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SINOPSE DO CASE: Caso Darla

Marina Candeira Correia²

Alice Parentes³

1. DESCRIÇÃO DO CASO

Darla, uma assistente social de 31 anos, casada com Pedro e mãe de duas crianças,
Francisco de 4 anos e Cecília de 3 meses, procurou um ambulatório multidisciplinar para
receber assistência para sua filha recém-nascida. Após uma consulta com a enfermeira
Tatiana, ela foi encaminhada para uma sessão com Paula, uma psicóloga. Durante a
consulta, Paula identificou alguns aspectos importantes da história de Darla.
Primeiramente, Paula notou um histórico de questões psíquicas em Darla, caracterizado
por episódios de intenso entristecimento, falta de interesse em atividades que costumava
gostar, sensação de perda de energia, pensamentos negativos e sentimentos de
inutilidade, além de alterações no sono, pensamento e memória. Estes episódios
ocorreram em pelo menos seis momentos diferentes, com durações variáveis de 1 a 8
meses, afetando tanto sua vida pessoal quanto profissional.
Em relação ao período gravídico-puerperal, Darla revelou que sua segunda gravidez
não foi planejada, devido a preocupações financeiras e outras responsabilidades. Ela só
descobriu a gestação no segundo mês e experimentou sintomas depressivos do terceiro
ao sexto mês de gravidez. A aceitação da gravidez ocorreu gradualmente com o apoio da
família e da espiritualidade.
Quanto às demandas atuais, Darla enfrentava dificuldades na amamentação de sua
filha, recebendo cobranças da família, amigos e colegas para praticar a amamentação
exclusiva. Ela também estava preocupada com o comportamento da bebê durante a
amamentação e tinha sentimentos contraditórios em relação à proximidade com sua filha
e a necessidade de distanciamento para cuidar de si mesma. Além disso, os sintomas de
depressão mencionados anteriormente persistiam, e ela estava em conflito sobre seu
retorno à vida profissional após a licença maternidade.
O caso de Darla envolve uma complexa interseção de questões psicológicas,
emocionais e sociais. Diante disso,estabelece-se o questionamento: que intervenções
psicológicas são possíveis junto a Darla?

1 Case apresentado à disciplina de Psicopatologia II,na Unidade de Ensino Superior Dom


Bosco –UNDB. 2 Aluna do 7 Período do curso de Psicologia, da UNDB. 3 Professora , orientadora.
2. IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO CASO

2.1 Descrição da possível decisão:

2.1.1. Alterações nas funções psíquicas.

2.1.2. Intervenções Psicologicas em casos de Depressão, na AB.

2.2. Argumentos capazes de fundamentar cada decisão

2.2.1 Alterações nas funções psíquicas.

Segundo a OMS(1998) A saúde, em sua definição mais ampla, é um estado de


completo bem-estar físico, mental e social. Nesse sentido, observa-se que Darla, ao
longo de sua vida, enfrentou diversas alterações nas funções psíquicas que afetaram
significativamente seu bem-estar emocional e seu funcionamento cotidiano. Essas
mudanças podem ser observadas em várias áreas das funções psíquicas, como
afetividade, vontade, curso do pensamento, atenção e memória.
Nesse contexto, em relação à afetividade, Darla experimentou Anedonia, um
sintoma que se caracteriza pela perda de interesse e prazer em atividades que antes
eram gratificantes. Durante os episódios de intenso entristecimento, ela também
vivenciou Melancolia, uma profunda tristeza, que a afetaram tanto em nível
emocional quanto social. Além disso, a Hipotimia, que é uma diminuição geral do
humor, estava presente durante esses períodos, contribuindo para seu sofrimento
psicológico.
No que diz respeito ao curso do pensamento, Darla experimentou Lentificação,
que se refere a uma diminuição na velocidade e fluidez do pensamento. Isso pode
ter impactado sua capacidade de concentração e tomada de decisões, tanto em sua
vida pessoal quanto profissional. A voliçâo de Darla também foi afetada,
manifestando-se como Hipobulia, uma redução do desejo ou da motivação para
realizar atividades. Essa falta de vontade pode ter influenciado seu desempenho no
trabalho e a levado a se distanciar de atividades sociais prazerosas.
Ademais, sua atenção também fora afetada, apresentando uma redução na
capacidade de manter o foco e a concentração. Essa dificuldade de atenção pode
ter contribuído para problemas em seu trabalho, como demorar para concluir tarefas.
Na medida em que, baseados em aspectos funcionais, o fenômeno é considerado
patológico quando produz sofrimento para o indivíduo e/ou para o seu grupo social
(VIEIRA, 2018).Essas alterações nas funções psíquicas de Darla podem indicar que
a mesma tenha enfrentado tanto episódios de Depressão Maior ao longo de sua vida
quanto, sintomas depressivos relacionados ao período periparto.

2.2.2 Intervenções Psicologicas em casos de Depressão, na AB.

O caso de Darla, uma assistente social de 31 anos, mãe de dois filhos, que enfrenta
desafios emocionais e psicológicos significativos, requer uma intervenção cuidadosa e
abrangente por parte dos profissionais de saúde mental, como os psicólogos que atuam em
um contexto institucional de saúde. A estrutura institucional se articula com a prática dos
psicólogos, enfatizando a importância da escuta sensível das demandas do paciente e
considerando as circunstâncias que a envolvem para elaborar projetos terapêuticos que
visam o cuidado integral do usuário diagnosticado com depressão.
Primeiramente, as intervenções de psicoterapia, tanto individual quanto em grupo,
desempenham um papel central. A terapia individualizada pode abordar as questões
específicas relacionadas à maternidade e à depressão pós-parto, fornecendo a Darla uma
atenção personalizada que visa ao seu processo psicopatológico. Além disso, as sessões
de terapia em grupo com outras mães que enfrentaram desafios semelhantes podem criar
um ambiente de apoio e compartilhamento de experiências, permitindo que Darla se sinta
compreendida e menos isolada em sua situação, o que é fundamental para a manutenção
da saúde mental.
Outro componente importante da intervenção é a psicoeducação, que visa fornecer
informações e orientações a Darla para aumentar seu entendimento sobre a depressão,
seus sintomas e estratégias de prevenção. Isso ajuda a reduzir os sintomas e a prevenir
futuros episódios depressivos. A psicoeducação também desempenha um papel crucial
em informar Darla sobre os sintomas da depressão pós-parto, estratégias de autocuidado
e como lidar com a pressão social associada à maternidade. Essa abordagem visa
fornecer a Darla as ferramentas necessárias para compreender e enfrentar os desafios
emocionais da maternidade.
Além disso, a ativação da rede de apoio de Darla é fundamental. Isso significa envolver
seu marido, Pedro, familiares e amigos próximos para oferecer apoio emocional e prático.
Incentivar a participação de Pedro na terapia familiar pode ser benéfico para fortalecer o
apoio social e melhorar o relacionamento do casal durante esse período desafiador.
A escuta qualificada e o acolhimento da demanda são fundamentais na intervenção
terapêutica. Darla deve sentir-se compreendida e respeitada em seu espaço de
reconhecimento como um primeiro passo para o tratamento eficaz. Além disso,
intervenções que se concentram na ativação da rede de apoio de Darla e no
desenvolvimento de pensamentos positivos e sentimentos de competência são cruciais
para ajudá-la a lidar com sua situação atual.
Mediante ao supracitado, no caso de Darla, as intervenções psicológicas devem incluir
psicoterapia individual e em grupo, psicoeducação, escuta sensível e acolhimento, ativação
da rede de apoio e o desenvolvimento de pensamentos positivos. Essas intervenções visam
proporcionar a Darla o apoio necessário para lidar com sua depressão e enfrentar seus
desafios emocionais e psicológicos, permitindo-lhe recuperar seu bem-estar mental e
emocional.
3. Descrição dos critérios e valores contidos em cada decisão possível

Critérios de Normalidade: são criterios de classificação que variam culturalmente e determinam o que
é considerado um comportamento, pensamento ou emoção dentro dos limites aceitáveis em uma
sociedade. Esses critérios ajudam a distinguir o que é considerado típico ou atípico, auxiliando na
identificação de desvios significativos do comportamento ou funcionamento saudável.

Psicoeducação: é uma abordagem terapêutica que visa educar indivíduos sobre questões de saúde
mental e emocional. Ela fornece informações sobre condições psicológicas, ensina habilidades de
enfrentamento, promove a conscientização sobre o autocuidado e ajuda as pessoas a desenvolver
estratégias para lidar com desafios emocionais.

Rede de Apoio: consiste em pessoas, como amigos, familiares e profissionais de saúde, que
oferecem apoio emocional e prático a um indivíduo. Essa rede desempenha um papel crucial no
bem-estar emocional e na recuperação de indivíduos em momentos de dificuldade, fornecendo um
ambiente de apoio e compreensão.

Depressão: Segundo o DSM-V, são critérios para diagnóstico de depressão: estado deprimido
(sentir-se deprimido a maior parte do tempo); anedonia: interesse diminuído ou perda de prazer para
realizar as atividades de rotina;sensação de inutilidade ou culpa excessiva: dificuldade de
concentração: habilidade frequentemente diminuída para pensar e concentrar-se; fadiga ou perda de
energia; distúrbios do sono: insônia ou hipersonia praticamente diárias; problemas psicomotores:
agitação ou retardo psicomotor; perda ou ganho significativo de peso, na ausência de regime
alimentar;deias recorrentes de morte ou suicídio.O estado depressivo pode ser classificado em três
grupos: a) depressão menor: dois a quatro sintomas por duas ou mais semanas, incluindo estado
deprimido ou anedonia; b distimia: três ou quatro sintomas, incluindo estado deprimido, durante dois
anos, no mínimo; c) depressão maior: cinco ou mais sintomas por duas semanas ou mais, incluindo
estado deprimido ou anedonia (COSTA, 2015)
REFERÊNCIAS

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3.


ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

VIEIRA, Carlos. Depressão-Doença: o grande mal do século XXI. Petrópolis, RJ: Vozes,
2018.

MOTTA, C. C. L. DA .; MORÉ, C. L. O. O.; NUNES, C. H. S. DA S.. O atendimento


psicológico ao paciente com diagnóstico de depressão na Atenção Básica. Ciência &
Saúde Coletiva, v. 22, n. 3, p. 911–920, mar. 2017.

Almeida, N. M. C., & Arrais, A. R. (2016). O Pré-Natal Psicológico como Programa de


Prevenção à Depressão Pós-Parto. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(4), 847-863.

American Psychiatric Association (2014). Diagnostic and statistical manual of mental


disorders - DSM-5 (5a ed.). Washington, DC: American Psychiatric Association.

Arrais, A. R., & Araujo, T. C. C. F. (2017). Depressão pós-parto: uma revisão sobre
fatores de risco e de proteção. Psicologia, Saúde & Doenças, 18(3), 828-845

COSTA, T. S. Rastreamento de sintomas depressivos em usuários assistidos pela


Estratégia de Saúde da Família em um município de pequeno porte no nordeste
brasileiro. São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo;
2015.

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