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CIRURGIA AMBULATORIAL

Lesões Superficiais Na Pratica Cirúrgica


Ambulatorial

1) CISTO SEBÁCEO OU EPIDERMÓIDE

 Ocorre quando o conduto de uma glândula


sebácea é ocluído e gera acúmulo de
secreção com consequente formação de cisto Cisto infectado (abscedido)  caso a lesão não
de retenção. esteja “madura”, isto é, apresente-se ainda
 É mais frequente no adulto nas regiões de endurecida, idealmente deve-se indicar calor local e
couro cabeludo, orelha, pescoço e face. combinar revisão em 24 a 48 horas.

 A apresentação habitual é de lesão subcutânea  No caso de lesões “maduras”, isto é, com


abaulada, pouco consistente, arredondada, sinais flogísticos e consistência amolecida, a
de crescimento lento e tamanho variável. opção é a drenagem no ponto de maior

 Frequentemente apresenta pequeno orifício, flutuação, sem exérese do cisto, pois o

através do qual pode haver eliminação de processo inflamatório torna difícil a

material resultante da desintegração das remoção completa da lesão e aumenta a

células sebáceas. chance de recidiva. Além disso, a tentativa

 As lesões podem permanecer estáveis ou de retirada de toda a cápsula pode romper as

aumentar progressivamente. Infecção barreiras defensivas da pele havendo

secundária pode ocorrer, inclusive com propagação da infecção.

celulite adjacente, formação de abscesso e  Anestésicos locais têm seu efeito diminuído,

ruptura espontânea. porém podem ser utilizados em doses

 A indicação do tratamento baseia-se em habituais. A pele sobre a lesão deve ser

aspectos estéticos, desconforto ou presença incisada, o material purulento drenado e a

de infecção; e a conduta varia dependendo ferida mantida aberta. Em casos

se há presença de infecção ou não: selecionados, o material pode ser enviado


para análise microbiológica.
 A presença de celulite adjacente à lesão pode  Se houver extravasamento de material
indicar necessidade de antibioticoterapia, sebáceo, o tecido subcutâneo deve ser
que não é utilizada rotineiramente. exaustivamente lavado. Tecidos devem ser
 O agente mais freqüente é o Staphylococcus aproximados, evitando espaço morto.
aureus.
 Deve-se esperar de quatro a seis semanas para
o tratamento definitivo do cisto (excisão).

*Lembrar do orifício

2) LIPOMA
Cisto não infectado  está indicada a exérese.
 A técnica inclui anestesia local com bloqueio
 Lipomas são tumores benignos de células
de campo ou infiltração entre a cápsula do
adiposas maduras e representam a neoplasia
cisto e os tecidos circunjacentes.
benigna do tecido subcutâneo mais comum,
 Após, procede-se incisão linear da pele sobre
localizada no subcutâneo.
a lesão e disseca-se cuidadosamente o cisto
 Ocorrem principalmente nas regiões do
separando-o dos tecidos adjacentes com o
pescoço, dorso, nádegas e porção proximal
auxílio de afastadores ou ganchos, atentando
das extremidades. Usualmente podem ser
para não romper a cápsula.
removidos à nível ambulatorial. Excluindo
 A remoção completa do cisto íntegro (ou de
prejuízo estético, raramente causam
qualquer vestígio de cápsula, no caso de
sintomas. Entretanto, se presentes, pode
lesões rotas) é necessária para evitar
haver dor leve, hipersensibilidade,
recidiva.
desconforto ou compressão de estruturas  O plano de clivagem, via de regra, é
adjacentes. encontrado facilmente. O dedo do cirurgião
pode facilitar a dissecção.
Caracts   Geralmente, o sangramento é discreto, com
 Apresenta-se como nódulo subcutâneo de exceção da região profunda do lipoma, por
crescimento lento, único ou múltiplo, onde entram os vasos que o nutrem. Vasos
arredondado ou multilobulado e de tamanho maiores devem ser ligados.
muito variado, consistência amolecida,  Após a remoção do lipoma, espaço
plano de clivagem bem definido em relação subcutâneo residual deve ser fechado com
ao tecido adjacente, pontos em “U” invertido de fio absorvível 3-
 Usualmente, é ligado à pele que o recobre por 0 ou 4-0. A pele é suturada com fio
feixes de tecido fibroso e que, quando monofilamentar.
pressionado, dá à pele um aspecto  Lipoma versus lipossarcoma bem
característico de casca de laranja. diferenciado: a análise histopatológica evita
 Excepcionalmente, exames de imagem podem que lesão maligna (lipossarcoma), embora
ser necessários, como em massas suspeitas, rara, passe despercebida e sem tratamento
acima de 5 cm, irregulares ou manifestações adequado. Lipossarcoma bem diferenciado
miofasciais. (“lipoma-like” lipossarcoma) pode ser
confundido com lipoma, e habitualmente o
Técnica  comportamento biológico é de recidivas
 Após degermação e colocação e campos sucessivas.
estéreis, anestesia local é realizada para
iniciar o procedimento.
 É indicado marcar o perímetro da lesão
previamente à cirurgia, pois a infiltração
poderá distorcer as margens brandas do
tecido.
 Deve-se incisar sobre o lipoma, respeitando as
linhas de força da pele. A incisão deve ser
suficiente para a remoção completa da lesão.
 Após a abertura da pele com o bisturi, utiliza-
se pinça hemostática ou tesoura para separar
o tumor do tecido adjacente.
endurecidos. Drenagem espontânea
eventualmente pode ser identificada.
 Aspiração com agulha na suspeita de abscesso
pode facilitar o diagnóstico quando o exame
físico é duvidoso.
 Entretanto, hematomas decorrentes de trauma
não devem ser liberalmente explorados ou
puncionados na ausência de alta suspeita ou
clara definição de infecção.
 Abscessos maiores e profundos devem ser
manipulados no centro cirúrgico.
 Abscessos cervicais devem ser
cuidadosamente avaliados pelo risco de
mediastinite descendente.
 Em áreas do corpo onde há preocupação
estética (face, mamas, pescoço) ou áreas
como palma das mãos, planta dos pés e
dobra nasolabial, avaliação de cirurgião
plástico é apropriada.
 Sinais de gravidade incluem extensa área de
celulite adjacente, febre e presença de
3) ABSCESSO CUTÂNEO
múltiplos abscessos.

Def 
Técnica 
 Abscesso é coleção de tecido inflamatório
 Na maior parte dos casos, incisão e drenagem
purulento causado pela supuração dentro de
sob anestesia local é o tratamento de
tecido ou órgão. Das bactérias piogênicas
escolha. Em lesões extensas ou pacientes
infectante mais comum é Staphylococcus.
graves, o procedimento deve ocorrer no
 Na clínica, deve-se procurar história de
bloco cirúrgico.
quebra de barreira (picada por inseto,
mordedura, trauma, etc) e, no exame físico,
lesão com sinais flogísticos.
 Abscessos maduros apresentam-se macios e
flutuantes, e os não maduros, eritematosos e
 Para o abscesso sem flutuação, calor local  Uso de dreno (Penrose) não é rotineiro, mas
reduz a dor e promove vasodilatação, pode ser necessário em lesões maiores,
acelerando a maturação. Repouso, elevação devendo ser fixado com ponto simples e
do segmento atingido e proteção do local removido pelo médico em 24 a 48 horas.
são recomendáveis.  É prática comum, ao se optar por não drenar,
 Abscesso com flutuação deve ser drenado projetar a extremidade de uma gaze no
prontamente. Abscessos perianais e interior da cavidade residual, mantendo-a
anorretais fogem a esta regra devendo ser até a primeira troca de curativos.
imediatamente drenados, mesmo sem  Curativo deve ser realizado e trocado
flutuação, pelo risco de evolução para diariamente e a limpeza deve incluir soro
infecção perineal extensa. fisiológico. A cicatrização se dará por
 Ao utilizar anestésico local, deve-se segunda intenção.
considerar que, no baixo pH tecidual do
abscesso, o efeito é menos satisfatório.
 Antibioticoterapia empírica é reservada para
imunocomprometidos ou pacientes com
extensa área de celulite, toxemia ou
linfangite.
 Após antissepsia, anestesia local é realizada
de forma troncular ou por infiltração
intradérmica direta da área de incisão,
incluindo ou não o perímetro da lesão.
 Incisão deve ser realizada no ponto de maior
flutuação, respeitando as linhas de força. É
prudente cobrir a área com gaze, visto que o
abscesso está sob tensão, podendo haver
pequena explosão de seu conteúdo.
 É fundamental explorar a cavidade com pinça
hemostática ( ), para a quebra das
loculações.
 Realiza-se compressão manual para drenagem
do conteúdo purulento e, após, irrigação
copiosa com solução fisiológica.
Ténica A maioria dos nevos tem como
tratamento a excisão cirúrgica.
 A excisão segue o seguinte padrão: anestesia
local, incisão elíptica sem margens ao redor
da lesão (margens de incisão justapostas às
margens da lesão), retirada econômica de
tecido subcutâneo, sem aprofundar.
 A sutura é simples ou intradérmica com fio de
nylon. O curativo é feito com micropore.

4) NEVOS

 São lesões cutâneas constituídas por células


névicas ou células maduras podendo ter
depósito de pigmento melânico com
coloração variada decorrentes de hiperplasia
de estrutura epidérmicas.
 Tais lesões acometem tanto partes cutâneas
quanto mucosas e têm morfologia e
dimensões bastante variáveis.
 Estão presentes ao nascimento (nevos
congênitos) ou surgem posteriormente
(nevos adquiridos).
5) LESÕES SUSPEITAS DE MALIGNIDADE
 Uma lesão é considerada suspeita de ser
maligna quando se enquadra em critérios
característicos de crescimento irregular,
diferentemente dos nevos que em sua
maioria apresentam-se como manchas
simétricas e homogêneas.
A prioridade nas lesões suspeitas de
malignidade é o diagnóstico histopatológico.
 Em lesões não sugestivas de melanoma e não
ulceradas, a margem deve ser de 0,5 a 1,0cm
e, nas ulceradas,de 1,0 a 1,5cm.
 No caso de lesões suspeitas de melanoma, o
primeiro passo é a biópsia excisional sem
margem ampla.
 Conforme a análise histopatológica,
profundidade da invasão dos estratos da pele
e outras variáveis, pode ser necessária B) Carcinoma espinocelular (epidermoide):
ampliação maior ou menor. Tumor mais invasivo, apresenta-se normalmente
sobre lesão pré-cancerosa. A localização mais
A seguir são relatadas características das frequente é na cabeça, pescoço e lábio inferior.
principais lesões cutâneas malignas: Quando in situ, pode se apresentar como placa
A) Carcinoma basocelular: Neoplasia de origem eritematosa, escamosa e bem definida; na fase
epidérmica, acomete áreas como face e pescoço. invasiva, pode progredir para lesão nodular com
Caracteriza-se por lesão de evolução indolente, produção de queratina. Tende a formar úlcera
friável, facilmente sangrante, que não cicatriza com superfície irregular, sangrante, com restos
por completo. Manifesta-se clinicamente como necróticos e possível infecção secundária.
pápula ou nódulo brilhante ou perolado com
telangiectasias arboriformes (vasos sanguíneos
subepidérmicos dilatados e proeminentes).
ABCD é útil para o diagnóstico, sendo descrita
a seguir: A – assimetria; B – borda irregular; C
– cor heterogênea; D – diâmetro maior que
6mm.

C) Melanoma: Neoplasia maligna agressiva


originária de transformação atípica de
melanócitos presentes em pele, meninges, trato
uveal e mucosas ectodérmicas. Localiza-se
preferencialmente nas regiões torácica, palmar,
plantar, facial e couro cabeludo. A mnemônica

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