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Psicologia educacional e o sistema

educacional em Cuba

Guillermo Arias Beatón

Resumo
Este trabalho inclui uma análise do papel da Psicologia da Educação no desenvolvimento e organização do Sistema Educacional N acional de
Cuba. Mostrará a evolução do pensamento filosófico, psicológico e pedagógico desde o século XVIII até os dias atuais e como tem sido
enriquecido com o debate que exige a necessidade de uma aplicação prática dos conteúdos teóricos e da pesquisa empírica no
aprimoramento da Educação de um povo, movida pela concepção de que as pessoas podem e devem se apropriar dos conteúdos da
educação, como condição para promover o desenvolvimento sustentado de um projeto social e cultural revolucionário. A necessid ade de
realizar estudos críticos e sistematizações dos conteúdos teóricos, metodológicos e empíricos de toda a psicologia, construir um sistema de
ensino que garanta a qualidade necessária para que o aprendizado de todos os escolares com sua diversidade seja alcançado. A importância
para o combate ao colonialismo cultural, que a psicologia e os psicólogos, juntamente com as demais ciências relacionadas à Educação,
participem do debate científico e técnico e com base nas políticas públicas de Educação e como, influenciando ainda mais, no aprimoramento
destas políticas, tornará o papel da Psicologia mais significativo com o compromisso social e cultural do país e principalmente com o ser
humano.
Palavras chaves: educação, aprendizagem, desenvolvimento, psicologia escolar.

Psicologia educacional e o sistema educacional em Cuba

Resumo
Neste trabalho, apresentamos uma análise do papel da Psicologia da Educação e da organização do sistema educacional em Cuba. Propomo-
nos mostrar a evolução das ideias filosóficas, psicológicas e pedagógicas desde o século XVIII até à data. Argumentamos que este campo de
estudo tem sido enriquecido por debates que requerem uma aplicação prática das teorias e da pesquisa empírica no aprimorament o dos
conteúdos em Educação como condição para promover o desenvolvimento sustentado por um projeto revolucionário s ocial e cultural.
Precisamos realizar estudos e formulações críticas sobre os conteúdos metodológicos, teóricos e empíricos em Psicologia. Isso nos ajudará a
construir um sistema de Educação que conceda a qualidade necessária para promover o aprendizado a todos os escolares em sua
diversidade. Psicologia,
Palavras-chave: Educação, aprendizagem, desenvolvimento, psicologia escolar.

Uma psicologia educacional no sistema educacional em Cuba

Eu
resumo
Este artigo apresenta a análise do papel da Psicologia Educacional no desenvolvimento e organização do Sistema Nacional de Educação em
Cuba. Destacar a evolução do pensamento filosófico, psicológico e pedagógico, desde o século XVIII até os dias atuais, e como o debate que
requer a necessidade de uma aplicação prática dois conteúdos teóricos e pesquisas empíricas para o aperfeiçoamento da Educação de um
povo, impulsionado pelo concepção de que as pessoas podem e devem se apropriar de dois conteúdos da educação como condição para a
promoção ou desenvolvimento amparado por um projeto social e cultural revolucionário. Para a realização de estudos críticos e sistematização,
dois conceitos teóricos, metodológicos e empíricos de toda a psicologia, construir um sistema de ensino que garanta a qualidade necessária
para atender ao objetivo de aprendizagem de todos os escolares com sua diversidade. Por mais importante que seja para o comba te ao
colonialismo cultural, que psicólogos e psicólogos, junto com outras ciências relacionadas à Educação, participem do debate científico e
técnico, construindo as bases para as políticas públicas de educação e como, ou será somado mais para não melhorar essas polí ticas, vai
torná-lo mais significativo ou o papel da Psicologia como um compromisso social e cultural do país e acima de tudo como ser humano.
Palavras-chave: educação, aprendizagem, desenvolvimento, políticas públicas, psicologia educacional.

Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) * Volume 13, Número 1, Janeiro / Junho de 2009 * 155-164. 155
 Introdução
A Psicologia da Educação desempenhou, durante
estes últimos quarenta anos, um papel significativo no
desenvolvimento e na organização do Sistema Educativo
Nacional de Cuba e nas conquistas educacionais de nosso
povo. A sua presença tem sido indiscutível, no contínuo
debate sobre o seu aperfeiçoamento e na erradicação dos
erros e dificuldades que naturalmente surgiram e surgem,
dada a complexidade de qualquer processo de
planeamento e implementação de programas de Educação
para Todos .e qualidade. Tudo foi feito através de um
trabalho coletivo, interdisciplinar e comprometido social e
culturalmente, formando também políticos, especialistas e
profissionais de destaque (Congresso da Educação e
Cultura, 1971; Ministério da Educação, 1973,1975).
Um dos aspectos mais significativos é que tanto os
políticos, em nosso período revolucionário, quanto os
cientistas e pensadores progressistas, levaram em
consideração, interpretaram e aplicaram o pensamento
filosófico, psicológico e pedagógico cubano desde o século
XVIII até os dias atuais.
Seu compromisso com as demandas e demandas
do povo cubano em relação ao papel da educação também
foi importante, porque nossa identidade como povo, nossa
nacionalidade, graças a esses pensadores, surgiu
intimamente ligada à ideia de que só Com uma boa
educação , a formação e o desenvolvimento dessa
identidade, da consciência nacional e das ideias de
liberdade e independência da colônia espanhola ou de
qualquer delas podem ser alcançados posteriormente (Luz
y Caballero, 1999, 2001a, 2001b; Martí, 1975, 1983 ;
Varela, 1999). Nesse sentido, é apresentada e
materializada a ideia otimista de que todo ser humano é
capaz de ser educado, pode aprender e desenvolver sua
consciência (Comenio, 1983; Luz e Caballero, 1999, 2001a,
2001b; Martí, 1975;
Rousseau, 1973; Varela, 1999; Vivés, 1997;).
Tem estado presente, nesse pensamento, que a
educação deve ser, do ponto de vista cultural ou nacional,
mas enriquecida pelo conhecimento e pela cultura de
outros povos e pensadores do mundo. Com orgulho, até
hoje, dizemos que somos uma confluência e integração de
culturas e saberes. Mas desde então sabemos que o
instrumento metodológico da crítica sistemática e da
autocrítica do conhecimento é necessário e imprescindível,
para atingir essa síntese ou integração e deixar de ser
eclético (Arias, 1999a, 2002a, 2002d, 2004, 2005; Fariñas
& Arias, 2002; Luz e Caballero, 2001a, 2001b; Vygotski,
1991).
Esses pensadores nos ensinaram que todo
conhecimento deve ser submetido a uma crítica científica
sistemática, tudo o que nos chega, antes de integrá-lo ao
nosso conhecimento, deve ser considerado em suas
vantagens e desvantagens. É por isso que hoje, desde a
Cátedra LS Vygotsky, aqueles de nós que a debatemos e
trabalhamos, postulamos a continuidade e o resgate de
uma sistematização crítica da teoria da
156 Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) * Volume 13, Número 1, Janeiro / Junho de 2009 * 155-164.
Abordagem histórico-cultural de todos os tempos e um de
seus principais conteúdos é fazer uma análise profunda das
bases de nosso pensamento histórico-cultural em nossos
pensadores de origem e de toda a América Latina (Arias,
1999a, 1999b, 2002a, 2002b, 2002d, 2004a , 2004b,
2005, 2006; Corral, 1999; Cruz-Tomás, 1995; Dominguez,
novecentos e noventa e cinco; Fariñas, 1999, 2005; Fariñas
e Arias, 2002; Fariñas e
Coelho, 2008; Febles Elejaldes, 1987, 1997, 2001; Lopez e
cols., 1990-2003; Serra, 2003; Valdes, 1984; Vygotsky,
1972,
1981, 1987, 1988, 1989, 1991, 1993, 1995, 1996, 1999,
2001, 2004).
Acreditamos que não será difícil observar as
semelhanças que existem entre este referencial teórico e o
conteúdo do pensamento progressista cubano de todos os
tempos (Arias, 2005; Serra, 2003; Valdés, 1984) e
certamente da América Latina, a partir de Sarmientos,
Simon Rodríguez e Hostos para Freire.
A brevidade desta intervenção não me permite
aprofundar muito nisso, mas dizer e incitar a trabalhar,
neste importante aspecto, porque acredito que existem
enormes coincidências e é preciso fazê-lo, para que se
constitua a nossa educação, com bases próprias,
profundas e sólidas, numa educação de qualidade para
todos.
As coincidências podem ser resumir em: a
necessidade de uma educação para todos e que contribua
para o processo de formação e desenvolvimento humano,
que o conhecimento é uma dinâmica entre o sensorial, o
empírico e o racional, a necessidade de educar no amor e
para o amor, a necessidade de ver o todo na sua dinâmica
e interdeterminação com as partes, a necessidade de
utilizar vários métodos no processo de construção do
conhecimento e no processo de educação, a necessidade
tanto do papel ativo do educador como da escola, que o
educador organize e direcionam seu trabalho para a
criação ativa da escola e a redescoberta do conhecimento,
a relação entre teoria e prática, entre outros problemas
importantes (Arias, 2005, 2006; Betancourt & González,
2003; Bozhovich, 1976;
Davidov, 1991; Fariñas, 1995, 2004a, 2004b, 2005; Freire,
1971, 2001; Leontiev, 1966, 1981, 1991, 1997; Lopez, 1990,
1991, 1992; Luz e Caballero, 1999, 2001a, 2001b; Marti,
1975; Mujina, 1981; Novoselova, 1981; Rubinstein, 1965,
1972; Varela, 1999; Varona e Guevara, 1984; Venguer,
1976; Venguer e López, 1990; Vygodskaia, 1997; Vygotsky,
1981,1988, 1989, 1991, 1993, 1995, 1996, 1999, 2001;).
Por fim, estamos convencidos de que o que
chamamos de Cuba também é uma característica de nossa
América, estudamos e vimos isso no México, Porto Rico,
Argentina, Brasil, Peru, Venezuela, Chile, entre outros.
Acredito que um estudo que revele esta é uma das
formas eficazes de desenvolver o anticolonialismo e a não
dependência que praticamos, eliminar a mentalidade do
colonizado e promover uma consciência de independência
e autonomia, de crítica e autocrítica, que permite rejeitar e
não praticar, hegemonismos, imposições e a tendência de
criar ídolos que tanto prejudicam o conhecimento e sua
aplicação. Trabalho orientado pela
respeito mútuo, tolerância, compreensão, solidariedade e
troca crítica de conhecimentos.
A psicologia educacional cubana, desde sua
organização e presença sistemática no Ministério da
Educação, nos Departamentos das Faculdades de
Psicologia e das Universidades Pedagógicas, nos Centros
e Departamentos das Universidades em geral e todos os
psicólogos, psicopedagogos, pedagogos e educadores
Contribuíram significativamente para o desenvolvimento de
políticas públicas no período revolucionário.
Não se pode falar de nenhuma das conquistas da
educação em Cuba, onde não estiveram presentes as
pesquisas, os debates científicos, as experiências práticas
e a reflexão crítica desses profissionais vinculados ao
pensamento e à prática da psicologia educacional.
No entanto, há algo extremamente importante que
deve ser destacado e não pode ficar de fora, a estreita
relação neste trabalho com políticos, outros profissionais e
cientistas, como sociólogos, linguistas, médicos,
matemáticos, biólogos, químicos, entre tantos outros.
A pesquisa científica tem sido um instrumento
essencial. Não só desenvolvendo investigações teóricas,
experimentais, formativas e qualitativas, mas também
realizando aquelas que conduzam mais diretamente à
introdução na prática dos resultados daquelas mais
teóricas, experimentais, formativas, experimentais e
descritivas (Acosta, 1998; Ávila, 2002; Cordero, 2001; Cruz,
1998;
Cuesta e B. Hernández, 2000; Dávila, 2006; Dias, 2005;
Esteva Boronat, 2002; Febles Elejaldes, 1988; Figueredo,
1999; Fernández, 2003; Gómez, 1980, 1988, 1995; Gómez
e Borgato 1988; González, 2000; Gutiérrez, López, & Arias,
1990; IH Pardo, 2005; J. Betancourt, 1999, 2002; JM
G. Hernández, 2002; López, 1990, 1991, 1992; López e
Borgato, 2002; López e Gómez, 1986; Lorenzo, 1980,
1981, 1982, 1987, 1988, 1990, 1995a, 1995b; Louis, 2003;
M. del PS Rodríguez, 2001; Mendoza, 1988a, 1988b, 1989,
1990; MINED-CELEP, 1999; Pacheco, 1998, 2002; PI
Pardo, 1995; Reyes, 2005; Rivero, 1999, 2001; Rivero &
Quílez, 1995a, 1995b, 2001; Roloff et al., 1987; Ruiz, 2001;
Sarduy, 1996a, 1996b; Sotomayor e Muñoz, 1999; Tejeda,
2007; Tintorer, 1998; Tocabens, 2001; Velázquez, 2002; E.
A. Betancourt, 2005).
Embora acredite que essa tem sido e seja uma
tarefa importante, ela deve ser ampliada para continuar
aprimorando, ainda mais, nosso trabalho educativo e
principalmente nosso trabalho e patrimônio científico e
profissional. O debate profissional e científico tem sido sem
dúvida essencial, embora também deva ser resgatado com
novo vigor.
A psicologia educacional cubana tem sido presentes
de forma significativa: no desenvolvimento massivo e
produtivo da educação inicial e pré-escolar desde os seus
primórdios, na concretização da aprendizagem da leitura e
da escrita, espanhol, matemática, formação de valores,
formação de professores e educadores em geral, em o
trabalho com as famílias e o que se relaciona com o vínculo
essencial do
Psicologia Educação e o sistema educacional em Cuba * Guillermo Arias Beatón
casa com a escola e trabalho da mídia de massa como
parte importante da sociedade, para conseguir uma melhor
educação para nossas crianças, adolescentes e jovens
(Acosta, 1998; Ávila, 2002; Cordero, 2001;
Cruz, 1998; Cuesta e B. Hernández, 2000; Dávila, 2006;
Dias, 2005; Esteva Boronat, 2002; Febles Elejaldes, 1988;
Figueredo, 1999; Fernández, 2003; Gomez, 1980, 1988,
novecentos e noventa e cinco; Gómez e Borgato 1988;
González, 2000; Gutiérrez, López, & Arias, 1990; IH Pardo,
2005; J. Betancourt, 1999, 2002; JMG Hernández, 2002;
López, 1990, 1991, 1992;
López e Borgato, 2002; López e Gómez, 1986; Lorenzo,
1980, 1981, 1982, 1987, 1988, 1990, 1995a, 1995b; Louis,
2003; M. del PS Rodríguez, 2001; Mendoza, 1988a,
1988b,1989, 1990; MINED-CELEP, 1999; Pacheco, 1998,
2002; P.
I. Pardo, 1995; Reyes, 2005; Rivero, 1999, 2001; Rivero &
Quílez, 1995a, 1995b, 2001; Roloff et al., 1987; Ruiz, 2001;
Sarduy, 1996a, 1996b; Sotomayor e Muñoz, 1999; Tejeda,
2007; Tintorer, 1998; Tocabens, 2001; Velázquez, 2002;
YA Betancourt, 2005).
Participaram ativamente na criação e no
aprimoramento da educação de escolares com
necessidades educacionais especiais, a partir de uma visão
otimista, desenvolvimentista e compensatória, inclusiva e
para todos e com todos, ou seja, da atenção à diversidade,
o que permitiu, que Estes escolares tivessem melhor
integração social, maior independência e autonomia e que
pudessem ter continuidade de estudos dentro do sistema
nacional de educação nas escolas e institutos técnicos e
nas universidades, como qualquer outro aluno (Arias, 1979,
1986a, 1986b, sn, 1988, 1989; Arias & Llorens, 1982; Bell,
1996, 1997; Coletivo de autores 2004, 2005; J. Betancourt
& González, 2003; Rivero, 2001;
Vega, 1988, 1989; Vygotsky, 1989).
Sempre se trabalhou na assessoria de programas
infantis na televisão cubana e no desenvolvimento de
programas de orientação e educação para a família e toda
a população (Arias, 1999c, 2002c; Arias et al., 1977;
Cánovas-Fabelo e cols., 1997 ; Castillo e cols., 1989;
Castro, 1996; E. Rodríguez, 2002; Febles Elejaldes,
1999, 2003; Garcia, 1983; Ibarra, 1999; Roche, 2000; Roche
& Tocabens, 1999; Tejeda,2007).
Trabalho foi feito e continua a trabalhar para uma
avaliação e um diagnóstico que acaba de ultrapassar a
visão psicométrica, descritiva, classificatória, superficial e
estigmatizante e se torna um diagnóstico explicativo, que
norteia a intervenção e a educação que favoreçam a
aprendizagem e o desenvolvimento infantil. (Árias , 2001;
García, 1983; López & Gómez, 1996; Muzio, 1989).
Tudo isso foi alcançado pela orientação que temos e
que acreditamos que interpreta, o que está em nossa
cultura e em nossa história, que com o debate crítico
sistemático de teorias, práticas e seus resultados, é
possível alcançar o que requer, a necessidade de uma
aplicação prática do Teórico. conteúdos e investigações
empíricas, na melhoria da Educação de uma cidade.
Tudo isso norteado pela concepção de que as
pessoas podem e devem se apropriar da
157
conteúdos da educação, como condição para promover o
seu desenvolvimento pessoal e o desenvolvimento
sustentado de um projeto social e cultural revolucionário.
Pela necessidade de realizar estudos e sistematizações
críticas dos conteúdos teóricos, metodológicos e empíricos
de toda psicologia, construir um sistema de ensino que
tenha a qualidade necessária para que o aprendizado de
todos os escolares com sua diversidade seja alcançado.
Pela importância que tem para o combate ao
colonialismo cultural, a psicologia e os psicólogos, junto
com as demais ciências relacionadas à Educação, devem
promover e participar do debate científico e técnico como
base para a elaboração das políticas públicas de
Educação. e influenciar, ainda mais, no aprimoramento
dessas políticas, para tornar o papel da Psicologia mais
significativo com o compromisso social e cultural do país e
principalmente com o ser humano.
A Psicologia da Educação, em Cuba, tem tido uma
participação maior em projetos e programas
macroestruturais e na definição, execução e controle de
políticas públicas, na formação continuada de professores e
docentes, no assessoramento de programas educacionais
em geral, do que em uma forma mais pontual e pontual.
atendimento específico a crianças em idade escolar com
problemas, o que parece ser um fato significativamente
positivo da psicologia educacional e escolar cubana, em
comparação com outros países.
No entanto, um aspecto em que devemos continuar
trabalhando em Cuba, porque o que poderia e o que se
deseja não foi alcançado, é a atenção individualizada de
escolares com problemas ou dificuldades1, por
especialistas e profissionais que apóiam o trabalho do
professor e dos professores em escolas gerais, técnicas e
profissionais e até mesmo nas universidades.
Esse aspecto parece ser outra diferença com países
do mundo onde este tipo de atendimento é muito maior do
que o que é realizado em nosso país. Essa questão sempre
esteve presente nos debates e nas discussões, nas
projeções levantadas pelos psicólogos da educação do
Ministério da Educação, das Faculdades de Psicologia e
dos Institutos Superiores de Pedagogia, mas só foi
alcançada parcialmente em alguns subsistemas de ensino.
Creio que esta forma de abordar o problema tem
sido, em última instância, vantajosa, pois não seria
necessária atenção individualizada, em Cuba, para altos
índices de alunos, dada a qualidade do sistema em geral,
1 Quando psicólogos e pedagogos cubanos falam dos problemas e
dificuldades dos escolares, em geral, referem-se ao fato de não
serem produto da disciplina ou de a causa estar no escolar. Na
maioria dos psicólogos e mesmo na população em geral, esses
problemas ou dificuldades são concebidos como uma insuficiência
da escola ou do sistema sociocultural, que não leva em conta as
demandas do processo educacional e as características dos
sujeitos, em a fim de, adaptando-se a eles, exercer uma ação
promotora e promotora nesta e evitar problemas e dificuldades.
Nessa concepção, uma atenção mais individualizada faz parte da
eficácia que o sistema educacional, social e cultural da sociedade
deve ter, para evitar esses problemas ou corrigi-los.
158 Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) * Volume 13, Número 1, Janeiro / Junho de 2009 * 155-164.
garante que apenas uma pequena parte dos alunos, seus
professores e suas famílias precisam de atenção mais
especializada.
No entanto, consideramos que o país tem múltiplas
formas de prestar essa atenção mais individualizada, por
meio de centros criados pela Federação das Mulheres
Cubanas, do Centro de Educação Sexual, do Sistema
Público de Saúde e até mesmo de Centros Universitários,
que bem poderiam ser a base de uma experiência , para
criar um subsistema sólido, amplo e abrangente de atenção
individual em educação no país, que consiga atender às
massas e atingir os alunos e educadores com maiores
dificuldades.
Nesse sentido, a experiência que se realiza em
muitos dos países latino-americanos pode ser muito útil
para nós, da mesma forma que nossa experiência na
participação, na elaboração e no aprimoramento constante
de políticas públicas, pode ser muito importante para
aqueles. países.
Enfim, nenhuma plataforma é melhor do que a
oferecida por este Congresso, que se autodenomina
genuinamente latino-americano, lutador contra o
colonialismo cultural da Europa e dos Estados Unidos e
acrescentaria, se me permitem, qualquer outro tipo de
hegemonia, imposição e criação de ídolos; formular essas
idéias essenciais para a materialização desse discurso e
para contribuir verdadeiramente para o desenvolvimento
dos povos de nossa Região.
A psicologia como ciência comprometida com o ser
humano, seus problemas e dificuldades de
desenvolvimento, deve insistir em uma educação mais
eficiente que permita uma educação de qualidade para
todos, que garanta uma aprendizagem eficiente em todos
os escolares e com ela, o desenvolvimento integral do ser
humano.
É por isso que propomos que este Congresso
pronunciar-se com propostas concretas e, com elas,
promover um trabalho que vise produzir uma mudança nas
políticas que existem sobre os programas educacionais na
maioria de nossos países latino-americanos.
Recentemente ouvi um programa sobre política no
Brasil a dois senadores declarando publicamente que os
programas de educação no Brasil são muito deficientes e
que a maioria dos governantes, historicamente, não quis
que toda a população recebesse uma boa educação
O que pode ser feito após esse reconhecimento?
Muitos outros pensarão assim? As ciências psicológicas, a
psicologia educacional e escolar conseguirão ficar caladas?
Eu acho que embora o capitalismo tenha promovido
a educação para todos desde o final dos séculos 19 e 20,
ele nunca esteve realmente interessado em resolver o
problema de todos aprenderem e se desenvolverem nos
níveis que uma boa educação produz. Eles só se
interessam em resolver a mão de obra qualificada de que
precisam e até agora resolvem com o percentual que os
sistemas alcançam, por isso, acho que essa impressão é
produzida nesses políticos que criticaram o sistema deles.
Qualquer sistema que garanta que
30% não aprende, outro não aprende bem e que só está
garantido o percentual necessário para a produção e o
desenvolvimento econômico capitalista, é bom, para que
investir mais?
Acho que deve ser debatido como informar aos
governos que é humanamente imperdoável e Referências
cientificamente inaceitável que até 30% das crianças em
idade escolar não aprendem a ler e escrever nos sistemas
educacionais; quando o deficiente físico leve pode fazê-lo
em dois ou três cursos e o surdo-cego, com meios
pedagógicos específicos, chega até a universidade e a pós-
graduação em nível de doutorado.
Que não se justifica o desenvolvimento da educação
universitária, quando não existem bons programas de
educação infantil, inicial ou pré-escolar e, posteriormente,
bons programas de educação primária ou fundamental, ou
um bom vínculo e colaboração entre família, escola e
sociedade que garantam as bases, os alicerces, de uma
preparação para a realização dos estudos médio, médio e
superior.
Que até a UNESCO teve que reconhecer, ao menos
declarativamente, no discurso, que a Educação promove o
desenvolvimento humano e que somente com esse
desenvolvimento os países alcançam um desenvolvimento
econômico sustentável (Delors, 1996; UNICEF, 1990).
Que para melhorar a Educação das pessoas e da
diversidade, para alcançar a declarada educação inclusiva,
é necessária uma vontade política para elaborar ou criar
políticas públicas, visando alcançar uma Educação de
Qualidade para Todos e garantir sua implementação e
avaliação e aprimoramento constantes.
Que é necessário promover, conjuntamente, a
participação de cientistas e profissionais da pedagogia,
psicologia, psicopedagogia e outras ciências para
desenvolver conteúdos científicos e técnicos, para projetar
o sistema de ensino que se faz necessário.
Que a América Latina e o mundo tenham
conhecimentos suficientes para projetar melhores sistemas
educacionais, dada a diversidade histórica de critérios e a
possibilidade de síntese crítica desse conhecimento, o que
possivelmente nos permite aprimorar o que já foi feito,
desenvolver e construir sistemas para o momento atual,
relativo e não permanente, não perfeito; mas se possível,
mais eficaz, se fizermos as análises críticas e buscarmos
as melhores soluções para os nossos problemas, com os
nossos conceitos, formas de pensar e práticas.
Poderia citar muitos outros aspectos, mas acho que
já são importantes para começar ...
Em Cuba, foram feitas conquistas, ou seja,
Encontram nas publicações internacionais, no entanto,
muito mais poderia ser alcançado, por isso, a psicologia
educacional em Cuba não pode se orgulhar de seus
sucessos, devemos trabalhar por resultados superiores e
devemos e podemos também aprender com a psicologia
educacional de países irmãos de A América Latina e acima
de tudo, colabora como um todo nos estudos e análises
críticas que se fazem para melhorar nossos sistemas
educacionais. Aquilo é um
Psicologia Educação e o sistema educacional em Cuba * Guillermo Arias Beatón
Sonho poder ajudar a tornar o ULAPSI uma realidade, se
conseguir materializar o que postula.
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 Recebido em: 24/05/2009
Óleo em: 25/07/2009

Sobre o autor
Guillermo Arias Beatón
Professor Titular da Faculdade de
Psicologia da Universidade de Havana
Bolsa CAPES / USP 2009

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