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A ARGUMENTAÇÃO

JURÍDICA
Profa. Camila Pina
Redação Jurídica
RETÓRICA e ARGUMENTAÇÃO

• Estrutura do texto retórico/argumentativo


• Modos de apresentação do argumento
ARGUMENTAÇÃO e AUDITÓRIO

A argumentação deve ser tecida com base no auditório


• Reações → valores, experiências pessoais, os
princípios de justiça e conhecimentos de cada
destinatário.
• Demonstração: premissas reconhecidas ou tidas como
verdade.
• Argumentação: premissas prováveis
ESTRUTURA DO TEXTO
ARGUMENTATIVO/RETÓRICO

• Exórdio
• Desenvolvimento
• Peroração
FIGURAS DE RETÓRICA
• Efeito persuasivo

• RETÓRICA: Discurso criativo e planejado de forma


estratégica

• Ex: metáforas, metonímias, prolepse; inversão de


ordem convencional das palavras; repetição;
eufemismo; quasmos; reticências; hipérbole; ironia
DISCURSO ARGUMENTATIVO
• Jurisprudência
– Orientar solução de questão não positivada
– Aprimorar alguma regra existente
– Atualizar no tempo e no espaço
– Suscitar a criação de outras regras
FATOS e PROVAS
• Fatos controversos

• Fatos incontroversos

• Prova documental
• Prova testemunhal
• Prova pericial

• Relação lógica dos fatos com os pedidos


OPERADORES ARGUMENTATIVOS
• Expressões que ligam orações, períodos ou
parágrafos
• Auxiliam na demarcação da intenção e coesão:
– Conectivos: mas, porém, pois, pois que, ou;
– Advérbios: ainda, quase, até;
– Denotadores de exclusão: só, somente, apenas, senão;
– Denotadores de retificação: aliás, ou melhor, a saber.
TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA
Segundo os ensinamento de Manuel Atienza,
dividem-se em três campos diferentes:

a) produção ou estabelecimento de normas jurídicas:


• Fase pré-legislativa
• Fase legislativa
b) normas jurídicas à solução de casos.
• Argumentação de fato
• Argumentação de direito
c) dogmática jurídica, que possui as seguintes funções:
• fornecer critérios para a produção do Direito nas diversas
instâncias em que ele ocorre;
• ordenar e sistematizar um setor no ordenamento jurídico;
oferecer critérios para a aplicação do Direito.
DIREITO E CINEMA: Uma análise da
argumentação jurídica no filme 12
homens e uma sentença
• Artigo de autoria João Henrique Pickus Celant e
Marcos Vinicius Viana da Silva

• Objetivos:
– Apresentar o Direito como Argumentação
– Apresentar os tipos de argumentos jurídicos
normalmente utilizados e como é possível combatê-los
– Analisar a argumentação jurídica presente no filme 12
homens e uma sentença
12 homens e uma sentença
O que é entender o
Direito como
Argumentação?
• é perceber que praticamente todas
as atividades dos operadores do
Direito envolvem de alguma forma a
apresentação de razões com o
intuito de fundamentar, justificar,
convencer outrem de que aquilo que
se afirma é válido e verdadeiro.
O que é um
Argumento?
• Nicola Abbagnano afirma que
argumento: “[...] é qualquer razão,
prova, demonstração, indício,
motivo capaz de captar o
assentimento e de induzir à
persuasão ou à convicção.”
• Manuel Atienza afirma que
argumentar: “[...] é uma atividade
que consiste em dar razões a favor
de ou contra uma determinada tese
que se trata de defender ou de
refutar.”
Importância da argumentação
• Direito positivo
– As lacunas, as antinomias e as ambiguidades

– Generalidade do texto legal

– Convencimento nos fatos

– o juiz é um ser humano e como tal não consegue se


desvincular de sua subjetividade, da influência de
aspectos inconscientes no momento em que decide
Importância da argumentação
• A argumentação como instrumento de
convencimento do/a juiz/a
• A argumentação como instrumento de
fundamentação da decisão do juiz/a
“O fato da decisão ser fundamentada não
significa que aquela era a única possibilidade
de resposta.
A imensa quantidade de dispositivos legais
existentes no ordenamento jurídico, e hoje
ainda com a possibilidade de fundamentação
via princípios, possibilita diversas respostas
para a mesma questão.
O juiz pode primeiro tomar a sua decisão
para depois procurar as razões para
fundamentá-la”
VÁLIDOS
PONTO DE VISTA
FORMAL
INVÁLIDOS

MAIS SÓLIDOS
PONTO DE VISTA
MATERIAL
MENOS SÓLIDOS
ARGUMENTOS
MAIS
PONTO DE VISTA
PERSUASIVOS
PRAGMÁTICO
MENOS
PERSUASIVOS

VERDADEIROS
QUANTO À
VERACIDADE
FALACIOSOS
Os argumentos falaciosos
• O emissor pode ou não ter ciência
• Análises superficiais
• Sofisma – falso argumento com intuito de
enganar o/a destinatário/a
“Analisando-se a retórica do ponto de vista estritamente técnico,
um bom argumento resume-se à um argumento persuasivo, pouco
importando se sua informação é verdadeira ou falsa, não tendo
sentido falar em falácia. Porém, o operador do Direito que busca
superar os argumentos contrários à sua tese, deve buscar
identificar as falácias e demonstrá-las de forma a invalidar a tese
contrária à sua”.
De Autoridade

Por Figuração

Do córax
ARGUMENTOS
Ad hominem
o Rol exemplificativo
De Senso comum
o de fato
o de oposição/enquadramento
o A fortiori De Fuga
o De analogia
o De causa e efeito
A ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA NO FILME 12
HOMENS E UMA SENTENÇA

• Filme estadunidense de drama


• Ano: 1957
• Direção: Sidney Lumet
• Produção: Henry Fonda (protagonista)
• Roteiro: Reginald Rose
• Adaptação de programa de televisão homônimo
Base argumentativa do protagonista
• Fragilidade das provas (ponto de vista material)

• Dúvida razoável em relação


• In dubio pro reo
Que tipo de
argumento é
esse?
Argumento 1 – o determinismo social

• o 10º jurado afirma que não se pode acreditar


no rapaz “sabendo o que ele é” (um pobre
rapaz da favela), que conviveu com “eles” a
vida toda, que já nascem mentirosos.
Identificando a contradição
• No decorrer da discussão, o 8º jurado, o
protagonista, utiliza os mesmos argumentos de
fuga do 10º jurado contra ele, pois ele afirma que a
vizinha da frente testemunhou o rapaz
assassinando o pai, sendo assim não haveria dúvida
que ele é culpado.

• Porém, o 8º jurado pergunta:


Se ela também é um “deles”,
como poderia ele acreditar nela?
Argumento 2 – o histórico do acusado
• o 7º jurado tenta demonstrar a culpa do
acusado falando sobre o seu passado,
descrevendo as diversas vezes em que ele havia
sido preso.
• Em seguida o 3º jurado continua os argumentos
do 7º, afirmando que o problema é como são as
crianças hoje em dia, não chamam mais o pai de
senhor, etc. Todos argumentos de fuga que
desviam da verdadeira questão, ou seja, o
acusado cometeu ou não o crime de homicídio?
Argumento 3
• Os demais jurados tentam convencer o 8º
jurado da culpa do acusado afirmando que
duas testemunhas confirmaram que o
acusado matou o pai e que o legista
confirmou o horário afirmado por elas.
Autoridade

a
Argumento 4
• O 8º jurado, em cena que justifica o fato de
não acreditar tão facilmente como os outros
na culpa do réu, afirmando que as provas
apresentadas durantes os seis dias de
julgamento se encaixavam tão bem que ele
começou a estranhar, pois nada se encaixa
assim tão perfeitamente.
Argumento 5
• Posteriormente, o 3º jurado defende a culpa do
acusado pelo fato de que o vizinho de baixo ouviu
o acusado gritar que mataria o pai, ouviu o corpo
do pai cair ao chão e correu até as escadas onde
viu o menino passar correndo.
Argumento 6
• Para combater tal argumento, o 9º jurado utiliza-
se do argumento, afirmando que a testemunha
era um velho solitário, alguém que nunca foi nada
na vida, e aquele testemunho foi sua única
oportunidade de ser alguém, de ter algum tipo de
destaque, sendo assim, imaginou ter ouvido e
visto mais do que realmente aconteceu.
Argumento 7
• O 8º jurado afirma que é muito comum
pronunciar a frase “Vou te matar!” quando se
envolve em uma briga, isso não significa que a
pessoa que afirma isso realmente possui a
intenção de matar a outra.
Argumento 8

• O 8º jurado utiliza o argumento figurativo por


ilustração para demonstrar que a testemunha,
que mancava ao caminhar, não poderia ter
caminhado rápido o suficiente do seu quarto
até a escada ver o menino passar correndo.
Argumento 9
• Após a demonstração, o 3º jurado com raiva dos
argumentos apresentados utiliza-se do argumento
afirmando que os outros jurados acreditam nisso
por estarem com pena dos pobres e injustiçados.
Argumento 10
• Outra questão levada à debate foi que o acusado afirmou
que estava no cinema quando o assassinato ocorreu,
porém a promotoria criticou tal afirmação pelo fato de
que o acusado não lembrava o nome dos filmes.
• O 4º jurado sustentou o argumento do promotor
com o argumento senso comum que todos que
vão ao cinema lembram dos nomes dos filmes
que assistem.
• Argumento demonstrado como falácia pelo 8º jurado que
ao perguntar para o 4º jurado o nome dos últimos filmes
que ele havia assistido no cinema não conseguiu lembrar
de todos.
Argumento figurativo por ilustração
• utilizado quando os jurados buscam
descobrir de que forma o acusado
teria usado a faca.

• O ferimento foi ocasionado de cima


para baixo e a ilustração feita pelo 5º
jurado, que sabe como alguém
habilidoso com facas, que era o caso
do acusado, a usaria, demonstra que
ele teria feito o ferimento de baixo
para cima
Os óculos
• Ninguém usa óculos para dormir
Ela não poderia ter visto o assassinato, pois
estava na cama tentando dormir, sendo assim,
não poderia estar usando os óculos, e que viu o
assassinato na hora que virou casualmente
para a janela e que as luzes se apagaram
imediatamente após o crime, sendo assim não
houve tempo para colocar os óculos, ou seja,
não poderia realmente ter visto o crime com
nitidez
A contrário sensu
• Antes de ter sido demonstrado que a segunda
testemunha não poderia ter visto o assassinato com
nitidez suficiente, o 3º jurado havia afirmado que com o
testemunho dela poderia-se jogar todas as demais provas
fora. Porém, depois de perceber que ela não poderia ter
identificado o acusado, continuou afirmando que ele era
culpado devido às demais provas.

• Para rebatê-lo, o 2º jurado utiliza o argumento contrario


sensu: tendo o 3º jurado afirmado que as demais provas
poderiam ser jogadas fora, apenas o testemunho da
vizinha da frente seria relevante.

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