatozoides, motilidade, morfologia e viabilidade
dos espermatozoides.

Volume

O volume normal é de 2,0 a 5,0 mL. Para verificar essa medida,


deve-se despejar o conteúdo do frasco em um tubo cônico
graduado. Juntamente com a inversão da amostra pode-se
avaliar a viscosidade, sendo que, se estiver normal, a alíquota
gotejará no recipiente e não se mostrará aglutinada ou
filamentosa.

Valores abaixo de 2,0 mL podem representar fatores obstrutivos,


como agenesia de deferentes, agenesia de vesículas seminais,
fibrose cística, obstrução pós-cirurgias de próstata e obstruções pós-
infecções. Podem também mostrar ejaculação retrógrada (para a
bexiga) em casos de pacientes com Diabetes, lesão medular ou
doenças neurológicas.

pH

O pH normal é ligeiramente alcalino, variando entre 7,3 e 8,3. Caso


a relação entre o líquido prostático e o seminal esteja elevada, o pH
poderá ser mais ácido.

Isso é muito importante quando ocorre a deposição do sêmen no


fundo da vagina em uma relação sexual. O pH da vagina é muito
ácido (ao redor de 4,0). Ao encontrar esse ambiente hostil, o sêmen
básico “neutraliza” a acidez da vagina, mantendo os
espermatozoides vivos.
Número de Espermatozoides
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Com relação à quantidade do número de espermatozoides, os


valores normais geralmente vão de 20 a 160 milhões por mililitro,
sendo consideradas limítrofes as quantias entre 10 e 20 milhões
por mililitro.

O espermograma é feito diluindo-se a amostra e concentrando as


células na Câmara de Neubauer (Figura 22). Em um dos métodos
mais usados, realiza-se a diluição da amostra em 1:20 e, em seguida,
faz a contagem do número de espermatozoides nos cinco
quadrantes destinados à contagem dos eritrócitos ou nos dois
quadrantes destinados aos leucócitos. A questão da quantidade da
diluição e do número de quadrantes a serem contados varia de um
laboratório para outro.

Figura 22 – câmara de Neubauer

Fonte:
<http://metodoslabideanellydiazpuentes.blogspot.com.br/2009/
11/conteo-de-celulas-en-camara-de-neubauer.html>. acesso
em: 28 set. 2012.

Contudo, a diluição do sêmen antes de realizar a contagem é


essencial para promover a imobilização dos espermatozoides.
Geralmente, o diluente tradicional contém bicarbonato de sódio e
formalina (formol). Mas antes de introduzir o diluente na amostra,
deve-se tomar cuidado para não contaminar a amostra com ele, a
fim de, antes, determinar a motilidade.
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A baixa contagem dos espermatozoides pode ser causada por falta


do meio de nutrição, normalmente produzido pelas vesículas
seminais. Isso significa que há ausência ou deficiência de frutose na
amostra.

Motilidade

Depois de chegarem ao colo do útero, os espermatozoides


precisam deslocar-se por meio das tubas uterinas e alcançar o
óvulo; portanto, trata-se de uma avaliação subjetiva a ser realizada
por exame microscópio da amostra não diluída, em que se
determina a porcentagem de espermatozoides com motilidade
ativa.

A porcentagem e a qualidade da motilidade devem ser


determinadas em cada campo e, então, registrar uma média
desses resultados. É considerada normal uma motilidade mínima
de 50 a 60%.
A classificação da motilidade divide-se em:

» A = Motilidade progressiva linear rápida;

» B = Motilidade progressiva linear lenta;

» C = Não progressivos; e

» D = Imóveis.

A soma de A+B deve ser superior a 50%. Quando o valor é menor


do que 50%, testes de vitalidade devem ser feitos para sabermos
se os espermatozoides parados estão vivos ou não. A varicocele
pode causar uma alteração de motilidade.

Morfologia

A morfologia espermática (Figura 23) deve ser avaliada


periodicamente ou quando o sêmen apresentar suspeita de
alterações morfológicas. No exame são avaliadas e registradas as
alterações presentes em cada estrutura, separadamente. Os
defeitos podem ocorrer em um dos segmentos da célula
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espermática ou em mais de uma estrutura, simultaneamente.

A infertilidade também pode estar associada àqueles


espermatozoides morfologicamente incapazes de fertilizar. Pode-
se observar a presença de espermatozoides imaturos que, por sua
vez, precisam ser distinguidos dos leucócitos; são mais esféricos
se comparados aos maduros e podem ou não possui cauda.
Quando as formas imaturas estiverem em grande quantidade
significa alguma anormalidade, pois, geralmente, os
espermatozoides já amadurecem dentro do epidídimo antes de sua
liberação.

Frequentemente, são avaliadas no espermatozoide:

Figura 23 – morfologia Espermática Normal

Fonte:
<http://procriacaomedicamenteassistida.blogspot.com.br/2011_12_01_archive
.html>. acesso em: 29 set. 2012.

Existem, porém, alterações encontradas nos espermatozoides.


Entre muitas, as mais encontradas são (Figura 24):

» Piriforme: cabeça em forma de gota, com a


parte afinada voltada para a peça
intermediária;

» Amorfos: caracterizados por apresentarem defeitos


estruturais na cabeça de forma irregular;
» Vacuolizados;

» Bicefálico;

» Globócito;

» Defeito na peça intermediária;


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» Bi e/ou Policaudal;

» Cauda curta ou Cauda dobrada;

» Cauda Enrolada;

» Macrocefálico;

» Microcefálico;

» Cabeça fusiforme;

» Cauda com grau maior que 90º; e

» Peça intermediária alongada.

Figura 24 – morfologias anormais

Fonte: <http://www.andrologiaonline.com.ar/guia-
pacientes.htm>. acesso em: 29 set. 2012.

Viabilidade

Na análise de viabilidade, observa-se a quantidade, em


porcentagem, de espermatozoides vivos e mortos (Figura 25).

Figura 25 – Espermatozoides vivos e mortos


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Fonte:
<http://colunalimiteglobal.blogspot.com.br/2011/06.html>. acesso
em: 29 set. 2012.
No procedimento mistura-se uma pequena quantidade da
amostra com um corante de eosina- nigrosina, para, então,
ser observado no microscópio, que dará os seguintes dados:

» Células mortas = coram-se de vermelho contra um fundo azul


escuro; e

» Células vivas = estarão branco-azuladas (pois não houve a


penetração da eosina).

A normalidade desse parâmetro analisado é igual ou superior a 70% de


formas vivas.

Amostra de Pós-Vasectomia:

Para espermograma pós-vasectomia não há


necessidade de abstinência sexual, lembrando
que o mais indicado é realizar a coleta três meses
após a cirurgia ou a critério médico.

Apenas será realizada a visualização da


amostra pura para verificar ausência de
espermatozoides, indicando a eficácia ou não
da cirurgia. O que os médicos esperam é que
dentro de seis meses após o procedimento
cirúrgico o número de espermatozoides já
esteja zerado.

» Não é necessário realizar lâmina de vivo/morto; e

» Não é preciso diluir amostra para contagem de


espermatozoides.

Caso seja encontrado um número de


espermatozoides, oexame deverá ser repetido
num prazo de mais ou menos 1 mês após o
primeiro.

Fluido Amniótico

Introdução
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URINÁLISE E FLUÍDOS BIOLÓGICOS

O Fluido Amniótico ou Líquido Amniótico (LA) encontra-se no


saco embrionário que circunda o feto, protegendo-o como um
amortecedor.

É formado pelo metabolismo das células do feto, pela água que


atravessa a placenta e, nos últimos estágios do desenvolvimento,
pela urina do feto (por volta da 36ª semana).

A análise clínica do líquido avalia o bem-estar e a maturidade do


feto. Como o líquido é produto do metabolismo fetal, os
componentes fornecem informações sobre os processos
metabólicos que nele estão ocorrendo e o progresso na maturação
do feto.

A análise citogenética é um importante instrumento na detecção de


defeitos congênitos. Sem dúvida, será cada vez mais requisitada,
graças aos avanços no mapeamento cromossômico e na terapia
genética.

Coleta

O LA é colhido por aspiração com agulha no saco amniótico,


procedimento chamado de amniocentese (Figura 26). Trata-se
de uma técnica relativamente segura que pode ser realizada no
próprio laboratório.

As amostras devem ficar protegidas da luz e ser examinadas


imediatamente. Necessário serem tomadas precauções especiais
com as amostras destinadas à análise citogenética, pois as células
devem se manter vivas para cultura em laboratório.

Figura 26 – processo de amniocentese


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Fonte:
<http://galactosemia208.blogspot.com.br/2008/11/diagnstico.html>.
acesso em: 3 out. 2012.
Análise

O exame de rotina mais antigo do líquido amniótico avalia a


profundidade da anemia produzida no feto pela anemia hemolítica.
A destruição das hemácias do feto por anticorpos presentes na
circulação materna provoca o aparecimento do seu produto de
degradação, a bilirrubina, no líquido amniótico. Dosando-se a
bilirrubina é possível determinar o grau de hemólise e avaliar o
perigo que a anemia representa para o feto.

Nos casos de ruptura prematura das membranas amnióticas pode


ocorrer infecção da mãe e do feto. Nesses casos, é feita análise
para detectar a presença de leucócitos, método indicativo de
infecções.

A análise da alfa-fetoproteína é usada para determinar a


possibilidade de distúrbios do tubo neural, como a anencefalia e
espinha bífida (a pele não se fecha e o tecido fica exposto).

A alfa-fetoproteína é uma proteína sintetizada pelo fígado do feto,


portanto é encontrada no líquido amniótico por ser excretada na sua
urina.
Suor

Introdução

Suor, também chamado de transpiração, é a perda de fluido líquido,


consistido principalmente de cloreto de sódio e ureia em solução,
que é secretado pelas glândulas sudoríparas na pele de mamíferos.
Animais com poucas glândulas de suor, como os cachorros,
conseguem resultados similares ofegando, evaporando água do
revestimento molhado da cavidade oral efaringe.
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Nos humanos, o suor é uma forma de excretar dejetos de


nitrogênio, mas é também, e fundamentalmente, forma de regular
a temperatura. A evaporação de suor da superfície da pele tem um
efeito refrescante. Então, na água quente, ou quando o indivíduo
sente calor por causa de exercício, mais suor é produzido. Esse
fluido é aumentado por nervosismo e náusea; e diminuído por
resfriados. A transpiração excessiva também é chamada de
hiperidrose ou hiper-hidrose.

O suor acumulado em certas áreas do corpo humano, tais como


pés, axilas e virilhas, podem ser atacados por fungos e bactérias, o
que pode ocasionar odores desagradáveis. Por isso, é de extrema
importância que haja uma higienização adequada desses locais. O
cheiro do suor também pode variar entre as diferentes raças
humanas, uma vez que a quantidade de glândulas sudoríparas
pode variar entre pessoas de diferentes etnias.

Coleta

Para obter uma amostra correta de suor é bastante difícil,


principalmente levando em consideração que o paciente deverá ser
induzido a transpirar e que a qualidade do material pode ser
prejudicada por contaminação ou evaporação.

A quantidade mínima de suor a ser coletado é de 75 mg. A


obtenção da alíquota pode ser feita com o uso de almofadas de
gaze e papel de filtro.

Existe um meio de evitar a coleta desse líquido – aplicando-se em


eletrodo de cloreto à pele após estimulação e medindo-se a
concentração diretamente. Como a quantidade de sódio presente
deve ser próxima à concentração de cloreto, alguns laboratórios
preferem medir ambos os parâmetros para controlar melhor a
qualidade do procedimento.

Análise

A análise do suor é realizada porque a determinação do nível de


eletrólitos (sódio e cloreto) pode confirmar o diagnóstico de fibrose
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cística, que se apresenta na infância. Trata-se de uma doença


metabólica que afeta as glândulas secretoras de muco.
Os indicadores mais comuns dessa doença são os antecedentes
familiares de fibrose cística, desenvolvimento precário, obstrução
intestinal no recém-nascido, bem como insuficiência pancreática ou
sofrimento respiratório no lactente.

A demonstração de níveis elevados de sódio e cloreto no suor de


pacientes que apresentem qualquer desses sintomas, ou todos
eles, serve para confirmar o diagnóstico de fibrosecística.

Saliva

Introdução

A saliva é um dos mais complexos, versáteis e importantes


fluidos do corpo, que supre um largo espectro de necessidades
fisiológicas. É composta por água e diversos componentes que
iniciam a digestão e protegem o trato respiratório e digestório
contra vírus e bactérias. Também desempenha diversas funções.
Em condições ideais de saúde, o ser humano produz de 1 a 2 litros
de saliva por dia.

Suas propriedades são essenciais para a proteção da cavidade bucal, do epitélio gastrointestinal e da
orofaringe. Além de umedecer os tecidos moles e duros da cavidade bucal, tem função de destaque no
controle da quantidade de água do organismo. Quando o corpo está com falta de água, a boca fica

seca, manifestando a sede.

Coleta
Para realizar a coleta deve ser solicitado um tubo especial, sendo mais conhecido o Salivette® (Figura
27).

Figura 27 – Salivette®

Fonte: <http://www.scimart.com/product/detail/salivette-cotton-swab-wo-prep-100pack/>. acesso em: 27 set. 2012.


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Preparação

A coleta deve ser feita até duas horas após o horário habitual do
paciente acordar ou conforme solicitação médica. Não há
necessidade de jejum após dieta leve. Se, contudo, o exame for
feito após as principais refeições (almoço e jantar), deve haver um
intervalo de três horas entre a refeição e a coleta.

O paciente não pode fazer tratamento dentário nas 24 horas que


antecedem ao exame. Antes da coleta, é necessário ficar três
horas sem escovar os dentes. É preciso serem informados todos
os medicamentos em uso.
Procedimento

» abrir o Salivette® e remover o swab;

» colocar o swab na boca estimulando a salivação;

» manter o swab durante 3 minutos ou o tempo


necessário para sentir que está saturado de
saliva;

» retornar o swab para a posição inicial no Salivette®; e

» fechar firmemente.

Centrifugar por 2 minutos e transferir a saliva para o tubo de


transporte/alíquota (tubo padrão). O volume mínimo necessário de
saliva é 1,0 mL.

Análise

A análise resulta em uma avaliação da função adrenal. O cortisol é


o principal hormônio glicocorticoide produzido pelo córtex adrenal
humano.

Os níveis de cortisol são regulados por meio de um balanço com o


Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH) da pituitária e hipotálamo,
respectivamente. Níveis elevados de ACTH estimulam a córtex
adrenal a liberar cortisol que, ao atingir determinados níveis,
suprimem o ACTH num feedback negativo. Alguns fatores fora
desse eixo metabólico podem interferir no processo, como febre,
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inflamações, dor, stress e hipoglicemia. O cortisol e o ACTH


normalmente apresentam variações circadianas com picos no
período da manhã, sendo os maiores níveis encontrados em torno
das 8 horas da manhã e os menores mais tarde. Assim, é
aconselhável colher amostra às 8 horas para diagnóstico de
insuficiência adrenal e depois das 16HORAs para diagnóstico de
síndrome de Cushing.

Valores aumentados = síndrome de Cushing, síndromes de


hipersecreção ectópica de ACTH, carcinoma ou adenoma adrenal,
displasia ou hiperplasia adrenal micro ou macronodular, stress.

Valores diminuídos = insuficiência adrenocortical (síndrome de


Addison), síndrome adrenogenital e hipopituitarismo.

A saliva é um líquido claro, viscoso, alcalino


(pH entre 6 e 7), que contém em sua
composição: 95% de água, 3% de substâncias
orgânicas e 2% de sais minerais. Além disso,
também apresenta dois tipos de secreção
proteica: uma secreção serosa e rica em
ptialina, que contribui para digestão do amido;
outra secreção mucosa, que contém mucina,
elemento lubrificante que facilita a mastigação
e a passagem do bolo alimentar pelo esôfago
por meio da deglutição.

Para saber mais a respeito da Síndrome de


Cushing, recomendamos que você pesquise no
seguinte endereço da web:
<http://www.medicinanet.com.br/conteudos/
revisoes/1696/sindrome_de_cushing.htm>

SUCO GÁSTRICO

Introdução

A determinação laboratorial da acidez gástrica é muito


importante e considerada útil para o diagnóstico e o
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tratamento de úlcera péptica, anemia perniciosa e na


monitoração de cirurgias.

Atualmente, outros métodos estão em uso para a detecção desses


distúrbios, como, por exemplo, exame endoscópico direto das
lesões, técnicas radiológicas, medida dos níveis de gastrina sérica,
exame citológico do conteúdo gástrico para detecção de
neoplasias, exame imunológico do soro para avaliação do fator
anti-intrínseco e anticorpos contra células parietais encontradas da
anemia perniciosa, e eletrodos sensíveis ao pH (que transmitem a
leitura do pH quando introduzidos no estômago).

A análise do suco gástrico tem por sua maior finalidade confirmar


resultados obtidos por meio de outros métodos.

Coleta

A obtenção do conteúdo gástrico é realizada por intubação nasal ou


oral do paciente. Para ter certeza de que a coleta foi um sucesso, a
posição do tubo é verificada por exame fluoroscópico do estômago.

Durante a coleta do material, deve-se pedir ao cliente que não


degluta quantidade excessiva de saliva, pois ela neutraliza a
acidez gástrica.

A coleta é realizada, geralmente, em jejum, e é mais completa


quando a aspiração é contínua, durante todo o período. Como a
análise da acidez é feita em amostras de quinze minutos, o produto
da aspiração deve ser colocado em recipientes rotulados com a
hora da coleta.

Análise

A rotina realizada nas amostras de suco gástrico é de:

» aparência;

» volume;

» acidez titulável; e
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» pH.

Normalmente, sua cor é verde-clara e contém muco. Em


jejum, não deve conter partículas de alimentos, afinal, sua
presença é indicativo de digestão incompleta.

É preciso registrar casos em que haja presença de bile em grande


quantidade (que confere à amostra uma coloração verde-
amarelada) e aparências sanguinolentas.

O volume é expresso em mililitros. Juntamente com a


acidez titulável, seu valor serve para determinar a
produção total de ácido.

O pH possui uma boa correlação com os valores da acidez titulável,


principalmente em pessoas com anormalidades na produção do
ácido gástrico. Sua determinação também serve de monitoração
indireta dos pacientes em estado crítico.

A acidez gástrica é produzida pela estimulação das


células parietais pela gastrina, o que produz o acido
clorídrico.

Líquido Cefalorraquidiano

Introdução

O Líquido Cefalorraquidiano ou Líquor (LCR) é o terceiro principal


fluido biológico (Figura 28). O seu exame é utilizado para o
diagnóstico de pelo menos quatro das principais afecções
neurológicas, como as infecções; hemorragias; doenças
degenerativas; e doenças neoplásicas.

Figura 28 – processo de amniocentese


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Fonte:
<http://draramispedroteixeira.blogspot.com.br/2
011/09/liquido-cefalorraquidiano-liquor.html>.
acesso em: 3 out. 2012.

O volume do LCR na primeira infância é de 40 a 60 mL e no adulto


é de 90 a 150 mL, sendo 25% encontrado no sistema ventricular
e o restante no espaço subaracnóideo. Normalmente, há uma
renovação de 40 a 50 mL desse líquido por dia.

O LCR apresenta algumas funções, sendo as principais delas:

» Proteção mecânica do Sistema Nervoso Central


(SNC) contra amortecimentos de traumatismos
que venham a atingir o encéfalo e/ou a medula
espinhal;

» Via de eliminação de produtos do metabolismo do SNC;

» Defesa contra agentes infecciosos, pela


distribuição homogênea de células de defesa;
e

» Facilita a pronta difusão de imunoglobulinas.

A coleta só pode ser realizada por um profissional


especializado, que saiba evitar a ocorrência de acidentes,
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mesmo fatais, em casos imprevisíveis.

Geralmente, colhe-se por punção lombar entre a 3ª e a 4ª ou entre


a 4ª e a 5ª vértebra. É um procedimento que exige algumas
precauções, que compreendem a medida da pressão intracraniana
(PIC) e o emprego de técnica com a intenção de não haver
introdução de infecção ou provocar lesão no tecido neural.

As amostras devem ser colhidas em três tubos estéreis, marcados


conforme a ordem que forem sendo obtidos:

» 1º Tubo = utilizado para análises bioquímicas e sorológicas;

» 2º Tubo = usado para microbiologia; e

» 3º Tubo = destinado à contagem celular.

Se possível, recomenda-se coletar o 4º tubo para análises que


venham a ser solicitadas, pois amostras destinadas a outros tipos
de avaliações bioquímicas e sorológicas mais específicas devem
ser congeladas (como no caso da dosagem do VDRL – Venereal
Disease Research Laboratories – para diagnosticar Sífilis).

Durante a obtenção da amostra, pode se formar uma fibrina dentro


do tubo algum tempo após a coleta. Esse fenômeno leva à suspeita
de meningite tuberculosa.

Análise

A rotina do exame de LCR inclui suas propriedades físicas, o exame


de citologia, de seus aspectos bioquímicos e imunológicos. Em
casos de processo inflamatório, realiza-se a pesquisa do agente
etiológico.

Em condições normais, o LCR é límpido, incolor, levemente


alcalino, com a densidade entre 1.006 a 1.009 e contém até 4
células por mm3.

Nos homens, a taxa de proteína é pouco maior do que nas


mulheres, sendo maior nos velhos do que em pessoas jovens.
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A coloração normal desse fluido é límpido e incolor “como água de


rocha”. A terminologia mais adequada para descrever a aparência
do LCR é: cristalino; opaco ou turvo; leitoso; xantocrômico; e
sanguinolento.

Eventualmente, aparecem amostras de cor esverdeadas ou


azuladas, em certos casos de meningite bacteriana causada por
Pseudomonas.
A turvação pode ser resultado de elevada concentração de
proteínas ou lipídios, mas também ser indicativo de infecção,
sendo a opacidade causada pela presença de leucócitos.

LCR xantocrômico poder estar associado à turvação em certas


meningites bacterianas. Xantocromia associada à hemorragia
ocorre em hemorragias intracranianas. O exame microscópico, no
qual se visualiza macrófagos com hemácias fagocitadas, é um
dado seguro de hemorragia intracraniana.

O exame citológico é realizado pela contagem global de células por


mm3 e pela contagem específica dessas células (neutrófilos,
linfócitos, monócitos, plasmócitos, células histioides e outras), que,
por sua vez, deve ser feita em um esfregaço corado.

A análise bioquímica mais frequentemente realizada no LCR é a


dosagem proteica. Glicose, lactato, glutamina e desidrogenase
láctica (DHL) também são dosados no LCR.

A técnica de Contra-Imunoeletroforese (CIE) é o método sorológico


utilizado nos setores de microbiologia para detectar e identificar
antígenos bacterianos no LCR.

A função do setor de microbiologia na análise do LCR é identificar a


etiologia da meningite.

Para a realização do exame microbiológico é preciso que a


contagem global esteja com mais de 4 células por mm 3. Em
seguida, após a centrifugação do tubo, separa-se o sobrenadante
para as análises imunológicas. Então, utilizando o sedimento, será
feito o exame a fresco do LCR entre lâmina-lamínula para a
pesquisa de fungos. Confeccionam-se diversos esfregaços:
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» 1º: corado pelo método de Gram = detecção de organismos


bacterianos e fúngicos;

» 2º: corado pelo método de Ziehl-Neelsen =


bacterioscopia para pesquisa de Bacilos Álcool-Ácido-
Resistentes (BAAR) quando há suspeita de
meningite tuberculosa (Figura 29).

Figura 29 – Bacilos Álcool-Ácido-Resistentes

Fonte: <http://www.biomedicinabrasil.com/2011/07/micobacterias.html>.
acesso em: 29 set. 2012.
Eventualmente, faz-se a pesquisa de cápsulas misturando-se,
numa lâmina, uma alçada de LCR com uma gora de Tinta Nanquim
ou Tinta da China; então, cobre-se com uma lamínula eexamina-
se ao microscópio, com objetiva de imersão. Esse preparo tem por
finalidade detectar umas das causas mais comuns de meningite
fúngica, o Cryptococcus neoformans (Figura 30).

Figura 30 – Cryptococcus neoformans


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Fonte: <http://pgodoy.com/?gallery=micoses-
sistemicas>. acesso em: 29 set. 2012.

quadro 5 – Resumo dos principais Resultados no


diagnóstico diferencial da meningite

Bacteriana Viral Tuberculosa Fúngica


Contagem elevada de Contagem elevada de Contagem elevada de Contagem elevada de
leucócitos leucócitos leucócitos leucócitos
Presença de linfócitos Presença de linfócitos
Presença de Presença de
neutrófilos linfócitos e monócitos e monócitos
Elevação moderada Elevação moderada
Grande elevação nos Elevação moderada nos
ou acentuada nos ou acentuada nos
níveis de níveis de
níveis de proteínas níveis de proteínas
proteínas proteínas
Acentuada diminuição do Níveis normais ou baixos
Níveis normais de Níveis baixos de
nível de glicose glicose glicose de glicose
Níveis elevados de Níveis normais de Níveis elevados de Níveis elevados de
lactato lactato lactato lactato
Níveis elevados de DHL Níveis elevados de DHL
(LD4 e LD5) (LD2 e LD3)
Formação de Prova de tinta da China
película positiva para
Cryptococcus
neoformans
Organismos gram- Prova com látex
positivos; e CIE positiva
Fonte: StRaSINGER, S.K. uroanálise e Fluidos
Biológicos. 3. ed. São paulo: premier, 2001, p. 147.
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...CONCLUINDO

O exame de urina, especificamente, é um procedimento de alta


demanda, trabalhoso e pouco padronizado, porém é de suma
importância para a conclusão de alguns diagnósticos clínicos.

O laboratório clínico deve ter procedimento da qualidade, bem


documentado e atualizado, de modo que contribua para a
uniformidade de execução por todo o pessoal técnico do exame
microscópico do sedimento urinário. Todos devem fazer a
avaliação do sedimento urinário usando o mesmo procedimento,
investigando a presença das mesmas entidades sedimentares e
usando os mesmos critérios de identificação.

Hoje em dia, poucos são os profissionais que ainda se sentam


diante do microscópio para realizar 100% de uma rotina laboratorial
em urinálise. A automação está crescendo e cada dia que passa os
aparelhos estão mais modernos e eficazes em suas análises.

O exame microscópico do sedimento urinário é um procedimento


complexo e de custo elevado considerando o tempo consumido
pela sua execução. A realização do exame microscópico na rotina
do laboratório exige profissionais qualificados, bem treinados, que
possuam habilidade e experiência em microscopia. Além disso, eles
devem conhecer procedimentos de microscopia, como: campo
claro, contraste de fase e luz polarizada, bem como saber como
utilizar os microscópios que possibilitam esses tipos de
microscopia.

Entre muitos dos equipamentos disponíveis no mercado, o UF-


100/SYSMEX demonstra boa precisão, reprodutibilidade e
concordância com a microscopia óptica. A utilização da citometria
de fluxo implica uma maior agilidade e padronização da rotina, bem
como uma nova maneira de reportar e interpretar o exame
rotineiro de urina. Sem dizer que esse tipo de sistema permite a
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observação da amostra sem centrifugação, para a identificação e


contagem dos elementos figurados.

É inerente a esses sistemas uma reprodutibilidade maior, em


comparação com a microscopia manual realizada por diferentes
pessoas, devendo ser seguidas as instruções do fabricante.

Devido à crescente automatização dos procedimentos, cada vez


mais profissionais qualificados terão a oportunidade de continuar na
prática manual das análises laboratoriais. Portanto, a dedicação e
atualização são de extrema importância para que venhamos a ser
destaque entre muitos profissionais diante dos métodos
convencionais.
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REFERÊNCIAS

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Métodos Laboratoriais.
19. ed. São Paulo: Manole, 1999.

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STRASINGER, S. K. Uroanálise e Fluidos Biológicos. 3. ed.


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Sites pesquisados

<www.scielo.br>

<www.comciencia.br>

<www.abcdasaude.com.br/lista-d.php>

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