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Os excessos da ocupação otomana provocaram revoltas esporádicas e locais.

A aparição de um
chefe carismático, George Kastrioti Skanderbeg, canalizou a insatisfação popular numa verdadeira
guerra santa contra o Crescente. O papa Pio II, Piccolornini, fez apelos em favor dos albaneses
junto aos reis da cristandade e pregou uma nova cruzada. Mas a falta geral de entusiasmo pela ideia,
evidente no Congresso de Mântua (1450), abortou o projeto.[21]
A oportunidade para a sublevação nacional foi a guerra turco-húngara de 1443. Murade II, de quem
Skanderbeg fora ironicamente o favorito, enviou contra ele o seu melhor general. Batidos na
fronteira, os turcos acabaram por firmar uma trégua (1461). Teve curta duração. Em 1466 e 1467, os
turcos voltaram e por duas vezes puseram sítio a Croia (Kruja). Da primeira, o próprio sultão, já a
essa altura Maomé II, o Conquistador, comandou o ataque, com 200 mil homens. A praça resistiu.
[21]
Skanderbeg (tratado de Gaeta, 1451) tinha assinado uma aliança de vassalagem com Afonso I de
Nápoles, V de Aragão. Não estava completamente só. E, enquanto foi vivo, a Porta não conquistou
a Albânia. Morto em 1468, invicto, mas velho e doente, o domínio otomano se estendeu
rapidamente sobre todo o país.[21]
Foi uma dominação cruel. Os séculos XVI e XVII viram a conversão das populações terrorizadas ao
islã, o recrutamento forçado para os exércitos do sultão, a emigração em massa para a Sicília e a
Calábria. Os antigos principados autônomos foram submetidos a paxás e esses muitas vezes usaram
em seu proveito a revolta larvada da população local. Vários deles tentaram fazer-se independentes.
[21]
A morte de Skanderbeg tivera outra consequência: a expansão das possessões venezianas. Veneza,
que já era senhora, desde o século XV, de Durres e Scutari, anexou, então, a maior parte do
principado de Croia (Kruja). Agora, com a chegada dos turcos, foi obrigada a ceder-lhes tudo:
primeiro, Scutari e Kruja, depois Durrés (1502).[21]
Sob ocupação turca, a Albânia conheceu um longo peno de estagnação. A administração apoiou-se
de início numa rede de feudos militares, não hereditários. mas aos poucos deixou-se envolver pelos
grandes proprietários fundiários. de que passou a depender e cuja riqueza passava de pai para filho,
o que eternizava o sistema. Só no século XVIII o país começou a sair da imobilidade. Houve um
surto de atividade econômica, embora fraco, e alguns principados conheceram certo florescimento.
O mais notável foi o de Janina, nas montanhas do sul, onde Ali, paxá de Tebelen, que se fizera
senhor do Epiro, construiu estradas e promoveu a indústria. O sultão marchou contra ele em 1813.
O cerco de Janina durou dois anos (1820-1822) e poderia ter durado mais, se Ali não fosse
assassinado à traição durante uma conferência com Kurshid paxá, comandante das forças da Porta.
[22]
Em 1830 houve o massacre de Monastir; em 1831, a tomada de Shkodér, que fora sede, até 1796,
do paxá Karamahmut; em 1839, as reformas chamadas de Tanzimat, que instalaram um novo
modelo de administração; em 1847, a revolta geral dos albaneses contra os turcos.[22]

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