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Epidemiologia
• A mortalidade neonatal, por exemplo, aumenta entre cinco e seis vezes nas gestações múltiplas em
comparação com as gestações únicas;
• O risco de paralisia cerebral, por sua vez, aumenta em oito vezes nas gestações gemelares e, nas
gestações trigemelares, atinge cerca de 47 vezes o observado nas gestações únicas;
• As gestações múltiplas respondem ainda por cerca de 10 a 15% da mortalidade perinatal.
Determinação da corionicidade
Por conta dos maiores riscos envolvidos em uma gestação múltipla monocoriônica, o conhecimento
da corionicidade em gestações múltiplas é essencial para guiar o aconselhamento do casal e,
principalmente, o manejo dessas gestações.
O primeiro trimestre da gestação é o melhor período para se determinar a corionicidade e a
amnionicidade. Indica-se a realização do exame entre 6 e 8 semanas de gestação, por via transvaginal.
O exame ultrassonográfico realizado no primeiro trimestre identifica com acurácia próxima de 100%
as gestações dicoriônicas pela presença de mais de um saco gestacional e um septo espesso entre eles.
A partir de 9 semanas, é possível observar nas gestações dicoriônicas o chamado sinal do lambda, que
é a projeção do componente coriônico entre as membranas amnióticas identificada na base da inserção
placentária, portanto, a identificação desse sinal em qualquer estágio da gestação constitui evidência de
dicorionicidade.
Diagnóstico
Atualmente, o diagnóstico de gestações gemelares é realizado com alta acurácia em exames
ultrassonográficos realizados no primeiro trimestre.
Na ausência dessa identificação em gestações mais avançadas, alguns achados clínicos podem indicar
gemelidade, com baixa acurácia. A palpação de dois polos cefálicos, a ausculta de dois ritmos cardíacos com
frequências diferentes entre si e diferentes da frequência materna e volume uterino maior do que o
observado em gestações únicas são exemplos desses achados. Entre 20 e 30 semanas gestacionais, a altura
uterina é 5 cm maior nas gestações gemelares do que o esperado para gestações únicas.
Fisiologia materna
O organismo materno sofre mudanças durante a gravidez para se adaptar à presença do feto que está
se desenvolvendo. Conhecer o mecanismo dessas adaptações permite identificar como a fisiologia materna
pode responder às gestações múltiplas. São exemplos de alterações mais acentuadas nas gestações
gemelares:
• A expansão volêmica média é de 1.960 mL, enquanto a observada em gestações únicas é de 1.570
mL;
• O aumento da volemia e da pré-carga cardíaca provoca aumento também do débito cardíaco. Em
gestações gemelares, o débito cardíaco é cerca de 20% maior do que nas gestações únicas, o que
provoca um estado hiperdinâmico da circulação materna;
• As queixas de dispneia são mais frequentes nas gestações gemelares, pois o aumento do volume
abdominal e, consequentemente, o aumento do recrutamento de músculos acessórios para a
respiração são mais acentuados nessas gestações. Também há quadros de pielectasia renal causados
pela compressão da drenagem ureteral pelo útero distendido. A homeostase gasosa e o equilíbrio
acidobásico são semelhantes aos observados em gestações únicas.
Complicações
Sabe-se que a incidência de complicações gestacionais é maior nas gestações múltiplas, com exceção
apenas do pós-datismo e da macrossomia fetal. O diagnóstico de baixo peso ao nascer é frequente nessas
gestações por conta da maior incidência de prematuridade e restrição do crescimento fetal.
A síndrome da transfusão feto-fetal e a discordância entre os fetos quanto a alterações morfológicas,
alterações de vitalidade fetal e alterações do crescimento fetal são exclusivas das gestações múltiplas.
Entre as complicações maternas, há um aumento na frequência de anemia; hiperêmese gravídica; pré-
eclâmpsia; complicações hemorrágicas da gestação, como placenta prévia e descolamento prematuro de
placenta (DPP); infecção puerperal; edema pulmonar e óbito. A hipertensão arterial merece destaque pois é
uma das complicações gestaàonais mais frequentes nas gestações múltiplas.
Existem estudos e autores que indicam que a incidência de diabetes mellitus gestacional não é
diferente em gestações múltiplas e gestações únicas, enquanto outros observam que as gestações múltiplas
estão associadas a uma maior incidência dessa complicação. Apesar de se tratar de uma associação
controversa, há muitos serviços que consideram toda gestação múltipla como de alto risco para diabetes
mellitus gestacional.
➢ Prematuridade
A prematuridade ocorre em 30 a 50% das gestações múltiplas. Por conta dessa frequência elevada, o
parto prematuro é o principal fator determinante de morbidade e mortalidade nessas gestações.
A duração média das gestações múltiplas é menor que a de gestações únicas: aproximadamente 35
semanas para gestações gemelares e aproximadamente 32 semanas para gestações trigemelares. Sabe-se,
também, que gestações monocoriônicas têm maior risco de parto pré-termo se comparadas às gestações
dicoriônicas.
O conhecimento dos altos índices de prematuridade já está estabelecido, mas a capacidade de
predizer sua ocorrência ainda é baixa. Para essa finalidade, os testes que demonstraram melhor
desempenho foram a avaliação cervical ultrassonográfica e a determinação da fibronectina fetal em
conteúdo cervicovaginal.
A realização de cerclagem uterina em gestações gemelares não se mostrou efetiva em metanálises e
estudos prospectivos randomizados, mesmo em casos com colo curto.
Internação hospitalar rotineira e repouso no leito foram avaliados em uma metanálise. Além de não
apresentarem benefícios, a incidência de parto pré-termo foi maior nas gestantes hospitalizadas para
repouso. Apesar disso, adequações no estilo de vida da gestante são recomendações de rotina. Preconiza-se
redução das atividades físicas, da jornada e da carga de trabalho, com dispensa precoce nos casos
necessários.
Os agentes uterolíticos são capazes de prolongar a gestação por um período de 24 a 48 horas quando
administrados durante o trabalho de parto prematuro. Gestantes gemelares que recebem essas medicações
devem ser monitorizadas em razão do risco aumentado de edema pulmonar.
Corticosteroides devem ser administrados apenas em gestações viáveis, porém abaixo de 34 semanas,
que apresentem fortes indícios de risco de parto nas próximas 48 horas. As doses recomendadas para
gestações múltiplas não foram estabelecidas na literatura.
Há evidências de benefícios com a suplementação com progesterona para prevenir a prematuridade
em gestações com antecedente de parto pré-termo; no entanto, não se observou redução nas taxas de
parto prematuro com seu uso em gestações gemelares em estudos prospectivos.
➢ Óbito fetal
Gestação gemelar é um fator de risco para óbito fetal. Óbito fetal ocorreu em 2,6% das gestações
gemelares (somente um feto em 1,5% e ambos em 1, 1 %) e em 4,3% das trigemelares (um feto em 2,7%,
dois fetos em 0,6% e três fetos em 1,0%).
Nas gestações em que ocorre óbito de um dos fetos, há risco aumentado para óbito do outro gemelar,
sequelas neurológicas e parto pré-termo. Quanto mais precoce for o óbito fetal, menores serão essas
chances. Essa correlação é mais clara nos casos em que os fetos são de sexos concordantes.
Além da idade gestacional em que ocorre o óbito, fatores como a corionicidade, a causa específica e o
intervalo de tempo do óbito fetal até o nascimento do outro gemelar influenciam o prognóstico do(s)
gemelar(es) remanescente(s).
Nas gestações monocoriônicas, há 15% de chance de óbito do outro gemelar quando ocorre óbito de
um dos fetos. Sequelas neurológicas no gemelar sobrevivente, decorrentes de encefalomalácia multicística,
ocorrem em 26% dos casos. Com o óbito de um gemelar, a volemia do feto sobrevivente é transferida para
o território vascular do gemelar morto, causando hipotensão e isquemia abruptas no feto sobrevivente. A
expansão volêmica do gemelar sobrevivente de gestação monocoriônica pode ser realizada por
cordocentese ou transfusão intrauterina. Os resultados decorrentes desses procedimentos ainda são
controversos, mas há relatos recentes de sua adoção.
Em gestações dicoriônicas, como não há anastomoses vasculares entre as placentas, o risco de
desequilíbrio hemodinâmico para o gemelar remanescente é mínimo. Nesses casos, o feto que morre pode
ser reabsorvido ou permanecer envolto pelas membranas e ser comprimido contra a parede uterina
materna (feto papiráceo). Desde que a causa específica do óbito fetal não contribua com o aumento do
risco para o gemelar remanescente, a conduta pode ser expectante. Quando há prejuízo potencial, a
conduta deve ser adequada para minimizar os riscos para o outro feto.
Nas gestações dicoriônicas, pode ocorrer a reabsorção do feto que morre. Caso ele permaneça no
útero, envolto pelas membranas, será comprimido contra a parede uterina materna (feto papiráceo). Como
não há anastomoses vasculares entre as placentas, o risco de desequilíbrio hemodinâmico para o gemelar
remanescente é mínimo. A conduta nesses casos dependerá da causa do óbito fetal. Quando há risco
potencial para o feto remanescente, a conduta deve ser adequada para minimizar esse risco. Por outro lado,
se não houver risco aumentado para o gemelar remanescente, a conduta pode ser expectante.
A ocorrência de coagulação intravascular disseminada (CIVD) em gestações gemelares com um feto
morto é baixa.
Caso ocorra o óbito de ambos os fetos, a via de parto preferencial é a vaginal. As condições maternas
devem ser acompanhadas com exames laboratoriais durante o período de latência do parto.
Quando a maturidade fetal já foi atingida, caso sejam detectados sinais iminentes de óbito de um dos
fetos, o profissional pode recomendar a resolução da gestação com o objetivo de salvaguardar as chances
do feto comprometido. Por outro lado, se esses sinais forem detectados antes de se atingir a maturidade
fetal, a decisão a ser tomada é um dilema. A conduta deve ser individualizada. O objetivo deve ser
maximizar as chances de sobrevivência de ambos os fetos ou, pelo menos, do feto normal. A resolução
prematura da gestação poderá expor o feto normal aos riscos de sequela e óbito.
• Rastreamento ultrassonográfico
A medida da translucência nucal realizada entre 11 e 13 semanas de gestação identifica o risco de
anomalias cromossômicas. Essa medida é feita durante o exame ultrassonográfico, sendo possível identificar
e diferenciar os fetos e realizar a medida da translucência nucal de cada um deles. Nesse momento,
também é possível proceder ao exame da morfologia fetal, em busca de outros marcadores ou anomalias
estruturais precoces.
• Rastreamento bioquímico
Nas gestações múltiplas, a interpretação das dosagens de marcado res bioquímicos deve levar em
consideração a presença de mais um feto. A associação deste método com o rastreamento
ultrassonográfico reduz a taxa de falso-positivos observada com o uso exclusivo da medida da translucência
nucal no exame ultrassonográfico. Atualmente, a taxa de detecção da trissomia do cromossomo 21 com o
método combinado é de 89%, consistindo no melhor método para gestações gemelares durante o primeiro
trimestre.
Amniocentese
A amniocentese é realizada sob orientação ultrassonográfica. Em gestações gemelares, são descritas
três técnicas:
• Punção de uma das cavidades amnióticas com uma agulha, aspiração de líquido e retirada da agulha
seguidas pela punção da outra cavidade amniótica com outra agulha: é a técnica mais comum. Com
essa técnica, o erro de amostragem relatado na literatura é de até 3,5%. Após a aspiração do líquido,
pode-se injetar corante na primeira cavidade puncionada para reduzir o risco do erro de coleta, mas
essa prática não é recomendada. O uso de equipamentos de alta resolução e a experiência adquirida
são as melhores formas de prevenir esses erros;
• Inserção de uma agulha na primeira cavidade amniótica, aspiração do líquido e, para coleta da
segunda amostra, inserção da mesma agulha na outra cavidade amniótica através da membrana
interamniótica. Os riscos associados a essa técnica são a contaminação da segunda amostra com
material da primeira cavidade e a criação de um defeito na membrana. Assim, a gestação gemelar
passa a ser considerada monoamnióticas iatrogênicas;
• Punção simultânea de cada uma das cavidades, permitindo a visualização de uma agulha de cada
lado da membrana interamniótica: é a técnica menos empregada.
Cordocentese
Atualmente, a técnica da cordocentese é pouco utilizada para a determinação do cariótipo fetal,
sendo reservada aos casos tardios. Atualmente, esse procedimento está mais limitado aos casos de anemia,
plaquetopenia e hidropsia fetal.
➢ Síndrome da transfusão feto-fetal
A síndrome da transfusão feto-fetal é uma complicação específica e exclusiva das gestações
monocoriônicas, atingindo entre 10 e 15% delas. É caracterizada pela transferência não balanceada de
sangue entre as circulações dos dois fetos, que ocorre através de anastomoses vasculares arteriovenosas
placentárias.
Essa transferência de sangue provoca anemia no gêmeo doador, com restrição do crescimento grave
acompanhada de oligúria e oligoâmnio, enquanto o feto receptor recebe uma sob recarga circulatória e
apresenta policitemia, que pode levar ao desenvolvimento de complicações cardíacas e hidropsia. A
cavidade amniótica do gêmeo receptor pode sofrer polidrâmnio grave, que acarreta o aumento da pressão
intrauterina e pode prejudicar ainda mais a circulação placentária.
Observa-se polidrâmnio agudo nos casos graves, sendo possível detectar sua ocorrência entre 16 e 24
semanas de gestação. Sua ocorrência está associada a altas taxas de óbito fetal espontâneo de um ou
ambos os fetos, abortamento, RPMO e parto prematuro. A taxa de mortalidade nos casos não tratados
chega a 80 a 100%.
Com o objetivo de melhorar a sobrevida dos fetos, diversas técnicas foram propostas para o tratamento
dessa síndrome:
➢ Amniodrenagem
O polidrâmnio decorrente da síndrome de transfusão feto-fetal pode ser progressivo, causando
desconforto materno e tornando o útero tenso à palpação. A amniodrenagem é um procedimento de
execução fácil e que utiliza materiais simples para retirada do excesso de líquido amniótico. Aliviar o
polidrâmnio nesses casos reduz o risco de rotura das membranas e trabalho de parto prematuro e,
portanto, pode prolongar a duração da gestação. A ocorrência de reacúmulo de líquido amniótico é
frequente. O procedimento pode ser repetido, sendo que o número de intervenções por paciente varia de 1
a 6, com média de 3.
São observadas complicações em 5 a 10% dos casos. Entre elas, podem ser citadas: óbito fetal ou
abortamento até 48 horas após o procedimento, RPMO e descolamento prematuro de placenta.
➢ Septostomia
Septostomia é uma técnica que envolve a criação de um orifício na membrana interamniótica,
comunicando as duas cavidades. É realizada com o mesmo material da amniodrenagem e, muitas vezes, as
duas técnicas são empregadas em conjunto. Consegue-se, assim, um efeito combinado de alívio do
polidrâmnio e equilíbrio entre as pressões das cavidades amnióticas.
A taxa de sobrevivência relatada é de 40 a 83%. Essa técnica apresenta todos os riscos descritos
anteriormente para a amniocentese somados ao risco específico de entrelaçamento dos cordões, uma vez
que a gestação é efetivamente transformada em monoamniótica. Não há muitos estudos na literatura
comprovando a eficiência do método.
➢ Feticídio seletivo
O feticídio seletivo consiste na interrupção seletiva da vida de um dos gêmeos, realizado por meio de
técnica que evite o comprometimento circulatório do gemelar sobrevivente. O número de casos relatados
até hoje é pequeno.
Esse tipo de intervenção só é indicado quando há sinais de morte intrauterina iminente de um dos
fetos. Após o procedimento, apenas um feto tem chance de sobrevivencia.
Pode ser realizado a partir do clampeamento do cordão umbilical por fetoscopia ou por embolização
vascular guiada pela ultrassonografia. Os riscos maternos associados à intervenção dependem da técnica
empregada.
➢ Gêmeo acárdico
A ocorrência de gêmeo acárdico representa o grau extremo de anormalidade vascular possível nas
gestações monocoriônicas. Ocorre em cerca de 1 % dessas gestações.
O gêmeo acárdico apresenta ausência do coração ou presença de um rudimentar, ausência do polo
cefálico e podem estar presentes alterações dos membros superiores. O tronco pode apresentar edema
acentuado ou se apresentar como uma massa amorfa. As múltiplas e graves malformações estruturais são
incompatíveis com a sobrevivência do feto após o nascimento. Sua perfusão sanguínea intrauterina se
mantém graças à presença de anastomose arterioarterial com o outro feto.
O gemelar normal (doador) atua como bomba de perfusão para o feto anormal. Em 50 a 70% dos
casos, o gemelar normal morre em decorrência de insuficiência cardíaca congestiva ou parto pré-termo
acarretado pelo grave polidrâmnio. Para reverter esse prognóstico, propõe-se a oclusão do fluxo para o
gêmeo acárdico, que pode ser realizada por meio de ligadura endoscópica, coagulação com laser do cordão
umbilical ou embolização dos vasos umbilicais dentro do abdome do feto acárdico, por meio da injeção de
álcool absoluto.
Ocorre a sobrevivência do feto normal em 90% dos casos de gestação com feto acárdico conduzidos
de forma expectante, sugerindo que a vigilância intensiva da vitalidade fetal pode ser suficiente nesses
casos. Quando o diagnóstico é feito próximo à viabilidade do feto normal, opta-se pela resolução da
gestação.
➢ Gestação monoamniótica
Essas gestações correspondem a cerca de 1 % de todas as gestações monozigóticas. O risco de óbito
fetal intrauterino nessas gestações é de 50 a 70%. Os fatores de risco associados às gestações
monoamnióticas estão relacionadas à proximidade dos cordões (enovelamento e interrupção do fluxo), a
malformações fetais e à prematuridade.
Seu diagnóstico se baseia na demonstração da presença de dois fetos no interior do mesmo saco
gestacional, sem membrana interposta. Também é possível identificar sua ocorrência a partir da observação
de enovelamento do cordão umbilical no exame ultrassonográfico.
Diante do diagnóstico de gêmeos monoamnióticos, os pais devem ser informados sobre o elevado
risco de óbito súbito inexplicado. Para as gestações monoamnióticas com ambos os fetos vivos com 20
semanas de idade gestacional, o risco de óbito fetal subsequente é de aproximadamente 10%.
Alguns autores defendem o parto com 32 semanas completas, enquanto outros consideram que o
risco de óbito súbito diminui no terceiro trimestre e, por isso, postergam a interrupção. Como não há
evidências científicas conclusivas, esse limite deve ser estabelecido caso a caso, de acordo com a
disponibilidade de recursos de cuidados intensivos neonatais.
➢ Gêmeos unidos
A união de gêmeos (xifópagos) acomete cerca de 1:50.000 gestações. Seu diagnóstico é
ultrassonográfico, a partir da identificação de gestação gemelar com massa placentária única, sem a
visualização de membrana interamniótica e observando-se que os fetos não se separam.
Acompanhamento pré-natal
O número de consultas de acompanhamento pré-natal é maior para gestações gemelares do que para
gestações únicas. Não há, no entanto, um número mínimo ideal definido para esses casos. A realização de
consultas mais frequentes permite diagnosticar mais precocemente desvios na evolução da gestação, como
a ocorrência de pré-eclâmpsia.
No acompanhamento pré-natal de gestações gemelares, todos os exames laboratoriais preconizados
para as gestações únicas são solicitados, podendo-se somar a eles dosagens trimestrais de hemoglobina
materna, em razão do alto risco de anemia materna. A suplementação de ferro e ácido fólico é obrigatória
para essas gestantes. Outra alteração com relação ao manejo de gestações únicas é a realização mais
precoce da pesquisa de colonização materna por estreptococo do grupo B. Em virtude da menor idade
gestacional média do parto em gestações gemelares, essa pesquisa é realizada entre 30 e 32 semanas
nesses casos.
Os exames ultrassonográficos periódicos são fundamentais no manejo dessas gestações. A partir de 16
semanas, indica-se a realização de exame ultrassonográfico mensal em gestações dicoriônicas e quinzenal,
para as monocoriônicas. O objetivo é identificar eventual ocorrência de síndrome da transfusão feto-fetal
em estágios iniciais e restrição de crescimento
fetal.
Durante o terceiro trimestre, o crescimento fetal e a vitalidade fetal são acompanhados por meio de
exames ultrassonográficos periódicos. O volume de líquido amniótico nas gestações múltiplas é avaliado
pela medida do maior bolsão vertical de cada bolsa amniótica. Medidas< 2 cm indicam líquido diminuído, e
medidas > 8 cm (abaixo de 20 semanas) e > 10 cm (> 20 semanas) indicam líquido aumentado.