Rinite é definida como a inflamação e/ou disfunção da Quanto a frequência:
mucosa de revestimento nasal e é caracterizada pela Intermitente – os sintomas ocorrem menos de 4 presença de sintomas nasais isolados ou associados: dias/semana ou até 4 semanas/ano. obstrução nasal, rinorreia anterior e posterior, espirros, prurido nasal e hiposmia. Persistente – os sintomas duram mais de 4 dias/semana ou mais de 4 semanas/ano. A inflamação da mucosa nasal decorre da ação de mediadores inflamatórios liberados durante a reação Quanto a gravidade: de hipersensibilidade tipo I entre alérgenos e anticorpos IgE a eles específicos. Leve – não tem prejuízo no sono, atividades diárias. Sintomas não incomodam. Epidemiologia Moderado/grave – tem prejuízo nas atividades diária A RA é a doença alérgica respiratória crônica de maior (escola, trabalho, lazer). frequência e acomete todas as faixas etárias. Assim, são caracterizados quatro fenótipos de RA: Prevalência 12,8% em crianças em crianças de 6 a 7 intermitente leve, intermitente moderada/grave, anos e 18% entre adolescentes 13 a 14 anos. persistente leve e persistente moderada/grave. Manifestações clinicas Fatores desencadeantes Sintomas cardinais: espirros em salva, prurido nasal No Brasil, predominam como os principais agentes intenso, coriza clara e abundante e obstrução nasal. etiológicos da RA os ácaros da poeira domiciliar (Dermatophagoides pteronyssinus, D. farinae e Blomia O prurido nasal pode induzir ao hábito de fricção tropicalis). frequente do nariz com a palma da mão, gesto conhecido como “saudação alérgica”. A maior A sensibilização a animais domésticos e a alérgenos de friabilidade da mucosa nasal, episódios de espirros e o barata também é comum. ato de assoar o nariz vigorosamente predispõem a criança a apresentar epistaxe recorrente. Alguns Fumo, principal poluente inalável que agride pacientes têm sintomas oculares (prurido ocular, diretamente o epitélio nasal, altera o batimento ciliar, hiperemia conjuntival, lacrimejamento, fotofobia e induz inflamação nasal eosinofílica não alérgica e dor local) como predominantes, caracterizando pode desencadear/ agravar a RA mesmo em fumantes possível rinoconjuntivite alérgica. Prurido no conduto passivos. auditivo externo, no palato e na faringe também podem ocorrer.
A congestão nasal grave pode interferir com a aeração
e a drenagem dos seios paranasais e da tuba auditiva, resultando em cefaleia ou otalgia, além de queixas de diminuição da acuidade auditiva. Respiração oral, roncos, voz anasalada e alterações no olfato também podem estar presentes. Astenia, irritabilidade, diminuição da concentração, anorexia, náuseas e desconforto abdominal podem ocorrer, assim como tosse. Comorbidades associadas Olheiras, dupla linha de Dennie-Morgan e prega nasal Rinossinusite aguda e crônica, otite média com horizontal (causada pelo frequente hábito de coçar o efusão, alterações do desenvolvimento craniofacial nariz com movimento para cima), uma mucosa dos respiradores bucais em crianças, apneia e geralmente pálida, edemaciada e com abundante hipopneia obstrutiva do sono, conjuntivite alérgica e secreção clara ou mucoide. Em casos crônicos, asma. observa-se hipertrofia importante das conchas inferiores. Comorbidades como síndrome da apneia, hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS) e respiração oral estão mais relacionadas às consequências da obstrução inspiratório nasal, podem ser realizados para a nasal provocada pela RA. exclusão de outros diagnósticos, mas não para a confirmação da RA. Diagnostico Tratamento Anamnese e exame físico Não farmacológico – controle ambiental e redução da Avaliação etiológica exposição aos alérgenos. A etiologia da RA pode ser identificada pelos testes Farmacológico - cutâneos de hipersensibilidade imediata (in vivo) ou pela dosagem de IgE sérica específica (in vitro). Anti-histaminico H1 segunda geração – primeira escolha, rápido início de ação (entre meia e uma Independentemente do método utilizado, a pesquisa hora), e duração de ate 24 horas nos H1 de segunda deve ser sempre direcionada para os alérgenos geração, pode ser utilizado por tempo variável (1 a 4 inalatórios específicos do local de residência e/ou semanas), e pode ser usado por tempo prolongado se exposição ocupacional de cada paciente. moderado a grave. Laboratório Formula tópica nasal – AZELASTINA – Os anti-H1 Testes cutâneo de hipersensibilidade imediata (TCHI) tópicos têm eficácia similar à dos compostos orais e pela técnica de puntura. apresentam como vantagens terapêuticas o início de ação mais rápido e a maior efetividade no controle da Suspender montelucaste 1 dias antes. obstrução nasal ou dos sintomas oculares. Entretanto, Suspender anti-histamínico 1 semana antes. o gosto amargo de alguns anti-H1 tópicos nasais podem dificultar a adesão ao tratamento. Avaliação dos níveis séricos de IgE especifica para alérgenos. Formula ocular – CETOTIFENO, EMADASTINA, OLOPATADINA, EPINASTINA – Testes in vivo (TCHI) maior percentual de falso- negativos em crianças menores e idosos.
TCHI e IgE positivos são importantes quando
associados com manifestação clinica alérgicas.
Outros exames
Concentrações séricas de IgE total mais elevadas e
presença de eosinófilos em maior número são indicadores inespecíficos de atopia e têm pouca sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de RA.
Citologia nasal, biópsia nasal, exames
bacteriológico/bacterioscópico e testes de avaliação do olfato também não têm relevância no diagnóstico da rinite.
Avaliação anatomia nasal
Realizar durante exame físico, por rinoscopia anterior
com espéculo nasal e luz frontal. Ajuda no diagnostico diferencial.
Exames de imagem como radiografia simples de
rinofaringe, tomografia computadorizada e Descongestionante - são estimulantes adrenérgicos ressonância magnética, e outros testes que auxiliam ou adrenomiméticos, têm como ação principal a na avaliação da patência nasal e da porção posterior vasoconstrição e produzem alívio rápido do bloqueio da cavidade nasal, como endoscopia nasal, nasal na RA. Podem ser de uso sistêmico ou tópico rinomanometria, rinometria acústica e pico de fluxo nasal. Entre os sistêmicos, a pseudoefedrina é o mais garante maior eficácia, mas pode elevar o risco de utilizado, seguido pela fenilefrina. efeitos indesejáveis (índice terapêutico). A Tabela 2 contém as doses recomendadas. Não se deve exceder A pseudoefedrina - utilizar com cautela por conta de a dose diária final de 400 mcg (ou 440 mcg). Para sua ação psicotrópica e de seus potenciais efeitos pacientes com asma associada, a dose final deve ser a colaterais cardiovasculares. Não é recomendada para somatória daquelas usadas para o tratamento das pacientes menores de 4 anos de idade, pelo maior duas doenças. São apontados como efeitos colaterais risco de toxicidade, e as formulações de liberação dos CEN: prolongada não são recomendadas para menores de 12 anos de idade. Locais: irritação local, sangramento e perfuração septal; Os descongestionantes tópicos nasais devem ser utilizados por, no máximo, 7 dias, pelo risco de rinite Sistêmicos: interferência com o eixo hipotálamo- medicamentosa que agrava a RA e muitas vezes é de hipófise adrenal, efeitos oculares, efeitos sobre o difícil resolução. Além disso, podem causar efeitos crescimento, reabsorção óssea e efeitos cutâneos. cardiovasculares importantes, assim como no sistema Após o início do tratamento com um CEN, o paciente nervoso central, sendo contraindicados em crianças deve ser reavaliado em, no máximo, 8 semanas; uma menores de 6 anos de idade. vez estabilizado, a menor dose de CEN suficiente para Há três grupos de descongestionantes tópicos nasais: mantê-lo controlado deverá ser mantida. O tempo de aminas aromáticas (efedrina, fenilefrina), aminas utilização do CEN depende da resposta clínica às alifáticas (tuaminoeptano) e derivados imidazólicos reavaliações do paciente. (nafazolina, oximetazolina, xilometazolina, Recentemente, foi disponibilizada a associação de fenoxazolina). Parada respiratória foi associada ao uso CEN e anti-H1 para uso tópico nasal (PF, 50 mcg/jato e de derivados imidazólicos no primeiro ano de vida por cloridato de azelastina, 137 mcg/jato) em dispositivo ação em SNC no sistema nervoso central. único para o tratamento da RA. Indicada para Corticosteroides – Agentes anti-inflamatórios – atuam pacientes maiores de 6 anos de idade, com sintomas de modo significativo no controle dos sintomas nasais persistentes moderados ou graves e sem controle grave ou na presença de doença nasossinusal. com anti-histamínicos e/ou CEN, mostrou-se eficaz e segura em crianças com RA persistente ou sazonal e Uso parenteral, deposito de ação longa, para manejo superior à administração dos produtos isolados como de rinite para crianças e idosos. monoterapia Corticosteroides tópicos nasais (CEN) são efetivos no Montelucaste de sódio (MS) é o único antagonista de controle da RA e de outras formas de rinite não receptores de leucotrienos (ARLT) disponível no Brasil. alérgicas. Alternativa terapêutica para pacientes com asma e RA concomitantes, com dificuldade de adesão aos regimes de tratamento tópico nasal, em rinossinusite crônica com polipose nasal e na doença respiratória exacerbada por aspirina. O MS está disponível nas seguintes apresentações: 4 mg (crianças entre 6 meses e 5 anos), 5 mg (crianças entre 6 e 14 anos) e 10 mg (≥ 15 anos).
A imunoterapia alérgeno específica (ITE) é o único
tratamento modificador da evolução natural da doença alérgica, pois proporciona benefícios duradouros após sua descontinuação e previne a A droga ideal deve apresentar alta lipofilia, baixa progressão da doença, incluindo o desenvolvimento disponibilidade sistêmica e clearance sistêmico de asma e de novas sensibilizações. Em geral, é rápido. indicada para adultos e crianças (> 5 anos) com RA intermitente moderada/grave e em todas as formas Os CEN são considerados seguros para utilização na persistentes. faixa etária pediátrica. Devido às suas propriedades farmacocinéticas, o aumento nas doses dos CEN não São contraindicações absolutas da ITE: pacientes com asma não controlada, doença autoimune, neoplasia maligna, gravidez, crianças menores de 2 anos e aids. Já as contraindicações relativas compreendem: asma parcialmente controlada, doença autoimune em remissão, uso de betabloqueadores, doenças cardiovasculares, crianças entre 2 e 5 anos, infecção pelo HIV (classificação A e B; CD4 > 200 cél./mm3), doenças psiquiátricas, infecções crônicas, pacientes com imunodeficiência ou em uso de imunossupressores.
Lavagem nasal com soluções salinas - coadjuvante no
tratamento de afecções nasais agudas e crônicas, facilitando a remoção de secreções patológicas e promovendo alívio sintomático aos pacientes. Utilizar uma a duas vezes por dia, sempre como tratamento adjuvante na RA.