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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE IGARAPAVA DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Processo n. 0001153-02.2015.8.26.0242

Nº de Ordem: 420/13

MARCELO JÚNIOR APARECIDO DAS GRAÇAS


FIRMINO já qualificado nos autos da presente ação, que lhe move o Ministério
Público, vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de sua procuradora que a
esta subscreve, oferecer suas alegações finais em forma de MEMORIAIS, com
fulcro no artigo 403, §3º do Código de Processo Penal, pelos motivos a seguir expostos:

O acusado foi denunciado, sendo a denúncia

recebida em fls. 61, sendo o réu citado em fls. 72, apresentando

resposta à acusação em fls. 120/124.

Não obstante as provas e circunstâncias que viram aos autos,


favoráveis ao denunciado, o douto representante do Ministério Público, nas suas
alegações finais, pugnou pela pena restritiva de direitos.
Ao longo da instrução do processo foram ouvidas a vítima, uma
testemunha arrolada pela acusação e o réu ao final interrogado.

Em síntese.

A vítima ERICA BARBOSA DA SILVA em seu depoimento,


afirmou que esqueceu o celular no balcão de seu comércio, e quando voltou o objeto já
não se encontrava mais no mesmo local. Que não viu quem pegou o celular e nem quem
vendeu e comprou o objeto. Que não conhece a pessoa de MARCELO e que ficou
sabendo que o objeto havia sido furtado por Clemerson de Souza Silva- Chapoleta- na
fase inquisitorial. O objeto não foi recuperado.

A testemunha arrolada pela acusação ROSANGELA VIEIRA


DE ARAÚJO, esta companheira do denunciado, em seu depoimento disse que não sabe
se o celular era produto de crime, mas que quebrou o objeto em uma discussão com seu
companheiro. Não soube informar quanto Marcelo pagou pelo objeto. Disse ainda que
conhece “Chapoleta” apenas da rua, não sabendo em que trabalha e nem se é usuário de
drogas.

Em seu interrogatório MARCELO JÚNIOR APARECIDO


DAS GRAÇAS FIRMINO, negou os fatos e disse que chegando de seu trabalho
“Chapoleta” ofereceu a ele um celular, este já estava velho, usado e era um modelo
antigo. Como não tinha celular pagou pelo mesmo a quantia de R$50,00 (cinquenta
reais). Acreditava que o objeto era de Clemerson, o “Chapoleta”, e não imaginava ser
produto de crime, não estranhando o valor do objeto visto o estado do mesmo. E quanto
a “Chapoleta”, conhece o mesmo apenas de “passar na rua”.

Diante dos depoimentos colhidos, pôde verificar que

o réu não agiu com intenção de praticar o delito de receptação, sendo

que nem mesmo a vítima sabe quem furtou, vendeu e comprou seu

bem.

Ademais, para configuração do crime entabulado na

denúncia, é imprescindível que o agente tenha certeza da origem

criminosa da coisa, devendo a prova a respeito ser certa e irrefutável. É


necessária a identificação do delito antecedente, definindo-se com

clareza em que consistiria a origem ilícita da coisa.

Neste sentido, a jurisprudência pátria é concorde no

tocante a receptação, na qual se faz necessário que a coisa conserve

sempre seu caráter delituoso, assim, se a coisa é adquirida por terceiro

de boa- fé não há receptação, caso este que encaixa perfeitamente ao

que encontra-se em análise.

Importante frisarmos que o acusado é pessoa

simples, humilde e trabalhadora, razão para que tenha adquirido o

celular da marca Nokia 110 RM-827, descrito em seu interrogatório

como velho e antigo, fora simplesmente à falta de informação, assim

como a credibilidade e confiança em pessoas, fruto de uma cultura

interiorana e simples.

Assim, ante o exposto, requer de Vossa Excelência:

a) A ABSOLVIÇÃO do acusado por atipicidade da


conduta, com fulcro no artigo 386, III do Código de
Processo Penal;

b) Requer um regime de pena mais branda pela


circunstância que envolveram os fatos, com uma
dosimetria favorável;

c) Que em caso de condenação, o que não se espera,


requer de Vossa Excelência que o acusado possa
recorrer em liberdade.

Termos em que,
Pede e Espera Deferimento.
Igarapava, 10 de abril de 2018

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Bruna Faggioni Martins
OAB/SP 382.985

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