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Não raramente pequeno, fragmento de madeira não localizado em áreas de difícil remoção.
identificado por métodos radiográficos convencionais
pode evoluir com formação de fístula cutânea
Vidros
Diante de um corte por vidro, não é raro algum(ns) dos Tratamento Cirúrgico
seus fragmentos ficar(em) incluído(s) na ferida. Nos
A maioria dos ferimentos com penetração de CE
ferimentos superficiais, é fácil afastar tal possibilidade. Nos
apresenta lesão superficial mínima, que geralmente não
profundos, provocados por vidros pontiagudos, só o zelo
é valorizada pelo médico no momento do trauma. O
do cirurgião poderá evitar sua permanência no local.
tecido tende a ocluir o trajeto, dificultando a identificação
Nunca é bom esquecer o papel prejudicial do da porta de entrada. Suspeitar é fundamental para definir
sangramento dificultando a visualização do vidro, o diagnóstico. A combinação de suspeição clínica,
principalmente quando este é incolor. conhecimento básico de exames diagnósticos, habilidade
e experiência do cirurgião diminuem o risco cirúrgico de
Fragmentos menores que 2 mm, entretanto, podem iatrogenia, se comparado ao risco inerente de retenção
não ser identificados. Merece que mencionemos, ainda, de CE.. É por meio de procedimentos cirúrgicos que
que o vidro provoca maior sensação da presença de CE podemos resolver especificamente a maioria dos
do que outros materiais. Como material inerte, pode não problemas gerados pelo CE. Por envolver riscos maiores
ser retirado caso não produza sintomas, ou se estiver
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para o paciente e também possibilidades de fracasso, a do tumor para exame posterior. Só assim obtêm-se,
abordagem cirúrgica do CE é mais difícil de ser assumida. numa só intervenção, o diagnóstico e o tratamento.
• “Se a operação que se propõe fazer pode A dor é um elemento que sugere a necessidade de
potencialmente ser mais lesiva do que a presença do remoção de um CE que, não fosse assim, ficaria incluído
CE, o melhor é deixá-lo ficar.” definitivamente nos tecidos, sem o menor transtorno.
Além disso, deve-se lembrar de que a mente humana
Nos abscessos subungueais, a conduta inicial deve ser
rejeita o CE tão mais intensamente quanto mais palpável,
conservadora e só remover toda a unha quando o pus
quando então sua remoção se torna fácil e desejável.
se difundir por todo o leito ungueal; caso contrário,
quando o pus se restringir a uma área mais distal da unha, A conduta perante CE vistos tardiamente quando na
esta deverá ser removida em triângulo sobre a área vigência de “complicações” gera poucas dúvidas no
correspondente espírito do médico. Tal não acontece, entretanto, quando
o paciente procura auxílio do cirurgião logo após o
Nas fístulas em que não foi possível demonstrar a
acidente. Nessa fase, os riscos da presença de CE são
presença do CE por outros métodos diagnósticos, a
apenas potenciais e dependem principalmente da
intervenção atende a essa necessidade, ao mesmo
capacidade de eles produzirem infecção, irritação local
tempo que promove a cura ao removê-lo quando
ou resposta imunitária. Tais potencialidades estão
encontrado. Às vezes, a simples e suave dilatação do
intimamente relacionadas com a natureza do CE e com
orifício, auxiliada pela aspiração da secreção, revela a sua
o órgão ou segmento atingido
presença, e, com algum cuidado, o CE pode ser retirado
A compressão sobre a área onde está alojado o corpo
estranho coincide com maior eliminação de secreção
pelo orifício de drenagem, servindo como primeira
orientação nos trajetos fistulosos recentes ou antigos e Independentemente da natureza do CE, as normas
fibróticos, cuja direção não seja evidente à inspeção. A e os procedimentos relatados a seguir são
introdução de uma pinça hemostática curva, que deve extremamente úteis para a sua remoção:
penetrar suavemente e pelo seu próprio peso através
1 – Utilizar sistematicamente anestesia segmentar
do trajeto fistuloso, orientará de maneira segura a sua
(troncular, bloqueio regional etc.) ou geral
direção.
2 – Impedir previamente o sangramento
A incisão cutânea a partir do orifício de drenagem, e na
direção sugerida pelo guia, permitirá melhor exposição 3 – Programar a operação
do trajeto. A incisão deve ser suficientemente ampla para
permitir exposição mesmo nos planos mais profundos,
evitando assim lesões de elementos nobres, ao mesmo
tempo que deverão ser evitados os cortes passíveis de
evoluir para cicatrizes retráteis prejudiciais. A incisão Estão intimamente relacionados com a natureza do CE
sobre o trajeto fistuloso e de encontro à pinça permitirá e, consequentemente, com as características do acidente
que esta penetre um pouco mais em direção ao objeto,
Agulha de Máquina de Costura – Devem ser
até encontrá-lo. Nos trajetos fistulosos antigos e
sempre removidas de imediato, considerando sua
fibróticos, o objeto deve ser removido juntamente com
localização, facilidade de sua remoção e condição de
o orifício de drenagem, desde que isso não incorra em
ferida “fechada”. Ocorrendo transfixação da unha, deve-
riscos significativos. São geralmente recomendáveis a
se proceder à ressecção de um fragmento desta, em
drenagem da área operada e a síntese parcial da pele,
forma de triângulo, o qual deverá conter o orifício de
quando a incisão for demasiadamente ampla.
entrada, no sentido de expor a agulha, permitindo sua
A reação inflamatória crônica hiperplásica com aspecto retirada e transformando em aberta uma ferida fechada.
tumoral decorrente de CE involui com a sua retirada. Essa medida evita a necessidade de reintervenções
Como a presença do objeto nem sempre é detectada futuras por complicações infecciosas. Tal procedimento
pré-operatoriamente, recomenda-se a remoção integral é recomendável mesmo que, após a realização da
anestesia do dedo, tenha sido possível a extração da
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agulha por tração sobre um segmento externo dela ou com frequência, ocorrem tais acidentes. Quando for
nas circunstâncias em que, já livre da agulha, o paciente razoável, é sempre bom expor todo o leito onde estava
evolui com hematoma subungueal. Não havendo alojado o espinho e proceder à lavagem ou
hematoma, a indicação cirúrgica é mais restrita. desbridamento, considerando--se que algumas espécies
de espinhos apresentam uma “penugem” que pode ficar
Agulha de Costura Manual – Nas raras
retida na ferida. Também a extremidade do espinho pode
circunstâncias em que a agulha é introduzida junto com
estar partida, tornando-se muito difícil a sua remoção
o fio, este servirá de guia na sua procura e de apoio na
após a retirada do fragmento principal.
sua tração.
Fragmento de Madeira – Chamamos a atenção
Quando a agulha for introduzida perpendicularmente à
aqui para a importância da exposição do leito onde se
pele e for palpável sob esta, podemos lançar mão do
aloja o fragmento em face do risco comum de
método de Rees, o qual se aplica também para espinhos
permanência de fragmentos secundários, quando os CEs
e fragmentos de madeira nas mesmas circunstâncias.
são retirados simplesmente por tração. Sua remoção
Rees, muito a propósito, sugere que a incisão sobre o imediata, juntamente com os tecidos que o envolvem,
orifício de entrada deverá interessar apenas a epiderme permite a síntese cutânea como se fora uma ferida
e derme, numa extensão suficiente para permitir boa comum, diminuindo em muito a morbidade. As farpas
exposição do tecido gorduroso subjacente. Uma vez incluídas na derme, paralelamente à superfície cutânea,
atingido esse plano, as bordas da pele devem ser devem ser removidas juntamente com retalho cutâneo
descoladas do tecido subjacente, utilizando-se lâmina elíptico que as contém, e a ferida deve ser suturada. Não
afiada para evitar distorções, numa distância de mais ou se pode justificar, apenas por motivos estéticos, o risco
menos 1 cm, na dependência da profundidade do objeto. de deixar uma ferida contaminada, possivelmente até
As bordas da ferida são então separadas com os dedos, com esporos tetânicos, quando uma simples ampliação
ao mesmo tempo que é exercida uma pressão da ferida cirúrgica afasta as complicações. As “farpas”
moderada contra a ferida, provocando extrusão do subungueais devem ser tratadas atendendo aos mesmos
tecido subjacente através da incisão e carregando princípios: remoção em cunha de fragmento da unha e
consigo o CE, que poderá então ser removido sem do CE subjacente.
muita manipulação
Os espinhos ou CE de qualquer natureza, quando não
Agulha de Injeção – Embora a expectativa de palpáveis, são sempre responsáveis por grandes
complicações sépticas seja desprezível, a agulha é quase dificuldades, que só poderão ser diminuídas se as normas
sempre palpável, facilitando assim a sua remoção, que apropriadas forem respeitadas
estará perfeitamente justificada se atentarmos para a
Projéteis – A importância dos ferimentos por arma
ansiedade normal que atinge os envolvidos no acidente.
de fogo é muito grande, mas reside essencialmente nas
É quase sempre adequado utilizar um dos métodos de
lesões ocorridas em seu trajeto no organismo. A não ser
Rees.
quando o chumbo se aloja nas mãos, na região dos
Espinhos Vegetais – A pequena lesão do punhos, nos pés, na região dos tornozelos ou intra-
tegumento deve-se paradoxalmente à gravidade de um articular, a necessidade imediata de operar decorre
grande número de CE, em particular os espinhos, uma principalmente da presença de lesões que ponham em
vez que o paciente não se impressiona suficientemente risco a vida do paciente. Nas quatro primeiras estruturas
para procurar ajuda e, quando o faz, o médico costuma a que nos referimos, o chumbo aloja-se, quase
restringir-se à terapêutica medicamentosa, por duvidar obrigatoriamente, no subcutâneo ou em meio ao
de sua presença e pelo temor de uma operação compacto conjunto de tendões, bainhas, vasos e nervos
desnecessária. que caracterizam essas regiões. Independentemente do
tratamento das lesões provocadas no seu trajeto, a
Esquece-se de que é exatamente nas feridas de
remoção imediata do projétil implica a antecipação de
pequeno orifício de entrada, pelas condições de
intervenção futuramente inevitável, com a vantagem
anaerobiose que podem desenvolver-se, que mais
adicional de estar contribuindo no sentido de evitar ou
necessária se torna a intervenção cirúrgica para retirar o
diminuir a gravidade de complicações infecciosas.
espinho ou, pelo menos, desbridar e limpar a ferida,
deixando-a aberta, principalmente na região plantar, onde,
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Evidentemente, tal conduta só será cogitada diante de Outra maneira de desprender um anzol, principalmente
pacientes cujas condições sejam satisfatórias e por quando este penetrou pouco os tecidos, é manipular sua
profissionais qualificados para atuarem nessas áreas. base externa de maneira a transmitir à sua ponta uma
força em sentido contrário ao do “gancho”, ao mesmo
Quando se tratar de ferimentos por projéteis de
tempo que se procura extraí-lo pelo orifício de entrada
cartucheira em que as estruturas supramencionadas
foram atingidas, e em face das dificuldades naturais que
a multiplicidade de CE implica, é indispensável inventário
completo das lesões do trajeto. Tal conduta visa a definir
prioridades, uma vez que, além da intervenção cirúrgica
indispensável (lesões ósseas, articulares etc.), a remoção
dos projéteis torna-se imperativo natural.
A necessidade imediata de extrair os pequenos projéteis
de espingarda de ar comprimido diz respeito, como no
caso dos anteriores, à região atingida. O chumbo, quando
incluído em massas musculares volumosas, e quando não
palpável, acarreta dificuldades excepcionais para a sua
extração, as quais deverão ser devidamente
consideradas pelo médico que se propõe a retirá-lo.
Fragmentos de Metal – Os pequenos fragmentos
de “palha de aço” incluídos quase sempre
horizontalmente na pele devem ser sempre retirados
com aquela que os envolve, pois isto evitará
complicações futuras causadas pela contaminação
intensa que ocorre em tais acidentes.
Vidros – As características das feridas por vidro
induzem naturalmente à investigação em toda a
profundidade do corte. Não se justifica desprezar esse
cuidado por não se querer ampliar uma ferida que não
permita exposição adequada. Muitas vezes é apenas por
meio dessa conduta que são constatadas lesões
importantes despercebidas ao exame funcional. Se, como
pode ocorrer, algum fragmento permanecer, o médico
pode ficar tranquilo por ter lançado mão de todos os
cuidados recomendáveis. Além disso, sabe-se que os
vidros costumam ser inertes e podem ser deixados
(salvo na presença de sintomas ou infecções) quando sua
extração for muito difícil.
Anzóis – A retirada de anzóis, presos por perfuração
ou transfixação, assume características peculiares pela
presença, junto à sua extremidade, de um “gancho” que
promove a sua autofixação nos tecidos e dificulta sua
retirada por tração simples. Quando transfixante, a
secção da ponta exposta permite a retirada do
fragmento restante pelo orifício de entrada. Recomenda-
se também, nos demais casos de feridas perfurantes,
transformá-las em transfixantes por meio da progressão
da ponta do anzol. Procede-se, então, como no caso
anterior