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O texto abaixo tem como fonte uma publicação do Colégio Brasileiro de Radiologia/

CPAC e tem como objetivo orientar e informar os operadores de equipamentos


médicos na área de radiodiagnóstico sobre o meio de contraste iodado, sem se
esquecer que a responsabilidade e decisão de sua utilização compete exclusivamente
ao médico responsável pelo setor de Diagnóstico por imagem.

MEIOS DE CONTRASTE IODADO

Os meios de contraste iodados são substâncias radiodensas capazes de melhorar


a especificidade das imagens obtidas em exames radiológicos, pois permitem a
diferenciação de estruturas e patologias vascularizadas das demais.

ASPECTOS GERAIS

A estrutura básica dos meios de contraste iodados é formada por um anel


benzênico ao qual foram agregados átomos de iodo e grupamentos
complementares, onde estão ácidos e substitutos orgânicos, que influenciam
diretamente na sua toxicidade e excreção.

Na molécula, o grupo ácido (H+) é substituído por um cátion (Na+ ou meglumina),


dando origem aos meios de contrastes ditos "iônicos", ou por aminas portadoras
de grupos hidroxilas denominando-se, neste caso, "não iônico".

Todos os meios de contraste iodados utilizados regularmente são muito


hidrofílicos, tem baixa lipossolubilidade, peso molecular inferior que 2000 e pouca
afinidade de ligação com proteínas e receptores de membranas. Distribui-se no
espaço extracelular, sem ação farmacológica significativa.

Os meios de contraste podem ser encontrados em apresentações para uso


endovenoso, intratecal, oral ou retal.

Os contrastes iodados não iônicos (baixa osmolalidade) apresentam vantagem em


relação à segurança sobre os agentes iônicos, e são de um custo mais elevado.
Os contrastes iodados hidrossolúveis não iônicos para uso intratecal são
preferíveis aos contrastes de base oleosa (iodenidilato) e agentes não iônicos
(metrizamina) usados em estudos mielográficos. As vantagens dos agentes não
iônicos são a melhor evidenciação de estruturas como: raízes e bainhas nervosas
na TC. A desvantagem dos agentes não iônicos par uso intratecal durante
reabsorção pelo sistema nervoso, podem provocar alterações nas condições
mentais, náuseas, vômitos, e raramente convulsões. Estes efeitos podem ser
minimizados pela hidratação do paciente.
PROPRIEDADES RELACIONADAS A SEGURANÇA E EFICÁCIA DOS MEIOS
DE CONTRASTE

DENSIDADE: (g/ml)

Nº de átomos de iodo por mililitro de solução;

VISCOSIDADE:

A força necessária para injetar a substância através de um cateter aumenta


geometricamente com a concentração da solução e com o peso molecular;

não iônicos diméricos tem maior viscosidade que não iônicos monoméricos;

A viscosidade é menor quanto maior for à temperatura (por isso que se deve
aquecer gradativamente os meios de contraste não iônicos à temperatura corporal
antes de sua administração).

OSMOLALIDADE:

Função definida pelo nº de partículas de uma solução por unidade de volume;

Os contrastes iônicos têm maior osmolalidade do que os não iônicos porque


dissociam cátions e ânions na solução.

CONDIÇÕES QUE INFLUENCIAM NA QUALIDADE DO EXAME

Via de administração: determina, em parte, a quantidade de substância que


chegará ao órgão estudado;

Dose de contraste;

Velocidade de injeção;

Calibre do cateter: em função da viscosidade da solução utilizada;

Temperatura da substância: principalmente no uso de contrastes não iônicos


(interfere na sua viscosidade);

Retardo e tempo de scan: maximizar o estudo da fase arterial venosa.

EFICÁCIA DOS MEIOS DE CONTRASTES

A eficácia de um meio de contraste depende não apenas das propriedades


farmacológicas de sua molécula, mas principalmente de sua capacidade de
atenuação de Raios-X. A atenuação dos Raios-X por um agente de contraste
depende da concentração de iodo, da distância percorrida, pelo fóton de Raios-X
através da solução iodada e ainda da energia do fóton. Quanto maior a
concentração de iodo na solução, maior será sua capacidade de atenuar Raios-X.
O uso de contraste iodado não iônico é mais freqüente utilizado por sua segurança
e maior tolerabilidade pelo paciente do que por um significante aumento da
eficácia, porém são de um custo mais elevado. O contraste não iônico é bastante
utilizado em crianças e idosos por oferecer uma maior segurança ao paciente.

CUIDADOS ANTES DA INJEÇÃO DE CONTRASTE

Identificar os fatores de risco e benefício potencial de seu uso;

Avaliar as alternativas de métodos de imagem que possam oferecer o mesmo


diagnóstico ou ainda sejam superiores;

Certificar-se da indicação precisa do meio de contraste;

Estabelecer procedimentos de informação do paciente;

Ter previamente determinada a política no caso de complicações.

CLASSIFICAÇÃO E INCIDÊNCIA DAS REAÇÕES ALÉRGICAS

As reações alérgicas aos meios de contraste, apesar de pouco freqüentes (Uma


em 400.000 casos) são inevitáveis, podendo variar em severidade, e podendo
ocorrer após uma única administração ou após múltiplas.

CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DAS REAÇÕES ADVERSAS AOS MEIOS DE


CONTRASTES

Reações idiossincráticas (anafilactóides),

Reações não idiossincráticas.

Efeitos tóxicos diretos:

Osmotoxidade

Quimiotoxidade

Toxicidade direta órgão – específica

Nefrotoxidade

Cardiotoxidade

Nefrotoxidade

Reações vasomotoras:

Reações combinadas
QUANTO AO GRAU DE SEVERIDADE

São classificados conforme principais sintomas:

Leve: geralmente não requer tratamento medicamentoso (autolimitada), sendo


necessária apenas observação.

Moderada: clinicamente mais evidente do que a reação leve requer observação


cuidadosa e freqüentemente tratamento medicamentoso.

Severa (grave): necessita atendimento imediato, pois apresenta maior


morbiletalidade, e requer hospitalização. Pode ter como pródrome reações leves/
moderadas.

Fatais: As causas mais comuns de óbitos incluem colapso cardiorespiratório,


edema pulmonar, coma, broncoespasmo intratável e obstrução da via aérea
(edema de glote).

Reações adversas leves:

Náusea/vômito Alteração do paladar Sudorese/leve palidez

Calor Prurido Exantema

Cefaléia discreta Rubor Congestão nasal

Tontura Calafrios Espirros

Ansiedade Tremores Inchaços em olhos e


boca

Reações adversas moderadas:

Vômitos intensos Laringoespasmo Dor tórax e abdome

Edema facial Rigidez Urticária intensa

Hipertensão Dispnéia – sibilos Broncoespasmo

Hipotensão Cefaléia intensa Mudança na freqüência


Cardíaca

Reações adversas graves: Potencialmente apresentam risco de vida, com


moderados ou graves sintomas associados à:

Inconsciência Arritmias com repercussão clínica

Convulsão Parada cardiorespiratória

Edema agudo de pulmão Colapso vascular severo

Estima-se que algum tipo de reação adversa ocorra em 5 –12 % os pacientes que
utilizam contraste iônico hiperosmolar, a grande maioria delas sendo de baixo
risco (leve/moderada) e que não necessitam tratamento específico. Apenas 3,1%
dos pacientes que utilizam contraste não iônico apresentam algum tipo de reação
adversa.

Reações fatais podem também ocorrer na administração de agentes não iônicos,


mesmo em pacientes que já receberam contrastes previamente sem qualquer
sintoma de reação adversa.

QUANTO AO TEMPO DECORRIDO APÓS A ADMINISTRAÇÃO

Reações adversas agudas: são aquelas que ocorrem no período que o paciente
está em observação no serviço de radiologia. A grande maioria delas é imediata
ou ocorre nos primeiros 5 a 20 minutos após a administração do agente.

Reações tardias: ocorrem após o paciente deixar o serviço de radiologia, de


modo que sintomas e sinais variados podem se manifestar, tais como trombose
venosa e necrose de pele, quadro clínico semelhante ao resfriado comum por iodo
ou mesmo problemas cardíacos como insuficiência e arritmias.

Efeitos na viscosidade sanguínea,

Efeitos na coagulação;

Efeitos na função cardiovascular;


Efeito na função pulmonar;

Efeito na função renal;

Efeito na função hepática;

Efeito na função tiroideana;

Efeito na parede dos vasos;

Efeito nos testes de laboratório.

 TIPOS DE CONTRASTE EM tc
Quanto a adminstração

 Via oral (v.o)

 Endovenosa (e.v)

 Via retal (v.r)

Oral – vísceras ocas

Contraste positivo = hidrossolúvel


Contraste negativo = líquidos gordurosos, água

Contraste baritado

Contraste baritado diluído

Venoso – estruturas vasculares, estruturas parenquimatosas


vascularizadas

Geralmente, hidrossolúveis à base de iodo

Injeção predominantemente venosa, podendo ser arterial


Retal – doenças pélvicas

Injeção localizada – articulações

Via oral ou via retal – contraste hidrossolúvel (a base de iodo) ou


baritado diluído

Serve para aumentar a atenuação entre duas estruturas (analise de


vísceras ocas).

Via oral – administrado 1 hora antes do exame em sala

Via retal – fazer direto em sala (para doenças pélvicas)

Contraste endovenoso – administrado para o realce das estruturas


vasculares e para aumentar o contraste entre as estruturas
parenquimatosas: vascularizadas, hipovascularizadas
avascularizadas.

O contraste iodado não-iônico vem progressivamente aumentando,


devido à diminuição de numero de reações alérgicas adversas
comparado ao iônico.

Reações dos MC :

Reações adversas leves


Geralmente não requer tratamento medicamentoso, apenas
observação

Reações adversas moderadas

Freqüentemente requer tratamento medicamentoso e


observação, sem hospitalização

Reações adversas graves

Necessita atendimento imediato, maior morbiletalidade, requer


hospitalização

Reações adversas fatais


Colapso cardiorrespiratório, edema pulmonar, coma,
broncoespasmo intratável e obstrução de via aérea

QUANTO AO TEMPO DECORRIDO APÓS A ADMINISTRAÇÃO

Agudas ou imediatas Ocorrem no período em que o paciente


está em observação no serviço de radiologia 5 a 20 minutos
após administração do agente Tardias Ocorrem após o paciente
deixar o serviço de radiologia Sintomas e sinais variados 1 hora
ou mais a partir da administração do contraste

Contrastes não-iônicos são mais seguros do que os iônicos,


porém seu custo continua restringindo sua utilização mais
ampla.

Agentes não-iônicos em pacientes de alto risco causam menor


alteração do volume intravasacular, de distúrbios cardíacos e de
lesão renal.

A freqüência de reações adversas é maior em indivíduos com


história de alergia e asma e com antecedente de reação prévia
aos meios de contraste

FATORES DE RISCO

Hipersensibilidade ao agente de contraste iodado

Alergia

Hipertireoidismo

Desidratação

Insuficiência cardiovascular severa

Insuficiência pulmonar e asma

Insuficiência renal

Nefropatia em pacientes diabéticos

Paraproteína elevada

Doença autoimune

Idade avançada

Ansiedade
Apesar do risco = administrar o agente de contraste iodado =
considerar:

Utilizar agentes não-iônicos

Usar substâncias com menor concentração possível

Hidratar o paciente

Estabilizar as condições psicológicas do paciente

Uso de pre-medicação

Otimizar a utilização dos equipamentos e da equipe médica

Em caso de RA, estar preparado para iniciar medidas


terapêuticas imediatamente

RECORRÊNCIA DE REAÇÕES ADVERSAS

Utilizar agentes não-iônicos

Usar substâncias com menor concentração possível

Hidratar o paciente

Estabilizar as condições psicológicas do paciente

Uso de pre-medicação

Otimizar a utilização dos equipamentos e da equipe médica

Em caso de RA, estar preparado para iniciar medidas


terapêuticas imediatamente

MEDIDAS PROFILÁTICAS

Muita controvérsia

Prevenir ou, pelo menos, minimizar as reações adversas aos


meios de contraste

HIDRATAÇÃO E JEJUM
Pacientes que não se alimentam ou ingerem líquidos por um
período de tempo prolongado = ansiosos e menos cooperativos
no momento do exame = maior suscetibilidade às RA.

Grau de hidratação adequado pode reduzir efeitos do contraste,


especialmente os relacionados à nefrotoxicidade

Pequenas refeições até duas horas antes de utilizar agentes nã-


iônicos por via endovenosa não parecem trazer prejuízos ao
paciente e exame.

PRÉ-TESTE

Não há indicação de se fazer teste preliminar com a utilização


de amostra de contraste uma vez que ele próprio pode
desencadear reações adversas

Pacientes com teste negativo poderão apresentar sintomas


posteriormente

Pacientes com teste positivo nem sempre desenvolverão


reações adversas

ANTI-HISTAMÍNICOS E CORTICOSTERÓIDES

São administrados mais freqüentemente em pacientes que


apresentaram algum grau de reação adversa em administração
prévia de MC.

Grande parte de efeitos adversos aos agentes de contraste é


induzida por liberação de histamina

QUQESTIONÁRIO DE ANAMNESE PARA USO DE MC EM CT:

Nome do Paciente: _______________________________________________________


Idade: __________

Telefone: ____________ Exame agendado para: _______/_______/______


Exame a ser realizado: _________________________________________________

Médico solicitante: ____________________________________________________

Informações fornecidas por: ____________ Grau de parentesco: __________

1) Tem alergia a algum tipo de medicamento? Quais?


( ) sim ( ) não ( ) não sei informar

2) Já fez algum exame radiológico com contraste endovenoso como Tomografia


Computadorizada, Urografia Excretora ou Angiografia?
( ) sim ( ) não ( ) não sei informar

3) Apresentou algum tipo de reação após a injeção do contraste radiológico?


( ) sim ( ) não ( ) não sei informar

4) Tem asma brônquica e/ou rinite alérgica?


( ) sim ( ) não ( ) não sei informar

5) Você tem doença renal ou cardíaca grave que necessite de medicação? Que tipo?
( ) sim ( ) não ( ) não sei informar

6) Você faz uso de insulina e/ou hipoglicemiante oral para controle de diabete?
( ) sim ( ) não ( ) não sei informar

7) Motivo do seu exame: ___________________________________________________


LEIA COM ATENÇÃO ANTES DE FAZER A SUA TOMOGRAFIA

Prevenção de Acidentes por Contrastes Iodados Injetáveis

As injeções endovenosas de meios de contraste radiológico são quase sempre


desacompanhadas de qualquer reação ou desconforto. Em alguns casos, porém, podem
ocorrer sensações de calor, náusea, reações alérgicas, dor e sintomas inflamatórios no local
da punção ou no trajeto venoso. A utilização de meios de contraste modernos (não iônicos)
tem reduzido sensivelmente a ocorrência dessas reações. Reações alérgicas de maior
gravidade, que podem determinar parada cárdio-respiratória e óbito, são excepcionalmente
raras.

Dessensibilização Prévia

Tratamentos de dessensibilização prévia são realizados para prevenir as possíveis reações


aos meios de contraste radiológicos. O setor de Tomografia Computadorizada da
RADIMAGEM faz uso deste tipo de tratamento desde o início de suas atividades, não
tendo registrado em sua história nenhum episódio de reação grave após injeção desses
fármacos.

Para adultos, em exames não urgentes, recomendamos 40mg de prednisona e 10mg


de dicloridrato de cetirizina (via oral) administrados 24 horas antes e na manhã da
realização do exame. No caso de exames em que a medicação não possa ser
administrada eletivamente, e não havendo antecedentes alérgicos, recomendamos uma
injeção endovenosa de 1.000mg de hidrocortisona e 20mg de dicloridrato de cetirizina
via oral, 2 horas antes do exame.

No caso de crianças a dose deverá ser calculada de comum acordo com o respectivo
pediatra.

Declaro que fui informado(a) claramente sobre os riscos da utilização de meios de


contrastes radiológicos injetáveis e do que pode ser feito para a redução de tais riscos.
Autorizo de forma voluntária a realização do exame solicitado.

São Paulo, ________ de __________________ de 2009

Assinatura do Paciente ou Responsável Nº da Carteira de Identidade

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