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1 INTRODUÇÃO
A partir da criação de uma empresa, todo foco e pensamento atrelados à companhia têm viés de
crescimento e expansionismo. Ao passar dos anos, diversas ferramentas foram desenvolvidas para
auxiliar na tomada de decisões estratégicas, para que as empresas pudessem totalizar seu crescimento e
expansão. Nos dias de hoje, o aumento na busca por market share é evidente, sendo disputado por
empresas dos mais variados ramos. Surge então a necessidade por ferramentas que auxiliem na tomada
de decisão estratégica com maior assertividade e confiança. Segundo dados da Inteligência do mercado
(IEMI), existiam, em 2012, 24,6 mil unidades produtivas formais da indústria têxtil em todo o país
(IEMI 2021).
O presente trabalho é apresentado em mais 4 seções, sendo elas: (2) Revisão Bibliográfica, (3)
Metodologia, (4) Resultados e Discussões e (5) Conclusões.
Figura 2: fluxograma indicativo das etapas do trabalho
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nesta seção, são apresentados alguns conceitos e fundamentos necessários para o bom
entendimento deste trabalho, bem como, foram discutidos pesquisas e resultados relevantes nestas áreas.
2.5 ROIC
Indicador que avalia a eficiência e rentabilidade da operação de uma empresa pode ser
determinada, calculado pela equação (1) a seguir:
3 METODOLOGIA
Para alcançar o objetivo proposto no presente trabalho, foi desenvolvida uma planilha de cálculo
utilizando uma ferramenta virtual, na qual foram incluídos parâmetros de entrada, cálculos automáticos
e informações de saída. O modelo consiste, basicamente, na inserção de dados de entrada,
equacionamento automático e dados de saída exibidos na tela. As seções a seguir descrevem com mais
detalhamento em cada uma das etapas do modelo.
3.1 Parâmetros de entrada
● DADOS REAIS DA EMPRESA
Os dados originais da empresa devem ser coletados através de um relatório e, após, deverão ser
imputados na ferramenta. Esses dados são reais e tem referência às quantidades produzidas diariamente.
● CUSTOS (MP E M.O)
Custos são as despesas diretamente ligadas ao produto, e usualmente são separadas em duas categorias:
matéria prima e mão de obra. Os custos com matéria prima são, geralmente, variáveis, e estão conectados
com o valor de compra da mercadoria (e frete) utilizada no processo produtivo. Os custos com mão de
obra são definidos através do cálculo de horas disponíveis, obtendo o valor/hora de M. O. Esse valor
deve servir como parâmetro, após a medição do tempo gasto, e convertido proporcionalmente.
● PREÇO DE VENDA
É o preço de venda final dos produtos incluídos no catálogo da empresa. Com o preço de venda é
possível obter-se diversos dados como "Venda lucrativa" e margem de lucro da operação
● DESPESAS DIVERSAS
São os custos indiretos ao produto, mas que necessitam de atenção e rateio entre a gama de produtos da
empresa. Podemos citar exemplos como aluguel, condomínio, etc.
● DIAS E HORÁRIOS DISPONÍVEIS PARA PRODUÇÃO
Os dias e horários de operação da empresa, para realizar os cálculos produtivos e obtenção dos
parâmetros seguintes, bem como rateio de custos de M.O.
Após o cálculo (3) é feito uma interpolação entre o valor prévio suavizado e a
observação atual, junto a ela a constante de suavização, segundo (NOVAES, 2007) a
Constante de Suavização Exponencial (a) controla o peso na medida em que, quanto
mais velho ou ultrapassado o dado, menor será sua relevância e percentual aplicado.
● BALANÇO PATRIMONIAL
Aqui é informado a situação contábil da empresa, informando seus ativos e passivos (bens,
dívidas e lucros) no período. Conforme descrito em 2.3.
● FLUXO DE CAIXA
Aqui é informado todo montante de entrada ou saída do caixa da empresa, podendo ter
visualização do capital de giro da empresa durante o período. Conforme descrito em 2.4.
3.3 Indicadores
● ROIC
É desenvolvido através do cálculo para determinar a rentabilidade do período, evidenciado na
equação (1).
● Break Even
Valor necessário de lucro para tornar a operação rentável, tendo o retorno total do investimento
inicial (Vi - LL)
● MARGEM DE LUCRO
Um dos principais indicadores e mais necessários para assegurar lucro ao fim de toda a cadeia
produtiva, seu cálculo levará em conta o preço de venda determinado pelo usuário e o valor em que está
sendo praticada a sua venda.
● TAKT TIME
Para obter o Takt time de um processo produtivo, basta dividir o tempo diário de
produção disponível pelo número de produtos a serem produzidos por dia. Segundo Almeida,
quando a soma de todos os tempos das tarefas individuais é dividida pelo takt time, tem-se o número de
postos de trabalho necessários para cumprir a demanda de mercado. (ALMEIDA 2015)
● CAPACIDADE PRODUTIVA
Um dos principais parâmetros para produção é a capacidade produtiva que, segundo Antunes et
al. (2008), pode ser medida através da divisão entre o tempo total disponível pelo índice de rendimento
global. Nesta etapa do modelo é definida a capacidade real produtiva do período. Segundo Slack et al
(2006), capacidade de produção é a máxima produtividade que um serviço pode alcançar em um período
de tempo definido, em condições normais de operação.
De acordo com Peinado e Graeml (2007) o conceito de capacidade deve ser mais específico e
de maior grau de utilidade para seu planejamento. Por tanto os autores exemplificam os tipos de
capacidade:
Capacidade Instalada - consiste na capacidade de operação máxima, de forma ininterrupta de
um setor produtivo, sem considerar nenhuma perda. Considerada uma medida hipotética para ser
utilizada em definições de estratégias.
Capacidade Disponível – também chamada de capacidade de projeto, é a capacidade máxima
que o setor atua, em condições normais de tempo de serviço, porém, sem considerar as perdas.
Capacidade Efetiva – representa o mesmo que a capacidade disponível, mas considerando as
perdas planejadas (reuniões de segurança e prevenção de acidentes, manutenções preventivas periódicas,
trocas de turno...)
Capacidade Realizada – é a capacidade real, obtida subtraindo da capacidade efetiva as perdas
não planejadas (problemas de qualidade, falta de funcionários, falta de energia elétrica, falta de matéria-
prima...).
O índice de eficiência, exibido na Figura 7, representa a competência da unidade produtora em
realizar o trabalho que foi programado. Dessa maneira, através do índice de eficiência é possível notar
o impacto das perdas não planejadas.
Figura 7: Fórmula do índice de eficiência
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O desenvolvimento da planilha utilizou dados de demanda aproximados da realidade, pois a
empresa não possuía sistema ou documento com o registro das informações diárias de produção. Tal
complicação conduziu ao desenvolvimento de um documento nomeado "Relatório Diário de Produção",
inserido abaixo conforme imagem. Este documento deve ser preenchido à mão durante o expediente
pelo operador, e ao final desse período as informações deverão ser incluídas em uma planilha mestra
para futura utilização na previsão de demanda e demais aplicações.
Na segunda aba (aba travada), os dados inseridos para a demanda foram utilizados para calcular as
previsões de demanda baseadas em dois modelos: Média Móvel Simples e Média Móvel Exponencial
Suavizada, com os respectivos custos de operação e receita para a determinada previsão. Este parâmetro
aponta, para a empresa, o valor mínimo necessário em caixa para realizar as operações futuras e qual o
lucro das operações para o período futuro.
Nesta aba os cálculos já estão sendo realizados automaticamente e nenhuma célula deverá ser alterada.
A coluna “Média Anterior” apresenta a média entre os valores já existentes para aquele período, e a
coluna “Demanda Prevista” apresenta a previsão do modelo matemático explicado anteriormente. As
duas colunas a seguir apresentam cálculos de custos e receitas previstas com base na previsão de
demanda e seus respectivos preços de venda.
Figura 10: Aba Cálculo de Previsão
A terceira aba (também travada) realiza todos os cálculos de fluxo de caixa, apresentando as
saídas, entradas e lucro bruto mensal da empresa. Também possui um campo para apresentar a previsão
de fluxo de caixa com base nas previsões de demanda realizadas anteriormente. Nesta aba são
apresentadas as principais informações financeiras da empresa, para identificação macro da saúde
financeira da organização e, caso haja, identificação mais assertiva de furos e gastos excessivos.
Figura 11: Fluxo de Caixa 2021
Esta planilha calcula os gastos informados na primeira aba (fixos e variáveis) e informa com
precisão as informações de entradas, despesas e demanda, para apresentar com maior confiabilidade os
dados observados.
Figura 12: Fluxo de Caixa Gráfico
Pode-se observar que a empresa possui momentos diversificados em seu ano, apresentando uma
leve sazonalidade "trimestral" que pode ser notada entre janeiro e março com lucro, porém entre abril e
junho apresentando prejuízo.
Identificou-se que no mês de Maio houveram maiores despesas, que se apresentaram maiores
que a média das despesas do ano todo. Também se percebeu que o fluxo de entrada permaneceu na
média.
4.4 DRE
Para a quarta aba (também travada) é realizado o cálculo do Demonstrativo de Resultados de
Exercício no período de out/2021 a out/2022 e os parâmetros apresentados são o lucro bruto, operacional
e líquido no período estudado. Estes parâmetros podem ser utilizados para auxiliar na tomada de decisão
e estratégias da empresa, para que as ações sejam melhor direcionadas conforme objetivo da empresa.
Figura 13: DRE
O Lucro bruto ainda deve ser subtraído das despesas administrativas e gerais, depreciações,
manutenções, despesas operacionais, etc. obtendo o lucro operacional. Subtraindo as participações de
colaboradores, podemos observar o lucro líquido do período.
Para o período apresentado, a empresa não apresentou nenhum passivo ou déficit, portanto, o patrimônio
líquido da empresa se igualou ao valor dos ativos.
A sexta aba apresenta os indicadores chave, sobretudo, a margem de lucro da empresa em cada
produto, que pode ser utilizada para calcular alterações necessárias com base na margem e precificação
pré-estabelecidos pela empresa, com base em suas informações de mercado e praça.
Figura 15:Margem de Lucro
Para os valores e produtos citados no exemplo, pode se identificar uma margem pequena no produto “P”
e uma margem grande no produto “G”, entretanto, o volume de vendas para as peças “P” é bem maior
em comparação às peças “G”.
4.7 OUTPUTS
A última aba da planilha é dedicada à apresentação dos resultados de maior importância
(previsão de demanda) e Cálculos de capacidade produtiva da empresa (instalada, disponível e efetiva).
Para as informações de previsão de demanda, todas as colunas de cálculo estão à mostra para
esclarecer as contas ao operador, como valores de MMS, LM e constante de suavização. Os dados já
coletados aparecem na parte superior da planilha, e os valores da previsão se encontram abaixo.
Também pode ser encontrada a planilha de cálculo de capacidade produtiva da empresa. Este
cálculo é aberto, e pode ser alterado de acordo com as informações e configurações da empresa no
determinado período. Encontra-se também o cálculo de lote mínimo para cada produto, considerando o
número e o tempo de ciclo em cada operação e o índice de eficiência da empresa.
Os indicadores chave apresentados nesta aba são ROIC, BREAK-EVEN, Taktime e Margem
de Lucro, foram expostos da seguinte maneira:
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista que o objetivo deste estudo foi aplicar e disponibilizar uma ferramenta que
auxilie a tomada de decisão da maneira mais fundamentada e analítica possível, o resultado obtido foi
muito positivo e esclarecedor.
Como foi discutido previamente, através da interpretação do gráfico de Fluxo de Caixa é
possível notar meses com por exemplo abril - junho foram meses de prejuízo contábil para a empresa,
caso os resultados fossem apenas interpretados pelo DRE este dado passaria despercebido pelo usuário.
Por isso a necessidade da integração destes 3 Demonstrativos financeiros como foi encorajado e
recomendado por este estudo.
Através da leitura dos parâmetros calculados, concluiu-se que a empresa está com boa saúde
financeira, apresentando bons resultados nos períodos estudados. Embora em alguns meses houveram
prejuízos, equilibram-se com os meses em que houve lucro.
A coleta e alimentação de dados na planilha de demanda irá iniciar no ano de 2023, e poderá
ser utilizada para comparar com as previsões realizadas neste estudo. Também servirá para ajuste e
calibração dos modelos de previsão citados neste estudo.
A porcentagem de melhoria na implementação não poderá ser quantificada, pois ainda não
existem dados para comparação.
Concluiu-se, portanto, que a efetividade da ferramenta desenvolvida foi positiva e deverá ser
implementada com urgência no manual de operação padrão da empresa, para máximo aproveitamento.
A ferramenta auxiliará na tomada de decisão em escopo geral, pois apresenta a situação verdadeira dos
recursos e finanças da empresa
Considerando os indicadores chave, propõe-se que haja um estudo aprofundado na precificação
de seus serviços, visto que há possibilidade de aumento na margem de lucro e retornos esperados.
É indicado também um estudo aprofundado sobre os custos e despesas, para otimização no
fluxo de caixa da empresa. Outra indicação é o estudo aprofundado de tempos e métodos, para que os
tempos em setup e paradas não programadas possam ser reduzidas em grandes proporções.
Com base nos dados atuais, indica-se a aplicação de um ciclo PDCA para a realização dos
estudos e aplicação de melhorias propostas.
Por fim uma possível analise a se considerar seria a compra de mais um maquinário para a
empresa, analisando seu impacto em toda a cadeia a previsão do fluxo de caixa futuro nos traria
tranquilidade e previsibilidade em relação ao aumento produtivo.
REFERÊNCIAS
(ASSAF NETO, Alexandre), Matemática financeira e suas aplicações, 2012.
(CFC, 2008), Normas brasileiras de contabilidade: contabilidade aplicada ao setor público : NBCs T
16.1 a 16.11/ Conselho Federal de Contabilidade. -- Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, 2012.
MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2009 a.
NOVAES, M. L. O. Modelo de previsão de demandas e redução de custos da farmácia hospitalar.
Rio de Janeiro, 2007. 214 f. Dissertação (Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial)
– UNESA, Universidade Estácio de Sá.
Sawyer, 2014. Financial Modeling for Business Owners and Entrepreneurs: Developing Excel
Models to Raise Capital, Increase Cash Flow, Improve Operations, Plan Projects, and Make
Decisions.
SLACK, Nigel et al. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2007.