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Estágio Clínico

Bacharelado em Nutrição
ALUNA: GABRIELA DE MELO OLIVEIRA
PROFESSORA ORIENTADORA: ANNE DANIELI NASCIMENTO SOARES
CARGA HORÁRIA: 150 HORAS
Dados da Intituição

Centro Barbacenense de Assistência Médica e Social (Hospital Ibiapaba)


Inauguração em 1967
Seto de atuação: Serviço de Nutrição e Dietética (SND)
Atendimento de referência na Microrregião Centro-Sul de Saúde de Minas Gerais
Supervisoras do estágio: Cibele Moreira de Paiva Pereira e Thaiza Helena Antunes
Principal objetivo

Relatar e interligar os conhecimentos teóricos referentes à área clínica adquiridos no


decorrer do curso com o exercício prático da profissão de nutricionista realizado
através de estágio, a fim de compreender quais as dificuldades e divergências
encontradas no campo de trabalho, destacando a importância do tratamento
individualizado e humanizado do índividuo
Índice
1. Funcionamento do hospital, funções dos profissionais e encaminhamento entre eles
2. Setores da clínica no hospital
3. Patologias atendidas e a intervenção da nutrição
4. Triagem nutricional
5. Corrida de leito do nutricionista e abordagem do paciente
6. Avaliação nutricional do paciente
7. Prescrição dietética e fatores determinantes
8. Evolução no prontuário de paciente
9. Atuação do setor junto ao paciente
10. Padronização de dieta oral progressiva e evolução
11. Intolerâncias relacionadas à dieta
12. Suplementos alimentares e situações clínicas demandadas
13. Orientação de alta para paciente
14. Caso clínico
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Funcionamento do hospital, funções dos
profissionais e encaminhamento entre eles
Equipe composta por: técnicos em enfermagem, enfermeiros, médicos especializados, nutricionistas,
fisioterapeutas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e psicólogos
Técnicos em enfermagem e enfermeiros: linha de frente de atuação (trocas de roupa de cama,
manipular dietas enterais e parenterais, higiene pessoal dos pacientes, ofertar alimentação, trocar
curativos etc);
Médicos: avaliação e acompanhamento diários, determinar medicação e as necessidades individuais
dos pacientes de acordo com a evolução do quadro clínico;
Fisioterapeutas: recuperação física dos pacientes;
Psicólogos: atendimento aos pacientes e familiares, solicitar apoio manifestado pelosdemais
profissionais de saúde;
Nutricionistas: avaliar e acompanhar os pacientes diariamente, cujas intervenções nutricionais
são baseadas nas evoluções registradas por cada setor hospitalar e através do diagnóstico
obtido na avaliação nutricional subjetiva global (ANSG) realizada nos pacientes com dieta oral
nos CTIs cuja sua composição consiste em: exame físico, avaliação bioquímica, avaliação
dietética e avaliação antropométrica.
O encaminhamento entre os profissionais ocorre de acordo com as demandas apresentadas
pelo quadro clínico e evolução do paciente, sendo comunicados pelos mesmos ou através dos
meios de comunicação (telefone do setor ou grupos de whatsapp com os funcionários do
hospital)
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Setores da clínica no hospital
Atendimento por meio de SUS, convênios ou particulares
Unidades de internação (pacientes oncológicos, pré ou pós cirúrgicos)
CTI (pacientes graves com acompanhamento diário)
Quimioterapia e Radioterapia atendimento multidisciplinar de referência na microrregião de Barbacena e + 21 cidades
Centro cirúrgico procedimentos de baixa, média e alta complexidade
Pós-operatório: encaminhamento para o CTI ou unidades de internação
Pronto atendimento: permanência a depender do quadro clínico e evolução do paciente
Acompanhamento nutricional nos setores de quimioterapia, radioterapia, unidade de internação e CTI
Visita para coleta de dados e fornecimento de informações (alergias e preferências alimentares, estado nutricional,
adesão e aceitação à dieta ofertada e orientações nutricionais para serem desenvolvidas pelos familiares na alimentação
do paciente após a alta hospitalar)
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Patologias atendidas e a intervenção da nutrição
Doença renal crônica (DRC), hipertensão, diabetes mellitus, dislipidemia, doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência renal aguda (IRA), insuficiência cardíaca (ICC), choque
séptico, infarto agudo do miocárdio (IAM), bloqueio atrioventricular (BAVT), insuficiência
cardíaca congestiva (ICC), câncer, alzheimer
Intervenção nutricional planejada conforme as necessidades específicas do quadro clínico de cada
paciente e o estado nutricional apresentado na anamnese
Restrições de acordo com a patologia e alergias alimentares (restrição sódica para hipertensão,
glicídica para diabetes, lípidica para dislipidemia, proteica para insuficiência renal, lactose e glúten
para intolerantes, com ajuste de calorias para desnutrição e conforme as preferências alimentares do
paciente)
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Triagem nutricional
Método de triagem: avaliação nutricional subjetiva global (ANSG ou ASG)
Padrão-ouro para verificação do estado nutricional dos pacientes
Principal objetivo: identificar pacientes com possível risco nutricional (desnutrição)
Exame físico (perda de peso, diminuição de gordura subcutânea, depleção do músculo
estriado e presença de edema nos membros (superiores e inferiores))
Acompanhar sintomas gastrointestinais: náuseas e vômito, diarreia, dor e distensão
abdominal, anorexia e ascite
Demais aspectos obeservados: capacidade funcional do paciente (deambula ou
acamado), aceitação da dieta ofertada e os hábito alimentares do paciente, decorrentes
de patologias como hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemia, preferência
pessoal ou alergia/intolerância alimentar
Realização no momento em que há liberação pela equipe médica de dieta via oral para
o paciente
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Corrida de leito do nutricionista e abordagem do paciente
A corrida de leito é diária e realizada conforme a lucidez apresentada pelo
paciente (participação ativa com capacidade de fornecer informações
verídicas) e trata-se do acompanhamento da terapia nutricional
A verificação dos dados fornecidos acontece por meio do prontuário com
evolução de todos os setores clínicos
A abordagem do paciente ocorre após a liberação de dieta oral para
realização de triagem nutricional
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Avaliação nutricional do paciente
Realizado acompanhamento com pacientes do CTI, apesar de alguns deambularem habitualmente
em domicílio devido à gravidade do quadro não mantinham-se de pé no ambiente hospitalar
Pacientes provenientes do centro cirúrgico ou com exames recentes em que havia registro de peso
atual não realizava-se estimativa, somente questionava sobre o peso habitual
Pacientes sem realização de procedimentos ou exames, realizava-se estimativa através de cálculos
de referência para gênero e faixa etária por meio da circunferência do braço para o peso
(CHUMLEA et al, 1988) e para a estatura de idosos e adultos acamados utilização da altura do
joelho (CHUMLEA, 1992) e (CHUMLEA, 1994), respectivamente
Parâmetros avaliados por meio da ANSG: peso (mudança dentro dos últimos 6 meses),
dieta (alterações), sintomas gastrointestinais (manifestação dentro das últimas 2 semanas),
capacidade funcional física (últimas 2 semanas), diagnóstico de estresse (conforme a
patologia e realização de procedimento), exame físico (gordura subcutânea, músculo
estriado, edemas e ascite)
De acordo com a pontuação apresentada para cada indicador, realiza-se um somatório para
obter o diagnóstico nutricional
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Prescrição dietética e fatores determinantes
A prescrição dietética ocorre somente para pacientes com alimentação via oral,
é baseada em todos os alimentos dos grupos alimentares, com planejamento
conforme a disponibilidade de alimentos
Composta por frutas, verduras e legumes cozidos e administrados de forma
livre, quando não há presença de condicionantes que dificultem a deglutição e
restrições alimentares, branda (somente alimentos cozidos), pastosa
(consistência macia, alimentos cozidos e amassados e/ou liquidificados), líquida
completa (alimentos líquidos ou liquidificados coados) e líquida restrita (caldos
do cozimento de alimentos, sem resíduos)
O planejamento também ocorre em relação as doenças subjacentes e
associadas que demandam maior atenção na prescrição dietética, por
exemplo: pacientes com DRC, a recomendação elaborada pela
nutricionista consiste em restrição de proteína (seja de carnes, ovos,
leite ou derivados) em que é oferecida somente uma opção ao dia
além da orientação de não oferecer folhas cruas aos pacientes),
dificuldade do paciente para deglutição do alimento conhecida como
disfagia, que interfere diretamente no estado nutricional do paciente
(oferta de líquidos com espessante)
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Evolução no prontuário de paciente
Realiza-se visita diária nos pacientes em que é feita a avaliação nutricional para
acompanhar a aceitação da dieta ofertada (consumo e queixas durante a
refeição seja de náuseas ou vômito), apresentação de funcionamento
inadequado do intestino ou diurese alterada, necessidade de jejum para
procedimentos, sintomas gastrointestinais (alterações que impliquem em uma
ingesta inadequada/diminuída), a lucidez do paciente e o fluxo respiratório (ar
ambiente ou cateter nasal)
Posteriormente estas informações são descritas na evolução nutricional do
paciente e arquivadas na pasta correspondente
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Atuação do setor junto ao paciente
O setor tem atuação ampla no que diz respeito às patologias apresentadas
pelos pacientes
As principais demandas observadas foram: solicitação de avaliação
nutricional para prescrição de suplementação para pacientes oncológicos,
alterações dietéticas decorrentes de alergias, preferências alimentares ou
modificação da consistência devido à evolução clínica do paciente e
aceitabilidade (solicitadas pelas estagiárias, pacientes, familiares ou
médicos responsáveis)
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Padronização de dieta oral progressiva e evolução
Dieta livre: indicada para pacientes que a condição clínica não exige alterações em sua consistência
Composta por todos os grupos alimentares porcionados e distribuídos conforme a recomendação
dos órgão de aúde e guia alimentar para a população brasileira
Sem restrição alimentar seguindo uma alimentação equilibrada

Dieta branda: dieta de transição entre a pastosa e a livre


Indicada para pacientes em pós-cirúrgico, em que há comprometimento dos processos químicos
estomocais e da motilidade, pacientes com gastrite ou úlcera péptica, dificuldade na mastigação
(uso de prótese) e/ou disfagia
Composta por alimentos abrandados por cocção ou ação mecânica (fibras alimentares)
Extinguir o uso de condimentos picantes, frituras, hortaliças e legumes crus, alimentos que geram
quadro de flatulência, alimentos duros e bebidas gaseificadas
Dieta líquida completa
Dieta de transição de líquida restrita para pastosa
Indicada no pós operatório de cirurgias de cabeça e pescoço, pacientes com distúrbios ou patologias gastrointestinais
com baixa tolerância para alimentos sólidos e dificuldade de mastigação e/ou disfagia.
Contraindicada para pacientes com com risco de broncoaspiração
Composta por alimentos líquidos e/ou liquidifcados, com ausência de resíduos
Consumo de vitaminas de fruta, sucos, gelatina, mingau, leite, iogurtes, sopas sem resíduo, vegetais cozidos
liquidificados sem pedaços e caldos
Evitando alimentos sólidos, gordurosos e condimentados

Dieta líquida restrita


Dieta de transição para líquida completa
Utilizada em pós-operatório de cirurgias do trato gastrintestinal, após período de alimentação parenteral, pacientes
com infecções graves e quadro de diarreia aguda (indicada por curtos períodos devido à baixo aporte nutricional)
Contraindicada para pacientes com com risco de broncoaspiração
Composta por água de coco, chás, sucos coados, caldos do cozimento de alimentos como legumes e carnes, sem a
presença de resíduos
Isenta de alimentos em estado sólido, lácteos e sucos com fibras
Dieta pastosa
Transição de líquida para livre
Indicada para pacientes com dificuldade na mastigação e/ou disfagia (prótese, formação irregular do lábio ou
aparelho digestivo, dentição incompleta), com distúrbios neurológicos e/ou neuromotores e doença esofágica
Contraindicada para pacientes com risco eminente de broncoaspiração
Sem restrição nutricional, somente quanto à consistência (alimentos macios ou em forma de purê, amassados ou
bem cozidos)
Restrição quanto a consumo de legumes e hortaliças cru, alimentos mais resistentes, alimentos que causam
flautulência, frituras, frutas com casca, e principalmente alimentos que não atinjam a consistência necessária de
papa ou que não seja macio para ser desmanchado com o talher para ingerir

Dieta hipossódica
Restrição de consistência conforme o quadro clínico do paciente, considerando todos os aspectos para definição
Indicada para pacientes com doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, retenção hídrica, ascite e
edemaciaods
Consumo proveniente de frutas, verduras e legumes, grãos e cereais, leite, carnes magras, sucos e vitaminas de
frutas.
Restrição de sódio proveniente do sal de adição, caldos em tablete e temperos prontos industrializados,
alimentos enlatados e em conservas de salmoura, frios e embutidos, queijos, molhos e sopas industrializados,
produtos de padaria e alimentos carbonatados
Dieta hipoglicídica
Manutenção da glicemia capilar, com controle metabólico da glicose e dos lipídios sanguíneos
Pacientes com diabetes do tipo 1 e 2
Composta por hortaliças e legumes, grãos, pães integrais, gelatinas diet, carnes, leite desnatado e adoçante
Alimentos evitados: açúcar e carboidratos como arroz, batata, massas e carnes gordurosas.

Dieta hipolípidica
Aliviar sintomas de diarreia, esteatorreia, flatulência e dor abdominal, decorrentes da incapacidade de
digestão e absorção de lipídios
Utilizada no tratamento de dislipidemia, doenças pancreáticas e da vesícula biliar, AIDS, pancreatite
crônica, ressecção intestinal e doença de Crohn com má-absorção de gordura
Ingesta baseada em frutas, legumes e hortaliças, produtos lácteos magros e sem nata,grãos, frango sem
pele, pão e bolos sem recheio
Isenta de frituras, carnes gordas, pele de frango,cremes à base de óleo maionese, leite integral, ovos e
produtos industrializados
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Intolerâncias relacionadas à dieta
Intolerância à lactose
MODIFICAÇÕES DAS
Dieta isenta de alimentos fonte de lactose
DIETAS QUANTO AOS
Estabelecida para pacientes com NUTRIENTES
deficiência ou ausência da lactase
Composta por alimentos sólidos6.1 Dieta Isenta
e líquidos, de Lactose
isentos de lactose
Consumo Objetivo:
indicadofornecer
de pãesuma dietaem
e massas quegeral
elimine todas asdefontes
sem adição de lactose.
leite, leite sem
lactose,para
Indicação frutas,
uso: manejo de deficiências genéticas de lactase, danos na mucosa intestinal
legumes, verduras, grão e carnes
resultantes da desnutrição, síndrome do cólon irritável, colite ulcerativa, gastroenterite,
Alimentos fonte de lactose são instintos da dieta
ressecção do intestino delgado.
Características:
Intolerância ao glúten contém alimentos sólidos e líquidos, isentos de lactose.
Alimentos
Isenta deindicados:
alimentos pães, massas
derivados em geral
de trigo, aveia,sem adiçãocevada
centeio, de leite, leite sem lactose, frutas,
e malte
Extinçãolegumes, verduras,
de alimentos grãos, carnes,
que contém frango,
glúten sendo suco
eles: de biscoitos,
pães, frutas, gelatina.
bolos e
massas queAlimentos
contenhamafarinhas,
serem evitados: alimentos que contenham lactose.
grãos integrais
Com excessão para cereais e farinhas de milho e/ou de arroz presentes em
alimentos como amido de milho, mucilon de arroz, mucilon de milho etc
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Suplementos alimentares e situações clínicas demandadas
A demanda de suplementação foi observada com maior frequência dentre os pacientes oncológicos
com diminuição ascendente de peso
Devido à manifestação de sintomas gastrointestinais, a ingesta entre estes pacientes é diminuída
ocasionando em aporte insuficiente de energia e nutrientes
Portanto, os objetivos da suplementação: melhora do estado nutricional e preservação das fibras
musculares
O paciente oncológico tem como demanda energética de 30-35 cal/kg e proteica de no mínimo 1,2
g/kg/dia
A recomendação de suplementação é o uso de Fresubin incorporado nas refeições e consumido
conforme prescrição do nutricionista
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Orientação de alta para paciente
A orientação de alta é elaborada conforme o quadro clínico do paciente
com orientações a serem seguidas pelos familiares ao ofertar as refeições
Contempla as patologias do paciente quanto ao consumo de nutrientes
(sódio, glicose e lipídios, principalmente) e a consistência (ex: pacientes
com disfagia, orientação para uso de espessantes ao ingerir líquidos, )
Orienta-se também para aqueles que faça uso de suplementação como
mantê-la no ambiente domiciliar e incluí-los nas refeições para melhor
aceitabilidade
14
Caso clínico
I. Identificação da paciente

M.D.C.L.A., sexo feminino, 84 anos, profissão: do lar, proveniente de Senhora dos


Remédios
Admitida na sala vermelha, após piora da sintomatologia encaminhada ao CTI e ao
apresentar melhora do quadro clínico levada para a unidade de internação onde não esteve
aos cuidados de um acompanhante
HC: DPOC, ICC, DRC agudizada dialítica, EAP, IRpA, hipotireoidismo, prolapso vaginal
(com exposição do colo uterino/cistocele), dislipidemia e hipertensão
HSOC: paciente idosa, nega etilismo e/ou tabagismo, realiza somente serviços domésticos,
DPOC presumido por uso de fogão a lenha para cozinhar)
HMA: Internação prévia em Julho no HRB devido a quadro de pneumonia, dispneia e
doença renal crônica
MMII progressivo, ausência de sintomas gripais e odor fétido na urina
Medicações em uso: Salbutamol (broncoespasmo), Furosemida (HA), Seretide (DPOC),
Omeprazol (sintomas gastrointestinais), Carvedilol (HA), Sinvastina (dislipidemia) e
Anlodipino (HA e angina)

Interação fármaco-nutriente
Omeprazol: reduz a biodisponibilidade de vitamina B12 e ferro
Recomendação: Não ingerir alimentos fonte em vitamina B12 junto ou próximo à
administração do medicamento e evitar o consumo de cranberry devido à redução da
eficácia (LOPES, 2010)
Furosemida
A administração concomitante de refeições e o medicamento resulta em uma diminuição
de 30% na biodisponibilidade do fármaco
Recomendação: Evitar ingestão alimentar junto da administração medicamentosa
Acarreta em perdas de potássio, magnésio, zinco e cálcio (ROE, 1984b)

Sinvastatina
O consumo frequente de cranberry e/ou toranja junto do medicamento pode resultar no
aumento do risco de hepatite e miopatia/rabdomiólise
Recomendação: evitar o consumo destas frutas durante a administração da medicação
(LIMA, 2017)

Carvedilol
Recomedação: Administrar com alimentos diminui o risco de hipotensão ortostática
(redução da velocidade de absorção) (LOPES, 2010)
II. Patologia: Queixa e duração
Paciente manteve quadro de dispneia aos pequenos esforços diários desde o
quadro de pneumonia apresentado em julho com piora no dia da internação
(31/10)
Lúcida, em uso de cateter nasal
Capacidade física: abaixo do normal
Diurese em SVD (durante a permanência no CTI), posteriormente na unidade de
internação presente de forma espontânea (fralda)
Função intestinal ausente por um longo período, mesmo após alteração para dieta
laxativa sendo necessária realização de lavagem estomacal
Posteriormente, a microbiota intestinal estabilizou-se com funcionamento diário
Nega alergia/intolerância alimentar
Ausência de sintomas gastrointestinais
Classificada como alto estresse devido ao quadro clínico apresentado
Segundo classificação da ANSG, gravemente desnutrida
Dentre os exames físicos realizados, avaliou-se através do braço não
dominante a perda de gordura subcutânea (grave), depleção do músculo
estriado na região clavicular (grave) e presença de edema de tornozelo
leve
Avaliação antropométrica- Peso habitual: 67 kg; Peso atual: 46,86 kg;
Estatura estimada: 1,54 m; IMC: 19,76 kg/m²; AJ:49 cm; CB: 22 cm.
Perda de peso nos últiumos 6 meses: 20,14 kg (30,06%).
Diagnóstico nutricional: paciente abaixo do peso em risco nutricional
conforme estabelecido para idosos por Lipschitz
Cabe destacar que IMC inferior a 23 kg/m² é indicativos de risco
nutricional para pacientes com doenças pulmonares devido à associação
com morbidade e mortalidade (CUPPARI, 2014)
Paciente com baixa capacidade física, portanto as aferições foram
realizadas no leito
Estatura estimada (idosa branca) = 84,88 + (1,83 x AJ (cm)) - (0,24 x idade (anos))
Estatura estimada = 84,88 + (1,83 x 49) - (0,24 x 84)
Estatura estimada = 84,88 + 89,67 - 20,16
Estatura estimada = 154,39 cm
Estatura estimada ≈ 1,54 m

Peso estimado (idosa branca)= [AJ (cm) x 1,09] + [CB (cm) x 2,68] - 65,51
Peso estimado = [49 x 1,09] + [22 x 2,68] - 65,51
Peso estimado = 53,41 + 58,96 - 65,51
Peso estimado ≈ 46,86 kg

Índice de Massa Corporal (IMC) = P/E² (estimados) = 46,86 : (1,54)²


Índice de Massa Corporal (IMC) = 46,86 : 2,3716
Índice de Massa Corporal (IMC) ≈ 19,76 kg/m² (baixo peso)
Avaliação dietética: não foram realizados inquéritos de registro
alimentar, no entanto durante o acompanhamento da paciente
notou-se uma diminuição exacerbada do apetite
Avaliação bioquímica: RFG/TFG: 29 mL/min; Mg: 1,51 Cr: 3,45;
Hb: 8; Na: 136; Ur: 145; K: 6,5; Plaq: 244 mil; Leuc: 17 590
(hipercalemia, hipomagnesia, leucocitose em correção)
Portanto, a partir das avaliações realizadas definiu-se a prescrição
dietética da seguinte maneira: VO livre hipossódica, normoglicídica,
hipercalórica, hipoproteica (quando sem diálise) ou normoproteica
(quando em diálise), hipolípidica com fracionamento em 6 vezes ao
dia no CTI e 5 vezes ao dia na unidade internação com finalidade
de melhora do estado nutricional
III. Revisão atualizada sobre a avaliação nutricional e abordagem dietoterápica na situação clínica

O uso de cateter nasal pela paciente associado à um IMC diminuído estão correlacionados devido à
diminuição do desempenho respiratório motivado pela depleção das proteínas musculares
desencadeando uma propensão ao quadro de desnutrição energetico proteica (FERREIRA, 2000)
O gasto energético exacerbado em pacientes com DPOC pode ser causado pelo hipermetabolismo
decorrente do trabalho aumentado dos músculos respiratórios, que leva à uma maior necessidade de
oxigênio pelos mesmos (CUPPARI, 2014)
Tendo em vista o estadiamento 4 de lesão renal (grave) em que a paciente encontra-se com TFG de 29
ml/min em diminuição progressiva há risco de desenolvimento de uma série de distúrbios
hidroeletrolíticos, hormonais e metabólicos
Portanto, a ingesta proteica deve estar na faixa de 0,6 a 0,75 g/kg/dia ou 0,3 g/kg/dia suplementada com
AAE (CUPPARI, 2014)
Tendo em vista os sintomas apresentados pela paciente a terapia nutricional para cada sintomatologia deve ocorrer
da seguinte forma:
Saciedade: devido ao apetite diminuído, deve-se ingerir inicialmente os alimentos mais energéticos, com restrição de
líquidos junto às refeições (diálise e estufamento precoce)
Dispnéia: uso de broncodilatadores fora do horário das refeições, repousar antes das refeições, comer devagar e ter
refeições pré prontas para os períodos de aumento da dispnéia.
Constipação: deve-se aumentar a ingestão de fibras intestinal facilmente mastigáveis, considerando a faixa etária da
paciente para estimular de forma facilitada a motilidade gastrintestinal (FERNANDES E BEZERRA, 2006)
Dietas com níveis mais elevados de glicídios podem desencadera um aumento na produção de CO2 e do quociente
respiratório em pacientes com DPOC, no entanto causam menos desconforto respiratórios que a dieta cetogênica
(NUNES et al., 2011)
Portanto, o estado nutricional inadequado pode ter influência direta no progresso de uma doença pulmonar mas
quando em aporte energético e nutricional adequado pode contribuir para o desenvolvimento adequado da anatomia
respiratória (KRAUSE, 2013)
Indicação de suplementação alimentar para pacientes desnutridos ou perdendo peso (perda de peso maior do que
10% em 6 meses) e pacientes com exacerbação da doença (CUPPARI, 2014)
A combinação de métodos dentre eles a história clínica e alimentar, o exame físico
detalhado, a avaliação antropométrica e os exames bioquímicos, deve ser
empregados para obtenção do diagnóstico nutricional
Intervenção dietoterápicas para melhora do estado nutricional, retardo a
progressão da doença renal, minimizar o acúmulo de compostos nitrogenados
tóxicos e prevenção da manifestação de distúrbios hidroeletrolíticos
Para pacientes com DRC não-dialítica, a suplementação oral é estabelecida
conforme o estaod n nutricional (risco e/ou desnutrição estabelecidos)e quando o
aporte por meio da ingesta é insuficiente
A terapia nutricional enteral deve ser avaliada em pacientes hipercatabólicos ou
com limitação para a via oral (MARTINS, 2011)
IV. Intervenção da nutrição: relatar as intervenções realizadas
Intervenção que você teria se fosse nutricionista, com base na literatura

Tendo em vista o risco nutricional em que a paciente encontrava-se teria a seguinte abordagem dietoterápica em
conjunto com a suplementação específica:
A paciente não segue ciclos homogêneos de terapia substitutiva, portanto deve-se ter dietas estabelecidas para
quando estiver ou não em hemodiálise, seguindo o aporte energetico e proteico demandado nas duas situações

Terapia Nutricional para Insuficiência Renal Crônica (diálise)


Para prevenir o acúmulo líquido e de metabólitos nitrogenados entres as sessões de hemodiálise, minimizandoa
sintomatologia da doença
Dieta normoproteica 1,1 a 1,4g por kg de peso para hemodiálise, hipossódica (máximo de 2 gramas de sal por dia),
hipocalêmica e com restrição hídrica (1000 ml + o volume de diurese do paciente)
Indicação de frutas com baixo teor de potássio, massas, cereais, legumes e verduras
com baixo teor de potássio (indicação de cozimento para atenuar a concentraação de potássio nos alimentos)
Evitando consumo de alimentos ultraprocesssados (alta concentração de sódio e potássio)
Terapia nutricional para Insuficiência Renal Crônica (tratamento conservador)
Evitar o acúmulo de compostos nitrogenados e a necessidade de diálise, preservar a funçaõ renal, controlar alterações
metabólicas e sintomas urêmicos
Indicada para pacientes renais crônicos em tratamento conservador
Quanto às restrições nutricionai: dieta hipoprotéica (0,6 a 0,8 g/kg), hipossódica (máximo de 2 gramas de sal por dia) e
hipocalêmica (1,5 a 2 gramas por dia)
Composta por frutas com baixo teor de potássio, massas, cereais, legumes e verduras com teor diminuído de potássio,
leite e derivados e carnes em quantidade restrita
Evitar alimentos ultraprocessados (altas concentrações de sódio e potássio), tratamento concomitante à hipertensão

A partir da avaliação nutricional e demais exames, com identificação das patologias preescreveria um suplementos
específico para o quadro de DRC que são desenvolvidos para suprir o aporte energético e proteico sem causar
malefícios para o controle hídrico e eletrolítico do paciente, com acompanhamento diário para avaliar a melhora do
estado nutricional + indicação de suplementação alimentar para pacientes desnutridos ou perdendo peso (perda de
peso maior do que 10% em 6 meses) e pacientes com exacerbação da doença
Caso esta intervenção não surtisse efeito, entraria em contato com equipe médica para avaliação de nutrição enteral
(CUPPARI, 2014)
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Anexos
16
Referências Bibliográficas
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