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MODELAGEM FINANCEIRA PARA AUXÍLIO DE TOMADA DE

DECISÕES, EMBASADAS EM DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS


PARA UMA EMPRESA DO SETOR TÊXTIL

Renan Bee, eng.renanbee@gmail.com


Rodrigo Pangracio, rpangracio1@gmail.com
Victor Sangi, victorsangi.up@gmail.com
Orientador: Marcus Vinicius Manfrin de Oliveira Filho, marcus.filho@up.edu.br

Resumo: A assertividade na tomada de decisões estratégicas na indústria têxtil requer precisão.


Partindo dessa premissa, é necessário que diversas ferramentas sejam utilizadas para tal finalidade.
Uma das principais ferramentas auxiliadoras na tomada de decisões é a modelagem financeira. Neste
contexto, um modelo financeiro foi desenvolvido através de um estudo de caso juntamente com uma
indústria do ramo têxtil, prestadora de serviços de bordado, localizada em Curitiba-PR. Esta aplicação
apresentou resultados como, ROIC, BreakEven, e, principalmente, DRE, Fluxos de caixa e Balanço
patrimonial. Esses resultados serão apresentados por um determinado período, previamente
determinado pelo operador, e são de suma importância para apresentar a vitalidade financeira e
econômica da empresa.

Palavras-chave: Modelagem Financeira, DRE, Fluxo de Caixa, Balanço Patrimonial, Auxílio na


Tomada de Decisão

1 INTRODUÇÃO
A partir da criação de uma empresa, todo foco e pensamento atrelados à companhia têm viés de
crescimento e expansionismo. Ao passar dos anos, diversas ferramentas foram desenvolvidas para
auxiliar na tomada de decisões estratégicas, para que as empresas pudessem totalizar seu crescimento e
expansão. Nos dias de hoje, o aumento na busca por market share é evidente, sendo disputado por
empresas dos mais variados ramos. Surge então a necessidade por ferramentas que auxiliem na tomada
de decisão estratégica com maior assertividade e confiança. Segundo dados da Inteligência do mercado
(IEMI), existiam, em 2012, 24,6 mil unidades produtivas formais da indústria têxtil em todo o país
(IEMI 2021).

Para obtenção de dados relevantes à modelagem financeira, ferramentas de cálculos e


monitoramentos financeiros são utilizadas para a gestão de organizações, segundo (Sawyer, 2014)
auxiliar nas decisões estratégicas, a modelagem financeira torna-se o componente chave para extração,
administração e melhor entendimento de toda sua operação se baseando em indicadores como: DRE e
Balanço Patrimonial. Estas ferramentas são importantes indicadores, resultados de cálculos realizados
através da modelagem financeira e utilizados como auxílio na tomada de decisão (Sawyer, 2014).
O presente trabalho executou o desenvolvimento da modelagem financeira através de um estudo
de caso, utilizando informações já existentes, dentro de uma empresa prestadora de serviços de bordados
no ramo têxtil. As informações geradas são de grande valia para a tomada de decisão estratégica sobre
os investimentos futuros da empresa.

1.1 Definição e importância do problema

Dada a necessidade de se obter um controle financeiro da empresa, é preciso realizar estudos e


verificações de diversos parâmetros financeiros, que influenciam no desenvolvimento e sustentabilidade
da empresa.
Após pesquisas em fóruns acadêmicos (Google Acadêmico e ScienceDirect) por estudos prévios
relacionados a modelagem financeira ou ferramentas que auxiliassem a tomada de decisão, com as
seguintes palavras chaves: Financial Modeling, modeling for textiles, Modelagem Financeira e
Indústria têxtil, houve apenas identificação de estudos para a aplicação de ferramenta de modelagem
financeira em outras áreas, mas poucos deles tem uma aplicação voltada a tomada de decisão por meio
de demonstrativos financeiros. Desta forma, conclui-se que há espaço para o presente estudo, que visa
aplicar modelagem financeira de forma inédita na área da indústria de bordados.
A documentação dos resultados é de suma importância, visto que a indústria têxtil movimentou
cerca de R$194 bilhões em 2021 segundo a ABIT (Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de
Confecção), e seus resultados trarão aprendizados ao ramo.
Figura 1: Diagrama de Ishikawa, causa e efeito

Fonte: Os autores (2022)


Durante a realização de uma prévia reunião com a empresa, diversos questionamentos
foram realizados e percebeu-se nitidamente que a empresa possuía falhas na gestão financeira.
Como apresentado na Figura 1, as principais falhas foram identificadas nos setores de medida e
método, seguidas por pessoas e máquinas. O problema identificado foi "GESTÃO
FINANCEIRA DEFICIENTE, SEM PARÂMETROS E INDICADORES", portanto,
apresentou-se necessário desenvolver uma ferramenta que possa auxiliar a empresa na tomada
de decisões, mas principalmente, na visualização de seus recursos.

1.2 Objetivos do trabalho

O objetivo do presente trabalho é desenvolver uma ferramenta de auxílio à tomada de decisão,


baseada em modelagem financeira e indicadores estatísticos de demanda, desenvolvida em software de
planilha eletrônica
Para alcançar o objetivo geral deste trabalho, descrito anteriormente, alguns objetivos
específicos foram traçados, conforme descrito abaixo.

1. Auxiliar, por meios de fácil visualização e interpretação, as mudanças que ocorrem em


uma empresa ao manipular custos, lucro e previsões de demanda;
2. Possibilitar a integração de documentos financeiros e indicadores de produção, para
obtenção de uma visão geral da empresa;
3. Permitir que dados financeiros sejam modelados de acordo com o objetivo individual,
diminuir custos, aumentar margens, estipular ganhos futuros ou até mesmo encontrar
falhas.

1.3 Estrutura do trabalho

O presente trabalho é apresentado em mais 4 seções, sendo elas: (2) Revisão Bibliográfica, (3)
Metodologia, (4) Resultados e Discussões e (5) Conclusões.
Figura 2: fluxograma indicativo das etapas do trabalho

Fonte: Os autores (2022)

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta seção, são apresentados alguns conceitos e fundamentos necessários para o bom
entendimento deste trabalho, bem como, foram discutidos pesquisas e resultados relevantes nestas áreas.

2.1 Modelagem Financeira

É a principal ferramenta auxiliar na tomada de decisão, visto que a necessidade de decisões


estratégicas objetivas deve ser cada vez mais assertiva e de fácil adaptabilidade às mudanças recorrentes
do mercado.(Fairhurst, 2017). Segundo (Jablonsky, 2014), a criação de modelos matemáticos através de
planilhas (MS Excel, por exemplo) se comprovaram de grande eficiência, não somente atreladas a
cálculos matemáticos, mas também possibilitando a solução de problemas do mundo real no cotidiano
empresarial e com melhor entendimento.

Para conceituar a Modelagem Financeira, torna-se necessário conceituar também os conceitos


referentes ao Demonstração do Resultado de Exercício (DRE), Fluxo de Caixa e Balanço Patrimonial,
pois estes serão os resultados apresentados pelo desenvolvimento da Modelagem Financeira.

2.2 Demonstração do Resultado de Exercício (DRE)


São documentos e relatórios de apresentação das receitas e entradas, subtraindo-se todos os
custos, despesas e gastos da instituição, que devem ser caracterizados e justificados.
“Descreve a NBC T 16.6 (CFC, 2008) que a Demonstração do Resultado Econômico (DRE)
evidencia o resultado econômico, em cada nível de prestação de serviços, bem como o fornecimento de
bens ou produtos pela entidade pública, obtido do confronto entre a receita econômica e os itens de
custos e despesas dos serviços, dos bens ou dos produtos, oriundos dos sistemas orçamentário, financeiro
e patrimonial em cada período’’

Figura 3: Exemplificação Demonstração de Resultados da empresa Weg S.A.

Fonte: Weg S.A.(2022)

2.3 Fluxo de caixa


Pode ser descrito como toda receita de entrada na empresa, proveniente de produtos ou
serviços.São considerados pagamentos já efetuados, ou ainda aqueles que serão realizados dentro de
algum prazo futuro. Recebimentos e pagamentos que se esperam ser recebidos em um determinado
período pela companhia são as duas principais variáveis no cálculo de Fluxo de Caixa de uma empresa
(ASSAF NETO, 2012).
Figura 4:Exemplificação de Demonstração do Fluxo de Caixa Weg S.A.
Fonte: Weg S.A. (2022)

2.4 Balanço patrimonial


Pode ser considerado como o principal documento de avaliação financeira de uma empresa.
Usualmente são apresentados em duas colunas, sendo os bens ativos e passivos e seus respectivos
valores atrelados à empresa. Este documento permite a avaliação de saúde financeira de qualquer
instituição dentro de um determinado prazo desejado. O Balanço Patrimonial é o mais importante
relatório gerado pela contabilidade (MARION, 2009). Através dele pode se identificar a saúde financeira
e econômica da empresa no fim do ano ou em qualquer data prefixada. O Balanço Patrimonial é dividido
em duas colunas: a do lado esquerdo é denominado ativo, a do lado direito, passivo.
Figura 5:Exemplificação do Balanço Patrimonial Weg S.A.

Fonte: Weg S.A.(2022)

2.5 ROIC
Indicador que avalia a eficiência e rentabilidade da operação de uma empresa pode ser
determinada, calculado pela equação (1) a seguir:

(1) 𝑅𝑂𝐼𝐶 = 𝑁𝑂𝑃𝐿𝐴𝑇/𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜


Onde:
NOPLAT: sigla que vem do inglês Net Operating Profit Less Adjusted Taxes. Ou seja, ele
representa o lucro operacional (ou EBIT) menos os impostos.
Capital investido: capital total alocado pela empresa, ou seja, a soma do capital dos acionistas
com o capital de terceiros
2.6 Break Even
Conhecido também como ponto de equilíbrio, é um indicador de segurança financeira de
empresas de extrema relevância. Através dele é possível visualizar o quanto será necessário vender para
que as arrecadações, ou as receitas, sejam equivalentes aos custos totais da organização (SANTOS,2021)
Figura 6: Gráfico ilustrativo do ponto de Break-Even.

Fonte:Equipe Mais Retorno.

2.7 Margem de Lucro


É um indicador essencial para qualquer negócio, tendo em visto que ele revelará se o seu produto
está sendo vendido por um preço coerente aos seus custos, de maneira que haja justificativa para a
atuação da empresa no segmento.
Segundo (Brigham, E. F., Houston, 2011), a margem de lucro é a porcentagem da diferença
entre o lucro e custo de produção, tendo em conta quanto maior o resultado desta margem, tende a ser
maior o aproveitamento contábil da operação.
Em seguida a margem de lucro pode ser calculada da seguinte maneira (2):

(2)𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 = (𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎 − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜)/100


2.8 Previsão de demanda
É uma estimativa de mercado, que busca antecipar o que acontecerá no futuro e podendo
impactar diretamente na área produtiva de uma empresa, seja ela fabricante ou varejista.
Com uma previsão de demanda adequada é possível garantir que os estoques de segurança e
cíclico sejam o suficiente para o período de demanda até a próxima reposição. (BALLOU, R. H.).

Figura 3: Gráfico representativo de composições da previsão de demanda

Fonte: Prof. Fábio J. Ricardo

2.9 Takt Time


Segundo (CEMIN, P..; DOS REIS , Z. C. 2012), trata-se de um parâmetro utilizado por
empresas para medir a regularidade e padronização dentro de uma operação aferindo principalmente os
tempos médios de fabricação e movimentação do produto dentro do layout da fábrica.

3 METODOLOGIA

Para alcançar o objetivo proposto no presente trabalho, foi desenvolvida uma planilha de cálculo
utilizando uma ferramenta virtual, na qual foram incluídos parâmetros de entrada, cálculos automáticos
e informações de saída. O modelo consiste, basicamente, na inserção de dados de entrada,
equacionamento automático e dados de saída exibidos na tela. As seções a seguir descrevem com mais
detalhamento em cada uma das etapas do modelo.
3.1 Parâmetros de entrada
● DADOS REAIS DA EMPRESA
Os dados originais da empresa devem ser coletados através de um relatório e, após, deverão ser
imputados na ferramenta. Esses dados são reais e tem referência às quantidades produzidas diariamente.
● CUSTOS (MP E M.O)
Custos são as despesas diretamente ligadas ao produto, e usualmente são separadas em duas categorias:
matéria prima e mão de obra. Os custos com matéria prima são, geralmente, variáveis, e estão conectados
com o valor de compra da mercadoria (e frete) utilizada no processo produtivo. Os custos com mão de
obra são definidos através do cálculo de horas disponíveis, obtendo o valor/hora de M. O. Esse valor
deve servir como parâmetro, após a medição do tempo gasto, e convertido proporcionalmente.
● PREÇO DE VENDA
É o preço de venda final dos produtos incluídos no catálogo da empresa. Com o preço de venda é
possível obter-se diversos dados como "Venda lucrativa" e margem de lucro da operação
● DESPESAS DIVERSAS
São os custos indiretos ao produto, mas que necessitam de atenção e rateio entre a gama de produtos da
empresa. Podemos citar exemplos como aluguel, condomínio, etc.
● DIAS E HORÁRIOS DISPONÍVEIS PARA PRODUÇÃO
Os dias e horários de operação da empresa, para realizar os cálculos produtivos e obtenção dos
parâmetros seguintes, bem como rateio de custos de M.O.

3.2 Parâmetros de saída


● DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS EM EXERCÍCIO
Aqui é informado se a empresa teve lucro ou prejuízo no período. Conforme descrito em 2.2
● PREVISÃO DE DEMANDA
A previsão de demanda pode ser obtida através de variados cálculos e softwares. Para
a aplicação neste trabalho, foi utilizado a MMESUV (Média Móvel Exponencial
Suavizada), primeiramente é calculada a média aritmética de acordo com o período
escolhido. (LIMA, Luis 2018). Para o cálculo da MME Suavizada, foi necessário
realizar o cálculo da Média Móvel Simples. A equação (3) a seguir demonstrará um
exemplo de aplicação:

(3) (MMS) Média Móvel Simples = (V1 + V2 + … + Vn) / N


Na qual:
Vi = Quantidade de produtos demandada por período
N = Representa a quantidade de períodos estudados

Após o cálculo (3) é feito uma interpolação entre o valor prévio suavizado e a
observação atual, junto a ela a constante de suavização, segundo (NOVAES, 2007) a
Constante de Suavização Exponencial (a) controla o peso na medida em que, quanto
mais velho ou ultrapassado o dado, menor será sua relevância e percentual aplicado.

(4) MME Suav=MMSa*𝞪+(1-𝞪) *MMS


Na qual:
𝞪 = Constante de Suavização
MMS = Média móvel Simples
MMSa = Média Móvel Simples do mês anterior

● BALANÇO PATRIMONIAL
Aqui é informado a situação contábil da empresa, informando seus ativos e passivos (bens,
dívidas e lucros) no período. Conforme descrito em 2.3.
● FLUXO DE CAIXA
Aqui é informado todo montante de entrada ou saída do caixa da empresa, podendo ter
visualização do capital de giro da empresa durante o período. Conforme descrito em 2.4.

3.3 Indicadores
● ROIC
É desenvolvido através do cálculo para determinar a rentabilidade do período, evidenciado na
equação (1).
● Break Even
Valor necessário de lucro para tornar a operação rentável, tendo o retorno total do investimento
inicial (Vi - LL)
● MARGEM DE LUCRO
Um dos principais indicadores e mais necessários para assegurar lucro ao fim de toda a cadeia
produtiva, seu cálculo levará em conta o preço de venda determinado pelo usuário e o valor em que está
sendo praticada a sua venda.
● TAKT TIME
Para obter o Takt time de um processo produtivo, basta dividir o tempo diário de
produção disponível pelo número de produtos a serem produzidos por dia. Segundo Almeida,
quando a soma de todos os tempos das tarefas individuais é dividida pelo takt time, tem-se o número de
postos de trabalho necessários para cumprir a demanda de mercado. (ALMEIDA 2015)
● CAPACIDADE PRODUTIVA
Um dos principais parâmetros para produção é a capacidade produtiva que, segundo Antunes et
al. (2008), pode ser medida através da divisão entre o tempo total disponível pelo índice de rendimento
global. Nesta etapa do modelo é definida a capacidade real produtiva do período. Segundo Slack et al
(2006), capacidade de produção é a máxima produtividade que um serviço pode alcançar em um período
de tempo definido, em condições normais de operação.
De acordo com Peinado e Graeml (2007) o conceito de capacidade deve ser mais específico e
de maior grau de utilidade para seu planejamento. Por tanto os autores exemplificam os tipos de
capacidade:
Capacidade Instalada - consiste na capacidade de operação máxima, de forma ininterrupta de
um setor produtivo, sem considerar nenhuma perda. Considerada uma medida hipotética para ser
utilizada em definições de estratégias.
Capacidade Disponível – também chamada de capacidade de projeto, é a capacidade máxima
que o setor atua, em condições normais de tempo de serviço, porém, sem considerar as perdas.
Capacidade Efetiva – representa o mesmo que a capacidade disponível, mas considerando as
perdas planejadas (reuniões de segurança e prevenção de acidentes, manutenções preventivas periódicas,
trocas de turno...)
Capacidade Realizada – é a capacidade real, obtida subtraindo da capacidade efetiva as perdas
não planejadas (problemas de qualidade, falta de funcionários, falta de energia elétrica, falta de matéria-
prima...).
O índice de eficiência, exibido na Figura 7, representa a competência da unidade produtora em
realizar o trabalho que foi programado. Dessa maneira, através do índice de eficiência é possível notar
o impacto das perdas não planejadas.
Figura 7: Fórmula do índice de eficiência

Fonte: Adaptado de Peinado e Graeml (2007)

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O desenvolvimento da planilha utilizou dados de demanda aproximados da realidade, pois a
empresa não possuía sistema ou documento com o registro das informações diárias de produção. Tal
complicação conduziu ao desenvolvimento de um documento nomeado "Relatório Diário de Produção",
inserido abaixo conforme imagem. Este documento deve ser preenchido à mão durante o expediente
pelo operador, e ao final desse período as informações deverão ser incluídas em uma planilha mestra
para futura utilização na previsão de demanda e demais aplicações.

Figura 8: Relatório Diário de Produção

Fonte: Os autores (2022)


4.1 INPUT
Na primeira aba da planilha é necessário realizar o input de dados como demanda mensal de
cada produto, seus custos e preços de venda, despesas mensais fixas e variáveis e contas a pagar. Os
dados incluídos nesta aba são utilizados para calcular a previsão de demanda, despesas, precificação,
fluxo de caixa e demais cálculos necessários.
Como citado anteriormente, as informações incluídas na coluna “demanda” são aproximadas da
real, pois a empresa não possuía os dados efetivos para o período estudado. Também foram incluídos
tempos médios de Setup por mês. A coluna “custo de operação” foi calculada através do custo,
estipulado na tabela auxiliar (ao lado direito), multiplicado pela demanda (quantidade). A coluna
“receitas” foi calculada através da multiplicação entre demanda e preço de venda, preenchido na tabela
auxiliar (ao lado direito). Apresentado na figura 9.
As células indicadas para preenchimento estão em branco, para apresentar um display intuitivo
e de fácil utilização.
Figura 9: Entrada de dados

Fonte: Os autores (2022)

4.2 PREVISÃO DE DEMANDA

Na segunda aba (aba travada), os dados inseridos para a demanda foram utilizados para calcular as
previsões de demanda baseadas em dois modelos: Média Móvel Simples e Média Móvel Exponencial
Suavizada, com os respectivos custos de operação e receita para a determinada previsão. Este parâmetro
aponta, para a empresa, o valor mínimo necessário em caixa para realizar as operações futuras e qual o
lucro das operações para o período futuro.
Nesta aba os cálculos já estão sendo realizados automaticamente e nenhuma célula deverá ser alterada.
A coluna “Média Anterior” apresenta a média entre os valores já existentes para aquele período, e a
coluna “Demanda Prevista” apresenta a previsão do modelo matemático explicado anteriormente. As
duas colunas a seguir apresentam cálculos de custos e receitas previstas com base na previsão de
demanda e seus respectivos preços de venda.
Figura 10: Aba Cálculo de Previsão

Fonte: Os autores (2022)

4.3 FLUXO DE CAIXA

A terceira aba (também travada) realiza todos os cálculos de fluxo de caixa, apresentando as
saídas, entradas e lucro bruto mensal da empresa. Também possui um campo para apresentar a previsão
de fluxo de caixa com base nas previsões de demanda realizadas anteriormente. Nesta aba são
apresentadas as principais informações financeiras da empresa, para identificação macro da saúde
financeira da organização e, caso haja, identificação mais assertiva de furos e gastos excessivos.
Figura 11: Fluxo de Caixa 2021

Fonte: Os autores (2022)

Esta planilha calcula os gastos informados na primeira aba (fixos e variáveis) e informa com
precisão as informações de entradas, despesas e demanda, para apresentar com maior confiabilidade os
dados observados.
Figura 12: Fluxo de Caixa Gráfico

Fonte: Os autores (2022)

Pode-se observar que a empresa possui momentos diversificados em seu ano, apresentando uma
leve sazonalidade "trimestral" que pode ser notada entre janeiro e março com lucro, porém entre abril e
junho apresentando prejuízo.
Identificou-se que no mês de Maio houveram maiores despesas, que se apresentaram maiores
que a média das despesas do ano todo. Também se percebeu que o fluxo de entrada permaneceu na
média.
4.4 DRE
Para a quarta aba (também travada) é realizado o cálculo do Demonstrativo de Resultados de
Exercício no período de out/2021 a out/2022 e os parâmetros apresentados são o lucro bruto, operacional
e líquido no período estudado. Estes parâmetros podem ser utilizados para auxiliar na tomada de decisão
e estratégias da empresa, para que as ações sejam melhor direcionadas conforme objetivo da empresa.
Figura 13: DRE

Fonte: Os autores (2022)


O cálculo se inicia com a receita bruta (todas as entradas) para o período. Em seguida, calculou-
se o imposto sobre prestação de serviço (6,5%), apresentando a receita líquida de vendas. Subtraindo-se
os custos de produtos e mercadorias, obtivemos o Lucro Bruto.

O Lucro bruto ainda deve ser subtraído das despesas administrativas e gerais, depreciações,
manutenções, despesas operacionais, etc. obtendo o lucro operacional. Subtraindo as participações de
colaboradores, podemos observar o lucro líquido do período.

4.5 BALANÇO PATRIMONIAL

Na quinta aba (liberada) podemos localizar os parâmetros de balanço patrimonial, onde é


efetuado o cálculo em células travadas do indicador. Esse cálculo é realizado através da diferença entre
os bens ativos e os passivos da empresa, e indica a situação da empresa no período estudado. Usualmente
é calculado a cada 12 meses e pode ser comparado com os parâmetros dos anos anteriores para
determinar a taxa de crescimento ou déficit da empresa, construção de gráficos para melhor visualização
e auxiliar na tomada de decisão com um melhor planejamento e organização de investimentos.

Figura 14: Balanço Patrimonial

Fonte: Os autores (2022)

Para o período apresentado, a empresa não apresentou nenhum passivo ou déficit, portanto, o patrimônio
líquido da empresa se igualou ao valor dos ativos.

4.6 MARGEM DE LUCRO

A sexta aba apresenta os indicadores chave, sobretudo, a margem de lucro da empresa em cada
produto, que pode ser utilizada para calcular alterações necessárias com base na margem e precificação
pré-estabelecidos pela empresa, com base em suas informações de mercado e praça.
Figura 15:Margem de Lucro

Fonte: Os autores (2022).

Para os valores e produtos citados no exemplo, pode se identificar uma margem pequena no produto “P”
e uma margem grande no produto “G”, entretanto, o volume de vendas para as peças “P” é bem maior
em comparação às peças “G”.

4.7 OUTPUTS
A última aba da planilha é dedicada à apresentação dos resultados de maior importância
(previsão de demanda) e Cálculos de capacidade produtiva da empresa (instalada, disponível e efetiva).
Para as informações de previsão de demanda, todas as colunas de cálculo estão à mostra para
esclarecer as contas ao operador, como valores de MMS, LM e constante de suavização. Os dados já
coletados aparecem na parte superior da planilha, e os valores da previsão se encontram abaixo.

Também pode ser encontrada a planilha de cálculo de capacidade produtiva da empresa. Este
cálculo é aberto, e pode ser alterado de acordo com as informações e configurações da empresa no
determinado período. Encontra-se também o cálculo de lote mínimo para cada produto, considerando o
número e o tempo de ciclo em cada operação e o índice de eficiência da empresa.

Figura 16: Cálculos de MMESUV

Fonte: Os autores (2022).


Figura 17: Cálculos de MMESUV 2

Fonte: Os autores (2022).

4.8 INDICADORES CHAVE

Os indicadores chave apresentados nesta aba são ROIC, BREAK-EVEN, Taktime e Margem
de Lucro, foram expostos da seguinte maneira:

Figura 18: KPI’s

Fonte: Os autores (2022).


A porcentagem do retorno sob investimento calculado nessa seção durante o período do DRE foi de
aproximadamente 26% e o BREAK-EVEN apresenta cerca de 13 anos para retorno completo do valor
total de investimento, com as seguintes margens de lucro: produto P com 3,84%; M com 5,64%; G com
13,44%.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista que o objetivo deste estudo foi aplicar e disponibilizar uma ferramenta que
auxilie a tomada de decisão da maneira mais fundamentada e analítica possível, o resultado obtido foi
muito positivo e esclarecedor.
Como foi discutido previamente, através da interpretação do gráfico de Fluxo de Caixa é
possível notar meses com por exemplo abril - junho foram meses de prejuízo contábil para a empresa,
caso os resultados fossem apenas interpretados pelo DRE este dado passaria despercebido pelo usuário.
Por isso a necessidade da integração destes 3 Demonstrativos financeiros como foi encorajado e
recomendado por este estudo.
Através da leitura dos parâmetros calculados, concluiu-se que a empresa está com boa saúde
financeira, apresentando bons resultados nos períodos estudados. Embora em alguns meses houveram
prejuízos, equilibram-se com os meses em que houve lucro.
A coleta e alimentação de dados na planilha de demanda irá iniciar no ano de 2023, e poderá
ser utilizada para comparar com as previsões realizadas neste estudo. Também servirá para ajuste e
calibração dos modelos de previsão citados neste estudo.
A porcentagem de melhoria na implementação não poderá ser quantificada, pois ainda não
existem dados para comparação.
Concluiu-se, portanto, que a efetividade da ferramenta desenvolvida foi positiva e deverá ser
implementada com urgência no manual de operação padrão da empresa, para máximo aproveitamento.
A ferramenta auxiliará na tomada de decisão em escopo geral, pois apresenta a situação verdadeira dos
recursos e finanças da empresa
Considerando os indicadores chave, propõe-se que haja um estudo aprofundado na precificação
de seus serviços, visto que há possibilidade de aumento na margem de lucro e retornos esperados.
É indicado também um estudo aprofundado sobre os custos e despesas, para otimização no
fluxo de caixa da empresa. Outra indicação é o estudo aprofundado de tempos e métodos, para que os
tempos em setup e paradas não programadas possam ser reduzidas em grandes proporções.
Com base nos dados atuais, indica-se a aplicação de um ciclo PDCA para a realização dos
estudos e aplicação de melhorias propostas.
Por fim uma possível analise a se considerar seria a compra de mais um maquinário para a
empresa, analisando seu impacto em toda a cadeia a previsão do fluxo de caixa futuro nos traria
tranquilidade e previsibilidade em relação ao aumento produtivo.
REFERÊNCIAS
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Prof. Fábio J. Ricardo., PCP – Planejamento, Programação e Controle da Produção Apresentação


7.

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