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Diante da pandemia do novo coronavírus, os impactos causados pela

campanha de distanciamento social tem gerado um efeito cascata no

cenário econômico mundial, atingindo as mais diversas áreas da

economia, inclusive, as relações locatárias comerciais.

Se de um lado os locatários estão enfrentando dificuldades para pagar o

aluguel devido à baixa do faturamento por conta da suspensão das

atividades empresariais e comerciais consideradas não essenciais, por

outro, os locadores estão na expectativa de adimplemento do que foi

contratado.

FEITAS TAIS CONSIDERAÇÕES, A QUESTÃO QUE SE IMPÕE DELIBERAR


É: COMO FICA O CUMPRIMENTO DESSE CONTRATO DE ALUGUEL?
TENHO QUE PAGAR O VALOR INTEGRAL NO PRAZO ESTIPULADO NO
CONTRATO SOB PENA DE INCORRER EM MULTA, CORREÇÃO E
JUROS? OU ATÉ MESMO DESPEJO?

A rigor, as disposições contratuais continuam válidas até que haja

acordo entre as partes ou revisão judicial que as modifique. Por isso fique

atento.

A despeito disso, se você está sofrendo os reflexos financeiros gerados

por essa Pandemia e, de pronto, antevê que não conseguirá adimplir o

aluguel, apresentamos a seguir algumas alternativas que podem lhe

ajudar durante as tratativas:


SEJA TRANSPARENTE E DEMONSTRE BOA-FÉ:

Procure imediatamente o locador e/ou imobiliária, e demonstre

seu interesse em resolver a situação, explicando sua condição

financeira e propondo uma flexibilização temporária das cláusulas

contratuais durante o período da pandemia. Caso necessite

judicializar a situação, você terá a prova de que tentou resolve-la

amigavelmente, porém, não obteve sucesso.

APRESENTE SUA PROPOSTA:

Para facilitar e agilizar as tratativas, deixe pronto a sua proposta

de renegociação considerando os principais fatores: redução do

valor do aluguel, parcelamento e extensão do prazo de

pagamento. Caso tenha dificuldades de elaborar o texto ou

negociar com a outra parte contate um profissional para auxiliá-

lo.

HAVENDO ACORDO, não se esqueça de formalizá-lo através de um

aditivo contratual, para trazer maior segurança jurídica às partes

evitando futuras discussões. Lembre-se que caso sua locação tenha

ocorrido com a participação de um fiador, este também deverá assinar o

termo aditivo. Importante frisar que em tempos de distanciamento social,

esta formalização pode ser através do envio de um e-mail, mensagem de

WhatsApp, desde que haja a resposta da outra parte com um aceite

expresso, ou através de um documento assinado pelas partes e

escaneado.

NÃO HAVENDO ACORDO é possível judicializar a questão, com ajuda de

um profissional de sua confiança buscando a relativização do princípio

pacta sunt servanda (princípio da força obrigatória do contrato), e a

incidência da teoria da imprevisão prevista nos artigos 317 c/c 478 a 480

do Código Civil de 2002, que prevê a possibilidade de revisão ou

resolução do contrato quando este se tornar excessivamente oneroso

diante de um acontecimento extraordinário e imprevisível, que a

depender do caso concreto, se justificaria pelos reflexos do novo

Coronavírus no cenário econômico.


Atentos a esse panorama, acredita-se que a partir de agora, Tribunais de

todo o País receberão ações de revisão/isenção/redução de aluguéis e

acessórios, como é o caso do Tribunal de Justiça do Distrito Federal que,

no dia 24/03/2020, concedeu parcialmente uma tutela provisória

antecedente formulada pela locatária de um Shopping localizado em

Brasília/DF para suspender o contrato de locação (cláusula do aluguel

mínimo e do fundo de promoção e propaganda), mantendo-se em pleno

vigor as demais disposições contratuais.

LEMBRE-SE, ATÉ O PRESENTE MOMENTO NÃO PODE O LOCATÁRIO

DEIXAR DE PAGAR O ALUGUEL DE FORMA ARBITRÁRIA SEM O

CONSENTIMENTO DO LOCADOR, POIS, APESAR DE EXISTIR UM PROJETO

DE LEI APRESENTADO PELO PRESIDENTE DO STF EM CONJUNTO COM

OUTRAS AUTORIDADES DO STJ E O PRESIDENTE DO SENADO

PREVENDO, ENTRE OUTRAS MEDIDAS E, A DEPENDER DO CASO

CONCRETO: A PROIBIÇÃO DO DESPEJO ATÉ 31/12/2020, A SUSPENSÃO

DO PAGAMENTO DO ALUGUEL E O SEU POSTERIOR PARCELAMENTO,

AINDA NÃO EXISTE NENHUMA PREVISÃO LEGAL QUE ISENTE O

LOCATÁRIO DO PAGAMENTO OU OBRIGUE O LOCADOR A ALTERAR O

VALOR OU PRAZOS ACORDADOS NO CONTRATO DE LOCAÇÃO.

Insistimos que a preservação do contrato deve ser o principal objetivo

neste momento de instabilidade como forma de preservar a economia e

não fomentar o colapso das relações negociais. Para tanto, deve haver

bom senso das partes e principalmente concessões recíprocas, pois, do

contrário, todos tendem a perder.

Isso porque se por um lado o locatário perderá o estabelecimento e

consequentemente o ponto comercial inviabilizando a continuidade da

sua atividade econômica. Por outro, com a suspensão de diversas

atividades, e a consequente retração do mercado imobiliário o locador

encontrará dificuldades de manter o preço de mercado da locação ou

ate mesmo realocar.

Certifique-se, antes de assinar qualquer documento ou firmar um novo

compromisso, se você realmente compreendeu todos os termos e se

preferir, contate um profissional da área para intermediar as

negociações e auxiliá-lo na elaboração do termo aditivo ou avaliar a

possibilidade de uma revisão judicial.

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