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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

CAMPUS CENTRAL UNIDADE GOIANÉSIA


CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

CLEVERSON PEREIRA

RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO – ESTÁGIO SUPERVISIONADO


DO ENSINO MÉDIO II

Goianésia
2021
CLEVERSON PEREIRA

RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO – ESTÁGIO SUPERVISIONADO


DO ENSINO MÉDIO II

Trabalho apresentado à UEG – Unidade


Goianésia para obtenção de nota final
no Estágio Supervisionado do Ensino
Médio II, do 8º Período do Curso de
Licenciatura Plena em História.
Professor: Genilder Gonçalves da Silva

Goianésia
2021
RELATÓRIO

Muitas foram as situações que se interpuseram no Estágio desta atual


turma de História. No ano de 2019, muitos dos acadêmicos nutriram
expectativas sobre a forma que decorreria o Estágio, as escolas que poderiam
ser escolhidas e os professores que seriam os orientadores. Porém, justamente
no ano do Estágio houve a pandemia de COVID-19, que fechou as escolas e
impossibilitou o relacionamento físico dos futuros professores com o espaço do
ambiente escolar. Dessa forma, o Estágio do Ensino Fundamental I e II
ocorreram de forma de virtual, bem como a primeira fase do Estágio de Ensino
Médio. Mas, no decorrente do ano de 2021, a vacinação em massa da
população possibilitou a melhora do quadro da pandemia, permitindo que
escolas pudessem voltar a funcionar presencialmente e seus alunos retornar
de forma escalonada, até, recentemente, ser liberado a totalidade dos alunos.

Para os acadêmicos do curso de História, isso trouxe esperança de


poder entrar na sala de aula, uma vez que muitos já haviam aceitado a ideia de
que nunca pisariam na escola enquanto aprendizes estagiários. No momento,
ainda tudo se encontra incerto. Nos países europeus a pandemia continua em
uma quarta onda, e na África do Sul foi rastreada uma nova variante que se
tornará hegemônica nas novas contaminações por todo o mundo. Novamente,
a ida dos estagiários à escola pode ser impossibilitada a qualquer momento.

É preciso considerar, sempre, para todo e qualquer caso, que a turma


passou por um estágio denominado “virtual”, apresentado como alternativa aos
estagiários diante da impossibilidade de ir às escolas durante o isolamento
social. Isso sempre foi motivo de críticas entres os estagiários, uma vez que
também não foram consultados em nenhum momento do processo decisório.
Durante o estágio “virtual” sempre houve reclamações de dificuldades de
aprendizado, muitos desconsiderando que aprenderam qualquer coisa e
participando do processo apenas de forma burocrática para conseguir se
graduar no tempo adequado.

Tais considerações devem ser feitas pois não se pode comparar a


educação formal anterior a 2020 da que se prática hoje. Nem no nível Básico
nem no Superior, pois de qualquer sorte, estudantes e professores vivenciaram
dificuldades que não acabam com a pandemia, pelo contrário, apenas se
iniciam. Assim, teremos estagiários que não saberão lidar com a sala de aula,
da mesma forma que haverá estudantes faltosos, desinteressados, professores
desmotivados. O desafio se apresenta, de uma maneira desigual, ainda
conclamando a todos a buscar novas e práticas soluções.

E nesse contexto que os estagiários, agora no começo da fase II do


Estágio de Ensino Médio começaram suas atividades. Como anteriormente,
com o foco em atividades práticas virtuais, mas eis que houve o convite feito
para visitar o Colégio Laurentino Martins Rodrigues, casa dos estagiários, e
que alguma parte deles se colocou a disposição a esse primeiro contato com o
ambiente de trabalho.

REALIDADE
A visita de campo se iniciou as 8h30min do dia 03 de dezembro do
corrente ano de 2021. Quando este autor chegou, já havia começado a visita,
em virtude de um pequeno atraso. Já haviam conhecido a sala dos professores
e se encontravam sob a orientação do professor-orientador Genilder da Silva.
Faziam-se presente algumas das colegas do estágio com o professor Genilder,
além de mais duas de outros orientadores.

A visita de estendeu, de forma geral, a conhecer o ambiente físico da


escola. Foram visitadas salas de aula, (cujo piso mais alto a frente do quadro
chamou atenção dos estagiários), a sala de orientação especial, os corredores
e o ambiente multidisciplinar onde houve interação com livros didáticos.
Também, uma passagem pela cantina ao lado da quadra, posteriormente
retornando à sala de aula para conversa com professores do Colégio.

Com três professores de diferentes áreas e experiência (Pedro, Biologia;


Lenice, História; Douglas, História) a conversa, que se desenrolou por alguns
bons minutos, focou nas dificuldades encontradas pelos professores nas suas
aulas, assim o confronto da teoria/prática, como também fatos da vida pessoal
dos professores, salário e uma ampla gama de questões ficaram abertas. A
estagiária Ana Cássia e este autor fizeram perguntas no cunho do que foi
descrito acima. Ao fim, diante da provocação do professor-orientador Genilder,
todos deram suas impressões daquele encontro, se encontrando na surpresa,
na motivação, no desafio e nas futuras possibilidades.

REFLEXÃO

Do aspecto simbólico, e por conta da própria história do Colégio, é


possível deduzir que ao longo de vários anos ali foi praticado uma educação
dos velhos tempos. A arquitetura diz, o chão do professor mais alto, os muros
com cacos de vidro, a porta da sala sem fechadura, a pintura das janelas
riscada com nomes de alunos. A parte nova, talvez menos autoritária. Mas, de
todo modo, as carteiras desiguais, o prato jogado na sala multidisciplinar, o
aluno com extintor na mão, a educadora especial com a filha no trabalho, a
colega de estágio que foi imensamente lembrada como boa aluna, o professor
de biologia que gostava de falar, o de história mais tímido, a professora que
soube fazer piada com seu passado um tanto trágico etc. São essas várias
imagens e símbolos que se pode carregar depois de toda a experiência.

Porém, mais difícil que captar todos esses sentidos é dizer o que ele
mostra do desafio. Recorrendo a uma outra imagem, do começo do mês
passado, quando os atuais estagiários estiveram nas dependências de um
Colégio particular, aonde foram para realizar a prova do Enade. E ali, as
cadeiras eram iguais, e o quadro simétrico, as paredes muito brancas, o ar-
condicionado ideal, entre outras coisas. Sobretudo, o padrão. Na escola
pública, não havia igual. Mas, quem sabe os estagiários o estivessem
procurando, como exemplo um lugar mais bonito, com alunos mais educados,
com professores mais objetivos. E logo, estaremos falando de que educação
também estarão levando, talvez aquela padrão, a ideal, das teorias e dos
discursos políticos.

E logo, a que conteúdo, a que métodos, e a que história estão levando


tendo em vista o padrão. E, do nada, encontram algo que não o cabe, onde as
fórmulas inexistem ou não se aplicam, ou apenas parte delas. Uma coisa se
interpõe: a realidade. E daí tudo mudo, não é mais o padrão, mas a quebra
dele que passa a ser o mote desse futuro professor.
E o que se colhe a partir daí? Talvez alguns sentimentos de raiva e
revolta por se sentir enganado pela universidade, pelo curso, pelos métodos e
pela História, quando na verdade o objetivo é mesmo esse, de construir. Pois
ideias precisam ser construídos na cabeça daqueles que vão para a sala
também levar esperança, embora em uma realidade que possa a rejeitar. Os
planos de aula, os métodos, a História, agora operando na realidade, de uma
forma didática e não apenas científica, evidenciando que são necessários,
porém que se submetem a fatores que não podem ser apenas planejados, e
que também devem ser vividos e modificados o tempo todo.

FUTURO

O que se reserva para o futuro do Estágio ainda é incerto diante de


fatores que a própria universidade e as escolas não podem controlar. Mas,
diante dessa visita e das novas atividades mais práticas, alguns caminhos
novos se abrem. O resultado poderá ser uma melhor compreensão do ensino,
não apenas daquele praticado nesse momento, mas também de tudo feito no
ano de 2020 que ainda não se compreendeu.

Porém, sabe-se que qualquer que seja o aprendizado ele não será
suficiente diante dos desafios colocados pela emergência sanitária. Os déficits
da educação escolar aumentaram e as políticas de combate diminuíram. A
própria História ensinada na escola vem sofrendo ataques e os professores
podem não saber mais como explicar temas como fascismo, preconceito,
autoritarismos. A própria Base Nacional do Ensino Médio, os novos livros
didáticos por área do conhecimento, as diferentes aplicações do currículo da
Base são desafios que se apresentam aos velhos e novos professores.

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