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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO

TRABALHO DA COMARCA DE ______________ DO ESTADO DE SÃO PAULO

XXXXXX, brasileiro, pizzaiolo Jr, portador da cédula de identidade RG n.º 000000


SSP e inscrito sob o CPF/MF n.º 000000, portador da CTPS n.º 0000, série 0000-SP,
PIS 0000, nascida em 0/0/19, filho de xxxxx, residente e domiciliado na Avenidaxx,
xxx, CEP.: xxx, SP, com endereço eletrô nico: 0000@hotmail.com, por sua advogada,
que a esta subscreve, (procuraçã o anexa), vem, mui respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 840, § 1º da Consolidaçã o das Leis
Trabalhistas – CLT, combinado com o artigo 319 do Novo Có digo de Processo Civil
- NCPC, propor a presente RECLAMAÇÃ O TRABALHISTA, PELO PROCEDIMENTO
SUMARÍSSIMO, em face de
COMÉ RCIO DE ALIMENTOS LTDA-ME, pessoa jurídica de direito privado, inscrita
sob o CNPJ/MF n.º 000000, estabelecida na Alameda xxxxxxx, xxxxxx, CEP.: xxxxxx ,
pelos fundamentos de fatos e direito aduzidos:

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Inicialmente, o Reclamante, sob as penas da Lei, que a sua situaçã o econô mica
atual nã o lhe permite demandar sem o prejuízo do seu sustento pró prio e de sua
família, pelo que requer a concessã o dos benefícios da justiça gratuita, com
fundamento no artigo 5º, LXXIV, da Constituiçã o Federal e Lei nº 1.060/50, com
alteraçã o pela Lei nº 7.510/86.

DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA


O Supremo Tribunal Federal, no julgamento liminar das Açõ es Diretas de
Inconstitucionalidade nº 2.139 e 2.160, decidiu que a passagem pela Comissã o de
Conciliaçã o Prévia é facultativa. Com efeito, o artigo 625-D da CLT, que traz a regra
da obrigatoriedade, recebeu interpretaçã o conforme a Constituiçã o Federal, com
base no seu artigo 5º, XXXV, ao prever o princípio da inafastabilidade da jurisdiçã o
ou do amplo acesso ao Poder Judiciá rio.

DA PRESCRIÇÃO
Cabe ressaltar, que os direitos pleiteados pela Reclamante, encontram-se dentro do
prazo prescricional estabelecido pelo artigo 7º, XXIX da Carta Constitucional de
1988, ou seja, no prazo prescricional de 5 anos, tendo em vista que o contrato de
trabalho se encontra ativo.

DOS FATOS
O Reclamante fora contratado pela Reclamada em 0 de abril de 2015, para exercer
a funçã o de pizzaiolo Jr, percebendo salá rio inicial de R$ 1.200,00 (Hum mil e
duzentos reais).
Ocorre Excelência que o Reclamante encontra-se com férias vencidas junto à
Reclamada, uma vez que iniciara seu trabalho em 7 de abril de 2015.
O Reclamante de 7 de abril de 2015 a 7 de abril de 2016, adquiriu o direito de
férias.
De 07 de abril de 2016 a 07 de abril de 2017, o Reclamante adquiriu o segundo
direito de férias.
Todavia, quase para vencer o terceiro período aquisitivo de férias, a Reclamada
agendou as 2 (duas) férias do Reclamante, sendo 20 (vinte) dias para cada férias, e
um total de 40 (quarenta) dias.
Ocorre que no aviso de férias, verifica-se que NÃ O HÁ DATA JUNTO À ASSINATURA
DO RECLAMANTE.
Excelência, todavia, a Reclamada nã o cumpriu com a legislaçã o, uma vez que as
férias têm que ser pagas integral em 48 (quarenta e oito) horas antes do início do
seu gozo.
Conforme se depreende das transferências feitas na conta do Reclamante, até o
ingresso da presente reclamaçã o, foram feitos duas transferências de R$ 1.312,73
(hum mil trezentos e doze reais e setenta e três centavos) no dia 14 de fevereiro de
2018 e R$ 510,00 (quinhentos e dez reais) no dia 19 de fevereiro de 2018. Foi paga
tã o somente uma das férias, em 2 (duas) vezes, sendo que o valor a receber é o de
R$ 3.620,89 (três mil seiscentos e vinte reais e oitenta e nove centavos).
Ademais, nada fora tido com o Reclamante sobre o pagamento fracionado, sendo o
Reclamante surpreendido.
Seu ú ltimo salá rio correspondeu à quantia de R$ 1.482,00 (hum mil quatrocentos e
oitenta e dois reais).

DA PRELIMINAR DO DIREITO ADQUIRIDO


Antes de entrar no mérito da presente açã o, necessá rio ressaltar a aplicaçã o da
previsã o constitucional, em que trata da segurança jurídica atributo inerente ao
Estado Democrá tico de Direito, o direito adquirido, no artigo 5º, “in verbis”:
“XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”;

Ademais, de forma complementar é a previsã o do artigo 6º da Lei de introduçã o ao


Direito Brasileiro – LINDB
“Art. 6º. A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada”.

Trata-se de aplicaçã o do princípio da irretroatividade de norma nova.


Salienta-se, mesmo que em vigor, a lei que estabeleça alteraçõ es que prejudique
algum direito do trabalhador, tem-se a necessidade de argumentar sobre a
irretroatividade da norma, para fins de que produza efeitos, quando prejudiciais,
somente para os contratos de trabalho celebrados a partir 11/11/2017, em
respeito à clá usula pétrea de proteçã o ao direito adquirido.
O contrato de trabalho aqui questionado, fora sob à égide da CLT, antes das
alteraçõ es trazidas pela Lei n.º 13.467/17.
Ademais, “data venia”, destaca-se que sobre o que se questiona do contrato de
trabalho, a presente reforma é prejudicial ao Reclamante, uma vez que afronta
principalmente, princípios constitucionais e convençõ es internacionais.

DAS FÉRIAS
A Reclamada nã o observou a legislaçã o trabalhista no que diz respeito à s férias,
uma vez que o Reclamante, quase que para vencer o terceiro período aquisitivo e
desde que trabalha com a Reclamada nunca tinha usufruído de seu direito de
férias.
Diante disso, a Reclamada propõ e à s férias do Reclamante sendo, 20 (vinte) dias
cada, dando o total de 40 (quarenta) dias de gozo (05/02 a 25/02 e de 26/02 a
17/03/18).
Ocorre Excelência, que a legislaçã o prevê que o pagamento das férias tem que se dá
em 48 (quarenta e oito) horas antes do início do gozo das férias. O que nã o
ocorrera no caso do Reclamante. Que recebeu apó s 9 (nove) dias, parte de uma das
férias.
Desta feita, diante do descumprimento de 2 (duas) situaçõ es, nã o observâ ncia do
prazo mínimo estabelecido pela legislaçã o e pelas falsas anotaçõ es, enseja no
pagamento das férias em dobro, nos termos do artigo 137 da CLT. Matéria também
consagrada na Sú mula 81 do TST e na OJ 386 da SDI-1 do TST.
Súmula nº 81 do TST - FÉRIAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Os dias de férias gozados após o período legal de concessão deverão ser remunerados em dobro.
E,
OJ 386. FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PAGAMENTO FORA DO PRAZO. DOBRA DEVIDA. ARTS. 137 E
145 DA CLT. (cancelada em decorrência da sua conversão na Súmula nº 450)– Res. 194/2014, DEJT
divulgado em 21, 22 e 23.05.2014
É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional, com base no
art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo
previsto no art. 145 do mesmo diploma legal.

Desta feita, é nítido o desrespeito ao trabalhador, afronta a dignidade da pessoa


humana, pois infringiu totalmente os direitos do Reclamante, foi tida como mero
escravo, má quina da Reclamada, visto que nã o recebeu suas férias, que compõ e o
contrato de trabalho.
Ademais, outro erro da Reclamada foi a inobservâ ncia do disposto no artigo 145 da
CLT, em que impõ e o dever da Reclamada pagar as férias em 48 (quarenta e oito)
horas antes do início do gozo.
Excelência, o documento que o Reclamante assinara do aviso de férias e dos
recebimentos, apesar de ser documento, nã o reflete a realidade, uma vez que o
recebimento de parte de suas férias (de 1 das férias) se deu em 14 de fevereiro de
2018.
Verifica-se ainda, que a Reclamada também nã o observou o prazo estabelecido
pelo artigo 134 da CLT:
“Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses
subseqüentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. (Redação dada pelo Decreto-lei nº
1.535, de 13.4.1977)”

O Reclamante iniciou seus trabalhos na Reclamada em 07 de abril de 2015, sendo


seu período aquisitivo até 07 de abril de 2016, deveria ter usufruído suas
primeiras férias de 07 de abril de 2016 a abril de 2017.
O Segundo período aquisitivo das férias do Reclamante se deu de 07 de abril de
2016 a abril de 2017. O Reclamante irá completar o terceiro período aquisitivo de
férias em 07 de abril de 2018, e tã o somente agora, que a Reclamada concedeu o
direito de tirar 20 (vinte) dias de cada férias, e ainda, sem ofertar o pagamento no
prazo da lei.
Desta feita, diante do desrespeito, a Reclamada deverá pagar em dobro à s 2 (duas)
férias do Reclamante, pois o Reclamante nã o conseguiu se programar, nem realizar
nada em suas férias, tendo em vista nã o ter recebido o pagamento de suas férias,
que é por direito!
Nã o é outro o entendimento dos Tribunais Regionais do Trabalho sobre o assunto
do Reclamante:
TRT-4 - Agravo De Petição AP 00003932320145040801 RS 0000393- 23.2014.5.04.0801 (TRT-4) - Data de
publicação: 02/09/2014 - Ementa: AGRAVO DE PETIÇÃO. PAGAMENTO DAS FÉRIAS EM DOBRO. NÃO
OBSERVÂNCIA DO ARTIGO 145 DA CLT. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Tratando- se de parcela de
cunho indenizatório, não incidem contribuições previdenciárias sobre a dobra das férias, acrescidas de
1/3, decorrentes da não observância do disposto no artigo 145 da CLT. Agravo de petição interposto
pelo executado Município de Uruguaiana a que se dá provimento.
Acórdão - Tribunal Superior do Trabalho - Numeração Única: E-RR - 2108-18.2011.5.09.0009 - Ministro:
Hugo Carlos Scheuermann - Data de julgamento: 01/06/2017 - Data de publicação: 09/06/2017 - Órgão
Julgador: Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - Ementa: RECURSO DE EMBARGOS DO
RECLAMADO. LEI 11.496/2007. PROMOÇÕES POR MERECIMENTO. DECISÃO DA TURMA PAUTADA NA
EXISTÊNCIA DE PREVISÃO EM LEI ESTADUAL ESTABELECENDO A CONCESSÃO AUTOMÁTICA.
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. ARESTOS INESPECÍFICOS. 1. Hipótese em que a
e. Turma registrou que "Conforme se infere do acórdão regional, as leis que fixaram o plano de cargos e
salários preveem expressamente a possibilidade de progressão automática para o servidor que atingir o
tempo exigido, caso a avaliação de desempenho não seja realizada pela Reclamada, hipótese dos autos.
Desse modo, não cabe a alegação de que a promoção está vinculada à aprovação do empregado em
avaliação de desempenho, razão pela qual se afasta a violação dos arts. 37, caput e X, e 39, § 1.º, da
Constituição Federal. Assevere-se, ademais, que, diante da peculiaridade acima descrita, a situação aqui
vivenciada não se amolda ao entendimento exarado pela SBDI-1 do TST, no julgamento do processo n.º
E-RR-51-16/2011, no qual ficou assentado que, em face do caráter subjetivo da concessão, as
promoções por merecimento estão condicionadas aos critérios do regulamento empresarial" . 2. Nesse
conteto, inespecíficos, nos termos da Súmula 296/TST, os arestos apresentados que não cuidam da
particular situação descrita pela e. Turma no sentido de existência de norma legal prevendo a
possibilidade de concessão automática da progressão. Recurso de embargos não conhecido. FÉRIAS.
PAGAMENTO. PRAZO. INOBSERVÂNCIA. EFEITOS. PAGAMENTO EM DOBRO . SÚMULA 450/TST. 1.
Hipótese em que a e. Turma não conheceu do recurso de revista do reclamado, por óbice da Súmula
333/TST e do art. 896, § 4º, da CLT, ao fundamento de que o acórdão regional fora proferido em
conformidade com a OJ 386 desta Subseção. 2. Nesse contexto, registrado no acórdão embargado que
as férias não foram quitadas no prazo estabelecido no art. 145 da CLT, inviável o recurso de embargos,
nos moldes da parte final do art. 894, II, da CLT, ante a consonância da decisão com Súmula 450 desta
Corte, firmada no sentido de que "É devido o pagamento em dobro da remuneração das férias, incluído
o terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o
empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal" . Recurso de
embargos não conhecido.

DA RESCISÃO INDIRETA
No tocante a aná lise da rescisã o indireta, quando da extinçã o do contrato por falta
grave do empregador, necessá rio se faz transcrever o disposto no artigo 483 da
Consolidaçã o das Leis Trabalhistas – CLT, na seguinte situaçã o:
Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização
quando:
[...]
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;

É certo que o empregador que comete falta grave, violando suas obrigaçõ es legais e
contratuais em relaçã o ao empregado, gera a este, o direito de pleitear a despedida
indireta, com justo motivo, com fundamento ilegal no ato pratico pelo empregador.
Com efeito, o tratamento da Reclamada com menosprezo aos seus empregados,
deixando intencionalmente de pagar suas férias dentro da previsã o da legislaçã o
trabalhista e constitucional, nã o observando o prazo para usufruir do direito à s
férias, é um ato de desrespeito com o empregado, tendo em vista que este vende
sua força de trabalho, cumpre os requisitos estabelecidos pela lei (cumpre com
suas obrigaçõ es contratuais perante do Empregador), e nã o vê seus direitos
respeitados, levando se em conta, verbas do contrato de trabalho.
Ao agir desta forma, ou seja, com atraso reiterado ao pagamento das férias a
Reclamada infringiu frontalmente o dispositivo previsto no artigo 1º, III da
Constituiçã o Federal de 1988, a dignidade da pessoa do trabalhador fora
desrespeitada.
Ademais, Excelência, a situaçã o errada que a Reclamada conduz seus funcioná rios
nã o é escondida. E mais, sobre o atraso das verbas do contrato de trabalho, nã o dã o
nenhuma informaçã o aos funcioná rios.
Assim, diante da flagrante ofensa à Dignidade da pessoa do Trabalhador e do
disposto à legislaçã o trabalhista, devido ao ato do nã o pagamento pela Reclamada,
tornando inviá vel a convivência harmô nica entre as partes, sendo caracterizado
pelo desprezo e a falta de compromisso que foram tamanhas pela Reclamada.
Ora Nobre Magistrado, a época das férias é muito esperada por um trabalhador e
por um pai de família, que é um momento de conquista (trabalhei e agora posso
descansar e curtir junto com minha família e amigos, mas o Reclamante
simplesmente sempre teve este direito tolhido, primeiro porquê nunca tirou férias
no período estabelecido, logo apó s seu período aquisitivo, e outra situaçã o, que é o
nã o pagamento das férias deixando o funcioná rio sem qualquer valor para usufruir
de suas férias.
Ao se encontrar nesta situaçã o, desesperado, pois nã o recebia seus salá rios e
demais verbas vem requerer a rescisã o indireta, tendo em vista o cometimento de
flagrante ilegalidade cometida pela Reclamada, o que ensejara o Reclamante
querer ser dispensado.
Desta feita, sendo esta a ú nica soluçã o plausível o término do contrato de trabalho,
com o pagamento de todas as verbas ao Reclamante.
É o disposto no artigo 483, § 3º, CLT, “in verbis”:
§ 3º - Nas hipóteses das letras d e g, poderá o empregado pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho
e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do
processo. (Incluído pela Lei nº 4.825, de 5.11.1965)

Nã o poderia ser diferente o entendimento doutriná rio, conforme as liçõ es de


Maurício Godinho Delgado, a seguir:
“A lei não poderia ter pensado de modos distintos, é claro: se há uma infração do empregador, torna-se
evidente que o empregado, ao propor sua ação resolutória, pode afastar-se do emprego,
indiferentemente do tipo jurídico invocado. É que a falta, caso efetivamente ocorrida, torna difícil,
constrangedora ou, até mesmo, insustentável a relação entre as partes, por culpa do comitente da
infração, não se justificando exigir-se do obreiro que continue, passivamente, a se submeter ao poder
diretivo, fiscalizatório e disciplinar intensos do empregador.” 1

Destarte, versando o contrato de trabalho a respeito de rubricas de natureza


eminentemente alimentar, os princípios de probidade e boa-fé inscritos no artigo
422 do Có digo Civil de 2002 – CC/02 possuem funçã o integrativa e sã o plenamente
aplicá veis à s relaçõ es de trabalho, rendendo ensejo à conclusã o de que comete
abuso de direito quem contraria a boa-fé.
Ante o teor do que dispõ e a Consolidaçã o das Leis do Trabalho e a doutrina, o
Empregado poderá considerar rescindido o contrato, e pleitear a devida
indenizaçã o, uma vez tornou-se impossível e intolerá vel à continuaçã o da
prestaçã o de serviços, com o afastamento do ambiente de trabalho.
1 Maurício Godinho Delgado. Curso de Direito do Trabalho. 11ª edição, P. 1.252.

DO DANO MORAL
Antes de adentrar à s explicaçõ es do dano moral, mais uma vez, pleiteia-se a
aplicaçã o da norma vigente na época dos fatos, uma vez que a reforma trazida pela
Lei 13.467/2017, no tocante aos danos morais é prejudicial à Reclamante.
Portanto, necessá ria à observâ ncia do Direito Adquirido do Reclamante, garantia
constitucional.
O Reclamante goza de amparo legal ao propor tal medida, nos termos do art. 114,
inc. VI, da Constituiçã o da Repú blica, a Justiça do Trabalho é competente para
processar e julgar açõ es de indenizaçã o por dano moral e material, decorrentes da
relaçã o de trabalho.
Necessá rio se faz destacar, sobre a competência da Justiça do Trabalho para
dirimir controvérsias referentes a dano moral cometido em razã o da relaçã o de
trabalho, conforme exposto na Sú mula 392 do Tribunal Superior do Trabalho
– TST:
Súmula nº 392 do TST: DANO MORAL E MATERIAL. RELAÇÃO DE TRABALHO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
DO TRABALHO. (nova redação) - Res. 193/2013, DEJT divulgado em 13, 16 e 17.12.2013

Assim, o dano moral encontra fundamento legal nas disposiçõ es contidas no art.
5º, V e X, da CF/88, sendo considerado aquele proveniente da violaçã o dos direitos
individuais de cada cidadã o relativamente à sua intimidade, privacidade, honra e
imagem, de natureza íntima e pessoal em que se coloca em risco a pró pria
dignidade da pessoa humana, diante do contexto social em que vive.
A expressã o dano moral, nos dizeres de Orlando Gomes, deve ser reservada,
exclusivamente, para designar o agravo que nã o produz qualquer efeito
patrimonial, pois o dano moral quando atinge os direitos da personalidade.
A reparaçã o do dano moral, por sua vez, surge como forma protetiva dos direitos
da personalidade. Neste aspecto, verifica-se que a reparaçã o por dano moral será
dividido em 2 facetas: a reparaçã o pode ser compensató ria para a vítima do dano, e
ainda, punitiva para o ofensor, causador do dano.
Sobre esta visã o, necessá rio se faz citar os ensinamentos da Vó lia Bonfim Cassar
cita Ripert, que atribui:
“à indenização do dano moral o caráter punitivo. A indenização deste dano visa não à satisfação da
vítima, e sim ao castigo do autor da ofensa. “as perdas e danos não têm aqui caráter ressarcitório e sim
caráter exemplar”. Correta a posição de Ripert, pois a indenização do dano moral não tem o condão de
reparar a lesão sofrida, esta ressarcibilidade é pertinente ao dano patrimonial. O sofrimento é
impassível de reparação material. Impedir que o empregador pratique novamente o ato com os demais
empregados é o objetivo da indenização do dano moral. Contudo, nada impede que , além esta
compensação em pecúnia, o Judiciário determine reparação “in natura”, de forma a obrigar uma
contrapublicação dos fatos ou uma retratação pública”.

Destarte, quando a Constituiçã o Federal, em seu artigo 7º, inciso XIII impõ e um
limite, e a CLT ratifica, é uma limitaçã o, com fundamentaçã o científica, a favor da
saú de do trabalhador.
Com informado alhures a Reclamada conceituada, portanto, deveria se preocupar
mais com a precariedade das relaçõ es de trabalho e nã o apenas vasculhar o
sistema jurídico na busca de brechas que lhe possibilite ferir o patamar mínimo
civilizató rio, na busca incessante de lucros estratosféricos.
Sobre Reclamada nã o merece mais comentá rios – o que merece destaque é a forma
como contrata seus empregados, relegando-os a marginalidade, no que diz
respeito à legislaçã o trabalhista.
Assim, a Reclamada usa prá tica predató ria em face de seus empregados para
diminuir seus custos e gerar melhores resultados, o que ocorreu durante todo o
contrato de trabalho do Reclamante.
Excelência a Reclamada causou um dano moral ao Reclamante, uma vez que este
nã o pudera gozar suas férias, em dois sentidos: no prazo assim determinado pela
Lei (apó s um 1 ano de trabalho, tudo que se espera, é nos meses seguintes possa
descansar com sua família, fazer a viagem do sonho, visitar lugares diferentes) e
também porque a Reclamada quando liberou as férias do Reclamante esta nã o
efetuou o pagamento, conforme comprovante de pagamentos, apenas em 14 de
fevereiro e em 19 de fevereiro, depositou parte das férias, sendo que a lei diz que o
pagamento tem que se dar em até 48 horas antes do início.
Desta feita Excelência, o Reclamante nã o pode fazer nada, nã o pode marcar uma
viagem, pois estamos referindo a pessoa de poucas posses, um assalariado, que
conta com os valores, para se organizar e tentar curtir dentro do apertado salá rio.
O Reclamante, conforme extrato bancá rio, encontra-se com saldo negativo e a
Reclamada com os valores do Reclamante, valores estes que deveriam estar na
conta do Reclamante antes do dia 5 de fevereiro, quando iniciou o gozo de suas
férias.
As férias, como se sabe, faz parte de estudos técnicos, é necessá ria para a saú de
mental do funcioná rio, porque precisar romper com a atividade contínua, para ao
retornar, vir com benefícios para a Reclamada, pois ao romper, descansar, desligar
do ambiente do trabalho, realizar atividades diferentes, o trabalhador retorna ao
ambiente de trabalho com força e â nimo para desenvolver as atividades que lhe
compete.
Esclarece a Vossa Excelência, que o Reclamante tem prova testemunhal – nã o sã o
meras alegaçõ es – funcioná rios que trabalharam e funcioná rios que ainda
trabalham na Reclamada irã o confirmar tais situaçõ es.
Desse modo, a Reclamada é certo que a Reclamada cometera ato ilícito, nos termos
do artigo 186 do Có digo Civil de 2002. De forma complementar é o previsto no
artigo 927 do CC, do direito ao percebimento de uma indenizaçã o diante das
condutas previstas nos artigos 186 e 187 do mesmo diploma.
Desta feita, diante das atrocidades aqui mencionadas, o Reclamante tem direito a
indenizaçã o por danos morais no montante de 3 (três) vezes o salá rio do Regime
Geral de Previdência, estabelecido nos termos do artigo 223, § 1º, I da CLT, no
valor de R$ 16.593,93 (dezesseis mil quinhentos e noventa e três reais e noventa e
três centavos).
Mas, se Vossa Excelência entender de forma diversa, o que nã o se acredita, uma vez
que neste tó pico, ainda tem-se controvérsias da constitucionalidade do capítulo
dos danos morais trazido pela lei n.º 13.467/17.
Em comentá rios à Reforma trabalhista por Raíra Tuckmantel Habermann:
“Na prática a criação da respectiva “tabela de dano moral” prejudica o empregado, e é uma afronta ao
princípio constitucional da isonomia. Isso porque ao estipular o salário contratual do ofendido como
parâmetro de fixação do dano moral, é o mesmo que valorizar mais a vida, a imagem a honra, etc.,
daquele que aufere maior salário, ao passo que aquele empregado denominado “chão de fábrica”, mais
exposto à acidentes e doenças, o qual possui menor salário, terá sua indenização reduzida. 2”

Assim, compreende-se que mesmo aplicando a nova legislaçã o, estatuída a partir


dos artigos 223-A em diante, o Reclamante sofreu humilhaçã o (porque se viu
frustrado diante de nã o poder realizar algum passeio, viagem, comprar algum
objeto, por nã o possuir o valor de suas férias), desrespeito, prejuízos decorrentes
de açõ es da Reclamada. Com isso, como parâ metro de puniçã o à Reclamada, requer
seja estabelecido a puniçã o prevista no artigo 223-G, § 1º, I da CLT.
2 Comentários à reforma trabalhista/autores: Juliana Migot Miglioranzi e Raíra Tuckmantel Habermann.
PG. 76.

DA MULTA DO ART. 467 DA CLT


Diante do reconhecimento da despedida sem justa causa, a Reclamada deverá
pagar ao Reclamante, no ato da audiência, todas as verbas incontroversas, sob
pena de acréscimo de 50%, conforme previsã o do artigo 467 da CLT, “in verbis”:
Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das
verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à
Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta
por cento”.

Dessa forma, protesta o Reclamante pelo pagamento de todas as parcelas


incontroversas na primeira audiência.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
A Reclamada deverá ainda ser condenada ao pagamento dos honorá rios
advocatícios, conforme atilamento do pará grafo 2º do art. 22 da Lei 8.906/94:
"(...) na falta de estipulação ou de acordo, os honorários serão fixados por arbitramento judicial, em
remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão, não podendo ser inferiores
aos estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB".

JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA


A Reclamada deverá efetuar o pagamento do crédito ao Reclamante acrescido de
juros e correçã o monetá ria até a data do efetivo pagamento, nos termos do artigo
39 da Lei 8.177 de 1991.
DOS PEDIDOS
Do exposto, o Reclamante requer a procedência dos pedidos elencados abaixo:
Seja reconhecida a preliminar de Direito Adquirido, nos termos do art. 5º, XXXVI,
da CF, tido como clá usula pétrea, uma vez que a Lei 13.467/17, no sentido de
retirar direitos, deverá ser aplicada aos novos contratos de trabalho, a partir de
11/11/2017, tendo em vista a proibiçã o da norma prejudicial para fatos, condutas
ocorrido na vigência da lei mais benéfica.
Requer, o reconhecimento da declaraçã o da rescisã o indireta do contrato de
trabalho, com fulcro na alínea d do artigo 483 da CLT, tendo em vista o nã o
cumprimento das obrigaçõ es trabalhistas, condenando ao pagamento das verbas
rescisó rias:
a) Para a condenaçã o da Reclamada ao pagamento das férias em dobro acrescidas
do 1/3 constitucional, referente à s férias adquiridas do período de 2015/2016,
2016/2017, tendo em vista a nã o observâ ncia do prazo para usufruí-la, bem como
a falta de pagamento em 48 (quarenta e oito) antes do início do gozo das férias (a
Reclamada até a distribuiçã o da presente reclamaçã o, nã o tinha efetuado o
restante do pagamento das férias), no valor de R$ 000000,00;
b) O aviso prévio proporcional de 39 dias, no valor de R$ 0000,00;
c) O pagamento das férias proporcionais de 2017/2018 no valor de R$ 000000,00;
d) O pagamento do FGTS e da multa de 40% no valor de R$ 0000,00;
e) Por fim, requer, com base na falta patronal e Jurisprudência colacionada, a
condenaçã o em danos morais, tendo em vista a excessiva os abusos e desrespeitos
à legislaçã o trabalhista e demais normas, mencionado no capítulo dos fatos e dos
danos morais, tendo por parâ metro o valor indenizató rio, conforme os novos
princípios da Reforma Trabalhista, o equivalente a 03 (três) salá rios do Regime
Geral de Previdência, sendo o valor total de R$ 00000,00;
f) Dos honorá rios advocatícios no importe de 10%, nos termos do art. 791-A da
CLT, do valor da causa, no valor de R$ 000000,00.
Dos requerimentos finais:
Outrossim, requer, o pagamento das parcelas incontroversas em audiência, sob
pena da multa do art. 467 da CLT;
Requer também a notificaçã o da Reclamada para que, querendo, compareça em
audiência e apresente sua defesa, sendo que o nã o comparecimento importará na
revelia e confissã o quanto à matéria de fato.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em
especial prova documental, testemunhas, e outras mais que se fizerem necessá rias,
e que desde já ficam requeridas.
Outrossim, requer a concessã o do benefício da Justiça Gratuita, nos termos do
artigo 790, § 3º, da CLT, declarando nã o estar em condiçõ es de arcar com custas e
despesas processuais sem prejuízo pró prio e de sua família.
Por fim, requer a anotaçã o do nome de sua patrona na capa dos autos e, a
expediçã o das intimaçõ es futuras em nome da Dr. xxxxxx xxxxxxx xxxxxxxx,
OAB/SP xxx.xxx, sob pena de nulidade;
Dá -se à causa o valor de R$ 00.000,00 (xxxxx x xxxxx xxx xxxxx xxx xxxxxxx).
Termos em que
Pede deferimento.
Sã o Paulo, 04 de março de 2018.
Advogado
OAB/SP xxx.xxx

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