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24/08/2023

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória

Graduação em Medicina

Regulação do
tônus vascular

Profa. Priscila Rossi de Batista


24 de agosto de 2023

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24/08/2023

MECANISMOS DE CONTROLE DO FLUXO SANGUÍNEO

• A regulação do tônus do músculo liso vascular pode


ocorrer localmente por intermédio de mecanismos
intrínsecos, autócrinos ou parácrinos.

• O tônus do músculo liso também pode ser controlado


sistemicamente, pelo sistema nervoso e por hormônios
liberados na circulação.

MECANISMOS LOCAIS DE REGULAÇÃO DO TÔNUS


DO MÚSCULO LISO VASCULAR

• Tônus Miogênico

• Controle Metabólico do fluxo sanguíneo

• Endotélio Vascular

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MECANISMOS LOCAIS DE REGULAÇÃO DO TÔNUS VASCULAR

TÔNUS MIOGÊNICO

• É um mecanismo local e intrínseco do músculo liso


vascular, que exerce papel primordial na manutenção do
tônus muscular basal e na auto-regulação do fluxo
sanguíneo e da pressão hidrostática capilar.
• O mecanismo básico que ativa o tônus miogênico é a
diferença de pressão transluminal e se baseia na lei de
Laplace.

T=Pxr
T = TENSÃO*

P= PRESSÃO#

R= RAIO DO VASO *tensão linear na parede do vaso


# P intravascular – P extravascular

MECANISMOS INTRACELULARES ENVOLVIDOS NA GÊNESE DO TÔNUS MIOGÊNICO

Como um evento mecânico


dispara a despolarização?
→ função dos canais
mecanossensíveis

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MECANISMOS INTRACELULARES ENVOLVIDOS NA GÊNESE DO TÔNUS MIOGÊNICO

Liberação de Ca2+ do retículo:


- canais de Ca2+ sensíveis ao
Ca2+ (receptores de rianodina)
- PLC
- IP3

MECANISMOS LOCAIS DE REGULAÇÃO DO TÔNUS VASCULAR

TÔNUS MIOGÊNICO

Q= ΔP
T=Pxr
R
T = TENSÃO
Q= FLUXO
P= PRESSÃO
ΔP= DIFERENÇA DE PRESSÃO
R= RAIO DO VASO R= RESISTÊNCIA

• Em resposta a um aumento na pressão intravascular,


reflexamente tem-se a contração do MLV, redução do calibre
vascular, o que contribui para o aumento da resistência vascular
local e consequente diminuição do fluxo sanguíneo frente ao
aumento da pressão, com manutenção da pressão hidrostática
capilar. Esses ajustes são realizados com a finalidade de
manter um fluxo sanguíneo constante.

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MECANISMOS LOCAIS DE REGULAÇÃO DO TÔNUS VASCULAR

CONTROLE METABÓLICO DO FLUXO SANGUÍNEO

• A hipótese metabólica baseia-se no fato de que a oferta de


oxigênio a um tecido deve ser proporcional ao seu
consumo.

• Os principais fatores metabólicos existentes são:


adenosina, lactato, o O2, o CO2, o H+ e ,
consequentemente, o pH, as mudanças na osmolaridade
do meio e o K+.

• Quanto maior a demanda metabólica, maior é a produção


desses fatores locais, os quais produzem vasodilatação,
com consequente aumento do fluxo sanguíneo.

MECANISMOS LOCAIS DE REGULAÇÃO DO TÔNUS VASCULAR

CONTROLE METABÓLICO DO FLUXO SANGUÍNEO


Efluxo de K+ no m. estriado esquelético
> Na+K+Atase das arteríolas > hiperpolarização >
reduz atividade de canais Ca2+ sensível à voltagem
m. estriado esquelético

 O2
 CO2
 H+ *
CO2 + H2O ⇆ H2CO3 ⇆ H+ + HCO3–
interstício

 perfusão remove CO2


queda de O2 aumenta adenosina
reduz ATP livre
abre canais K+ sensíveis ao ATP
reduz entrada de Ca2+ no MLV
*reduz sensibilidade ptnas contráteis ao Ca2+
AC AMPc PKA abre canais para K+ sensíveis a ATP > hiperpolarização > reduz [Ca2+]i > vasodilatação

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MECANISMOS LOCAIS DE REGULAÇÃO DO TÔNUS VASCULAR

CONTROLE METABÓLICO DO FLUXO SANGUÍNEO

Hiperemia ativa
• O fluxo sanguíneo para um órgão é proporcional à sua atividade
metabólica.
• Um exemplo é o exercício físico, pois a atividade metabólica do grupo
muscular exercitado aumenta e os próprios metabólitos formados
localmente induzem vasodilatação e consequente aumento do fluxo
sanguíneo para esse território.

MECANISMOS LOCAIS DE REGULAÇÃO DO TÔNUS VASCULAR

CONTROLE METABÓLICO DO FLUXO SANGUÍNEO


Hiperemia reativa
• É caracterizada por aumento de fluxo sanguíneo em resposta a um
período prévio de redução do fluxo sanguíneo para um determinado
território.
• Quando há um déficit de O2 e nutrientes ocorre um aumento na
produção de metabólitos vasoativos, minimizando os efeitos da
obstrução.

Início Após a oclusão

OCLUSÃO

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ENDOTÉLIO
• única camada de células de
Adventícia
tecido epitelial pavimentoso,
localizado entre o sangue e o
MLV
• localização estratégica para
Camada manutenção da homeostase
média da parede vascular e
Endotélio regulação da circulação
• capacidade de liberar
substâncias metabolicamente
ativas

MECANISMOS LOCAIS DE REGULAÇÃO DO TÔNUS VASCULAR

ENDOTÉLIO VASCULAR

❑ Localmente existe a liberação parácrina ou autócrina de fatores


produzidos nas células endoteliais, no músculo liso e na adventícia
vascular que contribuem para a regulação do tônus vascular.

❑ A partir da década de 1980, o endotélio deixou de ter papel coadjuvante


de barreira entre o sangue e a parede vascular e a passou a ser
considerado um órgão endócrino, com capacidade de modular a
motricidade vascular, a coagulação sanguínea e o crescimento vascular.

❑ O endotélio vascular produz substâncias vasodilatadoras como o óxido


nítrico, prostaciclina e fator hiperpolarizante derivado do endotélio, além de
substâncias vasoconstrictoras como endotelina, prostaglandinas, espécies
reativas de oxigênio.

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ENDOTÉLIO

Vasoconstritores (EDCF) Vasodilatadores (EDRF)

- Prostaglandinas H2 e F2 - Prostaciclina


- Tromboxano A2 - Óxido nítrico
- Angiotensina II X - Fator hiperpolarizante
- Endotelina-1
- Ânions superóxido

CONTROLE DO TÔNUS VASCULAR

MECANISMOS LOCAIS DE REGULAÇÃO DO TÔNUS VASCULAR

ENDOTÉLIO VASCULAR – SUBSTÂNCIAS VASODILATADORAS

❑ Óxido nítrico
❑ Prostaciclina
❑ EDHF (Fator Hiperpolarizante Derivado do Endotélio)

• Em suma, esses três fatores, ao agirem no músculo liso


vascular, levam a vasodilatação, com consequente aumento
do calibre do vaso e queda da resistência vascular, o que
contribui para aumento do fluxo e da disponibilidade de
nutrientes para um determinado tecido.

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ÓXIDO NÍTRICO
L- arginina
NADPH
• radical livre reativo BH4 NOS
FAD

• meia vida muito curta L-citrulina + NO


ativação
• difusível em membranas biológicas
• pequeno tamanho guanilato ciclase
• lipofílico
GTP GMPc
• NOS
• eNOS
ativação PKG
• nNOS
• iNOS fosforilação
relaxamento MLV [Ca2+]i proteínas

ÓXIDO NÍTRICO

Houssay, 2004.

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ÓXIDO NÍTRICO

vasodilatador
inibe hipertrofia
inibe apoptose
celular
inibe proliferação
celular NO inibe agregação
plaquetária

produção toxina memória e


nos leucócitos pensamento

ereção neurotransmissor

MECANISMOS LOCAIS DE REGULAÇÃO DO TÔNUS VASCULAR

SÍNTESE DO ÓXIDO NÍTRICO

Ca++

L-citrulina
BH4
L-arginina O2
NADPH
NO
FAD
NOS
célula endotelial FMN

NO

RELAXAMENTO Ca++

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“...the loss of relaxation


of ACh in the case of the
strip was the result of
unintentional rubbing of
its intimal surface
against foreign surfaces
during its preparation.”

Robert F. Furchtgott Louis J. Ignarro Ferid Murad

Prêmio Nobel em Medicina e Fisiologia em 1998


"for their discoveries concerning nitric oxide as a signalling molecule in the
cardiovascular system"

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Material e Métodos
Reatividade vascular de anéis de aorta em banho de órgãos

sistema de aquisição de
dados biológicos
transdutor de força

haste metálica móvel

amplificador

cuba de vidro
aquecida por
banho-maria

vasoconstrição: deflexão positiva

anel de
aorta
haste metálica
entrada de carbogênio fixa
95% O2 + 5% CO2

vasodilatação: deflexão negativa


descarte de
solução

PROSTACICLINA
vasodilatadora inibe agregação plaquetária

fosfolipase A2

ciclooxigenase
COX

endoperóxidos estimula
liberação de NO
prostaciclina
sintase
PROSTACICLINA/PGI2

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Fator Hiperpolarizante Derivado do Endotélio

▪ hiperpolarização MLV
EDHFs propostos:
▪ abertura de canais para
1. NO (canais de K+ATP).
K+ e ativação Na+/K+ ATPase
2. EETS
3. K+ (NKA)
4. H2O2
5. CNP
6. Acoplamento elétrico

Houssay, 2004.

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MECANISMOS LOCAIS DE REGULAÇÃO DO TÔNUS VASCULAR

ENDOTÉLIO VASCULAR – SUBSTÂNCIAS VASOCONSTRICTORAS

❑ Endotelina
❑ Angiotensina II
❑ Prostanóides vasoconstrictores (tromboxano A2)

Em suma, esses fatores, ao agirem no músculo liso vascular,


levam a vasoconstricção por reduzir o diâmetro vascular e
aumentar a resistência, levando a uma redução do fluxo ao
território estimulado.

VASOCONSTRITORES
liberados pelo endotélio vascular

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ENDOTELINA

estiramento estímulos agonistas  pressão perfusão

RNAm
pré-pró-endotelina (203 aa)
endopeptidase
isoformas 1, 2 e 3)
pré (big)-endotelina (38 aa)
ECE
ENDOTELINA (21 aa)
receptores ETA receptores ETB
MLV: vasoconstrição endotélio: PGI2 e NO

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Tromboxano A2
Prostaglandinas vasoconstritoras
FOSFOLIPÍDIOS

fosfolipase A2

ÁCIDO ARAQUIDÔNICO

cicloxigenase

ENDOPERÓXIDOS

tromboxano prostaglandinas
sintase sintases

Tromboxano A2 PGF2α, PGD2, PGE2

Tromboxano A2
Prostaglandinas vasoconstritoras

vasoconstrição adesão plaquetária

PGE2

PGF2α
agregação
TXA2
plaquetária
TP EP1 FP
G G
Gq
q q

 crescimento
PLC
células MLV
DAG IP3

[Ca2+]

CONTRAÇÃO

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ANGIOTENSINA II

angiotensinogênio

renina

angiotensina I

ECA
endopeptidase
angiotensina II
aminopeptidase

aminopeptidase
aminopeptidase ECA 2
angiotensina IV angiotensina III angiotensina 1-7

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DISFUNÇÃO ENDOTELIAL

 tônus vascular

 resistência periférica

etiologia e patogênese de várias doenças

Hipertensão Arterial
Hipertrofia Cardíaca
Insuficiência Cardíaca
Diabetes Mellitus

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REFERÊNCIAS

• CURY, R.; PROCOPIO, J. Fisiologia Básica. 2. ed. Grupo GEN,


2017.
• AIRES, M.M. Fisiologia. 5ª ed. Grupo GEN, 2018.
• KOEPPEN, B.M.; STANTON, B.A. Berne & Levy: Fisiologia. 7.
ed. Grupo GEN, 2018.
• HALL, J.E.; HALL, A.E. Guyton & Hall: Fundamentos de
Fisiologia. 14 ed. Grupo GEN, 2023.
• HALL, J.E.; HALL, A.E. Guyton & Hall: Tratado de Fisiologia
Médica. 14 ed. Grupo GEN, 2021.

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