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A década de 1980

Em dezembro de 1981 Mehmet Shehu, chefe do Conselho de Ministros (primeiro-ministro) desde


1954, foi morto num atentado. Adil Çarçari, vice de Shehu, assumiu o governo. Em setembro de
1982 as autoridades frustraram uma tentativa de invasão do país por um grupo de exilados
albaneses. Em novembro, Ramiz Alia substituiu Haxhi Lleshi na liderança do Presidium da
Assembleia do Povo. No ano seguinte diversos ex-ministros foram executados.
Enver Hoxha morreu em abril de 1985 e Alia sucedeu-lhe como primeiro-secretário do Partido do
Trabalho da Albânia (PPSh). Em março de 1986 Nexhamije Hoxha, viúva de Hoxha, foi eleita líder
do Conselho Geral da Frente Democrática da Albânia. Alia foi reeleito primeiro-secretário do PPSh
em novembro de 1986 e presidente do Presidium da Assembleia do Povo em fevereiro de 1987.
Nessa mesma data, Çarçari foi renomeado chefe do Conselho de Ministros.

A queda do regime socialista


Em 1989 a onda de mudanças que varria a União Soviética e a Europa oriental chegou à Albânia,
com as primeiras manifestações antigovernamentais e tentativas de fuga em massa do país.
A insatisfação política era alimentada pelo agravamento da crise econômica, na qual os velhos
problemas da baixa produtividade, da ineficiência e da obsolescência tecnológica viram-se
agravados nessa época por uma prolongada seca que, além de fazer cair o produto agrícola, reduziu
drasticamente a geração de energia elétrica.
A democratização da Albânia começou em 1990 e avançou em ritmo célere ao longo de 1991. O
colapso do comunismo - que ameaçava provocar a desintegração política, social e econômica do
país - refletiu-se num episódio de fevereiro de 1991, quando uma multidão derrubou, na praça
principal de Tirana, a estátua do ex-presidente comunista Enver Hoxha.
A partir de 1990 o governo começou a reorientar o país rumo à economia de mercado e a reintegrá-
lo à economia mundial. Após conceder maior autonomia financeira às empresas, com salários
baseados na produtividade, e anunciar a intenção de acabar com os subsídios estatais aos alimentos,
o governo divulgou a realização de negociações com vistas à entrada do país no Fundo Monetário
Internacional (FMI) e no Banco Mundial.
Também foi aprovada uma lei de proteção aos investimentos estrangeiros e anunciada a criação do
Banco Ilíria, uma joint-venture com capitais suíços. Em 1991 foi estabelecido o Comitê para a
Reorganização da Economia, destinado a promover a privatização das empresas estatais.
Na arena política, o governo do PPSh tentou, a princípio, dosar o ritmo das reformas para não
perder o controle da situação. Em 1989, promoveu uma anistia limitada de presos políticos,
permitiu a apresentação de até três candidatos nas eleições para a Assembleia do Povo, promoveu a
reforma judiciária, com a recriação do Ministério da Justiça (extinto em 1966), liberou as viagens
de férias ao exterior, regulamentou o direito à livre manifestação e marcou nova eleição parlamentar
para o início de 1991. Tais paliativos, contudo, não impediram que a hegemonia dos comunistas
fosse em breve atropelada pelos fatos.
Premido por uma sucessão de greves e manifestações em todo o país, além da fuga de 15 mil
pessoas (até meados do ano 46 mil outras deixariam o país), o governo autorizou, em dezembro de
1990, a criação de partidos de oposição (dias depois nasceu a primeira agremiação oposicionista, o
Partido Democrático da Albânia - PDSh) e ampliou os expurgos dos seguidores da linha-dura nas
fileiras do partido oficial.
Em fevereiro de 1991 Alia substituiu o primeiro-ministro Adil Çarçari pelo reformista Fatos Nano e
anistiou todos os presos políticos. A eleição parlamentar de 1991, a primeira a ser disputada no
sistema pluripartidário desde 1923, trouxe em seus resultados eleitorais um impasse político:
embora os eleitores das cidades votassem em peso na oposição, os comunistas do PPSh,
conseguiram vencer o pleito com o voto das regiões rurais, onde se concentrava 63% da população.
Tal resultado gerou uma série de protestos (os mais graves na cidade de Shkoder) e greves que,
juntos com o boicote da oposição liderada pelo PDSh, acabaram por causar em junho a substituição
do gabinete de Nano por um governo de salvação nacional liderado por Ylli Bufi. O PPSh mudou
seu nome para Partido Socialista da Albânia (PSSh) e, sob a liderança de Nano, que substituiu Alia
na presidência do partido, passou a defender e economia de mercado. O país, por sua vez, também
mudara de nome em março, quando passou a chamar-se República da Albânia, com a eliminação
dos adjetivos Socialista e Popular.
Em 1992, os eleitores rurais finalmente abandonaram os candidatos comunistas e contribuíram para
a vitória do PDSh na eleição parlamentar de março. O país passava, então, por grandes dificuldades
econômicas e sociais, com o fechamento de numerosas fábricas, hiperinflação e uma taxa de
desemprego da ordem de 70%. Quase todos os alimentos disponíveis provinham da ajuda externa,
os hospitais não tinham remédios e a criminalidade alcançava proporções epidêmicas.
Em 1997, a falência de um esquema financeiro fraudulento respaldado pelo Estado, que prometia
lucros anuais de até 300%, causa prejuízos à população. O PSSh, oposicionista, lidera protestos em
Tirana. Há confrontos, nos quais morrem pelo menos 3,5 mil pessoas. Mais de 15 mil se refugiam
na Itália. Para pôr fim à crise, a eleição parlamentar é antecipada. O PSSh vence e o então
presidente Sali Berisha renuncia. O Parlamento da Albânia elege Rexhep Mejdani como o novo
presidente, enquanto que Fatos Nano, seu correligionário, é indicado como o novo primeiro-
ministro.

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