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Peticao Inicial Trabalhista Dano Moral
Peticao Inicial Trabalhista Dano Moral
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Inicialmente, o Reclamante, sob as penas da Lei, que a sua situaçã o econô mica
atual nã o lhe permite demandar sem o prejuízo do seu sustento pró prio e de sua
família, pelo que requer a concessã o dos benefícios da justiça gratuita, com
fundamento no artigo 5º, LXXIV, da Constituiçã o Federal e Lei nº 1.060/50, com
alteraçã o pela Lei nº 7.510/86.
DA PRESCRIÇÃO
Cabe ressaltar, que os direitos pleiteados pela Reclamante, encontram-se dentro do
prazo prescricional estabelecido pelo artigo 7º, XXIX da Carta Constitucional de
1988, ou seja, no prazo prescricional de 5 anos, tendo em vista que o contrato de
trabalho se encontra ativo.
DOS FATOS
O Reclamante fora contratado pela Reclamada em 0 de abril de 2015, para exercer
a funçã o de pizzaiolo Jr, percebendo salá rio inicial de R$ 1.200,00 (Hum mil e
duzentos reais).
Ocorre Excelência que o Reclamante encontra-se com férias vencidas junto à
Reclamada, uma vez que iniciara seu trabalho em 7 de abril de 2015.
O Reclamante de 7 de abril de 2015 a 7 de abril de 2016, adquiriu o direito de
férias.
De 07 de abril de 2016 a 07 de abril de 2017, o Reclamante adquiriu o segundo
direito de férias.
Todavia, quase para vencer o terceiro período aquisitivo de férias, a Reclamada
agendou as 2 (duas) férias do Reclamante, sendo 20 (vinte) dias para cada férias, e
um total de 40 (quarenta) dias.
Ocorre que no aviso de férias, verifica-se que NÃ O HÁ DATA JUNTO À ASSINATURA
DO RECLAMANTE.
Excelência, todavia, a Reclamada nã o cumpriu com a legislaçã o, uma vez que as
férias têm que ser pagas integral em 48 (quarenta e oito) horas antes do início do
seu gozo.
Conforme se depreende das transferências feitas na conta do Reclamante, até o
ingresso da presente reclamaçã o, foram feitos duas transferências de R$ 1.312,73
(hum mil trezentos e doze reais e setenta e três centavos) no dia 14 de fevereiro de
2018 e R$ 510,00 (quinhentos e dez reais) no dia 19 de fevereiro de 2018. Foi paga
tã o somente uma das férias, em 2 (duas) vezes, sendo que o valor a receber é o de
R$ 3.620,89 (três mil seiscentos e vinte reais e oitenta e nove centavos).
Ademais, nada fora tido com o Reclamante sobre o pagamento fracionado, sendo o
Reclamante surpreendido.
Seu ú ltimo salá rio correspondeu à quantia de R$ 1.482,00 (hum mil quatrocentos e
oitenta e dois reais).
DAS FÉRIAS
A Reclamada nã o observou a legislaçã o trabalhista no que diz respeito à s férias,
uma vez que o Reclamante, quase que para vencer o terceiro período aquisitivo e
desde que trabalha com a Reclamada nunca tinha usufruído de seu direito de
férias.
Diante disso, a Reclamada propõ e à s férias do Reclamante sendo, 20 (vinte) dias
cada, dando o total de 40 (quarenta) dias de gozo (05/02 a 25/02 e de 26/02 a
17/03/18).
Ocorre Excelência, que a legislaçã o prevê que o pagamento das férias tem que se dá
em 48 (quarenta e oito) horas antes do início do gozo das férias. O que nã o
ocorrera no caso do Reclamante. Que recebeu apó s 9 (nove) dias, parte de uma das
férias.
Desta feita, diante do descumprimento de 2 (duas) situaçõ es, nã o observâ ncia do
prazo mínimo estabelecido pela legislaçã o e pelas falsas anotaçõ es, enseja no
pagamento das férias em dobro, nos termos do artigo 137 da CLT. Matéria também
consagrada na Sú mula 81 do TST e na OJ 386 da SDI-1 do TST.
Súmula nº 81 do TST - FÉRIAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Os dias de férias gozados após o período legal de concessão deverão ser remunerados em dobro.
E,
OJ 386. FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PAGAMENTO FORA DO PRAZO. DOBRA DEVIDA. ARTS. 137 E
145 DA CLT. (cancelada em decorrência da sua conversão na Súmula nº 450)– Res. 194/2014, DEJT
divulgado em 21, 22 e 23.05.2014
É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional, com base no
art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo
previsto no art. 145 do mesmo diploma legal.
DA RESCISÃO INDIRETA
No tocante a aná lise da rescisã o indireta, quando da extinçã o do contrato por falta
grave do empregador, necessá rio se faz transcrever o disposto no artigo 483 da
Consolidaçã o das Leis Trabalhistas – CLT, na seguinte situaçã o:
Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização
quando:
[...]
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
É certo que o empregador que comete falta grave, violando suas obrigaçõ es legais e
contratuais em relaçã o ao empregado, gera a este, o direito de pleitear a despedida
indireta, com justo motivo, com fundamento ilegal no ato pratico pelo empregador.
Com efeito, o tratamento da Reclamada com menosprezo aos seus empregados,
deixando intencionalmente de pagar suas férias dentro da previsã o da legislaçã o
trabalhista e constitucional, nã o observando o prazo para usufruir do direito à s
férias, é um ato de desrespeito com o empregado, tendo em vista que este vende
sua força de trabalho, cumpre os requisitos estabelecidos pela lei (cumpre com
suas obrigaçõ es contratuais perante do Empregador), e nã o vê seus direitos
respeitados, levando se em conta, verbas do contrato de trabalho.
Ao agir desta forma, ou seja, com atraso reiterado ao pagamento das férias a
Reclamada infringiu frontalmente o dispositivo previsto no artigo 1º, III da
Constituiçã o Federal de 1988, a dignidade da pessoa do trabalhador fora
desrespeitada.
Ademais, Excelência, a situaçã o errada que a Reclamada conduz seus funcioná rios
nã o é escondida. E mais, sobre o atraso das verbas do contrato de trabalho, nã o dã o
nenhuma informaçã o aos funcioná rios.
Assim, diante da flagrante ofensa à Dignidade da pessoa do Trabalhador e do
disposto à legislaçã o trabalhista, devido ao ato do nã o pagamento pela Reclamada,
tornando inviá vel a convivência harmô nica entre as partes, sendo caracterizado
pelo desprezo e a falta de compromisso que foram tamanhas pela Reclamada.
Ora Nobre Magistrado, a época das férias é muito esperada por um trabalhador e
por um pai de família, que é um momento de conquista (trabalhei e agora posso
descansar e curtir junto com minha família e amigos, mas o Reclamante
simplesmente sempre teve este direito tolhido, primeiro porquê nunca tirou férias
no período estabelecido, logo apó s seu período aquisitivo, e outra situaçã o, que é o
nã o pagamento das férias deixando o funcioná rio sem qualquer valor para usufruir
de suas férias.
Ao se encontrar nesta situaçã o, desesperado, pois nã o recebia seus salá rios e
demais verbas vem requerer a rescisã o indireta, tendo em vista o cometimento de
flagrante ilegalidade cometida pela Reclamada, o que ensejara o Reclamante
querer ser dispensado.
Desta feita, sendo esta a ú nica soluçã o plausível o término do contrato de trabalho,
com o pagamento de todas as verbas ao Reclamante.
É o disposto no artigo 483, § 3º, CLT, “in verbis”:
§ 3º - Nas hipóteses das letras d e g, poderá o empregado pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho
e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do
processo. (Incluído pela Lei nº 4.825, de 5.11.1965)
DO DANO MORAL
Antes de adentrar à s explicaçõ es do dano moral, mais uma vez, pleiteia-se a
aplicaçã o da norma vigente na época dos fatos, uma vez que a reforma trazida pela
Lei 13.467/2017, no tocante aos danos morais é prejudicial à Reclamante.
Portanto, necessá ria à observâ ncia do Direito Adquirido do Reclamante, garantia
constitucional.
O Reclamante goza de amparo legal ao propor tal medida, nos termos do art. 114,
inc. VI, da Constituiçã o da Repú blica, a Justiça do Trabalho é competente para
processar e julgar açõ es de indenizaçã o por dano moral e material, decorrentes da
relaçã o de trabalho.
Necessá rio se faz destacar, sobre a competência da Justiça do Trabalho para
dirimir controvérsias referentes a dano moral cometido em razã o da relaçã o de
trabalho, conforme exposto na Sú mula 392 do Tribunal Superior do Trabalho
– TST:
Súmula nº 392 do TST: DANO MORAL E MATERIAL. RELAÇÃO DE TRABALHO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
DO TRABALHO. (nova redação) - Res. 193/2013, DEJT divulgado em 13, 16 e 17.12.2013
Assim, o dano moral encontra fundamento legal nas disposiçõ es contidas no art.
5º, V e X, da CF/88, sendo considerado aquele proveniente da violaçã o dos direitos
individuais de cada cidadã o relativamente à sua intimidade, privacidade, honra e
imagem, de natureza íntima e pessoal em que se coloca em risco a pró pria
dignidade da pessoa humana, diante do contexto social em que vive.
A expressã o dano moral, nos dizeres de Orlando Gomes, deve ser reservada,
exclusivamente, para designar o agravo que nã o produz qualquer efeito
patrimonial, pois o dano moral quando atinge os direitos da personalidade.
A reparaçã o do dano moral, por sua vez, surge como forma protetiva dos direitos
da personalidade. Neste aspecto, verifica-se que a reparaçã o por dano moral será
dividido em 2 facetas: a reparaçã o pode ser compensató ria para a vítima do dano, e
ainda, punitiva para o ofensor, causador do dano.
Sobre esta visã o, necessá rio se faz citar os ensinamentos da Vó lia Bonfim Cassar
cita Ripert, que atribui:
“à indenização do dano moral o caráter punitivo. A indenização deste dano visa não à satisfação da
vítima, e sim ao castigo do autor da ofensa. “as perdas e danos não têm aqui caráter ressarcitório e sim
caráter exemplar”. Correta a posição de Ripert, pois a indenização do dano moral não tem o condão de
reparar a lesão sofrida, esta ressarcibilidade é pertinente ao dano patrimonial. O sofrimento é
impassível de reparação material. Impedir que o empregador pratique novamente o ato com os demais
empregados é o objetivo da indenização do dano moral. Contudo, nada impede que , além esta
compensação em pecúnia, o Judiciário determine reparação “in natura”, de forma a obrigar uma
contrapublicação dos fatos ou uma retratação pública”.
Destarte, quando a Constituiçã o Federal, em seu artigo 7º, inciso XIII impõ e um
limite, e a CLT ratifica, é uma limitaçã o, com fundamentaçã o científica, a favor da
saú de do trabalhador.
Com informado alhures a Reclamada conceituada, portanto, deveria se preocupar
mais com a precariedade das relaçõ es de trabalho e nã o apenas vasculhar o
sistema jurídico na busca de brechas que lhe possibilite ferir o patamar mínimo
civilizató rio, na busca incessante de lucros estratosféricos.
Sobre Reclamada nã o merece mais comentá rios – o que merece destaque é a forma
como contrata seus empregados, relegando-os a marginalidade, no que diz
respeito à legislaçã o trabalhista.
Assim, a Reclamada usa prá tica predató ria em face de seus empregados para
diminuir seus custos e gerar melhores resultados, o que ocorreu durante todo o
contrato de trabalho do Reclamante.
Excelência a Reclamada causou um dano moral ao Reclamante, uma vez que este
nã o pudera gozar suas férias, em dois sentidos: no prazo assim determinado pela
Lei (apó s um 1 ano de trabalho, tudo que se espera, é nos meses seguintes possa
descansar com sua família, fazer a viagem do sonho, visitar lugares diferentes) e
também porque a Reclamada quando liberou as férias do Reclamante esta nã o
efetuou o pagamento, conforme comprovante de pagamentos, apenas em 14 de
fevereiro e em 19 de fevereiro, depositou parte das férias, sendo que a lei diz que o
pagamento tem que se dar em até 48 horas antes do início.
Desta feita Excelência, o Reclamante nã o pode fazer nada, nã o pode marcar uma
viagem, pois estamos referindo a pessoa de poucas posses, um assalariado, que
conta com os valores, para se organizar e tentar curtir dentro do apertado salá rio.
O Reclamante, conforme extrato bancá rio, encontra-se com saldo negativo e a
Reclamada com os valores do Reclamante, valores estes que deveriam estar na
conta do Reclamante antes do dia 5 de fevereiro, quando iniciou o gozo de suas
férias.
As férias, como se sabe, faz parte de estudos técnicos, é necessá ria para a saú de
mental do funcioná rio, porque precisar romper com a atividade contínua, para ao
retornar, vir com benefícios para a Reclamada, pois ao romper, descansar, desligar
do ambiente do trabalho, realizar atividades diferentes, o trabalhador retorna ao
ambiente de trabalho com força e â nimo para desenvolver as atividades que lhe
compete.
Esclarece a Vossa Excelência, que o Reclamante tem prova testemunhal – nã o sã o
meras alegaçõ es – funcioná rios que trabalharam e funcioná rios que ainda
trabalham na Reclamada irã o confirmar tais situaçõ es.
Desse modo, a Reclamada é certo que a Reclamada cometera ato ilícito, nos termos
do artigo 186 do Có digo Civil de 2002. De forma complementar é o previsto no
artigo 927 do CC, do direito ao percebimento de uma indenizaçã o diante das
condutas previstas nos artigos 186 e 187 do mesmo diploma.
Desta feita, diante das atrocidades aqui mencionadas, o Reclamante tem direito a
indenizaçã o por danos morais no montante de 3 (três) vezes o salá rio do Regime
Geral de Previdência, estabelecido nos termos do artigo 223, § 1º, I da CLT, no
valor de R$ 16.593,93 (dezesseis mil quinhentos e noventa e três reais e noventa e
três centavos).
Mas, se Vossa Excelência entender de forma diversa, o que nã o se acredita, uma vez
que neste tó pico, ainda tem-se controvérsias da constitucionalidade do capítulo
dos danos morais trazido pela lei n.º 13.467/17.
Em comentá rios à Reforma trabalhista por Raíra Tuckmantel Habermann:
“Na prática a criação da respectiva “tabela de dano moral” prejudica o empregado, e é uma afronta ao
princípio constitucional da isonomia. Isso porque ao estipular o salário contratual do ofendido como
parâmetro de fixação do dano moral, é o mesmo que valorizar mais a vida, a imagem a honra, etc.,
daquele que aufere maior salário, ao passo que aquele empregado denominado “chão de fábrica”, mais
exposto à acidentes e doenças, o qual possui menor salário, terá sua indenização reduzida. 2”
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
A Reclamada deverá ainda ser condenada ao pagamento dos honorá rios
advocatícios, conforme atilamento do pará grafo 2º do art. 22 da Lei 8.906/94:
"(...) na falta de estipulação ou de acordo, os honorários serão fixados por arbitramento judicial, em
remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão, não podendo ser inferiores
aos estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB".