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SÉCS.

XIX-XX // MULHERES

Domitila de Castro
O mulherengo D. Pedro
(I do Brasil e IV de Portugal)
conheceu-a em São Paulo,
fê-la marquesa e levou-a
para o Rio já grávida

lantes. Casado em 1862 com a princesa italiana


Maria Pia de Saboia, não tardou a trocar a
monotonia do leito conjugal pela novidade dos
de variadíssimas mulheres. Costumava sair à
noite do Palácio da Ajuda acompanhado do
médico Magalhães Coutinho, e iam os dois
divertir-se. Nessas excursões clandestinas, o
monarca fazia-se passar por «Dr. Tavares».
A sua principal ligação extramatrimonial foi
com a atriz Rosa Damasceno, casada com o
também ator Eduardo Brazão, que parece ter
sido mãe de dois filhos seus. Constou depois que
D. Luís era vítima da chantagem por parte de
mulheres a quem escrevia cartas inflamadas.
D. Carlos, filho de D. Luís e penúltimo
rei de Portugal, depois de ter vivido al-
guns anos relativamente tranquilos com
a mulher, D. Amélia de Orléans, começou
também a dar largas à sua faceta de con-

MARQUESA DE SANTOS quistador. Quando veraneava em Cascais,


deslocava-muito à Boca do Inferno, onde se

Reis em camas alheias


demorava na companhia de senhoras. Por
ser gordo e pinga-amor, recebeu a alcunha
jocosa de Balão Cativo.
O último rei de Portugal só esteve no
As amantes dos soberanos foram sempre trono entre 1908 e 1910, entre o regicídio
de D. Carlos e a instauração da República.
protagonistas na sombra da história menos contada. Política à parte, preencheu bem esse período
Recordemos alguns casos dos séculos mais recentes vivendo um affaire du coeur com a atriz de

Q
music-hall francesa Gaby Deslys, oito anos
uando, em 1821, D. João VI O Brasil tornou-se entretanto indepen- mais velha, que conhecera no Théâtre des
regressou do Brasil – para onde dente e D. Pedro foi coroado imperador. Capucines, em Paris.
partira 13 anos antes fugindo à Na corte, a desditosa imperatriz Leopoldina No início de 1910, o reizinho convidou
primeira invasão napoleónica – entregava-se à bebida para tentar esquecer Gaby a vir a Portugal e instalou-a no pró-
deixou no Rio de Janeiro, como as infidelidades do marido. Mas este, indi- prio Palácio das Necessidades, onde vivia
regente, o seu filho D. Pedro. ferente ao sofrimento da mulher, chegou a com a mãe. Passados poucos meses, durante
Este, então com 22 anos, conheceu em São nomear a amante sua aia e conferiu-lhe o a deslocação a Londres para o funeral de
Paulo a mulher de um militar que ansiava título de marquesa de Santos. Eduardo VII, encontrou-se ali com a atriz,
por ver-se livre do marido. Chamava-se Diz-se que Domitila disparou contra a pró- que andava em tournée. No verão seguinte,
Domitila de Castro Canto e Melo, tinha os pria irmã ao ter sabido de uma caso amoroso a cantora estava de novo em Portugal, agora
olhos negros e intercedeu junto do regen- entre esta e o ninfomaníaco D. Pedro. compartilhando aposentos com D. Manuel
te para que o seu almejado divórcio fosse no palácio do Buçaco (que então ainda não
acelerado. Quando D. Pedro regressou ao Rosa Damasceno e outras era hotel). Quando a sua presença começou
Rio levava já consigo Domitila e um feto O neto de D. Pedro IV, D. Luís I, teve também a tornar-se badalada, teve, porém, de fazer
no ventre dela. um acentuado pendor para as aventuras ga- as malas e regressar a Paris. L.A.M.

VISÃO H I S T Ó R I A 23

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