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ANA PAULA PEREIRA LIMA

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E AS SALAS


MULTIFUNCIONAIS; OS MARCOS LEGAIS E PEDAGÓGICOS PARA A
PRÁTICA DA INCLUSÃO

GOIÂNIA
2023
ANA PAULA PEREIRA LIMA

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E AS SALAS


MULTIFUNCIONAIS: OS MARCOS LEGAIS E PEDAGÓGICOS PARA A
PRÁTICA DA INCLUSÃO

Trabalho de conclusão de
curso apresentado como
requisito parcial à obtenção
do título especialista em AEE
- ATENDIMENTO
EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO E SALAS
DE RECURSOS
MULTIFUNCIONAIS.

GOIÂNIA
2023
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E AS SALAS
MULTIFUNCIONAIS: OS MARCOS LEGAIS E PEDAGÓGICOS PARA A
PRÁTICA DA INCLUSÃO
Ana Paula Pereira Lima1

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja
parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou
violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de
Serviços).

RESUMO- A educação especial na perspectiva da inclusão é um direito garantido pela


Constituição Federal de 1988 a todos os estudantes que ela necessitar e, portanto, a efetivação
desse direito deve ser cumprida pelas redes regulares de ensino, impreterivelmente. O presente
estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica acerca do Atendimento Educacional Especializado
(AEE), dando ênfase as Salas de Recursos Multifuncionais (SRM’s), bem como os marcos legais,
pedagógicos e institucionais dessa modalidade de ensino. As salas de recursos são espaços para
o a realização do AEE, onde docentes especialistas atuam mediando os estudantes da Educação
Especial, suas respectivas famílias, professores regentes das salas comuns e toda a comunidade
escolar. Assim sendo, este estudo traz uma análise apresentando os principais marcos legais
ligados aos avanços e percursos das SRM’s e AEE. Por meio de uma revisão de literatura, o artigo
demonstrou que a implementação das SRM’s nas escolas comuns da rede pública de Ensino
atende a necessidade de promover as condições de acesso, permanência, participação e
aprendizagem dos estudantes da educação especial no ensino regular, possibilitando a oferta do
AEE, de forma não substitutiva à escolarização. Em resumo, todos os estudantes da educação
especial devem ser matriculados em classes comuns, em uma das etapas, níveis e modalidades
da educação básica.

PALAVRAS-CHAVE: Atendimento Educacional Especializado - AEE. Salas de Recursos


Multifuncionais (SRM). Marcos Legais. Educação Especial. Inclusão

1
Ana23pplima@gmail.com
1 INTRODUÇÃO

O A educação inclusiva na modalidade da educação especial é um tema


que, origina sempre discussões sobre o processo de inclusão nas unidades
educacionais. A princípio, a educação inclusiva vem destacando-se e
reverberando ganhando espaço e maiores investimentos pelas políticas públicas
em todo a esfera nacional. A inclusão, palavra que, no dicionário formal, refere-se
ao “ato ou efeito de incluir”, compreender, inserir, ganhou força, legalidade e
representatividade em 1948, três anos após o fim da Segunda Guerra Mundial,
quando a Organização das Nações Unidas (ONU) promulgou a carta chamada
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Ademais, a inclusão
vem se consolidando no mundo, mais especificadamente a partir dos anos 80,
como uma epígrafe de movimentos sociais e políticas públicas.
Essa ascensão do movimento de inclusão, bem como os investimentos
oriundos das políticas públicas, é um grandioso passo e demasiadamente
importante para se cumprir que o direito constitucional dos estudantes com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e os Superdotados
e/ou com Altas Havbilidades seja, de fato, cumprido na teoria e prática da lei. Para
mais, tais investimentos asseguram ainda que os estudantes da educação
especial recebam a atenção e atendimento necessário para uma aprendizagem
real, significativa, afetiva, atenciosa e respeitosa, ampliando sua capacidade de
desenvolvimento. (SILVA, 2020).
Para que a educação inclusiva na perspectiva da modalidade especial se
tornasse algo real, possível e acessível outrora somente em escolas especiais e
hoje em todas as escolas regulares, fora necessária uma quebra de paradigmas e
assegurar o acesso e a permanência desses estudantes em espaços escolares.
Entenda-se por quebra de paradigma ao analisar que, outrora, era necessário o
estudante realizar uma avaliação de desempenho e, caso não conseguisse obter o
resultado desejado, não consegui matricular-se na escola. A contramão, hoje,
através dos avanços das lutas sociais, bem como das políticas públicas de
inclusão, há não só a possibilidade do estudante ser matriculado na escola
regular, mas a obrigatoriedade desta matrícula a partir dos quatro anos de idade,
bem como a obrigatoriedade das unidades escolares se adaptarem, adaptando as
atividades de avaliações para atender os estudantes da educação especial de
forma justa, igualitária e equitativa. Configurando, portanto, um avanço
significativo para esta modalidade.
Diz a Constituição Federal de 1988 que a educação é direito público
subjetivo, portanto, de todos e para todos. É um direito básico, e no artigo 205 da
Carta Magna de 1988 preconiza-se que a educação é um direito comum a todo
cidadão brasileiro, sendo esta um dever do Estado e da Família:
ART. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado
e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL,
1988).

logo, é um processo que envolve diversas esferas sociais visando o


desenvolvimento de pessoas capazes de se tornarem socialmente úteis, enquanto
um cidadão dotado de direitos e deveres. (BRASIL, 1988). Assim sendo, a
educação inclusiva na modalidade da educação especial, é preconizada como
direito presente na Carta Magna de 1988 e, de acordo com Noronha (2016), a
inclusão, bem como a educação inclusiva é imprescindível no exercício da
dignidade humana. Seguindo essa perspectiva, a escola necessita ser
compreendia sendo um ambiente multifacetado, onde se reúnem indivíduos com
as mais diversas culturas, histórias, vivências e afins. Destarte, a educação
inclusiva não se limita apenas a indivíduos com deficiências físicas, mas sim a
todos àqueles que necessitam de um processo de ensino e aprendizagem
diversificado, bem como diferente do convencional.
A estrutura das políticas públicas percorre sobre os conceitos e os
mecanismos necessários para instrumentalizarem as metodologias inclusivas, ou
seja, a Política Nacional de Educação Inclusiva com vistas à educação especial do
ano de 2008 endossou a fala da educação inclusiva no Brasil, reiterando e
regulamentando a obrigatoriedade de oferta no ensino regular. (BRASIL, 2008).
Tal política salientou também a obrigatoriedade e gratuidade da oferta do
Atendimento Educacional Especializado – AEE – de forma gratuita na rede regular
de ensino. Para o AEE, o grande aliado e instrumento é a sala de recursos
multifuncionais, estabelecidas pelas Lei de Diretrizes e Base das Educação
Nacional – LDBEN – Lei de número 9.394/96.
As salas de recursos multifuncionais foram projetadas com o objetivo de
empregar diversos recursos metodológicos e técnicas apropriadas para realizar
um atendimento especializado capaz de ampliar a capacidade de desenvolvimento
dos educandos de maneiras distintas das salas comuns do ensino regular. Para
tanto, era fundamental que as escolas e todos os indivíduos envolvidos no
processo educacional compreendessem o que era e qual era a importância do
AEE e de todos os seus mecanismos de inclusão, tornando assim todo o ambiente
escolar capaz de acolher todas as demandas e especificidades de seus
educandos.
Mediante isso, esta pesquisa objetiva analisar, refletir e discutir o AEE no
viés de sua origem, bem como construção aliado ao uso das Salas de Recursos
Multifuncionais, tratando políticas públicas e os desfechos pedagógicos e
organizacionais. Para tal, adotara-se uma metodologia de caráter bibliográfico com
revisão de literatura e integrativo em bases de dados secundários como
bibliotecas digitais, Google Acadêmico, Scientific Electronic Library Online (Scielo)
e outros. Em resumo, o trabalho divide-se em discorrer sobre as características
legais do AEE, o programa nacional das salas multifuncionais, os aspectos legais,
pedagógicos e organizacionais, bem como a inserção na rede regular de ensino.
Por fim, tem-se as considerações finais do que fora construído.

2 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE): AS FACES


LEGAIS DE UM PROCESSO PEDAGÓGICO

Em 1994, a Declaração de Salamanca reitera o direito das crianças e


adolescentes com necessidades especiais à educação sem a qualquer distinção.
No Brasil, contudo, fora somente em 1998, através da Lei de Diretrizes e Bases
(LDB), que essa lei foi consolidada.
Assim, diz o Art. 58
Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação. (Lei nº 12.796, de 2013).

O movimento de inclusão, mais precisamente a inclusão escolar, é novo se


comparado ao grande período de exclusão que, historicamente, as minorias
marginalizadas já sofreram, sendo inviabilizadas de gozar do privilégio
educacional, bem como as oportunidades surgidas através da escola. Incluir
pressupõe garantir o acesso, a permanência e condições adequadas de
aprendizagem a toda população inclusiva em idade escolar e para tal, requer uma
reorganização no sistema educacional. E Pouco a pouco as sociedades mais
democratas vêm promovendo, defendendo e expandindo a inclusão como direito
de todos.
No Brasil, a Constituição de 1988 se alinha à Declaração Universal dos
Direitos Humanos para promover e garantir, ao menos juridicamente, a
necessidade de se incluir. Assim, não sendo casual, houve um crescimento
considerável, de crianças com necessidades especiais ingressando em escolas
regulares a partir da mobilização da sociedade brasileira, bem como o surgimento
das políticas públicas. Sendo direito assegurado pela Constituição Federal de
1988, a educação inclusiva se efetiva a todos pelas redes de ensino regulares
sem nenhum tipo de discriminação. Dessa forma, assegura-se o compromisso da
oferta do AEE preferencialmente na rede pública, tendo como objetivo principal
estimular e promover autonomia dos educandos dentro e fora do espaço escolar.
Infere-se que a valorização da diversidade é vista sendo um rico fator do
processo de ensino e aprendizagem, nesse sentido, Oliveira (2015), dispõe que a
educação inclusiva propõe a acesso de todos os que necessitam às escolas
públicas, expressando um grande avanço rompendo com velhos paradigmas. De
acordo com Machado (2009), a inclusão provocou uma crise no universo escolar,
principalmente ao se defender o direito de as pessoas com deficiências
frequentarem regularmente as escolas comuns, pois expôs escancaradamente o
modelo excludente que vigorava até então na dita educação “especial”. E para o
Brasil se ajustar a estas e tantas outras modificações, fora-se criando e
consolidando políticas públicas e meios legais que assegurasse tais direitos.
Em 2009, concordando com a Constituição Federal de 1988, o Brasil
promulgou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU,
2006), através do Decreto n / 6949/2009, firmando o compromisso de assegurar o
acesso e permanência das pessoas com deficiência a um sistema educacional
inclusivo transversal a todos os níveis, de maneira a adotar medidas garantissem
condições para que não houvesse exclusão de pessoas do sistema educacional
em razão de suas especificidades/deficiências. Portanto, a Educação Especial
integrara aos projetos políticos pedagógicos das unidades regulares, promovendo
e efetivando o AEE em consonância com a LDB, n° 9.394/96.
O AEE ocorre em salas de recurso multifuncionais (SEM) e tem como
intuito complementar e suplementar formação do estudante através dos serviços,
recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem os obstáculos que impedem
a plena participação na sociedade e o desenvolvimento como cidadão. (SANTOS,
2017). As diretrizes operacionais para o AEE vieram pela Resolução do Conselho
Nacional de Educação CNE, Resolução n°4/2009, reafirmando que a modalidade
da Educação Especial é transversal em todos os níveis, etapas e modalidades de
ensino, se estendendo por toda a vida, sendo parte integrante do processo
educacional. (SANTOS, 2017).
Insta ressaltar que o Decreto n° 7.611/2011 definiu, em seu parágrafo 3°, as
salas de recursos multifuncionais como ambientes municiados de equipamentos,
mobílias, materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do AEE. Portanto, uma
sala equipada adequadamente para a promoção com qualidade do atendimento
educacional especializado fora assegurada em decreto específico, constituindo um
grande avanço e marcando uma nova fase para o AEE e as SEM. Este mesmo
decreto define ainda que o AEE envolve um gama de atividades, recursos para
acessibilidade e recursos pedagógicos, organizados institucionalmente e de forma
contínua para complementar a formação dos estudantes com deficiência e
transtornos globais do desenvolvimento e suplementar a formação dos estudantes
com altas habilidades e ou superdotação. (BRASIL, 2001).
Por conseguinte, o AEE é responsável por identificar, elaborar e organizar
todos os meios pedagógico e de acessibilidade que suprima as dificuldades e
barreiras, promovendo, portanto, a participação plena do estudante, respeitando
suas especificidades e cumprindo as normativas estabelecidas pelo Conselho
Nacional, Estadual e Municipal de Educação em consonância com as orientações
definidas. (Brasil, 2011).

3 SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS (SRM): MARCOS LEGAIS,


PEDAGÓGICOS E INSTITUCIONAIS

O modelo de Salas de Recursos mais difundido no Brasil foi elaborado pelo


Ministério da Educação (MEC), por meio da Portaria normativa nº13/2007 e do
Decreto nº 7.611/2011. Eles garantiram suporte técnico e financeiro para as redes
públicas de ensino por meio da Secretaria de Educação Especial, de acordo com
as demandas apresentadas pelas secretarias de educação em cada Plano de
Ações Articuladas (PAR) (MENDES, 2021).
As SRM’s se caracterizam por ser espaços físicos munidas de mobiliário
adequado e acessível, recursos de Tecnologia Assistiva, equipamentos e
materiais didáticos-pedagógicos como: mesas redondas, cadeiras, notebooks,
computadores de mesa, software para Comunicação Alternativa e Aumentativa
(CAA), teclado adaptado, impressora Braille, scanner com voz, lupa eletrônica e
alfabeto móvel (DUBUC, 2015). E estes recursos na primeira infância possibilitam
um avanço na qualidade do processo de ensino e aprendizagem. Percebe-se que
as crianças prescindem de recursos pedagógicos para melhora do seu
aprendizado, coisas que vão além dos materiais mais usuais.
Em relação as políticas públicas para desenvolvimento da educação
inclusiva, insere-se as salas de recursos multifuncionais organizadas e preparadas
para dispor de recursos e apoio pedagógico atendendo as demandas dos
estudantes público-alvo da educação especial devidamente matriculados na rede
regular de ensino. Em termos legais, as SRM’s são devidamente asseguradas:

 LDBEN - Lei nº 9.394/96;


 No parecer do CNE/CEB nº 17/01;
 Na Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001;
 Na Lei nº 10.436/02;
 No Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005;
 Portaria normativa nº 13/2007;
 Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva
(PNEEPI) – 2008;
Lançado no brasil, em 2007, O Programa de Implementação de Salas de
Recursos Multifuncionais, através da Portaria n° 13/2007 foi fundamental para se
instituir logo no ano seguinte, em 2008, a Política Nacional de Educação Especial
na Perspectiva Inclusiva, o PNEEPI – 2008, guiando e orientando os sistemas de
ensino a promover e assegurar o acesso e permanência ao ensino regular com
aprendizagem e continuidade nos mais elevados níveis do ensino e oferta do AEE
de maneira complementar e todo o apoio necessário subsidiando a superação das
barreiras e dificuldades com vista a uma aprendizagem real e significativa.
Infere-se, portanto, acerca do Programa de Implementação das Salas de
Recursos Multifuncionais, que fora um dos maiores e mais decisivos marcos para
se efetivar o AEE em espaços específicos, uma vez que, por meio dele, houve
condições para que todos aprendessem ao dispor materiais pedagógicos e,
principalmente, docentes e outros profissionais devidamente capacitados e
preparados. (MENDES, 2021). Dessa forma, seguindo essa ótica, os sistemas de
ensino modificaram suas estruturas e se reorganizaram para assegurar aos
estudantes alvos da educação especial a matrícula em classe comuns e o
atendimento educacional especializado, devidamente previsto e assegurado no
Projeto Político Pedagógico – PPP – da unidade escolar.
O Programa de Implantação das SEM’s configura uma estrutura para a
consolidação de um sistema educacional inclusivo possibilitando uma educação
de e com qualidade (SILVEIRA, 2019). No que se refere a regularidade do
atendimento, recomendara-se observar a necessidade do estudante, bem como
um mínimo de duas (2) horas semanais, sendo em dias alternados, uma hora ao
dia. Os atendimentos se estruturavam em divisões de pequenos grupos ou
individuais, variando de acordo com o objetivo do trabalho.
Ficara a cargo do docente da SRM elaborar um cronograma de
atendimento mediante a demanda do estudante, flexível e contendo a quantidade
de dias e o tempo dispensado a cada um. A Avaliação inicial apontara as
necessidades do educando e as demandas necessárias ao seu processo de
ensino e aprendizagem na classe comum e no AEE. (BRASIL, 2010). Salienta-se,
portanto, que a SRM dispõe de diversos meios pedagógicos a ser utilizado
constantemente com os estudantes que ora apresentassem deficiência intelectual
e outras necessidades, isso de acordo com o planejamento do professor
especialista ou o docente regente da classe regular.
Em relação as SEM’s, os materiais a serem utilizados são diversos,
variando dos recursos tecnológicos aos mais variados e comuns, a exemplo:
Tecnologias de Informação e Comunicação -TIC; Jornais; Revistas; Livros;
Internet; Jogos (de fabricação, educativos e digitais); DVD ́ s, dentre outros.
Ademais, ainda se utiliza materiais didático-pedagógico: papel, lápis comum,
coloridos e de cera, borracha, canetas, tintas diversas, por exemplo (QUADROS,
2020). Em todo caso, o AEE desenvolvido nas SRM’s não invalida ou substitui o
ensino da sala de aula comum, sendo o mesmo um auxílio complementar e
suplementar.
Ou seja, o trabalho em conjunto do docente especializado do AEE e o
regente da classe comum é fundamental e indispensável para o êxito do processo
e das práticas pedagógicas favorecendo a interação com e no grupo e
promovendo as condições necessárias de inclusão dos estudantes em todas as
atividades escolares. Dessa forma, para que haja a real inclusão, necessita-se
orientar e solicitar das famílias a devida participação no processo, bem como
manter toda comunidade escolar informada sobre as legislações vigentes e as
normas educacionais, preparando os materiais específicos para utilização nas
SRM’s, articulando com os gestores e com o PPP para que haja, portanto, uma
organização coletiva numa perspectiva real de inclusão. (DUBUC, 2015).
O AEE segue Base Nacional Comum Curricular, ou seja, possui a parte
diversificada e a comum, organizando-se institucionalmente para auxiliar,
complementar e suplementar o serviço educacional comum. As atividades
curriculares especificas desenvolvidas no AEE nas SRM’s são variadas, dentre
elas: o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras), o sistema Braille e o
Soroban, a comunicação alternativa, o enriquecimento curricular, dentre outros
(SILVEIRA, 2019).
Para mais, as Tecnologias Assistivas (TA) compõem o conjunto de recursos
pedagógicos das SRM’s, estando à disposição dos estudantes proporcionando ou
ampliando habilidades funcionais e consequentemente promovendo autonomia
e independência de cada um dos educandos. Por meio dessas tecnologias
o repertório de possibilidades educativas pode ser ampliado, tendo em vista a
grande variedade de jogos, aplicativos e programas que podem funcionar como
facilitadores dos processos de ensino-aprendizagem frente às especificidades de
cada estudante (SÁ-SILVA 2021).
Em relação à formação docente, a Resolução CNE/CEB n.4/2009, em seu
artigo 12, reitera que o professor deve possuir formação inicial habilitando-o para o
exercício da docência e formação específica na educação especial (BRASIL,
2009). Dessa forma, dissemina-se a visão quanto o trabalho docente desse
profissional e sua formação (inicial e em serviço), as concepções sobre o trabalho
neste serviço, as concepções de aprendizagem e desenvolvimento que embasam
sua prática pedagógica e as condições em que desenvolve sua atividade docente.
E, segundo Duarte (2011), o trabalho docente na atualidade, os aspectos
que o envolvem, ou seja, a formação docente (inicial e continuada), natureza,
condições e processo de trabalho, prática pedagógica entre outros, vem sofrendo
várias mudanças e, consequentemente, modificando as atividades escolares,
frente ao processo de reorganização escolar, “trazendo novas exigências para o
exercício da profissão”. (DUARTE, 2011). E para Oliveira, (2004) “são reformas
que atuam não só no nível da escola, mas em todo o sistema, repercutindo em
mudanças profundas na natureza do trabalho escolar”.
Mudanças essas que foram necessárias ao profissional da educação ao
longo do tempo e do desenvolvimento do AEE. O artigo 13 estabelece que as
atribuições do profissional da educação inclusiva constituem: Identificar, elaborar,
produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e
estratégias considerando as necessidades dos educandos; elaborando e
executando o plano de AEE, avaliando a funcionalidade e aplicabilidade dos
recursos pedagógicos e de acessibilidade; Organizando o tipo e o número de
atendimentos aos estudantes na SRM’s. Ademais, acompanhar a funcionalidade e
aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula
comum do ensino regular e de outros ambientes da escola entre outros. Fato é
que essa e outras mudanças são indispensáveis para a execução com qualidade
do AEE nas Salas de Recursos Multifuncionais visando sempre um processo
educacional com qualidade e inclusão.
Dessa forma, a implantação das Salas de Recursos Multifuncionais nas
escolas comuns da rede pública de ensino surgiu com objetivo de atender a
necessidade histórica da educação brasileira, de promover as condições de
acesso, participação e aprendizagem dos estudantes público-alvo da educação
especial no ensino regular, possibilitando a oferta do AEE, de forma não
substitutiva à escolarização. O ambiente das salas multifuncionais é
imprescindível pois:
[...] as salas de recursos multifuncionais dentro das
escolas, devem oferecer condições que levem o sujeito, a superar
suas necessidades particulares/específicas e desenvolver suas
habilidades, promovendo o sujeito as mais variadas situações
pedagógicas, com os diversos materiais que a sala de
recurso multifuncional possa oferecer, permitindo
experimentações, elevando seu potencial cognitivo, sendo
assim inserindo culturalmente e socialmente, bem como,
estimular seu desenvolvimento intelectual, físico e
psicológico dentro do espaço escolar, com os diversos
profissionais que lá existem (FARIAS, 2020).

Assim, compreende-se que a participação da família nos processos


educativos é decisiva para o desenvolvimento dos indivíduos em sua
integralidade. Como a Declaração de Salamanca aponta; o processo educativo é
uma tarefa a ser dividida entre a família e os profissionais, visto que uma atitude
positiva da parte dos pais favorece a integração escolar e social (BRASIL, 1994).
E na perspectiva da Educação Inclusiva a Política Nacional de Educação Especial
(BRASIL, 2008) em seu objetivo central destaca a participação e orientação da
família para assegurar a inclusão escolar de estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e ou superdotação.
Portanto, é possível expor a necessidade e importância em
transformar a educação especial em educação especial inclusiva, uma vez que,
para o efetivo desenvolvimento da criança com transtorno de qualquer espécie,
torna-se de maior relevância sua inserção no meio social, tendo em vista
que a coletividade seja sinônimo de desenvolvimento, logo, é necessário
buscar na escola regular estratégias de complementação como exemplo as
SRM’s, para trabalhar de maneira específica, as diversas peculiaridades dos
estudantes sempre em conjunto com a família e as políticas públicas buscando
sempre novos marcos legais para um avanço pedagógico e uma inclusão digna,
real e exitosa. (MACIEL, 2011).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa teve como objetivo analisar, refletir e discutir o AEE no viés de


sua origem, bem como construção aliado ao uso das Salas de Recursos
Multifuncionais, tratando políticas públicas e os desfechos pedagógicos e
organizacionais. Ponderou a dinâmica do Atendimento Educacional Especializado
e os marcos legais da implantação das salas de recursos multifuncionais e todos
os avanços legais essenciais para o desempenho na aprendizagem dos
estudantes públicos-alvo da AEE. Constatou-se que a sala de recursos
multifuncionais contribui para que a escola cumpra sua função social e estruture
estratégias pedagógicas valorizando as diferenças e a inclusão, combinando a
acolhida, acesso e à participação na sala de aula regular e o AEE neste ambiente.
O que de fato se traz como marco neste processo, é o entendimento de que
a atividade profissional nesses campos de atuação é um exercício de constantes
desafios, uma vez que se entende que tão somente inserir o estudante com
necessidades educacionais especiais em classes comuns, não garante uma
prática inclusiva de ensino, é importante investigar a qualidade do atendimento
prestado e as características das relações que ocorre no interior da escola e em
seu entorno, bem como a aplicabilidade dos recursos públicos e das políticas
públicas. Por tal, concluo que a inclusão é um ato político, mas, sobretudo, é um
ato de amor. Pensar a inclusão da criança com deficiência é pensar além da
escola, é propagar acessibilidade a todos os lugares em que essa criança
frequenta, é entender o real conceito de inclusão e aplicabilidade do conceito.
Assim sendo, é um grande desafio para a educação e todos os setores da
sociedade compreender que as formas para se incluir se multiplicaram, mas não
só compreender, também aceitar o fato de que as barreiras estão sendo
quebradas e esse sistema padrão de falsa inclusão, vem sendo desconstruído e
precisa se dissolver por completo. Um desafio que, acredito, vem sendo superado
a cada passo e, na medida em que a sociedade fora evoluindo, assim como as
leis e tecnologias, teremos, em breve, uma inclusão totalmente justa, com
equidade e aplicabilidade.

5 REFERÊNCIAS

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