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BOLETIM 005/2018

INSPECIONANDO MELHOR O FLUXO DE ATF DO TROCADOR


DE CALOR DE UMA TRANSMISSÃO AUTOMÁTICA
Descrição Técnica do procedimento de inspeção de fluxo do trocador de calor para corrigir
possíveis irregularidades do sistema.

800 ml em vinte segundos... Isto tem sido repetido tantas vezes que quase se tornou um mantra.
Você provavelmente ouviu isto durante toda sua carreira. O fluxo do trocador de calor de uma
transmissão automática deve ser de no mínimo 800 ml. em 20 segundos.

Assim, pegamos nossa garrafa e uma mangueira. Desconectamos a mangueira de saída do


trocador de calor e conectamos nossa mangueira na saída do trocador de calor. Colocamos a
outra extremidade da mangueira na nossa garrafa graduada. Então, funcionamos o motor do
veículo.

Vinte segundos mais tarde desligamos o motor e medimos quanto ATF está dentro da garrafa.
Se tiver 800 ml ou mais, deduzimos que o trocador de calor está OK.

Mas, pode ser que não. Veja, existe algo que o teste nunca levou em conta: A pressão. A pressão
do sistema de arrefecimento. E esta pressão pode ter um dramático efeito no resultado do teste
de fluxo de nosso trocador de calor.

Aqui está o porque: Assim que o motor aquece, o sistema de arrefecimento começa a elevar
a sua pressão. Em muito veículos, o sistema de arrefecimento é projetado para manter cerca
de 15 PSI. Isto é muita pressão. Portanto, o radiador do veículo e as mangueiras do sistema
precisam estar em boas condições.

Mas a pressão aplica igualmente em todas as direções. O que significa que, se o radiador
possui um trocador de calor instalado em seu interior para a transmissão automática, a pressão
pressiona para dentro, fechando o trocador de calor da transmissão (figura 1). Nos trocadores
externos, as limalhas geradas internamente à caixa poderão obstruir parcial ou totalmente o
mesmo, gerando problemas ao técnico e ao cliente. (figura 2)

1 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br


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Figura 1

Se o trocador de calor for velho e cansado, a pressão pode na verdade deformar o mesmo e
restringir o fluxo do trocador. Assim, aqueles 800 ml. em vinte segundos pode diminuir para
cerca de 800 ml em cerca de meia hora! Isto não é nada bom.

Figura 2

Teste de fluxo do Trocador de Calor com máquina de troca e limpeza.

Um outro método familiar de testar o trocador de calor é utilizar o medidor de fluxo que vem
junto com muitos equipamentos de limpeza dos sistemas de arrefecimentos das transmissões.
Este teste é muito bom se o trocador de calor falhar. Se o trocador de calor ficar restrito durante
um processo de limpeza, ele ficará tão obstruído que impedirá que o ATF flua corretamente.

Mas um teste com o equipamento de limpeza não irá necessariamente fornecer uma leitura
honesta, porque o teste durante o processo de limpeza do sistema não testa o trocador de

2 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br


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calor com o sistema de arrefecimento sob pressão. Você ainda poderá ter problemas uma vez
que o sistema atinja sua temperatura normal de trabalho.

Assim, se o trocador de calor falhar num teste de fluxo com sua máquina de limpeza ou troca,
você poderá presumir que o trocador de calor está obstruído e precisa ser substituído. Mas
se o ele passar no teste, não presuma que o trocador de calor está OK; Ele ainda poderá estar
obstruído impedindo que o ATF circule livremente, ou apresentar uma restrição quando o
sistema de arrefecimento aquecer.

Teste de fluxo do Trocador de Calor na estrada.

O único procedimento de teste em que podemos realmente confiar para teste de fluxo é um
teste em estrada sob condições reais de operação, enquanto o sistema de arrefecimento está
aquecido e sob pressão. Desta maneira, iremos precisar de um medidor de fluxo portátil, que
possamos conectar na linha do trocador de calor e ao mesmo tempo dirigir o veículo.

Onde podemos conseguir este tipo de medidor de fluxo portátil de linha? Bem, podemos
construir nosso próprio medidor de fluxo portátil. Existem dúzias de fornecedores de medidores
de fluxo (nos Estados Unidos) em linha, muitos dos quais trabalham em temperaturas acima
de 120ºC e são seguros para utilização com ATF.

Se juntarmos todas as peças que necessitamos, incluindo um transdutor de pressão e uma


unidade display para leitura de dados no compartimento dos passageiros, deveremos ser
capazes de construir nosso medidor de fluxo por algo em torno de R$ 5.000,00, um bocado
de dinheiro!

Ou podemos solicitar à SONNAX o kit medidor SONNAFLOW®, disponível em distribuidores(*)


por um preço menor. O kit vem com todos os acessórios básicos que necessitamos e inclui
um manual técnico sobre como conectar a ferramenta e avaliação dos resultados de cada
transmissão.

Por agora, a SONNAX parece ser o único fabricante a oferecer um kit para medição do fluxo dos
trocadores de calor de transmissões. Mas não se surpreenda se outros fabricantes entrarem
neste ramo oportunamente. (figura 3)

Utilizando o medidor de fluxo

Falando-se de maneira geral, eis como podemos utilizar o medidor de fluxo para inspecionar o
fluxo do trocador de calor. Comece por conectar o medidor em série com a linha do trocador
de calor. A SONNAX sugere utilizar a linha de retorno, mas não importa realmente qual linha
utilizar, uma restrição reduzirá o fluxo em ambos os lados do trocador de calor.

3 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br


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Figura 3

Direcione o chicote do equipamento sob o capo do motor e através de uma janela, e posicione
o display onde você o possa ver facilmente desde o banco do motorista. Tente manter o chicote
do equipamento longe do alternador e do sistema de ignição, para evitar ruídos elétricos que
possam interferir com o sinal.

Funcione então o motor e inspecione a taxa de fluxo do trocador de calor. Em muitos casos ela
deverá estar acima de 3,5 a 4,5 litros por minuto, mas as taxas de fluxo poderão variar baseadas
na rotação do motor, temperatura, etc. Se o fluxo estiver abaixo de 2,5 litros por minuto, podemos
estar encarando uma restrição tal como “800 ml. em vinte segundos”. Consulte o manual que
vem junto com o equipamento Sonnaflow® para se certificar.

À medida que o fluxo esteja OK em marcha lenta, continue com o teste de estrada, um bem
longo. Verifique o fluxo; Ele cairá drasticamente quando o Lock-Up for aplicado, mas falando-se
genericamente, o fluxo nunca deverá diminuir para menos de 2,7 litros por minuto. Uma vez
mais, a melhor maneira de se certificar é comparar os resultados com o manual.

Se o fluxo ficar muito baixo quando o veículo atingir a temperatura normal de trabalho, podemos
fazer mais uma coisa para verificar se existe mesmo uma restrição do trocador de calor: Fazer
um desvio do trocador de calor.

4 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br


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Conecte as duas linhas do trocador através do medidor de fluxo e funcione o motor. Se o fluxo
voltar a normalizar com o trocador fora do circuito de lubrificação, com certeza o trocador
possui uma restrição. Para corrigir um trocador obstruido, temos algumas opções:

• Podemos tentar lavar e limpar o trocador. Mas desde que já reformamos a transmissão,
devemos já ter feito este procedimento com o trocador e isto não irá ajudar.

• Podemos desviar o circuito do trocador de calor (desligá-lo) e instalar um trocador externo


adicional da transmissão. Mas existem alguns veículos em que este procedimento poderá
não atender a demanda de troca de calor gerada pela transmissão.

• Se for um veículo mais antigo com um radiador de latão e cobre, podemos levar este
radiador para uma oficina especializada e substituir o trocador de calor da transmissão.
Eles dessoldarão a caixa do radiador e substituirão o trocador de calor da transmissão por
um novo. Mas isto somente reparará o trocador de calor da transmissão. Se o radiador for
muito velho, pode ser que não estejamos fazendo nenhum favor ao proprietário do veículo.

• Podemos também substituir completamente o radiador do veículo. Isto não somente


substituirá o trocador de calor da transmissão mas agora temos um belo radiador novo
para fornecer uma melhor transferência de calor para todo o sistema de arrefecimento.

800 ml em vinte segundos... esta é a maneira que aprendemos para verificar o fluxo de ATF de
uma transmissão. E para muitos veículos, usar uma mangueira e uma garrafa graduada pode
ser adequado. Mas nos dias de hoje, mais e mais sistemas requerem um teste mais completo.

Para manter seus clientes satisfeitos, sempre vá um passo além. Execute um teste completo de
fluxo do trocador de calor, sob condições de operação normal do veículo. Isto no final pagará
um dividendo extra ao cliente e contribuirá para que o nome da oficina esteja no topo da lista
de reparadores e na preferência dos clientes.

*Para maiores informações como adquirir este equipamento, entre em contato com sac@
solupecas.com.br, ou pelo telefone (11) 2193-3868.

Matéria traduzida da revista Gears de maio de 2014

Autores: Mark Puccinelli e Steve Bodofsky

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