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Poder Judiciário
JUSTIÇA ESTADUAL
Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins
GAB. DO DES. EURÍPEDES LAMOUNIER

REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL



RELATOR: DESEMBARGADOR EURÍPEDES LAMOUNIER
REQUERENTE:
ADVOGADO:
REQUERIDO: REITOR DA UNIRG - FUNDAÇAO UNIRG - GURUPI (IMPETRADO) E OUTRO
MP: MINISTÉRIO PÚBLICO

VOTO

Conforme relatado, trata-se de Incidente de Assunção de


Competência objetivando firmar tese acerca da possibilidade ou não de determinar
à Instituição de Ensino que adote o processo de revalidação de diploma expedido
por instituição estrangeira, pela via simplificada, com base no § 2º do art. 11 da
Resolução nº 3/2016 do MEC, mesmo que haja previsão em edital pela sua não
aplicação.

Antes de adentrar ao julgamento do mérito do presente IAC, bem


como do processo paradigma, verifica-se a existência de questões processuais
levantadas pelo Órgão de Cúpula Ministerial, as quais devem ser dirimidas antes do
julgamento de mérito.

Do pedido de conversão do IAC em IRDR

O Órgão de Cúpula Ministerial, em seu parecer, apresentou o pedido


de conversão do Incidente de Assunção de Competência em Incidente de Resolução
de Demandas Repetitivas ou, não sendo este o entendimento, pela suspensão de
todos os processos que envolvam a temática ora discutida, nos termos do art. 926 c/c
313, V, alínea “a” do CPC.

O art. 947 do Código de Processo Civil estabelece que é admissível a


assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou
de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com
grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos.

Nesse contexto, como bem informado pelo Órgão Ministerial, o


Incidente de Assunção de Competência somente é cabível quando não houver
múltiplas demandas tratando sobre o tema, ocasião em que seria cabível o IRDR.

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Não obstante, em que pese as considerações lançadas pelo Ilustre
Procurador-Geral de Justiça, entendo que não é o caso de conversão em Incidente de
Resolução de Demandas Repetitivas, haja vista que apesar de haver considerável
número de processos tratado sobre a mesma temática, estes são movidos em
decorrência do mesmo ato supostamente omissivo da Fundação UNIRG, de modo
que a fixação de tese em sede de Incidente de Assunção de Competência já é apto a
sanar a controvérsia e unificar a questão ora em debate.

De igual modo, entendo que no presente momento processual se


mostra desarrazoada a suspensão das demandas até julgamento do Incidente,
considerando que o Incidente já está maduro para julgamento de mérito e a mesma
decisão que determinaria a suspensão, já julgaria, também, o mérito.

Assim, INDEFIRO os pedidos de conversão do presente Incidente de


Assunção de Competência em Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas e de
sobrestamento do feito até julgamento do IAC com escopo no art. 926 c/c art. 313,
V, alínea “a”, ambos do CPC.

Do pedido de nulidade ante a ausência de intimação do


Ministério Público no primeiro grau

Verifica-se, ainda, outra questão levantada pelo Órgão Ministerial, a de


que há nulidade no processo paradigma, considerando a ausência de intimação do
representante do Ministério Público para atuar no feito, conforme preceitua o art. 12
da Lei 12.016/2009.

Como pontuado pela instituição de ensino em seus memoriais (evento


53), o Juízo de origem procedia com a intimação do representante do Ministério
Pùblico, o qual manifestava seu desinteresse no andamento do feito, questão essa
facilmente constatada por meio da análise dos processos nº (s) 0011981-
49.2021.8.27.2722; 0012192-85.2021.8.27.2722; 0012204- 02.2021.8.27.2722;
0012148-66.2021.8.27.2722; 0011959-88.2021.8.27.2722; 0012007-
47.2021.8.27.2722; 0012042-07.2021.8.27.2722; 0012015-24.2021.8.27.2722.

Nesse contexto, chega-se à conclusão de que o Ministério Público não


possuía interesse em intervir no feito, tanto o é, que já em grau recursal, na análise
do Reexame Necessário paradigma do presente Incidente de Assunção de
Competência, a representante do Órgão Ministerial manifestou-se no feito e opinou
pela desnecessidade da intervenção ministerial na condição de custos juris, sob o
argumento de carência de interesse indisponível, social ou público substancial, in
verbis:

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"Sendo assim, a teor do art. 178 do CPC, bem como da legislação
esparsa (cogente), consubstancia-se desnecessária a intervenção
ministerial na condição de custos juris no caso vertente, porquanto
ausente causa ou hipótese legal determinante para tanto, aliás, tendo
em conta que, à evidência, carente ainda o interesse indisponível
(individual ou coletivo), social ou público substancial (primário), ou
que relevante, máxime à luz da Carta da República, a justificar a
participação em esquadrinho." (evento 7)

Observa-se, portanto, que nas ocasiões em que foi intimado para


intervir em processos cuja temática era a mesma do presente IAC, excetuando o
parecer de evento 53, o representate do Ministério Público informou o desinteresse
no feito, não podendo no presente momento sustentar nulidade quanto à ausência de
sua intimação, haja vista o reiterado desinteresse nas demandas.

Ademais, cabe consignar que a intimação do Órgão Ministerial em


grau recursal supre a ausência de intimação na primeira instância, o que vem
ocorrendo em todos os processos que tratam sobre a revalidação de diplomas na
forma simplificada, conforme precedentes Superior Tribunal de Justiça, veja-se:

RECURSO ESPECIAL. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. AUSÊNCIA DE


MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. ALEGAÇÃO DE PREJUÍZO.
NULIDADE PROCESSUAL RECONHECIDA. 1. A não intervenção do Ministério
Público em primeiro grau de jurisdição pode ser suprida pela intervenção da
Procuradoria de Justiça perante o colegiado de segundo grau, em parecer cuidando
do mérito da causa, sem que haja arguição de prejuízo ou alegação de nulidade. 2.
Contudo, manifestando-se o órgão do Ministério Público pela ocorrência de
prejuízo diante da ausência de sua intervenção em primeiro grau, impõe-se a
decretação da nulidade. 3. Recurso especial a que se nega seguimento. (STJ - REsp
1.184.752 - PI (2010/0042052-3). Relator Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO.
Julgado em 10/06/2014).

Nesse norte, apesar do Ministério Público consignar em seu parecer


em sede de IAC um possível prejuízo processual em decorrência da ausência de sua
intimação em primeiro instância, tem-se que este por diversas vezes opinou por sua
não intervenção em demandas que tratavam sobre a mesma matéria, o que afasta,
assim, a alegação de prejuízo.

Dessa forma, considerando a ausência de prejuízo evidenciado, bem


como tendo o Ministério Público em outras ocasiões, inclusive no processo que
originou o presente IAC, opinado pela desnecessidade de sua intervenção,
REJEITO o pedido de declaração de nulidade.

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Do Julgamento do Incidente de Assunção de Competência

Como já visto, o presente Incidente de Assunção de Competência visa


fixar a tese acerca da possibilidade ou não de determinar à Instituição de Ensino que
adote o processo de revalidação de diploma expedido por instituição estrangeira pela
via simplificada, com base no § 2º do art. 11 da Resolução nº 3/2016 do MEC.

O processo paradigma chegou à análise deste Tribunal por meio de


Reexame Necessário, haja vista se tratar de Mandado de Segurança, na qual o Juízo
de origem concedeu a ordem e determinou que a Instituição de Ensino realizasse a
análise de revalidação de diploma pela forma simplificada, mesmo havendo previsão
em Edital informando a impossibilidade de realização da revalidação por esta via.

Pois bem.

A Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional)


autoriza, em seu artigo 48, a revalidação e o reconhecimento dos diplomas obtidos
no exterior, por universidades públicas que tenham o mesmo cursos ou equivalente.
Confira- se:

Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão


validade nacional como prova da formação recebida por seu titular.

§1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias registrados,
e aqueles conferidos por instituições não- universitárias serão registrados em
universidades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.

§2º Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão


revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e área
ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou
equiparação.

§3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades


estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que possuam cursos de
pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e em
nível equivalente ou superior.

Por sua vez, o art. 53 do mesmo diploma legal, consagra um modelo


de organização educacional no qual cabe à União estabelecer normas gerais sobre
cursos de graduação e pós-graduação, cabendo aos demais entes federativos a edição
de normas complementares, veja-se:

Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem


prejuízo de outras, as seguintes atribuições:

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I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação
superior previstos nesta Lei, obedecendo às normas gerais da União e, quando for
o caso, do respectivo sistema de ensino; (Regulamento)

II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes gerais


pertinentes;

III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa científica, produção


artística e atividades de extensão; (...)

V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com as


normas gerais atinentes;.

Tal autonomia das universidades públicas é assegurada no art. 207 da


CF, o qual prevê que: "As universidades gozam de autonomia didático-científica,
administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio da
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão".

Nesse direcionamento, o MEC editou a Resolução nº 03/2016, através


da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE), que
dispõe sobre as normas referentes à revalidação de diplomas obtidos em instituições
de ensino superior estrangeiras, vejamos:

Art. 1º Os diplomas de cursos de graduação e de pós-graduação stricto


sensu (mestrado e doutorado), expedidos por instituições estrangeiras de educação
superior e pesquisa, legalmente constituídas para esse fim em seus países de
origem, poderão ser declarados equivalentes aos concedidos no Brasil e hábeis
para os fins previstos em lei, mediante processo de revalidação ou reconhecimento,
respectivamente, por instituição de educação superior brasileira, nos termos da
presente Resolução.

Parágrafo único. Os processos de revalidação e de reconhecimento devem ser


fundamentados em análise relativa ao mérito e às condições acadêmicas do
programa efetivamente cursado pelo (a) interessado (a), levando em consideração
diferenças existentes entre as formas de funcionamento dos sistemas
educacionais, das instituições e dos cursos em países distintos.

(...)

Art. 3º Os diplomas de graduação obtidos no exterior poderão ser revalidados por


universidades públicas brasileiras, regularmente credenciadas, criadas e mantidas
pelo poder público, que tenham curso reconhecido do mesmo nível e área ou
equivalente.

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Art. 4º Os procedimentos relativos às orientações gerais de tramitação dos
processos de solicitação de revalidação de diplomas de graduação estrangeiros
serão estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria
de Educação Superior (SESu), cabendo às universidades públicas a organização e
a publicação de normas específicas.

Os procedimentos gerais de tramitação de processos de revalidação de


diplomas de graduação estrangeiros estão detalhados na Portaria Normativa nº 22/16
do MEC, que estabelece acerca da tramitação simplificada em seus artigos 19 e
seguintes, a seguir:

Art. 19. A tramitação simplificada dos pedidos de revalidação de diplomas aplica-


se, exclusivamente, aos casos definidos nesta Portaria e na forma indicada pela
Resolução CNE/CES no 3, de2016.

Art. 20. A tramitação simplificada deverá se ater, exclusivamente, à verificação da


documentação comprobatória da diplomação no curso, na forma especificada na
Seção I do Capítulo III desta Portaria, e prescindirá de análise aprofundada
ou processo avaliativo específico.

Art. 21. A instituição revalidadora, em caso de tramitação simplificada, deverá


encerrar o processo de revalidação em até sessenta dias, contados a partir da data
de abertura do processo.

Art. 22. A tramitação simplificada aplica-se:

I - aos diplomas oriundos de cursos ou programas estrangeiros indicados em lista


específica produzida pelo MEC e disponibilizada por meio da Plataforma Carolina
Bori;

II - aos diplomas obtidos em cursos de instituições estrangeiras acreditados no


âmbito da avaliação do Sistema de Acreditação Regional de Cursos Universitários
do Mercosul - Sistema Arcu-Sul;

III - aos diplomas obtidos em cursos ou programas estrangeiros que tenham


recebido estudantes com bolsa concedida por agência governamental brasileira no
prazo de seis anos; e

IV - aos diplomas obtidos por meio do Módulo Internacional no âmbito do


Programa Universidade para Todos - Prouni, conforme Portaria MEC no 381, de
29 de março de 2010.

§1º A lista a que se refere o inciso I deste artigo abrangerá cursos ou programas
cujos diplomas já foram submetidos a três análises por instituições revalidadoras
diferentes e que a revalidação tenha sido deferida de forma plena, sem a realização
de atividades complementares.

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§2º Os cursos identificados na forma do parágrafo anterior permanecerão na lista
disponibilizada pelo MEC por seis anos consecutivos, admitida a sua exclusão por
fato grave superveniente, relativamente à idoneidade da instituição ofertante ou à
qualidade da oferta.

Art. 23. Os pedidos de revalidação de diplomas correspondentes a cursos


estrangeiros indicados ou admitidos em acordos de cooperação internacional,
firmados por organismo brasileiro, que não tenham sido submetidos
a processo prévio de avaliação por órgão público competente ou por instituição
acreditadora reconhecida pelo poder público, ou ainda que, em caso de avaliação,
tenham obtido resultado negativo, seguirão tramitação normal”.

Art. 25. Os procedimentos de que trata esta Resolução deverão ser adotados por
todas as universidades brasileiras no prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da
data de sua publicação.

Diante disso, observa-se que há possibilidade de realização de


procedimento de revalidação ordinário e simplificado, desenvolvidos à escolha da
instituição responsável pela revalidação, cabendo às universidades públicas a
organização e a publicação de normas específicas.

Com efeito, a abertura de processo de revalidação de diplomas obtidos


em instituições de ensino estrangeiras é uma prerrogativa da universidade pública
brasileira, cuja instauração depende da análise de conveniência e oportunidade
decorrente da já referenciada autonomia universitária, impossibilitando ao Poder
Judiciário de intervir na análise do mérito administrativo.

A autodeterminação e autonormação das universidades não dependem


de regulação por norma infraconstitucional, pois se trata de preceito autoaplicável e
de eficácia plena, o que inviabiliza, exceto em situações excepcionais, a intromissão
do Judiciário.

Ademais, o artigo 53, V, da LDB permite à universidade fixar normas


específicas a fim de disciplinar o processo de revalidação de diplomas de graduação
expedidos no exterior.

Nesse contexto, percebe-se que caso a Instituição de Ensino, seguindo


a determinação legal e demais normas aplicadas à espécie, estabelece seu edital com
as diretrizes atinentes ao processo ordinário de revalidação do diploma de medicina,
apesar de existir a possibilidade de realização de processo simplificado de
revalidação de diploma estrangeiro expedido por instituições acreditadas no sistema
ARCU-SUL, não há qualquer ilegalidade por parte desta na determinação de
processo ordinário, porquanto o ato decorre da necessidade de adequação dos
procedimentos da instituição de ensino para cumprimento da normativa relativa à
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situação, eis que configura um modo de verificação da capacidade técnica do
profissional e sua formação, sem prejuízo da responsabilidade social que envolve o
processo.

Sobre a legalidade do procedimento, o Superior Tribunal de Justiça já


sedimentou entendimento, sob à sistemática dos recursos repetitivos, no sentido de
que: "é legal a exigência feita por universidade, com base em resolução por ela
editada, de prévia aprovação em processo seletivo como condição para apreciar
pedido de revalidação de diploma obtido em instituição de ensino estrangeira"
(REsp 1349445- SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 8/5/2013).

Veja-se a ementa do julgado:

ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. REVALIDAÇÃO DE DIPLOMA


ESTRANGEIRO. EXIGÊNCIA DE PROCESSO SELETIVO. AUTONOMIA
UNIVERSITÁRIA. ARTIGOS 48, § 2º, E 53, INCISO V, DA LEI Nº 9394/96
E 207 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEGALIDADE. 1. É de se destacar que
os órgãos julgadores não estão obrigados a examinar todas as teses levantadas pelo
jurisdicionado durante um processo judicial, bastando que as decisões proferidas
estejam devida e coerentemente fundamentadas, em obediência ao que determina o
art. 93, inc. IX, da Constituição da Republica vigente. Isto não caracteriza ofensa
ao art. 535 do CPC. 2. No presente caso, discute-se a legalidade do ato praticado
pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, consistente na exigência de
aprovação prévia em processo seletivo para posterior apreciação de procedimento
de revalidação de diploma obtido em instituição de ensino estrangeira, no caso, o
curso de Medicina realizado na Bolívia, uma vez que as Resoluções ns. 01/2002 e
08/2007, ambas do CNE/CES, não fizeram tal exigência. 3. A Fundação
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul editou a Resolução n. 12, de 14 de
março de 2005, fixando as normas de revalidação para registro de diplomas de
graduação expedidos por estabelecimentos estrangeiros de ensino superior,
exigindo a realização de prévio exame seletivo. 4. O registro de diploma
estrangeiro no Brasil fica submetido a prévio processo de revalidação, segundo o
regime previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (art. 48, § 2º,
da Lei 9.394/96). 5. Não há na Lei n.º 9.394/96 qualquer vedação ao procedimento
adotado pela instituição eleita. 6. Os critérios e procedimentos de reconhecimento
da revalidação de diploma estrangeiro, adotados pelo recorrente, estão em sintonia
com as normas legais inseridas em sua autonomia didático-científica e
administrativa prevista no art. 53, inciso V, da Lei 9.394/96 e no
artigo 207 da Constituição Federal. 7. A autonomia universitária (art. 53 da
Lei 9.394/98)é uma das conquistas científico-jurídico-políticas da sociedade atual,
devendo ser prestigiada pelo Judiciário. Dessa forma, desde que preenchidos os
requisitos legais - Lei 9.394/98 - e os princípios constitucionais, garante-se às
universidades públicas a liberdade para dispor acerca da revalidação de diplomas
expedidos por universidades estrangeiras. 8. O art. 53, inciso V, da Lei 9394/96
permite à universidade fixar normas específicas a fim de disciplinar o referido
processo de revalidação de diplomas de graduação expedidos por estabelecimentos
estrangeiros de ensino superior, não havendo qualquer ilegalidade na
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determinação do processo seletivo para a revalidação do
diploma, porquanto decorre da necessidade de adequação dos procedimentos da
instituição de ensino para o cumprimento da norma, uma vez que de outro modo
não teria a universidade condições para verificar a capacidade técnica do
profissional e sua formação, sem prejuízo da responsabilidade social que envolve o
ato. 9. Ademais, o recorrido, por livre escolha, optou por revalidar seu diploma na
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, aceitando as regras dessa
instituição concernentes ao processo seletivo para os portadores de diploma de
graduação de Medicina, expedido por estabelecimento estrangeiro de ensino
superior, suas provas e os critérios de avaliação. 10. Recurso especial parcialmente
provido para denegar a ordem. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C
do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.

A Corte Cidadã, no julgamento do REsp 1215550-PE, consignou sobre


o tema:

O Decreto nº 80.419/77 - que incorporou a Convenção Regional sobre


o Reconhecimento de Estudos, Títulos e Diplomas de Ensino Superior
na América Latina e no Caribe - não foi revogado pelo Decreto
nº 3.007?99. Desse modo, essa Convenção ainda está em vigor. No
entanto, o referido Decreto nº 80.419/77 não traz norma específica
que vede o procedimento adotado pelas universidades brasileiras de
revalidação dos diplomas estrangeiros. Esse processo de
revalidação obrigatória tem respaldo nos arts. 48 e 53, V, da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. Em outras palavras, o
Decreto nº 80.419/77 não dispensou o processo de revalidação nem
impôs que a universidades brasileiras fizessem uma
"revalidação automática" dos diplomas estrangeiros expedidos nos
países signatários. STJ. 1a Seção. REsp 1215550-PE, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 23/9/2015 (Info 570). G.n.

Colaciono recentes precedentes dos tribunais pátrios:

MANDADO DE SEGURANÇA. UFSC. REVALIDAÇÃO DE DIPLOMA OBTIDO


NO EXTERIOR. MEDICINA. REVALIDA. PROCEDIMENTO. AUTONOMIA
UNIVERSITÁRIA. Preenchidos os requisitos legais, bem como os princípios
constitucionais, garante-se às universidades públicas a liberdade para dispor
acerca da revalidação de diplomas expedidos por universidades estrangeiras. Não
existe qualquer ilegalidade na recusa da universidade em promover revalidações
de diploma através do procedimento ordinário, pois somente a ela cabe,
discricionariamente, adotar as regras que reputar pertinentes ao aludido processo.
Precedentes. (TRF-4 - AC: 50158771020194047200 SC 5015877-
10.2019.4.04.7200, Relator: VIVIAN JOSETE PANTALEÃO CAMINHA, Data de
Julgamento: 11/03/2020, QUARTA TURMA).

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ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
REVALIDAÇÃO DE DIPLOMA DE MEDICINA OBTIDO NO EXTERIOR.
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR. OPÇÃO PELO SISTEMA
SIMPLIFICADO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. APELO IMPROVIDO. 1.
Apelação interposta pelos particulares em face da sentença que denegou a
segurança ao fundamento de que os impetrantes deverão se submeter ao
procedimento de revalidação dos diplomas de graduação em Medicina na forma
ordinária. 2. O REVALIDA tem como fundamento legal o art. 48, § 2º, da Lei nº
9.394/1996, que visa reconhecer os diplomas de medicina estrangeiros que sejam
compatíveis com as exigências para formação médica do Brasil, sendo um
programa que estabelece um processo de avaliação, de maneira a possibilitar que
os estudantes formados no exterior atuem como médicos no Brasil. 3. A tramitação
simplificada de revalidação de diploma obtido em instituição estrangeira consiste
na verificação da documentação comprobatória da diplomação do curso,
prescindindo de uma análise mais aprofundada ou processo avaliativo específico,
hipótese prevista no art. 22, da Portaria Normativa MEC nº. 22 de 13 de dezembro
de 2016. 4. Não merece prosperar o pleito para que a revalidação dos diplomas dos
recorrentes, a ser realizado pela Universidade Federal de Campina Grande/PB,
ocorra na forma simplificada, uma vez que a jurisprudência desta Corte pacificou o
entendimento no sentido de que faz parte do exercício do poder discricionário da
Universidade o juízo de conveniência e oportunidade na decisão entre optar pelo
REVALIDA ou pelo procedimento ordinário, para a revalidação dos diplomas de
médicos oriundos de instituições de ensino estrangeiras, como na espécie. 5. No que
diz respeito ao acordo firmado na 53ª Cúpula dos Chefes de Estado do MERCOSUL
e Estados Associados, que simplifica o processo de revalidação dos diplomas de
graduação concedidos entre seus países-membros, verifica-se que a instituição de
ensino em que os impetrantes concluíram o curso de Medicina, a Universidade de
Aquino Bolívia - UDABOL em Santa Cruz de La Sierra, não possui amparo legal
para a tramitação simplificada, uma vez que não é acreditada perante o Sistema de
Acreditação Regional de Cursos Universitários do Mercosul - Sistema Arcu-Sul, de
acordo com a documentação trazida pelos impetrantes. 6. Precedentes:
(PROCESSO: 08043324520194058500, APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA,
DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA, 2ª
TURMA, JULGAMENTO: 01/09/2020); (PROCESSO: 08007894320194058303,
APELAÇÃO CÍVEL, DESEMBARGADOR FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE
JUNIOR, 4ª TURMA, JULGAMENTO: 25/08/2020); (PROCESSO:
08024265620194058100, APELAÇÃO CÍVEL, DESEMBARGADOR FEDERAL
MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT, 4ª TURMA, JULGAMENTO: 09/06/2020) 7.
Sem condenação em verba honorária. 8. Apelo improvido. (TRF-5 - Ap:
08054918120184058201, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL FREDERICO
WILDSON DA SILVA DANTAS (CONVOCADO), Data de Julgamento: 26/01/2021,
4ª TURMA).

Dessa forma, deve ser fixada a seguinte tese jurídica geral acerca do
tema ora posto em julgamento: “As universidades gozam de liberdade (autonomia)
para dispor acerca da revalidação de diplomas expedidos por universidades
estrangeiras, não podendo lhes serem impostas a adoção do procedimento

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simplificado, quando estas, gozando de sua autonomia didádico-científica e
administrativa, garantida pela Constituição Federal, preveem a impossibilidade de
fazê-lo”.

Do julgamento do Reexame Necessário

Formalizado o julgamento do Incidente de Assunção de Competência e


firmada a sua tese, necessária a análise do Reexame Necessário que ensejou a
instauração do referido incidente.

Conforme relatado, trata-se de REEXAME NECESSÁRIO de


sentença proferida pelo Juízo da 1ª Vara da Fazenda e Registros Públicos da
Comarca de Gurupi/TO, nos autos do Mandado de Segurança com Pedido de Tutela
Antecipada de Urgência impetrado por ALEX PIVA ALVES contra ato
da REITORA - Fundação UNIRG, no qual o magistrado a quo ratificou a
antecipação outrora concedida e julgou procedente o feito, sob fundamento de ter
restado consolidada a situação fática pelo decurso do lapso temporal, aplicação da
teoria do fato consumado, sujeitando-se ao reexame necessário.

A Fundação UNIRG iniciou o Processo de Revalidação de Diplomas


de Graduação em Medicina expedidos por Instituições de Ensino Estrangeiras, com
base no Edital CPRD/REVALIDAÇÃO nº 01/2021, elencando que o processo
seguiria o disposto na Lei nº 9.394/1996, na Resolução CNE/CES nº3/2016, Portaria
Normativa MEC nº 22/2016 e na Resolução CONSUP nº 009/2021 (com alterações
da Resolução CONSUP nº 041/2021); deixando expresso ter a instituição de ensino
optado por oferecer a revalidação dos diplomas por meio do processo ordinário com
tramitação normal.

O aludido Edital estabelece, expressamente, no ponto 8.8 que: “O


Processo de Revalidação de Diplomas que trata este Edital não se dará pela via ou
tramitação simplificada”.

Como já visto na fundamentação acima exposta e na tese fixada no


presente Incidente de Assunção de Competência, observa-se que as universidades
públicas detêm a liberdade para dispor acerca da revalidação de diplomas expedidos
por universidades estrangeiras, não podendo ser imposto o procedimento
simplificado, quando esta, gozando de sua autonomia prevista no art. 207 da
Constituição Federal, prevê a impossibilidade de fazê-lo.

Nesse contexto, considerando apenas a previsão constante no Edital


CPRD/REVALIDAÇÃO nº 01/2021, chegar-se-ia à conclusão da ausência de
qualquer ato omissivo praticado pela Reitoria da Fundação UNIRG, em decorrência
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da expressa vedação da realização do procedimento ordinário.

Não obstante, conforme se verifica dos memoriais apresentados pela


parte impetrada no evento 53 destes autos, observa-se que o Conselho Superior
Acadêmico (CONSUP) reuniu-se em 04/03/2021 e editou a Resolução CONSUP nº
09/2021, a qual estabelece normas para a revalidação dos diplomas expedidos por
instituições de ensino superior estrangeiras, constando, expressamente, a adoção dos
dois procedimentos de revalidação, tanto o simplificado como o ordinário, veja-se:

Artigo 1º. Estabelecer normas para a revalidação de diplomas de cursos de


graduação expedidos por estabelecimentos estrangeiros de ensino superior, no
âmbito da Universidade de Gurupi – UnirG.

§ 1º. O Diploma de Curso de Graduação, expedido por estabelecimentos


estrangeiros de ensino superior poderá ser revalidado pela Universidade de Gurupi
– UnirG, a fim de declará-lo equivalente ao por ela conferido e hábil para os fins
previstos em Lei.

§ 2º. Os processos de revalidação de diplomas obtidos no exterior poderão seguir


tramitação normal ou tramitação simplificada, na forma definida pela Resolução
CNE nº 03/2016 e Portaria Normativa nº 22/2016, do MEC.

§ 3º A Universidade de Gurupi – UnirG publicará edital específico para as


diferentes áreas e cursos, de acordo com a sua capacidade de atendimento a
pedidos de revalidação, bem como os valores das taxas incidentes sobre os pedidos.

(...)

Artigo 13. A tramitação simplificada dos pedidos de revalidação de diplomas de


graduação obtidos no exterior obedecerá ao que dispõe a Resolução CNE nº
03/2016 e a Portaria Normativa nº 22/2016, do MEC, aplicando-se nos seguintes
casos:

I – diplomas de cursos estrangeiros indicados em lista específica produzida pelo


MEC e disponibilizada por meio da Plataforma Carolina Bori;

II – diplomas obtidos por meio do Módulo Internacional no âmbito do Programa


Universidade para Todos, conforme Portaria MEC nº 381, de 29 de março de 2010.

Artigo 14. A tramitação simplificada deverá se ater, exclusivamente, à verificação


da documentação comprobatória da diplomação no curso, e prescindirá de análise
aprofundada ou processo avaliativo específico.

Nota-se, portanto, que a Instituição de Ensino integrante do polo


passivo da demanda, gozando de sua autonomia administrativa prevista
constitucionalmente, definiu que os processos de revalidação que ali ocorressem
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poderiam possuir trâmite ordinário ou simplificado, de modo que o Edital
CPRD/REVALIDAÇÃO nº 01/2021, ao recusar o trâmite da revalidação
simplificada feriu a própria norma interna da instituição de ensino.

Cabe destacar que a própria Instituição reconheceu referida questão


administrativamente, elaborando a Nota Técnica nº 01/2022 – CPRD/UNIRG com
diretrizes preliminares para subsidiar o cumprimento de determinação judiciais
acerca dos pedidos de revalidação de diplomas de graduação em medicina pela via
simplificada, tendo como prazo final para disponibilização do resultado definitivo da
análise de mérito do pedido de revalidação de diplomas o dia 30/06/2022.

Assim, tem-se que após a concessão da medida liminar pelo juízo de


primeiro grau, a instituição de ensino acatou administrativamente a ordem e emitiu
novo cronograma para validação dos diplomas de forma simplificada daqueles que
possuíam decisão judicial favorável, cujo prazo para finalização já transcorreu há
mais de um mês.

Salienta-se, ainda, que ao conceder a segurança no caso ora em análise,


não se está indo em sentido contrário à tese fixada no Incidente de Assunção de
Competência acima analisado, tendo em vista que apesar do Edital apresentado pela
Instituição de Ensino não prever a realização da forma simplificada de revalidação, a
Resolução nº 009/2021 informa a possibilidade de fazê-la.

Conclui-se, portanto, que a Instituição de Ensino previu a possibilidade


de realização da revalidação de forma simplificada, de modo que a supressão desta
modalidade em sede de Edital fere direito líquido e certo do impetrante, sendo
escorreita a Sentença de origem que concedeu a segurança para deferir a tramitação
da revalidação em sua forma simplificada.

Dessa forma, deve ser fixada a seguinte tese jurídica específica acerca
dos casos concretos paradigmas: “Uma vez que o Conselho Acadêmico Superior –
CONSUP, órgão de função normativa e deliberativa máxima da Universidade de
Gurupi-UnirG, em assuntos de política acadêmica e administrativa, exercendo a
autonomia didádico-científica e administrativa da Universidade, optou através da
Resolução CONSUP nº 09/2021 pela revalidação dos diplomas estrangeiros na
modalidade ordinária e simplificada, a publicação de edital pela Comissão
Permanente de Revalidação de Diplomas, regulamentando apenas a revalidação
pela via ordinária, fere direito líquido e certo dos Candidatos/Impetrantes, os quais,
caso preenchidos os requisitos legais, devem se sujeitar a revalidação do diploma
na forma simplificada, nos termos da Nota Técnica nº 01/2022 – CPRD/UNIRG”.

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Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER da REMESSA
NECESSÁRIA, para CONFIRMAR A SENTENÇA, bem como fixar as seguintes
teses jurídicas: a) As universidades gozam de liberdade (autonomia) para dispor
acerca da revalidação de diplomas expedidos por universidades estrangeiras, não
podendo lhes serem impostas a adoção do procedimento simplificado, quando estas,
gozando de sua autonomia didádico-científica e administrativa, garantida pela
Constituição Federal, preveem a impossibilidade de fazê-lo; b) Uma vez que o
Conselho Acadêmico Superior – CONSUP, órgão de função normativa e
deliberativa máxima da Universidade de Gurupi-UnirG, em assuntos de política
acadêmica e administrativa, exercendo a autonomia didádico-científica e
administrativa da Universidade, optou através da Resolução CONSUP nº 09/2021
pela revalidação dos diplomas estrangeiros na modalidade ordinária e simplificada,
a publicação de edital pela Comissão Permanente de Revalidação de Diplomas,
regulamentando apenas a revalidação pela via ordinária, fere direito líquido e certo
dos Candidatos/Impetrantes, os quais, caso preenchidos os requisitos legais, devem
se sujeitar a revalidação do diploma na forma simplificada, nos termos da Nota
Técnica nº 01/2022 – CPRD/UNIRG.

Documento eletrônico assinado por EURÍPEDES DO CARMO LAMOUNIER, Relator, na forma do artigo
1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Instrução Normativa nº 5, de 24 de outubro de
2011. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.tjto.jus.br, mediante o preenchimento do código verificador 597364v21 e do código CRC
46863c37.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): EURÍPEDES DO CARMO LAMOUNIER
Data e Hora: 2/9/2022, às 16:10:4

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