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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

APELAÇÃO CÍVEL N. 0007566-70.2012.4.01.3700/MA

APELANTE : UNIAO FEDERAL


PROCURADOR : MA00003699 - NIOMAR DE SOUSA NOGUEIRA
APELADO : REGIANE DE JESUS PACHECO PEREIRA
ADVOGADO : MA00007133 - RODRIGO DE BARROS BEZERRA E OUTROS(AS)

REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. TAXAS DE


OCUPAÇÃO, FORO E LAUDÊMIO. IMÓVEL LOCALIZADO
NA GLEBA DO RIO ANIL, NA ILHA COSTEIRA DE SÃO
LUÍS/MA. TITULARIZAÇÃO DO DOMÍNIO
ANTERIORMENTE À CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.
DECRETOS 66.227/70 E 71.206/72. MANUTENÇÃO DE
ACÓRDÃO DIVERGENTE AO TEMA 676. APLICAÇÃO DO
ART. 1.041, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.

DECISÃO

Trata-se de recurso extraordinário interposto pela União, com


fundamento na alínea ‘a’ do permissivo constitucional, contra acórdão
integrativo deste Regional Federal que manteve a sentença de procedência do
pedido que havia assegurado à parte autora a suspensão da exigibilidade dos
créditos tributários oriundos das taxas de ocupação, foro e laudêmio
posteriores ao advento da Emenda Constitucional 46/2005 (6.5.2005)
referentes ao imóvel destacado da gleba Rio Anil, situado na ilha costeira sede
do Município de São Luís/MA.
A recorrente, em síntese, sustenta as seguintes teses:
. a invocada propriedade sobre a gleba do Rio Anil antecede ao
reconhecimento da condição de ilha costeira e se origina de título diverso
daquela condição;
. tais terras haveriam sido incorporadas ao seu patrimônio antes
mesmo da edição dos Decretos 66.227/70 e 71.206/72; e
. o reconhecimento da propriedade dos bens que já lhe
pertencessem lhe foi assegurado desde a redação original da Constituição
Federal, precisamente no inciso I do art. 20.
Feito esse sucinto relatório, identifico que a questão jurídica aqui
em análise é reproduzida em uma multiplicidade de recursos extraordinários,
circunstância que autoriza o encaminhamento de alguns processos como
representativos da controvérsia a ela atinente.
Desde logo, se faz necessária uma importante ressalva.

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APELAÇÃO CÍVEL N. 0007566-70.2012.4.01.3700/MA

O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento, sob


repercussão geral, do RE-636.199, Espírito Santo, firmou a seguinte tese:

"A EC nº 46/2005 não alterou o regime patrimonial dos terrenos de marinha, (...) e
de nenhum outro bem arrolado no art. 20 da CF” (Tema 676, RE 636199/ES, Rel.
Ministra ROSA WEBER, DJe 03/08/2017) – grifei.
Sem embargo da autoridade de que se reveste o aduzido
acórdão, se estabeleceu uma divergência jurisprudencial entre as duas Turmas
que detêm competência jurisdicional, no âmbito deste Regional Federal, para
apreciação da matéria.
Em tais casos, a depender da abordagem dada ao tema por cada
um dos Órgãos fracionários, é reconhecida ou não à União a existência de
justo título de propriedade da área litigada, que antecede a promulgação
da Constituição Federal de 1988, o que seria atestado pelos Decretos
66.227/70 e 71.206/72.
A frequência com que se dá a aduzida divergência jurisprudencial
faz ressair a necessidade de submeter a essa Egrégia Suprema Corte a
questão jurídica aqui tratada.
Nas linhas a seguir, irei apresentar os aspectos fático-processuais
pertinentes à espécie e que recrudescem o encaminhamento da lide à solução
do STF, em sede de afetação.
Delimitação da questão jurídica.
Aferir se:
(I) a propriedade da União sobre a gleba do Rio Anil, localizada na
sede do Município de São Luís/MA, antecede a criação do conceito de ilha
costeira e se, igualmente, tem amparo em título que remonta a título diverso
daquela definição;
(II) as respectivas terras estariam abarcadas no rol de bens já
pertencentes à União, a teor do inciso I do art. 20 da Constituição Federal; e
(III) a mera edição dos Decretos 66.227/70 e 71.206/72 é idônea
a corroborar aquela propriedade, invocada pela União.

Divergência estabelecida entre os Órgãos Fracionários do Tribunal de


origem.
QUARTA SEÇÃO: não reconhece a idoneidade dos aludidos
Decretos para corroborarem a prévia existência de justo título da
propriedade, invocada pela União, das terras localizadas na Gleba do Rio
Anil (Embargos Infringentes 285086020114013700/MA, relator o então
Desembargador Federal Reynaldo da Fonseca, DJ de 4.5.2015, antes da
prolação do acórdão no RE 636.199/ES).
TRIBUTÁRIO, CIVIL E CONSTITUCIONAL. IMÓVEL LOCALIZADO NA GLEBA RIO
ANIL, NA ILHA COSTEIRA DE SÃO LUÍS/MA - CADEIA DOMINIAL DO TERRENO
ANTES DA EC 46/2005 - DEMARCAÇÃO - NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO
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PESSOAL, SOB PENA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO


CONTRADITÓRIO - INEXIGIBILIDADE DA COBRANÇA DE TAXA DE
OCUPAÇÃO, FORO E LAUDÊMIO.
1. Somente a partir da vigência da Constituição de 1988 é que se presume a
propriedade da União sobre as ilhas costeiras, quando não pertencerem aos
Estados, Municípios ou Particulares. Relativamente ao período anterior, a
ausência de registro de domínio do imóvel não faz presumir a propriedade da
União, uma vez que as terras devolutas exigem prova de sua condição.
Precedentes do TRF/4ª. Região. Inteligência da redação original do art. 20, IV, e do
art. 26, II, da CF/88.
2. Assim sendo, os Decretos Presidenciais (66.227/1970 e 71.206/1972) que
teriam cedido a área da gleba Rio Anil ao Estado do Maranhão não seriam
suficientes, por si sós, para comprovar a propriedade da União sobre tais
terrenos.
3. Após a edição da EC 46/2005, não pode mais a União ostentar qualquer
pretensão de domínio das áreas contidas em ilhas costeiras ou oceânicas,
sede de município, vez que "a mera circunstância - como no caso - de a ilha
costeira ou oceânica ser "sede de Município" já altera a propriedade das áreas
nelas contidas, reputando-se - em presunção absoluta - pertencerem à
municipalidade, ou, quando o caso, a terceiros. Da simples leitura do
dispositivo já se vislumbra que a Ilha de São Luís, por ser sede de Município
do mesmo nome, está excluída dos bens da União, ali especificados.
4. Além do mais, a demarcação de linha preamar média de 1831, sem a notificação
pessoal dos interessados, caracteriza afronta aos princípios do contraditório e da
ampla defesa (AG 0074617-77.2011.4.01.0000/MA, Rel. Desembargador Federal
Luciano Tolentino Amaral, Sétima Turma, e-DJF1 p.394 de 09/03/2012).
5. "O STF, em julgamento datado de 16 MAR 2011, entendeu atentatória aos
princípios do contraditório e ampla defesa, nos procedimentos demarcatórios de
terrenos de marinha, a convocação dos interessados por edital da forma como
permitia o art. 11 do Decreto-Lei n. 9.760/46, na redação dada pela Lei n.
11.481/2007, suspendendo a novel legislação". (AG 0074617-
77.2011.4.01.0000/MA, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral,
Sétima Turma, e-DJF1 p.394 de 09/03/2012).
6. "O entendimento do STJ é, portanto, no sentido de ser necessária a notificação
pessoal dos interessados certos (proprietários à época) no procedimento de
demarcação da linha preamar." (AC-200951020010656, Desembargador Federal
José Antônio Lisboa Neiva, TRF2 - Sétima Turma Especializada, DJ de 26.4.2011).
7. No caso concreto, o imóvel descrito na petição inicial não pode ser
classificado como terreno de marinha ou acrescido de marinha, já que situado
em terreno no interior da ilha (Nacional Interior), tal como demonstra a
matrícula no cartório de registro de imóveis. Ainda que o imóvel possa estar
inserido na Gleba - Rio Anil, o procedimento que levou a efeito do domínio da União
padece de nulidade absoluta.
8. Embargos infringentes do autor providos, para reconhecer a inexigibilidade de
taxas de ocupação e laudêmio sobre o imóvel do autor, localizado na gleba Rio Anil,
na ilha costeira de São Luís/MA, em relação ao período de ocupação posterior à
promulgação da Emenda Constitucional 46, de 5 mai 2005. A Seção, por maioria,
deu provimento aos embargos infringentes do autor.

SÉTIMA TURMA: em idêntico sentido ao precedente acima referido (AC


0061465-12.2014.4.01.3700, Desembargadora Federal Ângela Catão, DJ de
6.4.2018, após a prolação do acórdão no RE 636.199/ES).
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO RETIDO NÃO CONHECIDO.
IMÓVEIS SITUADOS NA ILHA COSTEIRA DE SÃO LUÍS/MA. EC Nº 46/2005.
TERRENO CONCEITUADO COMO "NACIONAL INTERIOR". BENS MUNICIPAIS

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OU PARTICULARES. COBRANÇA DE TAXA DE OCUPAÇÃO, FORO E/OU


LAUDÊMIO. IMPOSSIBILIDADE. STF. RE 636.199. REPERCUSSÃO GERAL.
PRECEDENTE.
1. Não se conhecerá do agravo retido se a parte não requerer expressamente sua
apreciação pelo Tribunal nas razões ou na resposta da apelação (CPC/1973, art.
523, § 1º).
2. O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Recurso Extraordinário 636.199/ES
pela sistemática da repercussão geral (Tema 676), em sessão realizada em
30.03.2017, firmou a tese de que "a Emenda Constitucional nº 46/2005 não
interferiu na propriedade da União, nos moldes do art. 20, VII, da Constituição da
República, sobre os terrenos de marinha e seus acrescidos situados em ilhas
costeiras sede de Municípios. (Tema 676), consagrando o entendimento de que os
terrenos de marinha e seus acrescidos situados na ilha costeira em que sediado
sede de município constituem bens federais.
3. A interpretação dada ao dispositivo constitucional regozija o entendimento
há muito consolidado nesta Corte no sentido de que os imóveis situados
exclusivamente no interior de ilha costeira que contenha sede de municípios,
à exceção das ressalvas legais, foram excluídos do patrimônio federal com a
entrada em vigor da EC nº 46/2005 e pertencem aos respectivos municípios,
passando a receber o mesmo tratamento jurídico dos imóveis situados na
parte continental.
4. Os Decretos Presidenciais 66.227/1970 e 71.206/1972, já revogados - que
autorizaram a cessão da gleba Rio Anil ao Estado do Maranhão, em regime de
aforamento -, não asseguram à União a propriedade das referidas terras,
porquanto foram editados em afronta à Constituição de 1967, vigente à época,
que não atribuiu ao ente federativo central a propriedade das ilhas costeiras.
Inexistência de justo título a amparar o direito de propriedade alegado pela
União. Precedente: 845257720154013700, Desembargadora Federal Maria do
Carmo Cardoso, TRF1, Oitava Turma, DJ de 26.1.2018.
5. Agravo retido não conhecido. Apelação não provida. A Turma, por unanimidade,
não conheceu do agravo retido e negou provimento à apelação.

OITAVA TURMA: reconhece a idoneidade dos aludidos Decretos para


corroborarem a prévia existência de justo título da propriedade, invocada
pela União, das terras localizadas na Gleba do Rio Anil (EDAC-78016-
33.2015.4.01.3700, Desembargador Federal Novély Vilanova, Oitava Turma,
DJ de 15.6.2018, após a prolação do acórdão no RE 636.199/ES).
DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS
DECLARATÓRIOS. ILHA COSTEIRA DENTRO OU FORA DA SEDE DE
MUNICÍPIO. TAXA DE OCUPAÇÃO/LAUDÊMIO. DOMÍNIO DA UNIÃO ANTES DA
EMENDA CONSTITUCIONAL 46/2005 EM VIRTUDE DE TÍTULO DE
PROPRIEDADE ANTERIOR.
1. O acórdão embargado incorreu em equivocada interpretação do acórdão do STF
no RE 636.199-ES, repercussão geral, a que está obrigado a observar, nos termos
do art. 927/III do CPC, impondo assim novo julgamento do caso.
2. O Supremo Tribunal Federal, no RE/RG 636.199-ES, decidiu que "a EC 46/2005
não interferiu na propriedade da União, nos moldes do artigo 20, VII, da
Constituição da República, sobre os terrenos de marinha e seus acrescidos,
situados em ilhas costeiras sede de municípios".
3. Não obstante, em razão de decidir (ratio decidendi), o STF também concluiu que
"após a EC nº 46/2005, deixa de constituir título hábil a ensejar o domínio da União
o simples fato de que localizada, determinada área, em ilha costeira, se nela estiver
sediado Município". Nessas circunstâncias, a propriedade da União sobre
determinada área dependerá, logicamente, da existência de outro título que a

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legitime. Título de propriedade da União.


4. Antes da Emenda Constitucional 46 de 06.05.2005, a União tinha a
propriedade plena das áreas denominadas "Itaqui-Bacanga e Rio-Anil" - ilha
costeira sede de município, nos termos do art.20/IV da Constituição de
05.10.1988 em sua redação originária.
5. A União, por força dos Decretos Presidenciais nº 66.227 de 18.02.1970 e
71.206 de 05.10.1972 (ambos revogados pelo Decreto de 15.02.1991), cedeu,
sob regime de aforamento, o domínio para o Estado do Maranhão e este para
a Sociedade de Melhoramentos e Urbanização da Capital S.A - SURCAP.
6. Além disso, a União também celebrou (11.10.1972) com a Sociedade de
Melhoramentos e Urbanismo da Capital contrato de cessão da área denominada
Rio-Anil, sob o regime de aforamento, transcrito sob nº 30.185 no oficio da 1ª
Circunscrição do Registro Imobiliário de São Luís em 13.03.1973. Ficou
convencionado que "a outorgada cessionária poderá alienar o domínio útil do
terreno cedido...".
7. Esse aforamento/enfiteuse, portanto, é o título jurídico de propriedade da
União anterior à vigência da Emenda Constitucional 46/2005, que não alterou o
art. 20/I da Constituição de 05.10.1988: "São bens da União: I - os que
atualmente lhe pertencem (...)”.
8. Embargos declaratórios da União/ré providos com efeito infringente: provida sua
apelação.
A Turma, por unanimidade, deu provimento aos embargos declaratórios da União
com efeito infringente e proveu sua apelação.

Decisões monocráticas, oriundas da Oitava Turma, fundamentadas no


acórdão proferido no RE 636.199/ES, em convergência com o
entendimento firmado naquele Colegiado.
Em dois julgamentos recentes, ambos relatados pelo
Desembargador Federal Novély Vilanova, a apelação do ente público foi
monocraticamente provida, havendo sido acolhida a tese de improcedência do
pedido mediante o qual a parte autora pretendia suspender a exigibilidade do
crédito tributário decorrente da operação de transferência do domínio útil de
imóveis localizados na gleba do Rio Anil, no Município de São Luís/MA. Foram
eles:
. AC-227811820144013700/MA, DJ de 21.5.2018; e
. AC-251707820114013700/MA, DJ de 23.5.2018.

Casos concretos em que decisões provenientes do STJ e do STF


determinaram o retorno dos autos ao TRF1 para realização do juízo de
retratação.

Número do processo Número do recurso Ministra prolatora da


originário decisão

73022920074013700 REsp-1.399.508/MA Assussete Magalhães

333837320114013700 Ag no RE-1.145.232/MA Cármen Lúcia

284367320114013700 Ag no RE-1.145.228/MA Cármen Lúcia

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Em cada um dos processos acima identificados, as respectivas


relatoras determinaram o retorno dos autos a este TRF para que fosse aplicado
o entendimento firmado no acórdão RE-636.199/ES, a despeito de, naqueles
casos, haver restado consignado, nos acórdãos recorridos, que os terrenos em
análise apresentavam natureza de nacionais interiores e que os Decretos
66.227/70 e 71.206/72 não corroboravam a alegada existência de justo título de
propriedade previamente à promulgação da Constituição Federal de 1988.

Situação fática em que surgiu a controvérsia.


Extinção do domínio da União sobre as ilhas costeiras sede de
Município com o advento da Emenda Constitucional 46/2005.
Demarcação das terras sem notificação pessoal dos interessados
em afronta aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.

Teses do recurso extraordinário.


. a invocada propriedade sobre a gleba do Rio Anil antecede ao
reconhecimento da condição de ilha costeira e se origina de título diverso
daquela condição;
. tais terras haveriam sido incorporadas ao seu patrimônio antes
mesmo da edição dos Decretos 66.227/70 e 71.206/72; e
. o reconhecimento da propriedade dos bens que já lhe
pertencessem lhe foi assegurado desde a redação original da Constituição
Federal, precisamente no inciso I do art. 20.

Dispositivos legais em que se fundou o acórdão recorrido.


Constituição Federal: art. 20, I e IV, com as alterações trazidas
pela EC nº 46/2005.
Decretos 66.227/70 e 71.206/72.
Decreto-Lei 9.760/46, art. 1º, alínea ‘d’, e art. 11.

Respectivo código de assunto constante da Tabela Unificada do


Conselho Nacional de Justiça.
1348 (recurso extraordinário).

Conclusão.
As circunstâncias aqui expostas impõem a remessa do presente
recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, ao amparo do caput do
art. 1.041 do Código de Processo Civil.
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Além do presente recurso extraordinário, seleciono os


seguintes processos como representativos da mesma controvérsia. Isso
porque, nos termos do § 6° do art. 1.036 do CPC, versam idêntica questão
jurídica, contêm recursos com argumentação abrangente e tampouco a
admissibilidade dos respectivos recursos apresenta incompatibilidade com
algum óbice sumular.
São eles:
. Quarta Seção:
Embargos Infringentes-567298220134013700; e
Embargos Infringentes-475035320134013700.

. Sétima Turma:
Apelação-319303820144013700 (juízo de adequação refutado); e
Apelação-1110665020154013700 (juízo de adequação refutado);

. Oitava Turma:
Apelação-218499320154013700;
Apelação-450534020134013700; e
Apelação-249082620144013700.
Dispositivo.
Em face do exposto, com fundamento no § 1º do art. 1.036 c/c o
caput do art. 1.041, ambos do Código de Processo Civil, seleciono o presente
recurso extraordinário como representativo da controvérsia a respeito da
questão de direito aqui exposta – aferir a idoneidade dos Decretos
66.227/70 e 71.206/72 para corroborarem a prévia existência de justo título
da propriedade, invocada pela União, das terras localizadas na Gleba do
Rio Anil –, determinando o seu encaminhamento ao Supremo Tribunal
Federal.
Ficam também selecionados como representativos da
controvérsia acerca da questão jurídica ora em análise cada um dos 7 (sete)
processos, acima identificados, oriundos da Quarta Seção, bem como da
Sétima e da Oitava Turmas deste TRF. Translade-se cópia integral da presente
decisão para cada um daqueles autos.
Determino a suspensão de todos os processos pendentes que
contenham a mesma questão jurídica, sejam eles individuais ou coletivos, que
tramitem na Primeira Região, no primeiro e no segundo graus de jurisdição
(respectivamente, SJMA e TRF1).
Oficiem-se:
(I) o Presidente do Supremo Tribunal Federal;

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(II) o Núcleo de Apoio à Repercussão Geral do Supremo Tribunal


Federal;
(III) os Núcleos de Gerenciamento de Precedentes (NUGEPs) deste TRF
e do Superior Tribunal de Justiça;
(IV) os Presidentes da Sétima e da Oitava Turmas deste TRF; e
(V) o Diretor de Foro da Seção Judiciária do Estado do Maranhão para
que ele encaminhe cópia da presente decisão aos Juízes das Varas Comuns
da SJMA e respectivas Subseções que tenham competência jurisdicional para
o julgamento da presente matéria.
Intimem-se.
Publique-se.
Brasília, 17 de setembro de 2018.

Desembargador Federal KASSIO MARQUES


Vice-Presidente

Documento contendo 8 páginas assinado digitalmente pelo(a) DESEMBARGADOR FEDERAL VICE-


PRESIDENTE, conforme MP nº 2.200-2, de 24/08/2001, que instituiu a infra-estrutura de Chaves Públicas
Brasileiras - ICP-Brasil e Res. nº 397, de 18/10/2004, do Conselho da Justiça Federal. A autenticidade do
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