Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Tipo do
PROTOCOLO PRO.MED-OBS.033 – Página 1/13
Documento
Emissão: Próxima
Título do
GESTAÇÃO MÚLTIPLA 23/04/2020 revisão:
Documento
Versão: 3 23/04/2022
1. AUTORES
Ana Luíza Ramos Morais
Francisco Herlânio Costa Carvalho
Henry Wong Vela
Francisco Edson de Lucena Feitosa
Jordana Parente Paiva
2. INTRODUÇÃO
Observa-se um aumento da incidência de gestações gemelares nas últimas décadas, talvez pela
idade materna avançada ao engravidar e necessidade de uso de técnicas de reprodução assistida.
Gestações gemelares estão associadas a um risco aumentado de complicações maternas e fetais
superior ao da gestação única, e isto determina um manejo antenatal e intraparto diferenciado. A
corionicidade é o principal fator prognóstico.
3. CLASSIFICAÇÃO
3.1 Dizigóticas: ocorre em 70-75% das gestações gemelares, sendo dicoriônicas e diamnióticas em
100% dos casos.
3.2 Monozigóticas: ocorre em 20-25% dos casos das gestações gemelares podendo ser:
Dicoriônicas e diamnióticas (DC/DA): 20-25%
Monocoriônicas e diamnióticas (MC/DA): 70-75%
Monocoriônicas e monoamnióticas (MC/MA): 1-2%
Gêmeos conjugados: <1%
4. DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO
Datar a gestação corretamente;
Determinar a corionicidade e amniocidade;
Rastrear aneuploidias e malformações fetais;
Diagnosticar as possíveis complicações das gestações gemelares.
6. PREVENÇÃO DA PRÉ-ECLÂMPSIA
A gravidez múltipla é considerada um fator de risco médio para pré-eclâmpsia (especialmente
da pré-eclâmpsia tardia) e é aconselhável iniciar o tratamento preventivo com AAS 100mg (a noite)
a partir de 12 semanas (iniciar idealmente antes de 16 semanas) e manter até 36 semanas.
7. PREVENÇÃO DA PREMATURIDADE
Pacientes com colo curto (comprimento cervical ≤ 25 mm entre 20-24 semanas pela
ultrassonografia transvaginal): administrar progesterona vaginal micronizada de 200 ou 400 mg/dia
(idealmente 400mg) a partir do segundo trimestre. Observou-se redução significativa no risco de
parto prematuro (31%); mortalidade neonatal (47%); mortalidade perinatal, desconforto
respiratório, peso < 1,5 Kg e uso de ventilação mecânica.
Pessário cervical: sem evidências suficientes para justificar sua colocação na presença de colo
curto.
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Tipo do
PROTOCOLO PRO.MED-OBS.033 – Página 4/13
Documento
Emissão: Próxima
Título do
GESTAÇÃO MÚLTIPLA 23/04/2020 revisão:
Documento
Versão: 3 23/04/2022
Cerclagem cervical primária: não é recomendada, uma vez que poderia piorar o prognóstico da
gravidez.
Hospitalização anteparto ou repouso domiciliar: não mostram aumento da idade gestacional
ao parto e podem aumentar risco de tromboembolismo venoso.
37 – 38 Semanas
PARTO
16 Semanas
Índica de Pulsatilidade (IP) da Artéria Umbilical
(AU)
18 Semanas
Avaliação detalhada da anatomia
20 Semanas Biometria, Avaliação do líquido amniótico
IP da AU, PVS da Artéria Cerebral Média
(ACM)
Comprimento do colo
PARTO
Fluxograma 2- Seguimento ultrassonográfico gemelares monocoriônicos
PARTO
Fluxograma 3- Seguimento ultrassonográfico gestações trigemelares
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Tipo do
PROTOCOLO PRO.MED-OBS.033 – Página 6/13
Documento
Emissão: Próxima
Título do
GESTAÇÃO MÚLTIPLA 23/04/2020 revisão:
Documento
Versão: 3 23/04/2022
Nas gestações MC solicitar uma avaliação ecocardiográfica entre 24 - 26 semanas pelo maior
risco de cardiopatias. A partir das 34 semanas o controle pré-natal será semanal.
9. COMPLICAÇÕES MATERNAS
São mais frequentes do que na gravidez única e podem ocorrer na gestação, parto e puerpério.
A mortalidade materna é 2,5 vezes maior.
As complicações maternas mais frequentes são:
Hiperêmese gravídica.
Síndromes hipertensivas na gravidez (3 vezes mais frequente).
Anemia.
Colestase intra-hepática (2 vezes mais frequente)
Fígado gorduroso agudo da gravidez.
Doença tromboembólica.
Edema agudo de pulmão.
Hemorragia obstétrica (PP, DPP, hemorragia puerperal).
ESTÁGIO CRITÉRIO
I Maior bolsão < 2,0 cm no doador e > 8,0cm no receptor
II Não visualização da bexiga no doador
III Diástole zero ou diástole reversa na artéria umbilical, ducto
venoso com onda a reversa; veia umbilical pulsátil
IV Hidropsia de um ou ambos os gêmeos
V Óbito de um ou ambos os gêmeos
Tabela 1- Estadiamento síndrome da transfusão feto-fetal
Tratamento e resultados:
A conduta dependerá da idade gestacional, estágio da doença (tabela 1), disponibilidade de
recursos e manifestações maternas:
Estágio I e comprimento cervical > 25 mm:
- Manejo expectante (Grau de recomendação 2C).
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Tipo do
PROTOCOLO PRO.MED-OBS.033 – Página 7/13
Documento
Emissão: Próxima
Título do
GESTAÇÃO MÚLTIPLA 23/04/2020 revisão:
Documento
Versão: 3 23/04/2022
- Seguimento semanal (ultrassom e Doppler): detectar a progressão da doença e
avaliar as velocidades do pico sistólico da artéria cerebral média (PVS-ACM).
- Resolução da gravidez: de 36 a 37 semanas se o estágio STFF e os sintomas
permanecerem estáveis.
Tratamento:
Conduta expectante com controle de Doppler semanal no estágio 1 e 2.
A partir do estágio 3 pode-se optar pela ablação a laser ou resolução da gravidez, mas a conduta
a seguir deve sempre ser avaliada de acordo com a idade gestacional, disponibilidade de recurso e
fatores que influenciam a dificuldade da intervenção da posição da placenta, líquido amniótico, etc.
Tratamento:
Difere de acordo com o tipo de RCIUs (fluxograma 4):
RCIUs tipo I: Conduta expectante.
Acompanhamento ultrassonográfico com Doppler semanal ou quinzenal.
Resolução: piora do Doppler da AU ou com 34-36 semanas.
RCIUs tipo II e tipo III: não existe ainda tratamento ideal.
Considerar a possibilidade de feticídio seletivo do feto restrito ou laser até 26a.
semana.
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Tipo do
PROTOCOLO PRO.MED-OBS.033 – Página 10/13
Documento
Emissão: Próxima
Título do
GESTAÇÃO MÚLTIPLA 23/04/2020 revisão:
Documento
Versão: 3 23/04/2022
Resolução: definida pelo seguimento rigoroso do ducto venoso (deterioração fetal)
realizado semanalmente até 26-28 semanas e diariamente após esse período.
Considerar parto entre 32-34 semanas na ausência de outras complicações.
Conduta expectante
Até 26 Semanas 26 – 28 28 – 34
USG de 15/15 dias
Semanas Semanas
LASER PARTO
Medidas preventivas:
- Dequitação ativa do segundo gemelar com o objetivo de prevenir atonia uterina.
- Verifique a integridade dos anexos ovulares e, em caso de dúvida, revisar
manualmente a cavidade uterina administrando profilaxia antibiótica
- Para a prevenção e tratamento da hemorragia pós-parto, seguir protocolo específico
- Infusão de 500 ml de SF + 10 UI de ocitocina EV de manutenção.
- Em caso de atonia uterina, siga o protocolo pertinente.
- Previsão da necessidade de transfusão de sangue (reserva de sangue na admissão).
15. REFERÊNCIAS
1. Brizot ML et al. Malformações fetais em gestação múltipla. RBGO, v. 22, n. 8, 2000.
2. Buca D et al. Outcome in monochorionic twin pregnancies with selective intrauterine
growth restriction according to the umbilical artery Doppler pattern of the smaller twin: a
systematic review and meta-analysis. Ultrasound Obstet Gynecol. 2017 Nov;50(5):559-568.
3. Cheong-See F et al. Prospective risk of stillbirth and neonatal complications in twin
pregnancies: systematic review and meta-analysis. BMJ, v. 354, p. i4353, 2016.
4. Committee on Practice Bulletins—Obstetrics, Society for Maternal–Fetal Medicine.
Practice Bulletin No. 169: Multi-fetal Gestations: Twin, Triplet, and Higher-Order Multifetal
Pregnancies. Obstet Gynecol. 2016; 128(4):e131.
5. Emery SP, Bahtiyar MO, Moise KJ; North American Fetal fterapy Network. fte North
American Fetal fterapy Network Consensus Statement: Management of Complicated
Monochorionic Gestations. Obstet Gynecol. :(3)126 ;2015 84-575.
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Tipo do
PROTOCOLO PRO.MED-OBS.033 – Página 13/13
Documento
Emissão: Próxima
Título do
GESTAÇÃO MÚLTIPLA 23/04/2020 revisão:
Documento
Versão: 3 23/04/2022
6. Gratacos E, Lewi L, Munoz B, et al. A classification system for selective intrauterine growth
restriction in monochorionic pregnancies according to umbilical artery Doppler flow in the
smaller twin. Ultrasound Obstet Gynecol 2007;30:28-34.
7. Ishii K. Prenatal diagnosis and management of monoamniotic twins. Curr Opin Obstet
Gynecol. 2015 Apr;27(2):159-64.
8. Johnson A. Diagnosis and Management of Twin-Twin Transfusion Syndrome. Clin Obstet
Gynecol. 2015 Sep;58(3):611-31.
9. Khalil A et al. ISUOG Practice Guidelines: role of ultrasound in twin pregnancy. Ultrasound
in Obstetrics & Gynecology, v. 47, n. 2, p. 247-263, 2016.
10. Melka S, Miller J, Fox NS. Labor and Delivery of Twin Pregnancies. Obstet Gynecol Clin North
Am. 2017 Dec;44(4):645-654.
11. Moldenhauer JS, Johnson MP. Diagnosis and Management of Complicated Monochorionic
Twins. Clin Obstet Gynecol. 2015 Sep;58(3):632-42.
12. Monson M, Silver RM. Multifetal Gestation: Mode of Delivery. Clin Obstet Gynecol. 2015
Sep;58(3):690-702.
13. Oepkes D, Sueters M. Antenatal fetal surveillance in multiple pregnancies. Best Pract Res
Clin Obstet Gynaecol. 2017 Jan;38:59-70.
14. Oliveira SA; Elito Junior J. Complicações fetais na Gemelaridade Monocoriônica: quadro
clínico, fisiopatologia, diagnóstico e conduta. Femina, v. 42, n. 2, 2014.
15. Quintero R, Morales W, Allen M, Bornick O, Johnson P, Kruger M. Staging of twin-twin
transfusion syndrome. J Perina- tol. 1999;19:550–5.
16. Society for Maternal-Fetal Medicine, Simpson LL. Twin-twin transfusion syndrome. Am J
Obstet Gynecol. 2013; 208(1): 3-18.
17. Tollenaar LS, Slaghekke F, Middeldorp JM, Klumper FJ, Haak MC, Oepkes D, Lopriore E. Twin
Anemia Polycythemia Sequence: Current Views on Pathogenesis, Diagnostic Criteria,
Perinatal Management, and Outcome. Twin Res Hum Genet. 2016 Jun;33-222:(3)19.